
Legenda: Autor desconhecido, de 1862.
No Largo da Misericórdia foi instalado o primeiro sistema de abastecimento público da cidade. Em 1793, ficou pronto o Chafariz da Misericórdia, construído por Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como Tebas: homem negro, nascido em Santos, na condição de escravizado, veio para a cidade com o homem que era considerado seu senhor. No final da década de 1870, conseguiu sua alforria com muito custo. Joaquim é atualmente reconhecido com mérito pelo Sindicato dos Arquitetos de São Paulo.
Trabalhou nas fachadas da Catedral da Sé, da Capela da Ordem Terceira do Carmo e da Igreja do Mosteiro de São Bento, além de obras em Itu. Na época, São Paulo era praticamente inteira construída com taipa de pilão e ele tinha muitas habilidades na construção com pedras.
O chafariz, que ficava em frente à Igreja da Misericórdia, tornou-se um lugar de reunião das pessoas escravizadas. Por ser também um local onde conseguiam namorar, houve reclamações da vizinhança de que ali aconteciam “algazarras”.
Um livro essencial para conhecer a vida de Joaquim Pinto de Oliveira é “Tebas, um negro arquiteto na São Paulo escravocrata”, organizado por Abilio Ferreira. Em 2020, Joaquim foi retratado em uma estátua na cidade, projetada e desenvolvida pelo artista plástico Lumumba Afroindígena e pela arquiteta Francine Moura.
Em 2021, o Coletivo Cartografia Negra publicou o texto “Pelo Direito a um Legado na Cidade”, para a programação “Monumentos, história e debate”, de alguns Sesc de São Paulo, no qual menciona essas histórias e informações apontadas aqui. A artista Gê Viana elaborou alguns trabalhos plásticos para acompanhar o texto, um deles é essa celebração da estátua de Tebas.
*Texto atualizado, o original está publicado no Caderno de Campo do Coletivo Cartografia Negra.

Legenda: Foto de Marcel Farias.

Legenda: Obra de Gê Viana, 2021.

Legenda: Recorte do mapa do Google Maps.