13ª

Ministério do turismo, secretaria especial da cultura e belgo bekaert arames apresentam

Vale do Anhangabaú
(pesquisa realizada pela cocuradora Louise Lenate)

Av. São João - Centro Histórico de São Paulo, São Paulo - SP, 01310-200

Entorno do Vale do Anhangabaú, antiga superfície remodelada em 2019. Recorte do Google Maps, 2022.

O Vale do Anhangabaú passou por mais uma recente intervenção urbana de efeitos discutíveis no centro da capital paulista. A transformação da paisagem despertou novamente o debate sobre a qualidade estética da obra e sobre a ação da Prefeitura de São Paulo em detrimento de outras ações prioritárias. Durante a colonização, a região servia de passagem entre montanhas ocupadas pelas populações originárias da Mata Atlântica. Já no século XVIII, a área fora apropriada pelo poder imperial tendo como último proprietário oficial o Barão de Itapetininga, que empreendeu ali a Chácara do Chá. Ao centro da propriedade, corria o ribeirão vindo do Córrego Saracura, o Anhangabaú, que na língua Tupi significa “águas do Anhangá”, um espírito protetor das matas, rios e animais que toma uma forma ameaçadora para punir humanos caçadores. A administração municipal passou a pressionar o Barão a ter suas terras desapropriadas para a implantação da Rua Formosa, Viadutos do Chá e Santa Ifigênia, facilitando a ligação do centro com o oeste da cidade. Ao seu redor, foram construídas moradias precárias ocupadas pela população em maioria descendente de povos escravizados e considerada indesejada diante da recente urbanização, portanto expulsa pelas obras. Em 1904, as águas já se encontravam poluídas e foram canalizadas, criando a superfície que viria a receber vegetações lineares entre vias de calçamento para pedestres. Nas décadas seguintes, o extinto parque sofreu mais acomodações viárias, até que em 1980 a Prefeitura de São Paulo promoveu um concurso de projetos inserido em demais adequações da infraestrutura urbana da região. A equipe de arquitetos e arquitetas urbanistas coordenados por Jorge Wilheim e Rosa Kliass propôs a construção de uma laje sobre a avenida, recuperando o potencial paisagístico, desta vez influenciado pelas formas do estilo californiano. Além de fortalecer a vocação de travessia de pedestres, as áreas pavimentadas propiciavam aglomerações, e as arquibancadas com quinas de pedras atraíram imediatamente a atenção dos primeiros skatistas da cidade a circular naquela área, antes mesmo do fim das obras, tendo sido, em 2019, responsáveis pela reivindicação e realização de um memorial “skatável” que homenageia e patrimonializa o antigo Vale.

 

Links:

https://issuu.com/gehlarchitects/docs/issuu_1453_sao_paulo_vale_do_anhang

https://privatizacaodarua.reporterbrasil.org.br/

https://secure.avaaz.org/community_petitions/po/Prefeitura_de_S_Salve_o_vale/

https://www.youtube.com/watch?v=FQ8sszseOC8&t=21s&ab_channel=MuriloRom%C3%A3o