Project implementation: Brazil
Project development: Brazil
O Ilê Asé Odé Ibualamo, Unidade Territorial Tradicional de matriz Yorubá, e seus espaços de vivências coletivas foram materialmente destruídos em 15 de Dezembro de 2022. A vida verde e o curso hídrico carregados de histórias também sucumbiram no processo de canalização do Córrego Cadaval para implantação de via pública, dando lugar ao frio e cinzento asfalto que lhe tirou o respiro, sufocou aterra e silenciou as águas. O Ilê Asé Odé Ibualamo representava a grande árvore de sustentação daquele meio urbano periférico, como um grande Baobá com suas memórias, seus saberes e fazeres transladados de África para cá.
O projeto surge a partir do movimento de luta da Frente Ilê Odé, idealizada por Odecidarewá Zana de Odé, que reuniu arquitetos, urbanistas, docentes, pesquisadores e lideranças periféricas para compor um estudo que deu origem a este projeto que integra a sabedoria tradicional e suas tecnologias em resposta à violência sofrida. A proposta opera como ferramenta de luta e ressignificação da memória do Ilê, mas também de uma urbanidade ancestral. Propomos uma nova leitura de cidade a partir da crítica à metodologias higienistas de exclusão da territorialidade negra, que guiaram o desenvolvimento da metrópole paulistana. O conjunto de equipamentos baseado na cultura dos Povos Tradicionais de Matriz Africana é prática de re-existência e reencantamento da vida, que ressignifica e cicatriza uma grande ferida aberta na cidade. Um resgate possível para um futuro que também deve ser ancestral.