Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil
No Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, o programa Mais Favela, Menos Lixo demonstra que transformações podem nascer do esforço coletivo. Criado em 2022 diante da demanda da comunidade por melhorias no manejo do lixo, o projeto vem se edificando com a força de moradores, estudantes da Escola de Arquitetura da UFMG e parceiros locais, como o Projeto Itamar, a Igreja Metodista, a Cerâmica Santana e o Roots Ativa. A iniciativa articula saberes populares e técnicos para enfrentar o manejo precário dos resíduos sólidos. A iniciativa afirma a favela como potência, território de invenção, autonomia e liderança
As ações são desenvolvidas a partir de disciplinas de extensão que conectam os estudantes à realidade local. Com mais de 50 projetos realizados, as frentes de atuação incluem a criação de mobiliários urbanos, estratégias de divulgação, manejo de entulho e agricultura urbana. Uma das soluções mais notáveis é a instalação de mais de 800 ganchos personalizados para suspender os sacos de lixo até a coleta, uma medida que protege rios e matas da poluição e do assoreamento.
O projeto também requalifica espaços com hortas e pomares, promove compostagem e o reaproveitamento de materiais. Outras intervenções incluem a criação de jogos educativos sobre a gestão de resíduos da construção civil e a pintura do “Mapão do Serrão”, um mural informativo na Escola Municipal Professor Edson Pisani. Além, para fortalecer as relações comunitárias, são realizadas oficinas de cerâmica e sessões de cinema em locais antes utilizados para descarte de lixo e entulho.
O projeto já ultrapassou as fronteiras do bairro, levando suas práticas e experiências a eventos no Brasil e no exterior, consolidando-se como referência em autogestão comunitária e sustentabilidade. Com seis prêmios nacionais e internacionais, acumula reconhecimentos que reforçam sua relevância. Entre eles, o segundo lugar no Prêmio de Boas Práticas Urbanas do CAU-MG. Uma conquista de impacto para a comunidade e para a Escola Municipal Professor Edson Pisani, parceira central da iniciativa, foi sua contribuição para que a escola fosse eleita a melhor do mundo pelo voto popular e uma das três melhores na categoria Colaboração com a Comunidade pela T4 Education. Premiações, reportagens e apresentações acadêmicas, do Jornal Nacional a conferências no México, Copenhague e Montevidéu, ampliam a visibilidade das ações e evidenciam suas contribuições para o campo da arquitetura e do urbanismo e para o enfrentamento da crise do lixo. Agora, o projeto chega à Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, reafirmando que a cidade do futuro se constrói a partir da força das comunidades que a habitam.