Projeto Território-parque

Fernando Maculan, Mariza Machado Coelho, Edgar Mazo e Sebastian Mejía

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O projeto Território-parque parte do enorme desafio de revigorar e criar soluções urbanas, arquitetônicas e paisagísticas para que a comunidade de Córrego do Feijão – principal impactada pelo rompimento da barragem em janeiro de 2019 – tenha condições de permanência e reconexão com o lugar de sua origem e história.
A expressão Território-parque anuncia o propósito de articular o espaço urbano à paisagem em que está inserido, de modo a fortalecer a relação das pessoas com a natureza. A estratégia de projeto se orienta por um vínculo socioambiental presente em cada solução adotada, com origem na valorização da água como elemento central para a vida neste território, e ênfase na universalização do saneamento básico que incorpore alternativas de abastecimento de água, implementação de coleta e tratamento integral de esgoto e destinação adequada dos resíduos sólidos.
Por um lado, as propostas apresentadas buscam atender aos valores, às expectativas e propósitos comunicados pela comunidade, cuja escuta se deu a partir de uma série de encontros promovidos pelo Instituto Kairós, que conduziu a integração socioambiental das ações planejadas. Adicionalmente, e com o intuito de ampliar e reconhecer essas ideias a partir de uma visão territorial sistêmica, o projeto contou com a reflexão de uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de áreas como arquitetura, urbanismo, sustentabilidade ambiental, biologia, saneamento, paisagismo, design, iluminação e comunicação e diversas especialidades da engenharia.
O projeto Território-parque é composto por quatro grandes áreas contíguas e integradas – área Central, Campo de Futebol, Parque Ecológico e área Simbólica -, que guardam suas particularidades e serão apresentadas de forma independente, conforme o planejamento de sua execução sequencial.
Os programas de arquitetura e paisagismo do Território-parque têm como base conceitual o uso e a exposição dos recursos hídricos por meio de corpos d’água, piscinas e canais de condução e irrigação.
A presença de água será constante nas diferentes áreas de intervenção. Elementos arquitetônicos e paisagísticos servirão como estruturas funcionais, aumentando o teor de umidade no ar do vilarejo e a disponibilidade de água para irrigação de jardins, usos recreativos e produtivos, contribuindo para o aumento da cobertura verde e a redução da emissão de partículas.
A água torna-se, ainda, um elemento primordial na ressignificação de Córrego do Feijão, ao constituir novos conjuntos paisagísticos e simbólicos.
O projeto Território-parque propõe a implementação de redes de coleta e tratamento de efluentes para toda a comunidade. As propostas para o saneamento apresentam soluções ambientalmente eficientes de baixo custo de implantação e de operação – exemplo das nascentes construídas e dos jardins filtrantes -, considerando atributos locais de topografia e valores paisagísticos, contribuindo para a saúde da população e para a preservação do meio ambiente.
A reconstrução dos espaços de moradia e convívio na comunidade, enquanto reparação integral, compõe a ressignificação do Córrego do Feijão, de forma complementar e integrada ao escopo da MACh Arquitetos. Novos usos ou aqueles usos existentes que precisaram ser realocados ou transformados (a exemplo do campo de futebol e da área simbólica), absorveram novos significados na reconstrução de vínculos sociais, culturais, econômicos, territoriais e simbólicos.
Junto à implantação do Projeto Território-parque estão em curso ações de fortalecimento das capacidades locais para a gestão dos novos equipamentos comunitários e fomento de pequenos empreendimentos econômicos, em um pensamento de Economia em Rede, assim como a destinação de imóveis para moradia social e usos complementares a economia local e a regularização fundiária de todo núcleo urbano do Córrego do Feijão.

Fique atento, três atividades acontecem antes da abertura da Bienal:

13/09 – atividade associada | oficina Terra em trama (foto ao lado);
15/09 – oficina Imaginando arquiteturas para um mundo quente – módulo 1 (inscrições até 13/09);
17/09 – dois filmes da 1ª sessão da Mostra Cinema, arquitetura e sociedade: Registros de um mundo quente.

(A programação ainda está em processo de inclusão no site; em breve ela estará completa)