EMR Sagi, RN

Pesquisadores: Venerando Eustáquio Amaro, Afonso Celso Vanoni De Castro, Ana Marcelino 

Resumo: 

As zonas costeiras brasileiras, com alta importância ecológica e socioeconômica, são vulneráveis às mudanças climáticas, especialmente ao aumento do nível do mar, que agrava a erosão, alagamentos e intrusão salina, afetando infraestrutura, agricultura e comunidades pesqueiras. No Nordeste, intensifica-se a energia das ondas, com eventos extremos como ressacas e chuvas intensas, ameaçando manguezais, estuários e infraestrutura costeira. 

O RN destaca-se por não ter territórios indígenas reconhecidos. Nesse cenário, famílias da zona costeira de Sagi, Baía Formosa, reivindicam reconhecimento como etnia Potiguara de Sagi. O processo na FUNAI enfrenta entraves como a falta de consenso sobre limites territoriais e os efeitos da pandemia. A ausência histórica de estudos sobre indígenas no RN contribui para esse panorama. 

A comunidade Sagi Trabanda, com 232 famílias, possui economia baseada em pesca, agricultura e turismo. A degradação ambiental ameaça essas atividades, com desmatamento de manguezais, expansão da monocultura canavieira, barramentos de lagoas e contaminação por agrotóxicos, além da construção de infraestrutura que impacta a maré e o acesso aos recursos pesqueiros, comprometendo sua sobrevivência. 

A comunidade Sagi Jacu, com 41 famílias, ocupa área ribeirinha às margens do rio Pau-Brasil. Dificuldades de acesso e serviços básicos levaram moradores a se aproximarem da cidade. Enfrentam conflitos fundiários com empresas agrícolas e de carcinicultura, o que afeta sua produção agrícola e manutenção da subsistência. A ausência de demarcação territorial formal gera insegurança constante. 

Por fim, a integridade dos ecossistemas litorâneos é vital para a subsistência das comunidades tradicionais. A demarcação de terras e o respeito aos direitos dessas populações são essenciais para a preservação da biodiversidade e resiliência ecológica. Um modelo sustentável de desenvolvimento deve integrar saberes tradicionais e científicos, com ordenamento territorial e gestão ambiental eficaz. 

Nesse sentido, o grupo de geólogos e arquitetos orientados por lideranças indígenas realizaram estudos no território, definindo áreas de risco em relação às marés e ao aumento do nível do mar, e determinando áreas seguras e imunes para a realocação das barracas. A equipe desenvolveu oficinas de cocriação com a comunidade, aplicando a metodologia EMR. 

Considerando as condições socioambientais, trabalhamos em parceria com as comunidades indígenas procurando construir diálogos que resgatassem os saberes ancestrais a proposições de SBNs para a instalação das barracas. 

Considerando a relação risco x custo, definiu-se que estruturas rígidas (como cozinhas) devem estar protegidas fora das áreas de risco, enquanto estruturas moles ou flexíveis (como varandas de atendimento e estar) podem se aproximar da praia, dispensando a integração física entre cozinha e atendimento. 

Na cultura indígena a gestão de espaços e recursos, são geralmente comunais e articulam regras coletivas e familiares de gestão, daí desenvolveu-se a hipótese de “cozinha central”, preservando um espaço individual composto de cozinha e depósito para cada família, como em um mercado de peixes. 

Essa cozinha contará com infraestrutura sanitária de Bacias de Evapotranspiração (BET) ou Tanques de Evapotranspiração (TEVAP) com absorção e evapotranspiração de plantas, como a bananeira, para filtrar a água residual, contribuindo para redução da poluição dos aquíferos da região. Outros dispositivos SBN serão implantados, como coberturas verdes, sistema de cisternas para armazenamento de águas pluviais destinados à irrigação de jardins, limpeza de pisos e outros usos que não necessitem de água potável. 

Quanto às técnicas construtivas e a materialidade, propõe-se o uso de técnicas vernaculares: construções em barro, estruturas em madeira nativa bruta e cobertura com palhas naturais; com adaptações para atender a quesitos de segurança e salubridade. 

Adotando alternativas decolonizadoras para a manutenção das comunidades indígenas do Sagi que desafiam a dicotomia entre natureza e cultura, a proposta promove resistência e justiça racial e ambiental.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas pelo formulário que será disponibilizado em breve.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

E abrindo o nosso Fórum de Debates, amanhã (19/09) teremos:

13h30 – debate entre China e Brasil no China architecture exhibition day

18h – conferência de abertura com Kongjian Yu (China), criador do conceito de Cidades esponja

E tem muito mais! Oficinas, atividades, palestras, exposição. Participe! É tudo gratuito

(A programação e os projetos ainda estão em processo de inclusão no site; em breve estará completo)