Implantação do projeto: Espanha, Itália, Brasil
Desenvolvimento do projeto: Espanha, Brasil
Este trabalho é um passeio a modo de colagem por várias cidades sem muitas semelhanças aparentes, mas conectadas por um mesmo olhar que destaca aspectos intimamente ligados ao meio ambiente, como a vegetação, sua relação com a água ou o clima. A abordagem não é técnica nem acadêmica, mas fenomenológica: diante de estímulos como o calor são propostas soluções poéticas, que as vezes olham para o passado em busca de respostas, tentando seduzir o espectador, convidando-o a esquecer preconceitos, desbloquear sua imaginação e conectar com seu bem-estar físico.
Esta linha de trabalho, que começou há anos em Madri foi desenvolvida em profundidade no Guia Fantástico de São Paulo, um falso guia turístico ilustrado publicado em 2015 que mistura realidade e ficção. Se o guia turístico é um relato para o consumo massivo da cidade contemporânea, este projeto parte dessa ideia e propõe normalizar um relato utópico, apresentando situações surpreendentes para o leitor como se fossem cotidianas, conectando cidades onde a autora tem morado, ligando problemas que parecem locais e são globais.
Os desenhos expostos funcionam como esboços para chamar a atenção sobre os eixos temáticos da Bienal. Para “Preservar as florestas e reflorestar as cidades”, tem que garantir as condições optimas para a sobrevivência das mamangavas, os sabiás, assim como outros polinizadores, o que passa por cuidar da vegetação existente. Embora a presença de água tenha sido decisiva para a fundação das cidades, no desenvolvimento destas temos esquecido da sua importância. Não podemos “Conviver com as águas” sem saber que existem, por isso se expõe um mapa de cada uma das cidades com seus cursos d’agua e infraestruturas desenvolvidas e depois soterradas e esquecidas. “Reformar mais e construir verde” implica preservar o patrimônio arquitetônico de predios populares com valor histórico como o neomudejar ou transformar pátios internos em jardins com água onde se refrescar no verão para “Garantir a justiça climática”. Mas também transformar o Minhocão ou o Puente de Vallecas. Ambos são exemplos muito similares de grandes infraestruturas pensadas para o carro na década dos 70 que atuam como fronteiras físicas, acentuam a desigualdade entre bairros e cujos problemas associados tem movilizado a vizinhança por anos. No projeto, em lugar de optar pela demolição total, se apresentam modificadas com o objetivo de ressignificá-las valorizando os enormes recursos materiais que foram investidos na sua construção, mas também sua potencia simbólica, como monumento ao passado adaptado as necessidades do futuro.
Os desenhos tem sido adaptados ao formato expositivo desta Bienal e farão parte da publicação São Paulo e outras cidades Fantásticas, editada por Lote42 e lançada no final de 2025.