A Paisagem, a Geografia e os Pássaros Refugiados
A leitura-performática A Paisagem, a Geografia e os Pássaros Refugiados parte da destruição do Cerrado brasileiro e da memória da Revolução Verde para refletir sobre a relação entre paisagem, guerra e agricultura. O Cerrado, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, é também um dos mais agredidos pelo avanço do agronegócio, das monoculturas e da exploração intensiva dos recursos naturais. A performance conecta esse processo às lógicas de controle e vigilância herdadas de tecnologias militares, revelando como a guerra se reinventa no território por meio da agricultura moderna.
Inspirada pelas reflexões de Edward Said em Invenção, Memória e Lugar, a obra interroga como narrativas, memórias e invenções geográficas são mobilizadas para apagar ecossistemas, modos de vida e histórias coletivas, instaurando uma memória seletiva que favorece o poder. Nesse contexto, as aves que deixam o Cerrado em ruínas e buscam refúgio nas cidades aparecem como metáforas vivas do deslocamento forçado, tornando-se testemunhas de um colapso socio-ambiental.
Entre fragmentos de textos, imagens e voz, a performance traça uma cartografia das migrações — de animais, memórias e pessoas — que emergem de um território em transformação e desaparecimento. O trabalho convida o público a pensar a paisagem não apenas como cenário, mas como campo de disputa política e simbólica, onde se cruzam a violência da guerra, a invenção da memória e a urgência de repensar as geografias do presente.
Gratuito
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