Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil
O documentário Carpinteiros da Amazônia é fruto de uma pesquisa da Guá Arquitetura, dedicada a registrar e valorizar a carpintaria ribeirinha, um ofício ancestral que moldou por séculos a forma de morar das comunidades amazônicas.
A obra percorre ilhas e margens de rios, como Murutucu, Combu, Acará e do Marajó, revelando que a carpintaria não é apenas uma técnica construtiva, mas também uma manifestação cultural que expressa modos de vida, memórias familiares e vínculos profundos com a floresta e os rios.
O filme registra a forma de construir o habitar amazônico que carregam a marca singular de seus mestres, artesãos que transformam madeira em abrigo e identidade.
A narrativa é conduzida a partir das histórias de Mestres como Josa, Edson, Oseas, Edinaldo e Valdiley, que representam diferentes trajetórias dentro do ofício, seus pontos de vista se representam em traços autorais que se destacam entre si, como um traço de artista. Ao mesmo tempo, o documentário não evita os desafios que ameaçam essa herança: a substituição da madeira pela alvenaria, a exploração predatória das florestas, a ausência de políticas públicas de valorização e, sobretudo, o desinteresse crescente das novas gerações em seguir o ofício.
Mais do que uma obra de registro, o filme se coloca como um manifesto de resistência. Ele busca sensibilizar para a importância de manter viva uma prática que sintetiza conhecimentos técnicos e culturais, e que traduz uma relação equilibrada entre sociedade e natureza. O documentário mostra como os mestres compartilham saberes e reforçam a dimensão social da carpintaria, fortalecendo a autoestima e a relevância das comunidades.
O filme, portanto, não se limita a registrar o passado de uma tradição. Ele anuncia possibilidades de futuro. Ao dar visibilidade a mestres carpinteiros que continuam a construir com madeira e ao mostrar casas que se tornam referência estética para a comunidade local.
Carpinteiros da Amazônia é, assim, um manifesto pela floresta em pé, pela transmissão dos saberes e pela permanência de uma arquitetura profundamente humana, nascida do encontro entre rio, madeira e comunidades ribeirinhas.