Centro de Encontro Comunitário

Escuela de Arquitectura y Diseño Pontificia Universidad Católica de Valparaiso

Implantação do projeto: Chile
Desenvolvimento do projeto: Chile

O projeto de pesquisa-ação “Errando se Aprende” se situa, em Reñaca Alto Sur (Viña del Mar, Chile), território marcado pela precariedade habitacional, pela exclusão urbana e pela vulnerabilidade diante dos incêndios florestais. A quebrada Huasco, historicamente vista como limite, possui grande potencial para converter-se em corredor de vida comunitária e ecológica. A crise climática e os incêndios de 2024 acentuaram a urgência de repensar esse espaço, mostrando a necessidade de infraestruturas capazes de proteger população e ecossistema.

Nesse contexto, elaborou-se um masterplan coletivo, construído em oficinas participativas, percursos e observações junto à comunidade. A estratégia entende a quebrada como parque interbairros, articulando vilas por meio de infraestruturas verdes, equipamentos comunitários e corredores de proteção contra incêndios. Mais que projetar espaços, buscou-se uma mudança de olhar: compreender o campamento não apenas como assentamento informal, mas como território com direito à cidade e a um futuro sustentável.

Com base nisso, propôs-se um Centro de Encontro Comunitário em ponto estratégico da quebrada. O edifício conecta o parque interbairros a espaços de uso cotidiano — refeitório, ludoteca e escritórios. Não é um objeto isolado, mas a materialização do masterplan em espaço de encontro, coesão e cuidado mútuo, capaz de fortalecer redes comunitárias.

O projeto também introduz uma tipologia inédita de reservatórios de água, concebidos como protótipo de infraestrutura comunitária. Eles cumprem dupla função: armazenar águas cinzas para o uso diário e formar uma rede de defesa contra incêndios, em território onde o fogo é ameaça constante. Assim, inaugura-se um novo campo de infraestrutura básica para campamentos, combinando segurança, sustentabilidade e cuidado coletivo.

A escolha da alvenaria responde a critérios técnicos e sociais. Em território de difícil acesso e alta exposição ao fogo, o tijolo garante resistência, permanência e apropriação comunitária por meio da autogestão na construção. A materialidade é também recurso pedagógico de aprendizagem e enraizamento coletivo.

O projeto mostra que a arquitetura, além de abrigo, pode ativar processos de resiliência e justiça territorial. A quebrada, historicamente relegada, torna-se eixo articulador de um urbanismo situado, que vincula natureza, comunidade e cidade. Mesmo em contextos de precariedade extrema, é possível projetar infraestruturas que não sejam paliativos, mas gatilhos de transformação social e ambiental.

Mais que exercício acadêmico, trata-se de um processo de investigação-ação que conecta escalas urbana e arquitetônica, passando de um masterplan coletivo a uma infraestrutura comunitária concreta. Nesse percurso, revela-se o sentido do projeto: não impor desenho externo, mas construir coletivamente respostas que combinem memória barrial, cuidado comum e novas formas de habitar em tempos de crise climática.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (10.10)

14h30 – mesa Periferia Sem Risco no contexto de mudanças climáticas

16h – mesa Conhecer para Transformar: Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática

18h30 – mesa Adaptação inclusiva: Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias

9h – Oficina desenho: a arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera e o desafio climático

NOS PRÓXIMOS DIAS (11 a 14.10)

ATENÇÃO a mesa Palmas: Há 36 anos, a capital ecológica do Tocantins que seria realizada no dia 11.10 | 19h foi cancelada.

11.10 e 12.10 | 9h – oficina Inventa(rio) Fronteiras: Jogando por cidades multiespécies

11.10 | 10h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 11h – mesa Aprendendo a habitar o antropoceno: a crise da arquitetura

11.10 | 14h – mesa Architecture for Learning and Civic Use

11.10 | 15h – mesa Culture and Public Architecture

11.10 – 15h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 16h – mesa Reconnecting with Nature & Circular Design

11.10 | 17h – mesa Architecture of Belonging: Interpreting Heritage Through Place

12.10 | 10h – mesa Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

12.10 | 10h30 – mesa Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis

12.10 | 10h30 – Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

12.10 | 15h – mesa Fazer muito com pouco: arquiteturas para um planeta em transição com Esteban Benavides do escritório Al Borde

12.10 | 16h30 – mesa Terra – construindo um futuro sustentável e democrático 

12.10 | 17h45 – mesa Presença francesa na Bienal e exibição do filme AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

13.10 – atividade Ação Pantanal no IABsp

14.10 | 10h – mesa Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência

14.10 | 18h – Lançamento do Guia “Educação Baseada na Natureza”

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

E tem muito mais até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.