Comedor emergencial

[sauermartins] cássio sauer + elisa martins. joão pedro palma, joão izidro, pedro leggerini

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

o projeto do comedor – um refeitório social – surge em resposta aos eventos climáticos extremos que devastaram inúmeras cidades do sul do brasil em maio de 2024 e à necessidade de melhorar as condições dos abrigos emergenciais que acolheram pessoas desabrigadas durante esse período.

construído na escola estadual ana neri, na cidade de porto alegre, o projeto começa com uma intervenção temporária no edifício do auditório – uma pequena construção de madeira, característica da arquitetura escolar da região. neste espaço foram instaladas divisórias leves – cortinas suspensas por cabos de aço – capazes de delimitar áreas específicas para cada família e adaptar o uso do pavilhão, proporcionando maior privacidade e habitabilidade ao abrigo.

em uma segunda etapa da intervenção, com o regresso das aulas na escola, foi necessário construir um refeitório para os moradores temporários – uma nova construção – que funcionasse de forma independente ao fluxo dos alunos.

a arquitetura proposta consiste, portanto, em uma grande cobertura e uma mesa linear que ocupam um setor vazio do lote da escola.

a escolha da construção em madeira faz parte de uma investigação que, de alguma forma, permeia os projetos desenvolvidos pelo escritório. uma forma de demonstrar possibilidades de utilização de uma matéria-prima de baixo custo e de fácil obtenção que leva em consideração a existência de mão de obra local com experiência e significativo conhecimento prático do material.

dessa forma, a proposta explora a madeira como técnica construtiva ágil e econômica com a escolha de componentes mais acessíveis, como madeira roliça de eucalipto para as colunas e vigas principais e uma estrutura de ripas finas para sustentar a cobertura.

com o objetivo de unificar a intervenção e as diferentes peças de madeira, a pintura verde unifica a proposta, destacando a cobertura no conjunto construído da escola. a tinta impregnante de proteção da madeira ajuda a preservar o material e a cobrir pequenas imperfeições mantendo os veios visíveis. a estrutura verde dialoga com as telhas de policarbonato branco gerando um ambiente iluminado por uma luz difusa.

o projeto inicialmente concebido para servir de refeitório para as famílias, com o tempo, tornou-se um espaço de lazer para os estudantes, um espaço coletivo e comunitário.

assim, a intervenção provocou uma série de interações e usos surpreendentes. um espaço lúdico, que é utilizado como um lugar de jogos para crianças, e até mesmo como ferramenta de aprendizagem, onde as aulas são ministradas ao ar livre.

o projeto representa uma experiência de desenho e construção em um curto período de tempo. uma singela contribuição – entre tanto a ser feito – como resposta a esta imensa e impensável tragédia.
.

porto alegre, rs
2024

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (10.10)

14h30 – mesa Periferia Sem Risco no contexto de mudanças climáticas

16h – mesa Conhecer para Transformar: Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática

18h30 – mesa Adaptação inclusiva: Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias

9h – Oficina desenho: a arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera e o desafio climático

NOS PRÓXIMOS DIAS (11 a 14.10)

ATENÇÃO a mesa Palmas: Há 36 anos, a capital ecológica do Tocantins que seria realizada no dia 11.10 | 19h foi cancelada.

11.10 e 12.10 | 9h – oficina Inventa(rio) Fronteiras: Jogando por cidades multiespécies

11.10 | 10h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 11h – mesa Aprendendo a habitar o antropoceno: a crise da arquitetura

11.10 | 14h – mesa Architecture for Learning and Civic Use

11.10 | 15h – mesa Culture and Public Architecture

11.10 – 15h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 16h – mesa Reconnecting with Nature & Circular Design

11.10 | 17h – mesa Architecture of Belonging: Interpreting Heritage Through Place

12.10 | 10h – mesa Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

12.10 | 10h30 – mesa Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis

12.10 | 10h30 – Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

12.10 | 15h – mesa Fazer muito com pouco: arquiteturas para um planeta em transição com Esteban Benavides do escritório Al Borde

12.10 | 16h30 – mesa Terra – construindo um futuro sustentável e democrático 

12.10 | 17h45 – mesa Presença francesa na Bienal e exibição do filme AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

13.10 – atividade Ação Pantanal no IABsp

14.10 | 10h – mesa Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência

14.10 | 18h – Lançamento do Guia “Educação Baseada na Natureza”

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

E tem muito mais até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.