Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil
Conexão Água é um curta-documentário que parte da presença invisível do córrego Água Preta, soterrado sob camadas de concreto em São Paulo, para revelar como a água insiste em criar conexões – territoriais, ambientais e humanas – mesmo em contextos de apagamento. O filme atravessa diferentes cenas em que a água se torna protagonista: a nascente que resiste e alimenta um lago comunitário; a aula realizada numa viela, em que estudantes se deparam com um rio que corre oculto sob seus pés; a realidade cotidiana de moradores em situação de rua que, privados de teto, estão também privados de torneira.
Entre São Paulo e Buenos Aires, entre a escassez e a abundância, o documentário revela como a água expõe desigualdades, mas também abre possibilidades de encontro, cuidado e imaginação coletiva. A câmera acompanha experiências artísticas e ambientais do coletivo (se)cura humana, que desde 2015 atua em São Paulo com performances, instalações e intervenções urbanas voltadas para a visibilidade das águas soterradas, a criação de espaços comunitários e a reivindicação do direito à cidade e à natureza. Obras como Lago da Travessa, Torneira da Travessa e Parque Aquático Móvel estão presentes na Ocupação (se)cura, um território vivo na Travessa Roque Adóglio, bairro da Vila Anglo Brasileira, onde o filme ganha grande parte de sua força poética e política.
Conexão Água propõe uma fabulação crítica: e se reconhecêssemos rios e águas como sujeitos de direitos, capazes de reorganizar a vida coletiva e o desenho urbano? Nesse sentido, o curta documenta práticas comunitárias e se insere como gesto de arte-ativismo, tensionando as fronteiras entre cinema, performance, urbanismo e pedagogia ambiental.
Autores
Flavio Barollo é videoartista, performer e cofundador do coletivo (se)cura humana. Em sua filmografia estão as obras Cidades Utópicas em um Futuro Ancestral (2025); Conexão Água (2024), selecionado no Festival Suncine Barcelona; P.A.R.E.L.H.A – Um olhar sobre a realidade (2024); Deserto SP (2023); Vou contar uma história que nem sei como comece (2021); Liberdade Liberdade (2021); Tá Tudo Treta e a Poesia Rege (2020); Meu corpo, Minha Fronteira (2020); Brasil de Tijolo (2015); (se)cura humana, o filme (2015); Loberia (2015); Véio (2010), vencedor do Júri Popular no Festival de Cascavel; e O Sangue pelos Filhos (2009).
Wellington Tibério é músico, educador, geógrafo e cofundador do coletivo (se)cura humana. Doutorando na FFLCH-USP, atua como professor na rede escolar e em projetos comunitários, articulando práticas de ensino, arte e ecologia urbana. No (se)cura humana, desenvolve aulas-performance em territórios atravessados pela água, integrando conhecimento científico, saberes locais e experiência artística e ativista. É autor do ensaio ÁGUA E URBANISMO: AÇÕES ARTÍSTICAS PARA UMA CIDADE (IM)POSSÍVEL, publicado na revista Redobra da Universidade Federal da Bahia (UFBA).