Da seca à vida – Um retrato da regeneração

Alexandre Furcolin Paisagismo

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Da Seca à Vida – Um Retrato da Regeneração
Por: Alexandre Furcolin Paisagismo

Em um mundo onde as grandes soluções parecem distantes, a transformação pode nascer em escalas acessíveis e profundamente enraizadas no cotidiano. É nesse contexto que surge o Sítio de Alexandre Furcolin, um território experimental que, ao longo de quatro décadas, se consolidou como laboratório vivo de biodiversidade, cultura e reconexão. Localizado em Joaquim Egídio, antiga zona cafeeira do interior paulista, o Sítio foi adquirido em um momento em que a região enfrentava o declínio da monocultura. A terra, marcada pelo esgotamento ecológico, carregava cicatrizes de pastagens degradadas e extensos talhões de eucalipto, comprometendo o ciclo hídrico e a fertilidade do solo.

O ponto de partida foi o olhar atento para as potências ocultas do território. Ainda nos anos 1990, iniciou-se um processo gradual de restauração: reorganização do solo, retenção da água e introdução de espécies nativas e frutíferas, primeiro em pequenas áreas, depois no viveiro que se tornaria coração do projeto. Esse espaço, inicialmente modesto, evoluiu para uma coleção botânica viva, alimentada por pesquisa e experimentação contínua. Ali se consolidou um repertório que ampliou a prática do paisagismo, deslocando-o da função meramente estética para assumir o papel de organismo vivo, expressão concreta de cuidado e reconexão.

Na década seguinte, o Sítio recebeu a sede do escritório de paisagismo, construída com madeira de reflorestamento, ventilação cruzada e reaproveitamento de materiais. Mais que edificação, a obra materializou um gesto: integrar espaço de trabalho, campo experimental e território regenerado em um único organismo vivo. A presença constante da equipe intensificou o vínculo entre prática e lugar, fazendo com que cada projeto fosse atravessado pela experiência direta de habitar um ecossistema em transformação.

Hoje, o Sítio se apresenta como centro de referência em paisagismo ecológico, restaurando ciclos hídricos, fortalecendo a biodiversidade, captando carbono, criando infraestrutura verde e produzindo conhecimento técnico e sensível sobre a relação entre sociedade e natureza. Um território que abriga mais de mil espécies vegetais, uma fauna em expansão e práticas que unem agroecologia, contemplação e inovação tecnológica. O diálogo entre a enxada, a prancheta e o computador estrutura a filosofia do espaço: a tecnologia não substitui a natureza, mas ajuda a garantir sua permanência.

O vídeo apresentado na Bienal condensa essa trajetória em imagens de contraste: uma terra dividida que revela dois futuros possíveis. De um lado, o silêncio árido de um território degradado; de outro, a vitalidade regenerada por mais de 30 anos de trabalho de Alexandre Furcolin e sua equipe. O processo é revelado como planejamento e manejo: reorganização do solo, retenção da água, implantação de vegetação e desenvolvimento de um ecossistema capaz de sustentar diversidade e responder aos extremos climáticos. Mais do que registro, o filme propõe uma reflexão crítica: qual paisagem escolhemos cultivar e habitar?

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (18.10)

10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

AMANHÃ (19.10)

16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.