Edifício Jorge Machado Moreira – Projeto como instrumento de investigação do patrimônio

Projeto FAU - Aline Assis, Petar Vrcibradic, Guilherme Lassance, Lucas Freitas e equipe

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Edifício Jorge Machado Moreira (JMM), projetado em 1957 e inaugurado em 1961 como sede da então Faculdade Nacional de Arquitetura, constitui um dos exemplares mais relevantes da arquitetura moderna brasileira, tendo sido premiado na IV Bienal Internacional de São Paulo no mesmo ano. Ao longo de sua história, o edifício passou por diversas transformações decorrentes das ocupações sucessivas e da falta de manutenção adequada, o que comprometeu tanto sua integridade arquitetônica quanto seu desempenho funcional. O incêndio de 2016, ocorrido no oitavo pavimento, intensificou esse processo de degradação, provocando danos estruturais e o isolamento de áreas significativas do prédio.

Diante desse quadro, a recuperação do JMM tem se dado de forma lenta e gradual, marcada por iniciativas que aliam resistência institucional e soluções de baixo custo. Um exemplo é a reocupação do 8º andar pela Escola de Belas Artes, após a interdição do ateliê Pamplonão, em ação colaborativa com a FAU. A proposta, entendida como projeto-piloto, baseia-se na reutilização de materiais existentes, na reversibilidade das intervenções e na busca por reforma de baixo custo.

Em abril de 2022, foi iniciado o processo de reforma do salão localizado no bloco B do edifício. O espaço, que ao longo de sua trajetória servira como sala de cerimônias e como sede do Museu Dom João VI, encontrava-se fechado há quase duas décadas, até ser destinado a receber a Biblioteca Integrada EBA–FAU–IPPUR, em consonância com o programa original de Jorge Machado Moreira, nunca integralmente executado.

A primeira vistoria evidenciou o estado de ruína, mas, ainda assim, a clareza setorial, a planta aberta e a modulação estrutural do projeto original sustentaram a decisão de reconvertê-lo em biblioteca. A intervenção, conduzida em contexto de severa restrição orçamentária, adotou critérios de austeridade, mantendo elementos existentes sempre que possível e reinterpretando outros em materiais mais acessíveis, como o uso de granitina no piso e policarbonato alveolar no forro.

O resultado preserva a simplicidade compositiva e o caráter moderno do salão, agora equipado para receber acervo, consulta e estudo. Em julho de 2024, pela primeira vez desde a inauguração do JMM, entrou em operação no local uma biblioteca plena, abrigando uma das maiores coleções da América Latina em Arquitetura, Urbanismo, Artes Plásticas e Design.

As ações recentes integram o Projeto FAU, que trata o próprio edifício como campo de investigação e prática, articulando conservação patrimonial, sustentabilidade e ensino. Nesse contexto, o Laboratório de Reuso, matéria do ciclo avançado da FAU UFRJ, desempenha o papel de explorar o reaproveitamento de materiais, a desmontagem e a adaptação de componentes como exercício pedagógico, dialogando com o Projeto FAU. Assim, o JMM não apenas recupera sua função institucional, mas se reafirma como instrumento didático, laboratório de arquitetura moderna e espaço de experimentação em sustentabilidade.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (18.10)

10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

AMANHÃ (19.10)

16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.