Entre margens: uma cidade em camadas

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Caroline Jahn, Fabiane Calistro, Guilherme Staub, Yan Kruchin

Entre Margens: uma cidade em camadas é um projeto que busca reconciliar Porto Alegre com o Lago Guaíba, ressignificando um de seus maiores símbolos de separação: o Muro da Mauá. Porto Alegre sempre foi moldada por sua relação com a água — uma presença que, ao longo do tempo, tornou-se tanto identidade quanto desafio. O Guaíba, antes espaço de encontro e lazer, hoje é também limite físico e simbólico, marcado por enchentes que expõem a vulnerabilidade da infraestrutura urbana frente às mudanças climáticas.

Erguido como barreira contra as cheias, o muro acabou por afastar a cidade de sua orla, transformando o contato com a água em ausência. Ao tentar conter o rio, a cidade conteve a si mesma, relegando o lago a um pano de fundo inacessível. A proposta parte do reconhecimento dessa ruptura e busca transformá-la em oportunidade: reconfigura o muro não como barreira, mas como linha de costura entre o natural e o construído, entre passado e futuro.

O projeto redesenha essa borda rígida como espaço de encontro, circulação e permanência. Um passeio elevado conecta o Centro Histórico ao Cais Mauá, devolvendo protagonismo ao pedestre e oferecendo espaços de lazer, contemplação e mobilidade ativa. Faixas verdes e ciclovias percorrem o traçado, auxiliando na drenagem urbana e trazendo conforto ambiental, enquanto os galpões do cais são reativados como polos culturais, gastronômicos e comunitários.

Sua materialidade reforça esses princípios: uma estrutura leve e sustentável, em madeira engenheirada e módulos pré-fabricados, com soluções de infraestrutura verde – como jardins de chuva, pavimentos permeáveis e vegetação nativa – ampliando a resiliência urbana diante de eventos extremos.

Entre Margens não apaga a história: reconhece as camadas da cidade, suas fronteiras e contradições. O Muro da Mauá permanece — mas agora, é chão. É caminho. É cidade.

Agradecemos a todas e todos que participaram e visitaram a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, de 18 de setembro a 19 de outubro de 2025

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.