Entre o relevo e a luta: Morro das Placas e Joana D’Arc, territórios que resistem

Universidade Federal do Ceara

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Juan S., Érica C, Darliane G, Luan G, Luana P, Eduarda R, Mateus C, Jefferson F Sá

A emergência climática afeta desproporcionalmente populações marginalizadas – aquelas que possuem menos acesso aos recursos de adaptação e reparação. Os impactos intensos não são só frutos de eventualidades climáticas, mas socialmente produzidos por uma urbanização excludente. Essa vulnerabilidade se mostra evidente na realidade das comunidades Joana D’Arc e Morro das Placas, no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza.

Situadas em uma área de alta declividade e solos instáveis, os territórios apresentam-se como adensamentos consolidados e frágeis ambiental e socialmente. O risco inerente à localização das comunidades se soma à precariedade habitacional e à carência de infraestrutura básica, como a ausência de rede de drenagem e a falta de espaços verdes e livres, refletindo um processo histórico de segregação socioespacial.

Ao considerar o contexto de injustiça ambiental, a intervenção de abordagem integrada propõe soluções infraestruturais e habitacionais nas comunidades, incorporando-as ao tecido urbano e revertendo o cenário de risco em um projeto resiliente e responsivo que se adapta à realidade local.

No projeto, foram propostas soluções que viabilizam a drenagem e saneamento básico, como alargamento das vielas, implantação de biovaletas e criação de espaço de apoio ao manejo de resíduos. Foram pensadas, ainda, a inserção de contenções, capazes de estabilizar as encostas frequentemente suscetíveis a deslizamentos, e a construção de escadarias, que promovem a mobilidade em áreas anteriormente intransponíveis.

Entendendo que a justiça climática também se relaciona ao direito à cidade, foram projetadas áreas livres e de lazer usando-se de soluções baseadas na natureza, bem como foi proposta a implantação de equipamentos públicos. Para as moradias, em uma estratégia combinada de melhorias habitacionais e reassentamento próximo, foram pensadas soluções projetuais de condicionamento ambiental passivo para reformas e tipologias progressivas para novas habitações.

As propostas foram elaboradas coletivamente para contemplar comunidades que resistem frente ao contexto de exclusão e apagamento. A equipe composta por Darliane Gomes, Eduarda Mércia, Érica Correia, Jefferson Freire, Juan Sousa, Luan Baltazar, Luana Gabrielle, Mateus Costa e Sá Nogueira, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), buscou no trabalho demonstrar responsabilidade social enquanto estudantes de universidade pública ao direcionar para o centro do debate áreas marginalizadas e invisibilizadas, pensando cenários possíveis para a melhoria da qualidade de vida nesses territórios.

Compartilhando experiências em programas e bolsas de pesquisa voltadas à assessoria técnica em arquitetura e cidade, mudanças climáticas e patrimônio cultural, a equipe possui interesses em História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo, Tecnologias Aplicadas à Arquitetura e ao Urbanismo, Planejamento Urbano, Assessoria Técnica e Habitação de Interesse Social.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (10.10)

14h30 – mesa Periferia Sem Risco no contexto de mudanças climáticas

16h – mesa Conhecer para Transformar: Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática

18h30 – mesa Adaptação inclusiva: Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias

9h – Oficina desenho: a arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera e o desafio climático

NOS PRÓXIMOS DIAS (11 a 14.10)

ATENÇÃO a mesa Palmas: Há 36 anos, a capital ecológica do Tocantins que seria realizada no dia 11.10 | 19h foi cancelada.

11.10 e 12.10 | 9h – oficina Inventa(rio) Fronteiras: Jogando por cidades multiespécies

11.10 | 10h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 11h – mesa Aprendendo a habitar o antropoceno: a crise da arquitetura

11.10 | 14h – mesa Architecture for Learning and Civic Use

11.10 | 15h – mesa Culture and Public Architecture

11.10 – 15h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 16h – mesa Reconnecting with Nature & Circular Design

11.10 | 17h – mesa Architecture of Belonging: Interpreting Heritage Through Place

12.10 | 10h – mesa Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

12.10 | 10h30 – mesa Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis

12.10 | 10h30 – Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

12.10 | 15h – mesa Fazer muito com pouco: arquiteturas para um planeta em transição com Esteban Benavides do escritório Al Borde

12.10 | 16h30 – mesa Terra – construindo um futuro sustentável e democrático 

12.10 | 17h45 – mesa Presença francesa na Bienal e exibição do filme AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

13.10 – atividade Ação Pantanal no IABsp

14.10 | 10h – mesa Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência

14.10 | 18h – Lançamento do Guia “Educação Baseada na Natureza”

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

E tem muito mais até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.