Laboratório de Mundo Real para segurança hídrica na bacia do rio Pitimbu: ciência participativa e governança adaptativa 

Pesquisadores: Karinne Deusdará, Jonathan Mota, Coca e Vanessa, Joana Darc de Medeiros, Adelena Maia, Sandra Saad, Andreia Lema, Heber, Wagna Moura

Resumo:

INTRODUÇÃO: Laboratórios de Mundo Real (LMRs) são espaços experimentais em territórios reais, voltados à produção de conhecimento transdisciplinar e à construção de soluções sustentáveis com participação ativa da sociedade. Neles, o entendimento compartilhado dos problemas e os processos de aprendizado científico e social são tão relevantes quanto os resultados práticos alcançados (Kohler et al. 2021; Bernert et al. 2024). Essa abordagem reconhece que, além dos dados técnicos e da capacidade institucional, é essencial que as comunidades envolvidas identifiquem coletivamente as causas estruturais dos desafios, favorecendo soluções mais justas e exequíveis (Parodi et al. 2023).

Nesse contexto, o LMR na bacia do rio Pitimbu, na região metropolitana de Natal/RN, foi criado para enfrentar os desafios da segurança hídrica diante da urbanização, da degradação ambiental e das pressões climáticas. A bacia sofre com uso desordenado do solo, poluição hídrica e fragilidade das instâncias de governança, com baixa participação social e limitada atuação do comitê de bacia. Esses fatores colocam em risco o abastecimento de água de parte significativa da população de Natal e Parnamirim (NATAL 2024). 

O objetivo principal do laboratório é desenvolver estratégias de gestão e governança participativa voltadas à proteção dos recursos hídricos e valorização dos serviços ecossistêmicos. Para isso, busca-se: (1) avaliar os impactos da urbanização e das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos da bacia; (2) desenvolver ações de educação ambiental e mobilização social; (3) fortalecer a participação comunitária nas instâncias de governança da água; e (4) propor um programa de pagamento por serviços ambientais (PSA) voltado à conservação da nascente do rio. 

METODOLOGIA: O LMR adota abordagem transdisciplinar, unindo métodos técnicos e participativos. Para a meta 1, são aplicados modelagem hidrológica com o modelo SWAT e monitoramento instrumental. As ações da meta 2 incluem oficinas, aulas de campo e materiais educativos. A meta 3 avança por rodas de conversa e articulação com o comitê. A proposta de PSA, da meta 4, ainda em construção, baseia-se em diagnósticos socioambientais e diálogo com moradores da nascente. 

RESULTADOS PARCIAIS E CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados parciais evidenciam que a abordagem em LMR tem contribuído para integrar dados científicos e saberes locais, promovendo avanços tanto na produção de conhecimento quanto no engajamento social. As atividades de modelagem hidrológica, ainda em desenvolvimento, indicam áreas críticas para o escoamento superficial e reforçam a importância das zonas de recarga da bacia. Sensores de medição de nível do rio foram instalados, permitindo monitoramento contínuo e reduzindo a lacuna histórica de dados. 

As atividades educativas revelaram baixo grau de identificação da população com o rio Pitimbu, mas demonstraram alto potencial de transformação por meio de ações continuadas. Durante a aula de campo, observou-se o uso inadequado de resíduos de construção civil como forma improvisada de contenção da erosão pluvial, prática que, embora indique esforço local, acarreta riscos ambientais relevantes por contribuir com o assoreamento e a poluição do curso d’água. 

A aproximação com a comunidade da nascente, especialmente o Quilombo dos Palmares II, mostrou forte disposição para práticas conservacionistas, abrindo caminho para a construção coletiva de um programa de PSA. Essas ações apontam que os LMRs podem impulsionar soluções mais justas e eficazes para os desafios da gestão da água, sobretudo em regiões urbanas e periurbanas vulneráveis. A continuidade e o aprofundamento das estratégias de governança, aliados ao apoio institucional e financeiro, serão fundamentais para garantir os avanços já iniciados e ampliar os impactos positivos sobre a segurança hídrica da região.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (09.10)

9h – oficina Arquitetos e engenheiros face aos desafios climáticos

14h – Fórum SP 25 Sessão Temática 5. Promover moradia digna e justiça climática

15h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo

16h – Fórum SP 25 Sessão Temática 6. Governar com inclusão, participação e controle social

17h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo

17h30 – sessão 6 da mostra Cinema, arquitetura e sociedade: registros de um mundo quente na Cinemateca

18h – Fórum SP 25 Painel 3: Governança, Representação e Participação Social 

NOS PRÓXIMOS DIAS (10 a 14.10)

10.10 | 14h30 – mesa Periferia Sem Risco no contexto de mudanças climáticas

10.10 | 16h – mesa Conhecer para Transformar: Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática

10.10 | 18h30 – mesa Adaptação inclusiva: Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias

10.10 e 12.10 | 9h – Oficina desenho: a arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera e o desafio climático

11.10 e 12.10 | 9h – oficina Inventa(rio) Fronteiras: Jogando por cidades multiespécies

11.10 | 10h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 11h – mesa Aprendendo a habitar o antropoceno: a crise da arquitetura

11.10 | 14h – mesa Architecture for Learning and Civic Use

11.10 | 15h – mesa Culture and Public Architecture

11.10 – 15h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 16h – mesa Reconnecting with Nature & Circular Design

11.10 | 17h – mesa Architecture of Belonging: Interpreting Heritage Through Place

11.10 | 19h – Palmas: Há 36 anos, a capital ecológica do Tocantins

12.10 | 10h – mesa Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

12.10 | 10h30 – mesa Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis

12.10 | 10h30 – Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

12.10 | 15h – mesa Fazer muito com pouco: arquiteturas para um planeta em transição com Esteban Benavides do escritório Al Borde

12.10 | 16h30 – mesa Terra – construindo um futuro sustentável e democrático 

12.10 | 18h – mesa Viver Com – Pavilhão da França na Bienal de Veneza e AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

13.10 – atividade Ação Pantanal no IABsp

14.10 | 10h – mesa Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência

14.10 | 18h – Lançamento do Guia “Educação Baseada na Natureza”

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

E tem muito mais até 19 de outubro!

(Atividades e projetos ainda estão em processo de inclusão; em breve o site estará completo)

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.