Implantação do projeto: Espanha
Desenvolvimento do projeto: Espanha
Perante o avanço das alterações climáticas, as comunidades costeiras enfrentam uma encruzilhada: proteger o litoral de forma proativa tornou-se essencial para garantir vidas, património e ecossistemas. As soluções tradicionais, como diques ou quebra-mares, embora eficazes, implicam fortes impactos ambientais e sociais, restringindo usos comunitários e alterando a paisagem. Torna-se, assim, necessário explorar alternativas mais sustentáveis e integradas.
É neste quadro que surge o LIFE COSTAdapta, nas Canárias, território profundamente ligado ao mar. O projeto propõe soluções brandas e progressivas, menos agressivas que as defesas rígidas, reforçando mecanismos naturais de autoproteção costeira. Inspirado na imunoterapia médica, defende-se uma “imunoterapia costeira”: trabalhar com a natureza e potenciar a sua resiliência.
A proposta central é a criação de charcos de maré artificiais, recifes em betão ecológico com geometrias adaptativas, que funcionam como barreira contra a subida do nível do mar e como espaço social. Reduzem a energia das ondas, limitam a erosão e oferecem habitat a espécies marinhas. Com diferentes profundidades, permitem o banho, a educação ambiental e a investigação científica.
A equipa multidisciplinar prevê a construção de um protótipo em escala real na costa norte de Gran Canaria, em San Felipe, onde habitações estão em risco devido ao avanço do mar. O processo incluiu análises ambientais, estudos paisagísticos e participação cidadã, envolvendo moradores e surfistas para assegurar que a intervenção respeite os usos locais e a dinâmica das ondas.
O projeto valoriza também o papel cultural dos charcos de maré, presentes historicamente como pesqueiras, salinas e espaços de lazer. Hoje são símbolos de identidade coletiva e demonstram como pequenas intervenções podem coexistir em harmonia com a natureza. Ao reinterpretá-los, o LIFE COSTAdapta amplia a função da arquitetura para um ativismo ambiental e social.
Em síntese, o projeto procura provar que intervenções suaves podem ser eficazes e sustentáveis, criando um ecossistema híbrido que é ao mesmo tempo barreira, habitat, paisagem e espaço comunitário. Assim, contribui para um litoral resiliente, preparado para enfrentar os efeitos da crise climática.