Nhandero , “Casa Tradicional Guarani M’bya” e Manuais da Arquitetura Kamayurá e Yudja

Associação Casa Floresta e Povo Guarani M'bya, com Povo Kamayurá e Povo Yudja

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

NHANDEREKO
Em tradução simples, Nhandereko ou Nhanderekó significa “modo de vida do povo Guarani ‘nhande’ significa “nossa” e ‘reko’ significa “vida”, de forma que Nhandereko representa “nossa vida”. Nhandereko representa onde a vida está e o relacionamento da vida com tudo que existe: os corpos, o espaço e o ambiente. Nhandereko está interligado com todo o território, que para o povo Guarani representa a vida, contemplando todos os seres vivos, florestas, rios, plantas e animais.

Manual da Arquitetura Guarani M’bya
Em 2021 foi documentada a construção do novo centro cultural e, através da memória, fotografias antigas e também de maquetes, a retomada do que seria a casa tradicional do povo Guarani-Mbya na aldeia Tenondé-Porã, em Parelheiros, SP. Junto com o construtor Joaquim Guarani, a liderança Jera Poty e voluntários, foi coletado material para a elaboração do Manual da Arquitetura Guarani M’bya. A Casa Guarani-Mbya é uma estrutura pequena e econômica, e explicita o Nhandereko ,“modo de vida” Guarani, de maneira verdadeira ao se colocar como o “essencialmente necessário”. Construída dentro da floresta, é construída também pela floresta, com a coleta de madeira e palha disponível no local e rapidamente montada como abrigo que se mescla ao entorno, esfumaçando os contornos daquilo que é manufatura “humana” e “natural”.Construída com madeira roliça, troncos de madeira disponíveis na mata, ela é coberta pela palha Jussara disponível nos territórios ainda preservados da Mata Atlântica paulista. A adaptação dos materiais e técnicas construtivas das casas tradicionais, seja ela Guarani ou de algum outro povo, do Xingu ao Alto Rio Negro, está diretamente conectada às transformações da floresta, muitas delas resultantes de ações humanas predatórias, e a escassez das espécies tradicionalmente usadas. Assim como muitos outros conhecimentos e técnicas indígenas, o saber da construção está intimamente ligado à saúde da floresta, evidenciando a relação simbiótica entre “natural e humano” e a interdependência vital entre eles.

Manual da Arquitetura Kamayurá.
No âmbito das oficinas-viagem “Modos de Habitar”, promovidas pela Plataforma Habita-cidade e pelo curso de Pós-graduação Habitação e Cidade, da Escola da Cidade, um grupo de professores e alunos passou três semanas junto ao Povo Kamayura, no Alto Xingu, no mês de Julho deste ano de 2019,na Aldeia Ypawy. Em uma parceria entre os mestres Kamayurá e o grupo da Escola da Cidade, se empreendeu um recenseamento da forma de se construir naquela sofisticada etnia xinguana. A partir de uma iniciativa de lideranças Kamayurá e através da arquiteta Clara Morgenroth e da diretora teatral Cibele Forjaz, foram organizados um curso preparatório do manual e a Oficina-viagem com a antropóloga Luísa Valentini e os arquitetos Anna Julia Dietzsch e Luis Octavio de Faria e Silva (mediador da Plataforma habita-cidade). Nomeada no âmbito da Escola da Cidade de “Modos de Habitar:Arquiteturas Tradicionais”, a empreitada resultou na pesquisa e produção do “Manual da Arquitetura Kamayurá” e o seu anexo “A Construção da ‘Ok Eté pelo Povo Kamayura”.

Manual da Arquitetura Yudja
O Manual da Arquitetura Yudja foi criado a partir do processo de revitalização da Akatxi, casa tradicional do povo Yudja, construída de forma comunitária em 2024, com a orientação dos anciãos, envolvendo jovens, mulheres e crianças em todas as etapas do processo. O documento busca registrar não apenas as técnicas construtivas – seleção das madeiras, preparo das palhas e métodos de amarração – mas também o conhecimento ecológico, as histórias e concepções simbólicas, associadas aos modos de transmissão oral da casa tradicional do povo Yudja. Trata-se, portanto, de um instrumento de fortalecimento da memória, da autonomia e da continuidade das práticas arquitetônicas ancestrais, inserindo-se em uma rede mais ampla de iniciativas que unem povos indígenas, arquitetxs, artistas e pesquisadoras na preservação e manutenção de saberes e territórios tradicionais.
O Manual da Arquitetura Yudja é um registro coletivo produzido pelo povo Yudja da Aldeia Tuba-Tuba (T.I.X – MT), uma realização da Associação Yarikayu, em parceria com a Associação Casa Floresta, o Instituto Socioambiental, Projeto Xingu [UNIFESP], Fundo Casa Socioambiental, FUNAI e ATIX (Associação Terra Indígena do Xingu).

Acesse o manual: https://www.casafloresta.org/manual-da-arquitetura-yudja

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (18.10)

10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

AMANHÃ (19.10)

16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.