o extremo (já não) mora aqui

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

Implantação do projeto: Portugal e Espanha
Desenvolvimento do projeto: Portugal

Estudantes: Bruna Kühn, Hugo Costa, Marta Ferreira e Patrícia Reis

Os EXTREMOS existem hoje em tal grau que é raro encontrar uma situação social, política, territorial ou ambiental não afetada por realidades assimétricas. A palavra “extremo” pode significar algo situado numa extremidade, distante, última; ou um oposto, uma realidade extraordinária. Na proposta que apresentamos, os vários significados tomam lugar numa realidade afundada, num mundo quente.

Diariamente, somos inundados por um manancial de notícias que revelam um mundo desconcertante, que dão nota de um clima estranho, de chuvas torrenciais e, paralelamente, secas infernais. Parece impossível reunir em lugares próximos condições tão diversas.

Nesta perspetiva, a proposta apresentada viaja até à Barragem do Lindoso, na raia – lugar extremo, da fronteira entre Portugal e Espanha. Com foco na aldeia submersa de Aceredo, procuramos criar um imaginário distópico, sobre os efeitos das alterações climáticas no território.
Aceredo foi uma aldeia, na paróquia de Manín, concelho de Lobios (Baixa Limia – Ourense). Desapareceu após a construção da Barragem de Lindoso, e da respetiva albufeira, assente sobretudo em território espanhol, em 1992. A comunidade foi obrigada a deslocar-se para outro lugar, para uma nova terra, deixando para trás o que o rio deu, e o que o rio tirou.

Passados 30 anos, em 2022, durante o intenso período de seca, a aldeia voltou à tona. Em plena Pandemia Covid-19, a sede de viajar, criou um fenómeno turístico com trânsitos infernais e, sobretudo, reavivou as memórias dos dias afogados. De géneses distintas – uma vez que este exemplo parte da artificialização da paisagem, através da criação de um reservatório de água, para produção de energia — os efeitos da subida e descida abrupta das águas, condicionada pelas ondas de calor e pelos intensos períodos de chuva, podem ser identificados, ou pelo menos conhecidos, a partir de Aceredo. A subida das águas, que ameaça as zonas costeiras, o desaparecimento da água doce e com os períodos de seca sucessivos, exigem a urgente mudança de paradigma, da forma como entendemos e atuamos enquanto arquitetos, num meio em constante transformação. O desenho destes processos permite identificar os traços sustentáveis das comunidades e do território, restauram a memória de passados recentes, e dão respostas para o futuro que iremos enfrentar.
O desafio de representar os Extremos, neste caso, cartografado a partir da linha de água – que dilata e retrai -, dos terrenos – férteis e áridos -, evidenciam extremos próximos. A cartografia procura relacionar e medir o clima, com o espaço e o tempo, para um laboratório da água e da sua ausência, da comunidade e do território.

Aceredo: um mundo (quente) submerso.

Procuramos dar corpo a um território que oscila entre o submerso e o deserto, entre o passado e o futuro. A partir de Aceredo, aldeia afundada e posteriormente ressuscitada pela seca, surge a ideia de um mundo em constante transformação, onde a convivência com as águas é a condição. Neste cenário, o direito dos rios cria uma contra-narrativa, que transforma o entendimento das “catástrofes naturais” em “catástrofes humanas”.
Aceredo é um laboratório que permite entender os impactos das decisões políticas centralizadas e o peso das grandes infraestruturas, no quotidiano do território e da comunidade. Através da inteligência artificial, representamos imagens de extremos (im)possíveis, como provocação distópica e não solução, que imagina um cenário próximo, caso as ações humanas não mudem, as políticas não se descentralizem, e a arquitetura não se adapte. Da legislação ao urbano, habitação e produção — os extremos estão sempre no calor da questão.

O projeto apresentado reúne contributos de quatro Dissertações de Mestrado Integrado em Arquitetura na FAUP. Agradecemos os contributos das equipas de orientação para a elaboração da proposta, bem como do apoio da Faculdade na representação institucional.
Esta proposta foi apresentada em maio de 2025 ao Comité EURAU 2026 – Latitudes – Umeå Universitet, Sweden.
Os desenhos e cartografias são originais; as fotografias são de arquivo, indicado na apresentação; as composições propostas foram geradas por IA.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (16.10)

10h – Fórum de Presidentes CAU/SP

15h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo [Esgotado]

17h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo [Esgotado]

18h – mesa Reviver o Centro com Eduardo Paes (Prefeito do Rio de Janeiro e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos), Alê Youssef (ex-Secretário de Cultura de São Paulo), Marta Moreira (sócia do escritório MMBB) 

16.10 – atividade Panorama Urgente! Visita ao Complexo Paraisópolis

NOS PRÓXIMOS DIAS (17 a 19.10)

17.10 | 10h – mesa Ciência Cidadã na Adaptação Climática

17.10 | 14h – mesa Mulheres Negras pelo Clima: fortalecendo as periferias urbanas 

17.10 | 15h30 – mesa Ação e justiça climática territorial

17.10 | 18h – mesa Periferia Viva

18.10 | 10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

18.10 | 10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

18.10 | 14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

18.10 | 15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

18.10 | 16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18.10 | 18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

19.10 | 16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

19.10 | 17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.