O tempo infinito das construções perecíveis e a reinvenção dos espaços pelos Mẽbêngôkre

Luísa Bogossian, André Daemon, Danilo Filgueiras

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

As paisagens das aldeias mẽbêngôkre estão em transformação, como registraram antropólogos ao longo do último século. Em 2015, os arquitetos do Estúdio Guanabara foram convidados a lidar com essa dinâmica diante da demanda por novas casas não indígenas em 21 aldeias Mẽbêngôkre. O desenvolvimento dessas novas kikré – casas, na língua deste povo – estendeu-se até 2018. Nesse processo, foi realizado um extenso levantamento de diversas aldeias, que revelou não apenas os diferentes arranjos das povoações, mas também a diversidade de suas construções: paredes de pau-a-pique, madeira ou alvenaria, e coberturas de palha, zinco ou cerâmica.

Nos anos seguintes ao Projeto Kikré, outras iniciativas foram desenvolvidas: a Casa do Pajé, uma nova edificação para uma prática ancestral, o xamanismo; e a Casa de Turismo, uma forma ancestral reinterpretada para uma nova prática. Essas experiências vêm levantando questões sobre a preservação das tradições construtivas, o impacto ambiental e a adoção de técnicas externas à cultura mẽbêngôkre. Também suscitam reflexões sobre metodologias de projeto de arquitetura em contextos indígenas e, sobretudo, à autonomia de escolha desse povo em relação à construção de seus próprios espaços. Ao deslocar as ideias de tradição e identidade cultural como algo fixado no passado, os Mẽbêngôkre revelam a dimensão dinâmica de sua cultura, atualizando, inventando e reinventando seus espaços de vida.

Esta apresentação integra uma pesquisa de doutorado em andamento no PROURB-FAU/UFRJ, realizada por Luísa Bogossian.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (18.10)

10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

AMANHÃ (19.10)

16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.