Pavilhão Miriti

Guá Arquitetura em colaboração com Atelier Miriti Sustentabilidade

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O pavilhão de miriti idealizado pelo escritório de arquitetura paraense Guá Arquitetura, em parceria com o Atelier Miriti Sustentabilidade do mestre Joel Cordeiro, apresenta o miriti como tecnologia social e matéria de vanguarda. Originário da palmeira amazônica Mauritia flexuosa, o miriti habita, há gerações, a cultura de Abaetetuba, onde o artesanato em miriti sustenta famílias e mobiliza um repertório simbólico. Aqui, esse saber ancestral encontra a engenharia contemporânea e revela um material capaz de reconfigurar, a partir desse saber, o vocabulário da arquitetura do século XXI.

A leveza é argumento e prova. Pesquisas indicam que o pecíolo do miritizeiro é cerca de seis vezes mais leve que uma madeira comum, sem abrir mão da resistência e da durabilidade. Seu desempenho, quando beneficiado corretamente, supera a resistência do MDF comum. Essa relação entre peso e resistência organiza o sistema construtivo e define a espacialidade, fazendo do miriti uma promessa de nova materialidade sustentável e renovável.

Para este projeto, o miriti se apresenta de três formas diferentes, mostrando a versatilidade e construindo uma experiência construtiva inovadora. Na estrutura, o “MDF Cross Laminated Board” de miriti, desenvolvido com o mestre Joel Cordeiro (Miriti Sustentabilidade), comprova a robustez do laminado colado; camadas cruzadas estabilizam o material e distribuem esforços, convertendo leveza em rigidez. No perímetro, cortinas de talas exibem o miriti bruto, sem beneficiamento estrutural, criando filtros de luz e ventilação que vibram com o ar, demonstrando a sua leveza e caráter etéreo. Ao fundo, paredes translúcidas feitas pela Artesã Nazaré Alvino de papel artesanal de miriti, desenvolvido pelas artes, como um washi de miriti, revelam a versatilidade da fibra e o uso integral do material; inclusive o pó do beneficiamento retorna como insumo para o compósito.

Outro fato importante, o manejo é regenerativo. A matéria-prima vem do caule das folhas mais antigas, não se derruba a palmeira. A poda criteriosa, no tempo certo, estimula a brotação e mantém o ciclo produtivo, enquanto o desenho privilegia desmontagem, transporte leve e remontagem, estendendo a vida útil dos componentes. Assim, sustentabilidade deixa de ser adjetivo e torna-se método.

Há também um projeto econômico e cultural em curso. Desde 2022, a Guá pesquisa, ao lado de artesãs e artesãos de Abaetetuba, caminhos para ampliar o campo de aplicação do miriti na arquitetura e no design, elevando o valor percebido desse material, maximizando a renda, gerando visibilidade e reconhecimento às pessoas artesãs de Abaetetuba. A plataforma curatorial que rendeu prêmios sustenta este experimento e aponta para uma cadeia de valor redistributiva, em que a autoria é compartilhada e a floresta permanece em pé.

Ao adentrar o pavilhão, o visitante percebe camadas, o gesto manual, a engenharia das lâminas, a porosidade que convida o vento, a luz que atravessa as fibras e acende volumes. O conjunto é leve e ventilado, afirma que a inovação brota do encontro entre conhecimento tradicional e raciocínio arquitetônico. Se o século XXI exige materiais de baixo carbono e com significado, o miriti, leve, renovável e enraizado, apresenta-se como material do futuro.

Este pavilhão é o seu manifesto, ensaio de uma arquitetura que aprende com a floresta e devolve valor, cuidado e permanência.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (10.10)

14h30 – mesa Periferia Sem Risco no contexto de mudanças climáticas

16h – mesa Conhecer para Transformar: Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática

18h30 – mesa Adaptação inclusiva: Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias

9h – Oficina desenho: a arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera e o desafio climático

NOS PRÓXIMOS DIAS (11 a 14.10)

ATENÇÃO a mesa Palmas: Há 36 anos, a capital ecológica do Tocantins que seria realizada no dia 11.10 | 19h foi cancelada.

11.10 e 12.10 | 9h – oficina Inventa(rio) Fronteiras: Jogando por cidades multiespécies

11.10 | 10h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 11h – mesa Aprendendo a habitar o antropoceno: a crise da arquitetura

11.10 | 14h – mesa Architecture for Learning and Civic Use

11.10 | 15h – mesa Culture and Public Architecture

11.10 – 15h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 16h – mesa Reconnecting with Nature & Circular Design

11.10 | 17h – mesa Architecture of Belonging: Interpreting Heritage Through Place

12.10 | 10h – mesa Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

12.10 | 10h30 – mesa Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis

12.10 | 10h30 – Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

12.10 | 15h – mesa Fazer muito com pouco: arquiteturas para um planeta em transição com Esteban Benavides do escritório Al Borde

12.10 | 16h30 – mesa Terra – construindo um futuro sustentável e democrático 

12.10 | 17h45 – mesa Presença francesa na Bienal e exibição do filme AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

13.10 – atividade Ação Pantanal no IABsp

14.10 | 10h – mesa Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência

14.10 | 18h – Lançamento do Guia “Educação Baseada na Natureza”

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

E tem muito mais até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.