Vínculos: entre margens, ciclos e pertencimento

Centro Universitário Belas Artes

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Aline Saemi Nakamura, Camila Miwa, Livia Naomi Nishijima Yohei, Luisa Caminha de Figueiredo

Desenvolvido por quatro estudantes de arquitetura de diferentes estados do Brasil, o trabalho investiga o papel da arquitetura em territórios que enfrentam há décadas os efeitos mais extremos da desigualdade e da crise ambiental. São comunidades invisibilizadas, racializadas e empurradas para as bordas das cidades e das políticas públicas. Lugares onde o solo cede e alaga, e onde a água não é ciclo, mas ameaça constante.

Na Zona Leste de São Paulo, no bairro Jardim Lapena do distrito de São Miguel Paulista, essa realidade se materializa. A ocupação começou na década de 1950 e hoje abriga cerca de 12 mil habitantes. É nesse contexto que se insere o projeto “Vínculos: entre margens, ciclos e pertencimento” uma proposta que busca restabelecer relações essenciais entre território, natureza e comunidade. O projeto reconhece as pessoas e a natureza, valoriza os processos que mantêm a vida em movimento e reforça o senso de pertencimento de quem já habita o lugar.

A proposta parte de uma estrutura versátil e replicável, conforme a demanda local. Oferece infraestrutura essencial para enfrentar alagamentos, ausência de drenagem, falta de espaços seguros, e cria suporte para relações comunitárias e regenerativas. Reconhece o valor das iniciativas já existentes, mas atua de forma complementar, ampliando a capacidade de resistência e prosperidade dessas comunidades.

A estratégia utiliza a leitura atenta do território e o conceito de acupuntura urbana como ação sensível e imediata. Vazios subutilizados — dentro de raios de 50 metros — foram selecionados para implantação das primeiras unidades, respondendo a demandas identificadas em diálogo com os moradores: banheiros, cozinhas, abrigo e segurança.

Mais do que oferecer proteção física, o projeto propõe uma nova forma de presença: firme, mas respeitosa. Afirma a importância de quem já habita e resiste, oferecendo suporte para que essas vidas possam se reestruturar com dignidade.. Ao elevar as plataformas do solo, também abre espaço para que a natureza retorne e se regenere, restabelecendo relações mais cuidadosas entre corpo, território e ambiente.

Porque sim, a arquitetura pode e deve ser uma ferramenta de justiça social. Mas para isso é preciso reconhecer que, por muito tempo, ela esteve conivente com processos de exclusão, remoção e silenciamento. O desafio não é apenas projetar, mas restaurar vínculos, dar visibilidade e estruturar a permanência daqueles que, por décadas, foram silenciados.

Agradecemos a todas e todos que participaram e visitaram a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, de 18 de setembro a 19 de outubro de 2025

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.