A vontade do século

Ketlyn Caroline Gonçalves de Freitas

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

É marco do primeiro ano do século XXI a colaboração entre o escritório Metro Arquitetos e Paulo Mendes da Rocha no projeto de uma residência unifamiliar de 900m², utilizada como base para essa proposta. A emergência climática a ser enfrentada coletivamente pela população nesse próximo século é um dado econômico, e a intervenção realizada na Casa. AP, situada no Jd. Europa, em São Paulo, vislumbra alternativas para a habitação coletiva e a justiça social, sob a inversão de uma lógica secular.

A vontade do século é a inversão. Construir menos, habitar melhor o que já está construído. O trabalhador poder estar próximo do trabalho. O caminho de carro virar o caminho a pé. Cerca de 900m² de ocupação de um lote para uma só família, ser para usufruto de várias.
O espaço do trabalho virar espaço de lazer. Mobilizar recursos energéticos, construtivos e de projeto, que onerem menos o planeta. Coletivizar os bens e os espaços.

Um século pode transformar construções sociais acerca das dinâmicas de habitação e uso doméstico. Frente às mudanças na percepção da moral, da divisão do trabalho e da relação público, privado e íntimo que cem anos são capazes de abranger, temas como a superposição dos espaços, sua coletivização e formas de manutenção são pautas nas plantas arquitetônicas.

Em 900m², no Jardim Europa, em um lote de trinta metros por trinta metros, habita uma única família, de quatro pessoas, em uma planta de quadrado perfeito. Também quadrada, é a planta da unidade habitacional de interesse social projetada para o CECAP Guarulhos, pelos arquitetos João Batista Villanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha, em 1972, que é mais de nove vezes menor em metragem quadrada que a CASA A.P., para o mesmo número de moradores. Em um lote de um bairro nobre, a forma de construir habitação da elite é realizada em alta metragem quadrada com ocupação de baixa densidade populacional.
Um projeto é um desejo.
A vontade da inversão de como é agora.

Nesse sentido, a proposta de projeto, que trata-se de um ensaio que vislumbra alternativas de futuro em um planeta e em um país marcados pela desigualdade de renda e, consequentemente, discrepâncias no acesso ao direito à cidade, à justiça social e climática.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (18.10)

10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

AMANHÃ (19.10)

16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.