Design for disaster

Arhun Aksakal

Desenvolvimento do projeto: Turquia

O título “Design for Disaster” é emprestado de um vídeo sobre os incêndios de Los Angeles. Já na década de 1960, incêndios florestais moldavam a cidade – então entendidos como exceções. Hoje o cenário se repete com regularidade alarmante. O desastre não mais aparece como interrupção, mas como um padrão cíclico inscrito na vida urbana. “Design for Disaster” aborda este duplo horizonte: a história da catástrofe e da reconstrução por um lado, e a questão da arquitetura em um estado permanente de emergência por outro.

Os terremotos de 2020 e 2023 na Turquia e na Síria revelaram um paradoxo. Milhões perderam suas casas – ainda assim, apenas após três anos é que abrigos de alumínio apareceram em escala. Ao mesmo tempo, distritos de arranha-céus surgiram em velocidade recorde – não para sobreviventes, mas como projetos imobiliários especulativos. O desastre assim se torna um motor do capital.

O modelo 1:20 apresentado na Bienal reflete esta contradição. Leves, resistentes ao fogo e a terremotos, estas casas prometem soluções rápidas, mas na prática permanecem tardias, temporárias e precárias. Paul Virilio chamou isso de política do acidente: “Com cada invenção, inventamos também seu acidente”. O abrigo é tanto um espaço de proteção quanto um símbolo de fragilidade – uma estrutura assombrada pela própria catástrofe que busca resistir.

A percepção de Virilio ressoa com a tese de Giorgio Agamben de que o estado de exceção tornou-se a regra. Na Turquia, isso é visível no deslocamento tardio: abrigos são fornecidos apenas quando a provisionalidade em si se torna permanente. A filosofia cultural de emergência de Peter Sloterdijk descreve sociedades como sistemas imunológicos vulneráveis. A arquitetura torna-se um aparato imunológico – mas a imunidade é distribuída de forma desigual: torres surgem, sobreviventes permanecem em campos. A teoria relacional do espaço de Martina Löw enfatiza que o espaço nunca é neutro, mas socialmente produzido. Estas casas não são abrigos neutros, mas cristalizações de geografias de crise.

Da Anatólia a Los Angeles, o padrão se repete: reconstrução acelerada aqui, socorro tardio ali. O desastre não é mais excepcional, mas – como escreveu Virilio – a face oculta do progresso.

“Design for Disaster” encena esta ambivalência. O modelo esquelético não é uma solução, mas uma questão: a resiliência pode ser projetada – ou estamos meramente construindo monumentos para o acidente?

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (14.10)

10h – mesa Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência

15h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo

17h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo

18h – Lançamento do Guia “Educação Baseada na Natureza”

NOS PRÓXIMOS DIAS (15 a 19.10)

15.10 | 10h – Por uma Adaptação Antirracista

15.10 | 14h – oficina senseBox:bike : bicicletas e dados com tecnologias abertas

15.10 | 15h – Encontros acadêmicos: Escola da Cidade conversa com os curadores

15.10 | 15h – oficina Ateliê sustentável: jóias e acessórios de plástico reciclado no Lab Vivo

15.10 | 18h – Assessorias técnicas a comunidades na Bahia

15.10 | 20h – atividade Carrinho Cine Fluxo na Ocupação Mauá

16.10 | 10h – Fórum de Presidentes CAU/SP

16.10 | 15h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo

16.10 | 17h – Mini-oficinas de Biomateriais no Lab Vivo

16.10 | 18h – mesa Reviver o Centro com Eduardo Paes (Prefeito do Rio de Janeiro e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos), Alê Youssef (ex-Secretário de Cultura de São Paulo), Marta Moreira (sócia do escritório MMBB) 

16.10 – atividade Panorama Urgente! Visita ao Complexo Paraisópolis

17.10 | 10h – mesa Ciência Cidadã na Adaptação Climática

17.10 | 14h – mesa Mulheres Negras pelo Clima: fortalecendo as periferias urbanas 

17.10 | 15h30 – mesa Ação e justiça climática territorial

17.10 | 18h – mesa Periferia Viva

18.10 | 10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

18.10 | 10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

18.10 | 14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

18.10 | 15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

18.10 | 16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18.10 | 18h – Sessão de Encerramento da 14ª BIAsp  –  Caminhos para o futuro

18.10 | 19h30 – Premiação do Concurso Internacional de Escolas na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura 

19.10 | 17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

19.10 – HOMENAGEM AO ARQUITETO KONGJIAN YU

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.