Habitar Mandela: habitação social em sintonia com a natureza

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Julia Souza, Leonardo Pecht, Giane Barzagl, Ana Flávia, Bianca Silveira e Pedro Sendretti
Orientação: Profa. Dra. Silvia Mikami Pina

O projeto Habitar Mandela teve início no apoio à comunidade Nelson Mandela em Campinas-SP, que sofreu violento despejo mesmo ocupando área que não cumpre função social há mais de 20 anos. Após mobilização e negociação, a comunidade conquistou o direito à moradia. Contudo, a prefeitura e Cohab Campinas condicionou o financiamento a lotes de 90m2 e embrião sanitário de 15m2, iniciativa em total desacordo com o conceito de moradia digna. Assim, para a área adjacente ao residencial construído pela prefeitura, foi desenvolvida esta proposta de Moradia Social visando a mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas e combate à injustiça e racismo ambiental. Prevê diversas praças, espaços verdes abertos, canteiros e jardins. A introdução de vegetação nativa nesses espaços fortalece os ecossistemas locais, ajuda na drenagem, melhora a qualidade do ar e das águas do córrego e também atua como ferramenta para a captura de carbono da atmosfera, sendo um ativo contra ilhas de calor. Foram integradas Soluções baseadas na Natureza para aprimorar a drenagem, reduzir impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida dos moradores, trabalhando a favor do ciclo hidrológico. Houve intenso cuidado no desenho do traçado urbano de forma a conter volumes maiores de águas pluviais e a velocidade das águas devido à alta declividade da área. Biovaletas foram implementadas ao longo das ruas para captar e infiltrar a água da chuva no solo, evitando alagamentos e minimizando a erosão. Próximo às unidades habitacionais, jardins de chuva auxiliam na absorção da água pluvial, além de contribuir para um ambiente mais fresco e agradável. Para conter volumes maiores de água, bacias de retenção foram projetadas para armazenar temporariamente o excedente hídrico, liberando gradativamente e evitando sobrecargas no sistema de drenagem. Tais estratégias também foram vinculadas à tipologia e Implantação do conjunto de edifícios de Habitação Social, uma vez que um melhor adensamento permite otimização de materiais construtivos e liberação de solo para áreas livres para praças, áreas de lazer e recreação. O adensamento contribui para o não espraiamento desnecessário de áreas periurbanas e, consequentemente, melhor integração e cobertura dos modais de transporte, valorizando a mobilidade ativa. Os apartamentos são projetados para serem adaptáveis, permitindo atender famílias de diferentes perfis, além das tipologias completamente acessíveis para pessoas PCD. Houve grande atenção para o conforto ambiental das unidades, especialmente a ventilação e orientação solar, colaborando ainda para um morar mais saudável. A opção da materialidade do bloco cerâmico, produzido na região, reforça a identidade e o pertencimento das famílias, ao mesmo tempo que diminui sua pegada ambiental. Para os programas das áreas e equipamentos coletivos, foi considerada a apropriação existente dos moradores, suas demandas e as características ambientais do contexto que implicaram em programas como a praça da pipa, a sede da comunidade; a parede de escalada; as áreas de hortas e pomares, dentre outros. O fortalecimento do vínculo com as comunidades vizinhas foi um dos pilares para a implantação das unidades habitacionais, serviços, equipamentos e áreas de lazer, destacando-se a proposta da ponte de ligação sobre o corrego que elimina o isolamento, ao mesmo tempo que valoriza as áreas de preservação e de proteção ambiental.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (10.10)

14h30 – mesa Periferia Sem Risco no contexto de mudanças climáticas

16h – mesa Conhecer para Transformar: Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática

18h30 – mesa Adaptação inclusiva: Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias

9h – Oficina desenho: a arquitetura de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera e o desafio climático

NOS PRÓXIMOS DIAS (11 a 14.10)

ATENÇÃO a mesa Palmas: Há 36 anos, a capital ecológica do Tocantins que seria realizada no dia 11.10 | 19h foi cancelada.

11.10 e 12.10 | 9h – oficina Inventa(rio) Fronteiras: Jogando por cidades multiespécies

11.10 | 10h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 11h – mesa Aprendendo a habitar o antropoceno: a crise da arquitetura

11.10 | 14h – mesa Architecture for Learning and Civic Use

11.10 | 15h – mesa Culture and Public Architecture

11.10 – 15h – oficina Maleta pedagógica Elémenterre

11.10 | 16h – mesa Reconnecting with Nature & Circular Design

11.10 | 17h – mesa Architecture of Belonging: Interpreting Heritage Through Place

12.10 | 10h – mesa Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

12.10 | 10h30 – mesa Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis

12.10 | 10h30 – Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

12.10 | 15h – mesa Fazer muito com pouco: arquiteturas para um planeta em transição com Esteban Benavides do escritório Al Borde

12.10 | 16h30 – mesa Terra – construindo um futuro sustentável e democrático 

12.10 | 17h45 – mesa Presença francesa na Bienal e exibição do filme AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

13.10 – atividade Ação Pantanal no IABsp

14.10 | 10h – mesa Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência

14.10 | 18h – Lançamento do Guia “Educação Baseada na Natureza”

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

E tem muito mais até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.