A Unidade Performativa

Autora: Yasamin Mayyas; Colaboradora: Marysol Rivas Brito

Implantação do projeto: EUA
Desenvolvimento do projeto: EUA

O presente projeto investigou a relação entre sistemas alimentícios, arquiteturais e urbanísticos no âmbito da produção agrícola sustentável e autossuficiente existente no Havaí. Apesar de ser o único estado dos EUA com uma temporada agrícola de 12 meses, a ilha atualmente possui apenas 10 dias de reserva alimentar caso suas conexões aéreas e/ou marítimas com o continente sejam comprometidas. Nesse mesmo contexto remoto, há cerca de 1000 anos atrás foi criado o “O Ahupua’a”, que é um sistema tradicional de gestão de recursos naturais. Nesse sistema, elementos ecológicos se organizam e retroalimentam em uma faixa vertical que se extende do oceano à montanha. Dentro da secção geológica, através da co-existência de habitação e cultivo da terra, o sistema transforma a bacia hidrográfica em uma plataforma tecnológica intensiva de produção de alimentos. Antes da invasão européia (1778), vários destes sistemas era totalmente funcionais e sustentavam uma população estimada em 800.000 habitantes. Atualmente apenas alguns fragmentos como campos de lagoas (Lo’i), viveiros de peixes (loko) e terraços de terra seca (Kuaiwi) ainda podem ser encontrados dispersos pelas ilhas.

Para sincronizar demandas por urbanização e produção alimentícia com estratégias vernaculares e gerenciamento de condições ambientais da bacia hidrográfica e oceânica, o plano diretor proposto visa otimizar o sistema produtivo existente, mediando o desenvolvimento da sua urbanização, assumindo o papel de sistema de apoio. Ao introduzir a produção de alimentos à escala do bairro através da manipulação do relevo existente, a arquitetura e a paisagem tornam-se um sistema integrado.

A nova morfologia urbana possibilita a purificação e retenção hídrica para irrigação de hortas urbanas. O sistema proposto redesenha também o trajeto fluvial respondendo a parâmetros como topográfica, formação rochosa, e vegetação existente. Ao criar córregos e lagoas de contenção/tratamento para a irrigação das plantações integradas ao sistema habitacional, são estabelecidas zonas de amortecimento ecológico, promovendo assim um adensamento sustentável da periferia urbana adjacente a áreas de proteção ambiental.

Os desafios enfrentados por Oahu com a crescente pressão por urbanização de áreas de valor ambiental não são exclusivos: países do sul global como o Brasil poderiam se beneficiar de um sistema de organização territorial como Ahu’pua. Muitas ilhas e baías no território brasileiro também apresentam condições muito semelhantes a Oahu: clima tropical, terreno montanhoso, com riachos de água doce, e precipitação fluvial suficiente para sustentar plantios sem irrigação mecânica. Alguns exemplos notáveis são as ilhas de Florianópolis, Fernando de Noronha, a região de ilha Grande. Esta última em particular vem sofrendo grandes pressões por urbanização do território, em especial devido à indústria do turismo.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (18.10)

10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

AMANHÃ (19.10)

16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.