Os Envolvimentos promoveram uma abertura de diálogo com movimentos sociais e territórios diversos, convergindo na exposição da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que acontece de 18 de setembro a 19 de outubro, na OCA, no Parque Ibirapuera. Arquitetos e lideranças das aldeias, dos terreiros, das ribeiras e das periferias investigaram juntos arquiteturas para habitar um mundo quente em debates que aprofundaram as ideias centrais da exposição.

Foram convidados para dialogar atores envolvidos em projetos realizados em diversas territorialidades e contextos que elaboram questões como o convívio com as águas e inundações, a salvaguarda do patrimônio, a proteção e o manejo sustentável da floresta, a agricultura urbana, os mecanismos de viabilização de modos de vida de baixo impacto ambiental e o reconhecimento da natureza como sujeito de direitos. São modos de habitar, construir, perceber, participar e transformar o território.

3º Envolvimento – Adaptar

O terceiro encontro discute o uso de biomateriais e resíduos para fortalecer a autonomia e o saber local. Também aborda a capacitação comunitária e a influência dos contextos rurais e urbanos nas práticas de construção.

Convidados:

Leticia Grappi
Salvador, BA, Brasil

Arquiteta pela UFBA, busca trabalhar com projetos e obras de baixo impacto ambiental. Arquiteta responsável pela construção de uma escola e biblioteca no Assentamento João Amazonas, em Ilhéus (BA). Compôs a coordenação do Congresso TerraBrasil 2024, foi conselheira da Rede TerraBrasil de 2022 a 2024, revisora técnica do livro Manual de Construção com Terra, do Gernot Minke, co-criadora do mapadaterra.org e criadora do grupo Mulheres na Bioconstrução.

Ruína Arquitetura
São Paulo, SP, Brasil

Ruína Arquitetura é um estúdio premiado com sede em São Paulo, Brasil, que se destacou pelo foco no contexto local e no baixo impacto ambiental. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu projetos arquitetônicos para diferentes escalas e demandas, além de laboratórios de pesquisa e atividades educativas centrados no reúso de materiais e resíduos de construção. Em 2024, o escritório encerrou suas atividades, dando origem a duas iniciativas independentes: Anonima Arquitetura e Julia Peres.co.

José Fernando Gómez
Natura Futura
Babahoyo, Equador

Arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Guayaquil. Fundador do Natura Futura Arquitectura, que desenvolve projetos com foco social e uso de materiais e técnicas locais. Entre eles, destaca-se o desenvolvimento de estruturas flutuantes em áreas inundáveis, de hortas a moradias, unindo saberes tradicionais e inovação para fortalecer comunidades rurais e periféricas frente às mudanças climáticas.

Os Envolvimentos promoveram uma abertura de diálogo com movimentos sociais e territórios diversos, convergindo na exposição da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que acontece de 18 de setembro a 19 de outubro, na OCA, no Parque Ibirapuera. Arquitetos e lideranças das aldeias, dos terreiros, das ribeiras e das periferias investigaram juntos arquiteturas para habitar um mundo quente em debates que aprofundaram as ideias centrais da exposição.

Foram convidados para dialogar atores envolvidos em projetos realizados em diversas territorialidades e contextos que elaboram questões como o convívio com as águas e inundações, a salvaguarda do patrimônio, a proteção e o manejo sustentável da floresta, a agricultura urbana, os mecanismos de viabilização de modos de vida de baixo impacto ambiental e o reconhecimento da natureza como sujeito de direitos. São modos de habitar, construir, perceber, participar e transformar o território.

Convidados:

Jean Ferreira
Belém, PA

De Belém do Pará, do bairro do Jurunas. É co-fundador do Gueto Hub e da COP das Baixadas, co-curador de programas públicos da 2ª Bienal das Amazônias e ativista pelo acesso à cultura, memória e ao debate climático para as periferias.

Jerá Guarani
São Paulo, SP

Jera Guarani, liderança da aldeia Kalipety, na TI Tenonde Porã, no extremo Sul de São Paulo. Formada em Pedagogia, atua como Agente Ambiental, promovendo a recuperação de sementes tradicionais, de áreas degradadas e de florestas na terra indígena.

Mãe Carmem de Oxalá
Guaíba, RS

Mãe Carmen de Oxalá, ialorixá gaúcha. É vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e compõe a Executiva da Comissão Nacional de Pontos de Cultura – CNPDC. É atuante no combate à intolerância religiosa e formada em Psicologia.

Marcele Oliveira
Rio de Janeiro, RJ

Produtora, comunicadora e ativista climática, integrou a Agenda Realengo 2030 e é diretora executiva do Perifalab. Pesquisa Justiça Climática e Racismo Ambiental vinculado às pautas de ocupação dos espaços públicos e direito à cidade, com o foco em cultura e clima.

Cities worldwide are increasingly confronted with the obsolescence of office buildings, particularly those constructed between the 1960s and 1980s. Often functionally redundant and technically outdated, these structures—much like the abandoned factories of earlier decades—now represent a latent resource. This session explores adaptive reuse as a critical architectural and urban strategy, capable of transforming such buildings through minimal intervention and maximum retention. Positioned between heritage conservation and climate-conscious transformation, adaptive reuse offers a meaningful alternative to demolition by engaging with the embodied energy and material continuity of the existing fabric. We welcome contributions, including case studies, theoretical reflections, or interdisciplinary perspectives that address the architectural, environmental, and social dimensions of reusing vacant office stock. Of particular interest are projects that reimagine these buildings for housing, public infrastructure, or hybrid programs through design, policy, or technical innovation. The session aims to frame adaptive reuse as a proactive, low-carbon response to today’s urban and ecological urgencies.

Apresentações:

Rehabitar la galería: Recuperación de las galerías comerciales como activadores urbanos del microcentro rosarino
Cecilia Carreño Serein

Beyond vacancy: adaptive reuse of office landmarks as a low-carbon urban housing strategy
Mariolina Affatato

Office buildings as hybrid factories
Nina Rappaport

The entangled histories of the Belgrade’s Western City Gate: a journey from public to private spatial capital
Dalia Dukanac

Office-to-residential conversion in NYC: a critical atlas of adaptive reuse of modernist skyscrapers
Elena Guidetti e Caterina Barioglio

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas pelo formulário que será disponibilizado em breve.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Diante das urgências climáticas e sociais do Antropoceno, está sessão propõe repensar o papel do arquiteto como agente de transformação territorial e incorporador de futuros. Mais do que projetar edifícios, trata-se de atuar com responsabilidade política e ética sobre o solo urbano, articulando projeto, incorporação, justiça espacial e regeneração. A partir de práticas que cruzam arquitetura, urbanismo, ativismo e desenvolvimento imobiliário, buscamos reunir trabalhos teóricos e práticos que expressem essa atuação: habitação social liderada por arquitetos, ocupações regenerativas, retrofit sustentável, novas metodologias de impacto social e abordagens que integrem estética, ecologia e viabilidade. Busca estimular assim a reflexão crítica sobre a autonomia profissional frente a modelos concentradores, às possibilidades de mediar conflitos, de atuar com inovação e de regenerar ecossistemas urbanos. Um convite a pensar e discutir novos imaginários e horizontes, com responsabilidade e potência criativa para regenerar o que (e para quem) é possível (e para além do possível).

Apresentações:

Katahirine: novos Oikos para reflorestar o imaginário
Luciana de Paula Santos

Landscapes of transition: urban regeneration and new ecologies in deactivated areas
Karla Cavallari, Alessandro Tessari e Alessandro Massarente

Todo território é uma invenção: memória, patrimônio e o imaginário da floresta
Laura Benevides

Hybrid economies / ecologies: countering territorial violence in the Bekaa
Carla Aramouny e Sandra Frem

Um papel em branco: arquitetos como incorporadores de futuros
Evelyne da Nóbrega Albuquerque, Paulo Almeida e Ricardo Avelino Dantas Filho

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas pelo formulário que será disponibilizado em breve.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Esta sessão propõe uma virada decolonial no debate sobre patrimônio amefricano e emergência climática, focando nas cosmologias e práticas de resistência de comunidades tradicionais. Questionamos modelos hegemônicos de adaptação, que esvaziam seu potencial político de insurgência contra o racismo ambiental e a desordem histórica que consolida a segregação socioespacial.

Comunidades como a Aldeia Guató, a nação Mebengokré, Terreiros de Candomblé e Quilombos, apesar de expostos e vulneráveis, demonstram que a resiliência emerge de epistemologias radicalmente situadas, intrínsecas à sua memória e a forma como constroem e habitam. Buscamos abordagens de uma diversidade de sítios e comunidades tradicionais no Brasil e na América Latina que revelem caminhos para o mapeamento de valores culturais (cartografias, oralidade), avaliação de riscos (impactos e ameaças) e planos de ação climática (estratégias, políticas).

Esta sessão convida a uma transformação radical, sobre o papel do patrimônio (bio)cultural no combate aos extremos climáticos (caos) e o devir de habitar o Cosmos (ordem). Mais do que “incluir” saberes tradicionais em modelos arquitetônicos ou urbanísticos vigentes, almejamos uma reorganização completa da adaptação. Que formas de governança espiritual climática emergem da integração de saberes ancestrais e práticas comunitárias? Como as cosmopercepções dos povos tradicionais podem se traduzir em cidades mais justas, inclusivas e resilientes? Como a ação climática pode ser reimaginada a partir da ética do cuidado, reciprocidade e justiça pela permanência no território?

Apresentações:

Las memorias del agua de Iquitos. Caso Moronacocha
Moisés Porras

Espacio comunitario para la comunidad Huarpe de Aguas Verdes: Territorio fragmentado, saberes en resistencia y acción climática desde la arquitectura comunitária
Mauricio Vellio e Martín Ezequiel López

Quem paga a conta do clima? A governança espiritual afro-brasileira entremundos – Morro da Pedra de Oxóssi e a Rodovia BR 030
Maria Alice Pereira da Silva, Fernanda Viegas Reichardt, Sandra Akemi Shimada Kishi, Bruno Amaral de Andrade e Celso Almeida da Silva Cunha

Em busca da Terra sem Males: uma proposta de intervenção projetual a partir do patrimônio cultural indígena Guarani Mbyá
Ana Helena Leichtweis

Maré de luta: a re-existência no patrimônio quilombola para adaptação climática
Liane Monteiro dos Santos e Thiago Assunção dos Santos

Gratuito

Inscrições

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A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

No desenho federativo brasileiro, o sucesso de implementação da ação climática na ponta depende da coordenação entre atores de diferentes níveis. Isso envolve traçar objetivos climáticos, fortalecer capacidades e criar instrumentos que estejam alinhados à variedade dos contextos regionais, municipais e territoriais e que considerem o impacto do clima sobre quadros históricos de desigualdades e vulnerabilidades socioespaciais que se explicitam nos desafios de transporte, moradia, gestão de resíduos, entre outros temas.

Esse exercício exige aproximar diferentes interlocutores. A proposta é organizar um debate e uma oficina ao longo de um período, congregando: (i) representantes do governo federal (pasta de cidades e meio ambiente), (ii) organizações que têm trabalhado o tema do federalismo climático brasileiro, como a FNP, ABM, GIZ, C40, ICLEI, WRI e o próprio Instituto ZeroCem, (iii) membros da academia que tem desenvolvido pesquisas sobre o tema, como a FGV, e (iv) movimentos socioambientais com perspectivas locais.

Apresentações:

A gestão do uso e ocupação do solo na Bacia da Guarapiranga: conflitos, fiscalização e desafios diante das mudanças climáticas
Carlos Alberto Pinheiro de Souza

Desafios e inovações do planejamento das cidades brasileiras em contexto de emergência climática
Renata Maria Pinto Moreira, Angélica Benatti Alvim, Andresa Ledo Marques e Luciana Varanda

Planejamento urbano ambiental: a articulação entre o Programa Mananciais, o Plano Diretor Estratégico de São Paulo (PDE) e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Viviane Manzione Rubio, Thiago Ferraz do Amaral, Caio Albuquerque Escaleira e Luana Siqueira Bernardes

Campo em disputa: o avanço dos empreendimentos eólicos e o Direito à Moradia no Quilombo de Macambira (RN)
Rani Priscila Sousa, Jéssica Bittencourt Bezerra, Maria Dulce Picanço Bentes Sobrinha e João Marcos de Almeida Lopes

Vamos colocar nos territórios, a cultura na agenda e a assistência técnica nos canteiros de obras
Claudia Teresa Pereira Pires

Gratuito

Inscrições

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A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Esta sessão examinará como diferentes disciplinas científicas — planejamento urbano e regional, design urbano, sociologia, geografia, projetos interdisciplinares — podem apoiar, acompanhar ou até mesmo iniciar a transformação de antigas áreas industriais e de infraestrutura em uso sustentável. São necessários estudos de caso e estudos teóricos e metodológicos. O foco da apresentação será a questão da interação entre análise científica e implementação prática por parceiros não científicos. O contexto metodológico e teórico também deve ser claramente destacado nos estudos de caso. A sessão não será apenas interdisciplinar, mas também fornecerá insights interculturais. Portanto, será dada atenção especial à transferibilidade de soluções entre diferentes países ou mesmo continentes.

Apresentações:

Ecologias de várzea para a saúde planetária: aprendizados coletivos em áreas de conversão na cidade de São Paulo
Laura Kemmer

How can science support the sustainable reuse of conversion areas in metropolises? The example of the EUREF Campus in Berlin
Jonas Fahlbusch e Martin Gegner

Laboratório de Mundo Real para segurança hídrica na bacia do rio Pitimbu: ciência participativa e governança adaptativa
Karinne Reis Deusdará-Leal, Jonathan da Silva Mota, Judith Johanna Hoelzemann, Osmar de Araújo Coelho Filho, Andréa Leme da Silva, Zoraide Souza Pessoa, José Luiz Attayde, Joana Darc Freire de Medeiros, Ana Paula Koury

Reconocer y rehabitar el patrimonio ferro portuario de la ciudad de Rosario
Celeste Garaffa

A ciência do planejamento e a arte da negociação: como apoiar a reutilização sustentável de áreas de conversão em metrópoles?
Ana Paula Koury, Luciano Abbamonte da Silva e Jessica Souza Fernandes

Gratuito

Inscrições

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Implantação do projeto: Portugal
Desenvolvimento do projeto: Portugal

A proposta para substituir os blocos de habitação coletiva do Bairro D. Leonor (1951/1953) representa um ponto de viragem na forma de pensar e projetar habitação coletiva na cidade do Porto. A habitação é essencialmente «abrigar» enquanto possibilidade de função, mas não pode descuidar a sua dimensão de “obra” comunicacional aberta e universal. É preciso focar a arquitetura como uso e função e ao mesmo tempo compreender a sua representação gramatical enquanto conotação e topologia.

A construção do Novo Bairro D. Leonor (2015-2019) foi também uma oportunidade para aprofundar e validar metodologias participativas implementadas durante a operação de reabilitação na Ilha da Bela Vista(2013-2017).

Moradores, arquitetos e cientistas sociais numa estratégia de convergência colaborativa e apoiados num promotor decidido e estimulado foram a fórmula eficaz para levar esta operação a bom porto. Relembramos que a operação nasce de um concurso público para uma parceria público/privada para a construção de um bairro municipal em cedência de direitos de construção em terreno sobrante para uma das partes. É neste contexto particular que se organiza a operação no antigo Bairro D. Leonor. A equipa organizada em torno da comunidade e do promotor garantiram o direito ao lugar e a uma habitação digna para cada uma das famílias que resistiam contra a vontade política que lhes impunha um realojamento associado à deslocação.

Com esta nova operação foi possível garantir a todos os moradores e famílias o direito a uma habitação digna no mesmo lugar e na mesma comunidade. Foi possível desenhar as habitações tendo em conta as carências das famílias e as suas expectativas.

O modelo proposto contraria os modelos tipo morfológicos e os processos higienistas e burocráticos de realojamento, baseados em inquéritos e regulamentos racionais e burocráticos, aplicados pelas entidades públicas nos sectores da habitação. A única exceção está relacionada com as operações SAAL durante o processo revolucionário em curso nos anos de 1974 e 1975.

O programa desenvolvido e implementado foi amplamente discutido com a comunidade e com o promotor tendo em conta um programa mínimo de habitações definidas em regulamento pela entidade municipal. A natureza flexível do programa permitiu uma grande liberdade de concepção e de desenho colaborativo com esta comunidade. Daí resultou um novo bairro com um território ligante ao espaço da rua, com relações verticais e horizontais de grande interação visual e social. Os moradores foram alojados nas casas para si desenhadas e atribuídas em processo participativo, as infraestruturas públicas estão ao serviço da colectividade e da cidade, jardins, passeios, zonas de estacionamento livre, logradoiros abertos e bondosos para os moradores da rua. Com esta solução arquitetónica e urbana evitamos a segregação, a dualidade entre os de dentro e os de fora, a gentrificação negativa ou positiva.

Rodrigues, Fernando Matos; Fontes, António Cerejeira; Fontes, André Cerejeira – Revista “Supernova nº 3” – Bairro Dona Leonor Comunidade com Projeto Participante, pg. 49-51, Abril 2024

Implantação do projeto: Alemanha
Desenvolvimento do projeto: Alemanha

Firmitas, Utilitas e Venustas em Nossos Tempos
POR PHILIPP VON MATT, ARQUITETO

Firmitas:
É presunçoso, em um lugar como este, que testemunhou tanta destruição, obstrução e devastação, sonhar com o antigo credo vitruviano de Firmitas (solidez), Utilitas (utilidade) e Venustas (beleza), ou seja, exatamente o oposto do que aconteceu com esta cidade?

Com isso em mente, sonhamos com uma casa que servisse como um lugar natural para a arte e a vida e sua experiência simbiótica, muito no espírito de “O Museu de Arte com que Eu Sonho”, de Remy Zaugg. Os sonhos são mais fortes do que a destruição porque sobrevivem na memória vivida. Portanto, neste lugar, estamos manifestando uma casa para os nossos sonhos, um sonho vivido e um lugar para preservar os nossos sonhos.

Localizado no Muro de Berlim, na antiga Zona Leste, no ponto de tensão entre Oeste e Leste, encontramos um terreno no meio da vida. Cercado por edifícios pré-fabricados com moradores que pertenciam à cadre da RDA, Kreuzberg do outro lado do antigo muro com uma população majoritariamente turca, e bem entre duas casas ocupadas com residentes que se autodenominam antifascistas autônomos, nós, a artista Leiko Ikemura e eu, decidimos construir uma casa de artista.

A localização pedia um edifício resiliente e robusto que não apenas resistisse ao ambiente, mas também o desafiasse. Integrado a esse tecido social, concretizamos nosso universo em convivência com uma ampla variedade de círculos culturais que podem ser encontrados diariamente no supermercado próximo. Cadres políticos da Alemanha Oriental com boné de capitão em seus carrinhos de compras dividem o espaço com punks com cortes de cabelo moicano, e mulheres islâmicas de hijab e homens barbados convivem em uma diversidade populacional multicamadas.

É a base para as nossas atividades mundialmente e oferece inspiração, contemplação e segurança na agitada cidade de Berlim.

Utilitas
Oikonomos, a “regra da casa”, é o que agora chamamos de sustentabilidade, ou seja, implementar o que é economicamente necessário de forma ecologicamente correta. Nossa referência era alcançar isso não apenas dentro do reino do possível, mas de uma forma que inspirasse outros.

Para evitar custos e esforços desproporcionais, decidimos não construir um porão no lençol freático. A massa do edifício, feita de materiais de construção minerais e tijolo, é barata, durável, reciclável e armazena energia.

A temperatura ambiente é mantida aquecida no inverno por influências naturais, como a radiação solar, ou seja, energia solar passiva, e pelo uso ativo do sol por meio de coletores no telhado para aquecimento e apoio à água quente. No verão, o prédio se resfria pela massa de pedra da construção e fornece condições ideais para trabalhar em silêncio nos salões frescos.

Venustas
Todos os materiais utilizados são deixados em seu estado natural, permitindo que o material converse com o espaço e com as pessoas dentro dele. Madeira de lariço da Sibéria é usada nas janelas e molduras, preenchendo a atmosfera com calor.

Gesso, ou superfícies de reboco não tratadas, dão caráter aos cômodos, enquanto pisos e tetos de concreto criam uma sensação arcaica de espaço. Os visitantes são recepcionados em um salão de pedra acima do qual uma escada espiral de pedra se eleva elasticamente para cima.

O encontro entre o observador e a alma arquitetônica da casa cria a Venustas, a percepção da beleza, na mente e na memória.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

EDIFÍCIO COMO CONEXÃO – ESTRUTURA DE MADEIRA COMO EXPRESSÃO ARQUITETÔNICA

Atualmente, o IAU está instalado em uma edificação construída em 2008, constituída por dois edifícios. O primeiro, composto por três pavimentos, abriga as funções administrativas e as salas de pesquisa e de professores, além dos espaços de apoio (chamaremos de Bloco Administrativo); e um outro edifício térreo, que hoje abriga os 5 ateliês pedagógicos. Há ainda uma cobertura em estrutura metálica que conecta os dois edifícios, conhecida pelo apelido “postão”.

O projeto de Reforma e Ampliação prevê um conjunto de intervenções parciais nos edifícios existentes e a construção de uma nova edificação (Bloco Didático), que abrigará os ateliês de projeto, salas de aula, auditório e espaços de apoio.

No processo de elaboração do projeto, não esteve alheio a nós o fato de estarmos projetando espaços para uma Escola de Arquitetura. Assim, as escolhas projetuais, o desenvolvimento dos sistemas estruturais, a escolha dos materiais e de seu comportamento técnico fazem parte do discurso arquitetônico e estão expostos a fim de apresentar ao aluno uma experiência viva da construção. Sendo assim, vislumbra-se que o próprio edifício seja suporte para conceitos trabalhados nas salas de aula e nos ateliês. Ao longo do processo, foram realizadas apresentações aos alunos, professores e funcionários do IAU, e o debate com a comunidade também foi fonte de dados para as escolhas aqui presentes.

Para contemplar o programa do IAU, o conjunto passa a ter três edificações independentes, conectadas por passarelas e escadas. A ideia é que os edifícios existentes e a nova construção, embora formalmente e esteticamente distintos, formem um conjunto integrado e único, no qual os espaços entre eles ganham também programa e significado, como áreas de jardim, convivência ou contemplação.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

BASE DE PESQUISA CIENTÍFICA AMAZON FACE – Amazonas, Brasil

Localizada a 80 km de Manaus, esta base de pesquisa científica verticalmente idealizada adota conceitos de sustentabilidade passiva. As áreas de convívio, com diferentes alturas, minimizam o desmatamento e respeitam a floresta ao redor e proporcionam relações com a floresta em várias alturas.


Com estrutura pré-fabricada produzida em Manaus, a construção limpa irá gerar poucos resíduos. A mínima fundação permitiu que o impacto no solo e nas raízes das árvores fosse reduzido, preservando a integridade da floresta.

O alumínio escovado e polido reflete a vegetação, mimetizando a casa entre as árvores de forma sutil. A rotação do projeto permite uma alternância entre espaços internos e externos, promovendo a interação social e uma experiência única com a natureza.

AMAZON FACE RESEARCH STATION – Amazonas, Brazil

Located 80 km from Manaus, this vertically designed scientific base embraces passive sustainability concepts. The communal areas, with varying heights, minimize deforestation and respect the surrounding forest.

With a prefabricated structure produced in Manaus, the construction will be clean and generate minimal waste. The minimal foundation impacts the soil and tree roots, preserving the integrity of the untouched forest.

The brushed and polished aluminum reflects the vegetation, subtly blending the house among the trees. The rotation of the design allows for an alternation between internal and external spaces, fostering social interaction and a unique experience with nature.

Cliente/Client: AMAZON FACE Project (INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia) + UNICAMP)
Escala/Scale: 825 m2
Ano: 2023 – now
Arquitetura/Architecture:
TROOST + PESSOA Architects – Laurent Troost, Victor Pessoa, Mitzi Sa Motta, Roney Holanda

Imagens/Images: FlywithMob

Status: Em desenvolvimento

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil, Itália

A obra é o resultado de um percurso projetual fortemente compartilhado entre clientes e arquitetos, destinado a criar um organismo arquitetônico capaz de encarnar o carisma franciscano, fundado na oração e na acolhida, e ao mesmo tempo responder aos desafios impostos pelo clima tropical de Salvador. O projeto nasce das regras que marcam a vida monástica — oração, trabalho, partilha — e relê a tipologia conventual clássica, tradicionalmente introvertida e organizada em torno de um único claustro, fragmentando o edificado e articulando o conjunto em cinco pátios verdes. Assim, cada edifício estabelece uma relação direta com o espaço aberto, aproveitando a ventilação natural gerada pelo vento que sopra constantemente do oceano.

Os corpos edificados, autônomos e funcionalmente distintos, são reunidos sob grandes coberturas que exercem uma dupla função simbólica e bioclimática. Elevadas em relação aos invólucros, favorecem o escoamento do ar quente e contribuem para o conforto dos ambientes. Brises-soleil, paredes permeáveis e painéis pivotantes abríveis permitem ventilação cruzada, reduzindo a necessidade de sistemas mecânicos de resfriamento.

A tectônica do material torna-se elemento central do projeto. As tramas de madeira se declinam ora como estrutura portante, ora como fechamento ou elemento bioclimático, conferindo caráter unitário ao conjunto e, ao mesmo tempo, diferenciando os edifícios. A madeira filtra, protege e estrutura o espaço, alternando transparências e opacidades conforme a função e a posição.

Cada edifício preserva uma identidade própria dentro de um organismo unitário. A igreja é concebida como uma grande treliça tridimensional que gera, na parede de fundo, uma cruz natural: símbolo e fulcro do espaço litúrgico. O refeitório, permeável e flexível, abre-se à comunidade e pode acolher também eventos coletivos. A biblioteca, suspensa sobre pilares de madeira e revestida em policarbonato translúcido, transforma-se à noite em uma lanterna luminosa. Os alojamentos, executados em concreto armado pré-fabricado e circundados por um exoesqueleto de madeira, abrigam as celas e garantem sombreamento e ventilação cruzada.

Todo o conjunto combina sobriedade construtiva, estratégias passivas e soluções low-tech com tecnologias contemporâneas, como painéis fotovoltaicos e reaproveitamento das águas pluviais, alcançando um elevado grau de autonomia energética. O resultado é uma arquitetura resiliente, enraizada no contexto, que não persegue a inovação como um fim em si, mas se alimenta de saberes sedimentados capazes de responder ao clima, aos recursos e aos ritmos da comunidade. Uma arquitetura que olha para o vernáculo, não para imitá-lo, mas para compreender sua lógica profunda e projetá-la no presente com escolhas projetuais conscientes.

Mixtura

Mixtura é um estúdio de arquitetura com sede em Roma, fundado pelos arquitetos Maria Grazia Prencipe e Cesare Querci. O estúdio explora o espaço contemporâneo em suas dimensões formais, sociais e estéticas, adotando uma abordagem baseada na compreensão das especificidades dos contextos em que atua.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Às vésperas de seu centenário, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) inicia uma nova etapa de expansão do espaço universitário, orientada por diretrizes e perspectivas de planejamento conectadas aos desafios da contemporaneidade ao planejar um novo campus em uma fazenda que se configura como um oásis verde para a cidade de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Plano Diretor da Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo é pautado pelo princípio da intervenção mínima e uso consciente do território e de seus recursos, articulando-se ao redor do binômio urbanidade e sustentabilidade.

Este novo campus, proposto como uma plataforma inter e transdisciplinar para tratar dos grandes problemas contemporâneos, parte da leitura das estruturas físicas, ambientais, paisagísticas, históricas e culturais do território, reconhecendo e valorizando três paisagens notáveis: os remanescentes arbóreos de porte, as estruturas agropastoris articuladas aos cursos d’água e os remanescentes arquitetônicos de relevância histórico-cultural, posto tratar-se de uma fazenda com aproximadamente 100 anos de ocupação. Para responder à máxima preservação e ao mesmo tempo conformar uma estrutura inicial para dar suporte à atividade universitária, evita-se a urbanização convencional e se propõe um edifício linear elevado que articula e integra os fragmentos da fazenda em um desenho espacial de urbanidade condensada que articula arquitetura, infraestrutura e paisagem. Reconhecendo a complexidade multiescalar do território e dialogando com a interface urbano-rural na qual o lugar se insere, o Plano, mais do que definir usos, busca estabelecer condições favoráveis para uma ocupação futura ainda imprevisível. Em sua dimensão simbólica e prática, este projeto busca representar a materialização de um novo paradigma para os espaços de ensino, pesquisa e extensão: um campus aberto, verde e transdisciplinar, cuja ocupação ofereça suporte para práticas de coexistência e produção pautadas em uma reconciliação com a natureza. O Campus verde sustentável e avançado de Pedro Leopoldo, portanto, reafirma o papel da Universidade como agente transformador, iluminando novos modos de ocupação mais gentis, inclusivos, qualificados, articuladores e conscientes.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Construído em 1988 para abrigar as atividades do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFBA (PPG-AU), o Módulo Iansã da Faculdade de Arquitetura da UFBA (FAUFBA) seguiu o modelo das escolas de dois pavimentos em argamassa armada projetadas pelo arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé, para Salvador, no âmbito da Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC).

Além da característica estrutura de vigas e pilares em argamassa armada, possui esquadrias especiais e outros valores singulares.

No início da década de 2010, apresentou dificuldades mais agudas para realização de sua manutenção, ampliação e reforma, devido ao sistema construtivo fora da linha de produção, sofrendo um gradual esvaziamento.

Ações de manutenção e pesquisa sobre o edifício foram realizadas desde 2019, juto ao reconhecimento das fôrmas originais da FAEC realizado junto à DESAL, processo que contou com a mobilização do corpo técnico da FAUFBA e da Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura da UFBA (SUMAI) e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG/UFBA).

Junto às ações de manutenção, foram realizadas atividades de diagnóstico de danos e patologias, bem como estudo dos sistemas construtivos, através de projetos de pesquisa de professores e estudantes (grupos FABER e Projeto, Cidade e Memória).

O projeto objetivou a transformação do Módulo Iansã no Laboratório de Construção e Canteiro Experimental da Faculdade de Arquitetura da UFBA, espaço de experimentação com caráter multiusuário para atendimento das demandas da graduação e da pós-graduação.

Sua reutilização previu adaptações para instalação da marcenaria e serralheria da Escola, sendo viabilizado pela retomada da fabricação das peças em argamassa armada do sistema de cobertura do edifício pela DESAL, a partir da recuperação das fôrmas metálicas originais, encontradas após esforço conjunto de sua equipe técnica e de docentes da FAUFBA.

A intervenção substituiu vigas de cobertura, telhas e “sheds”, recuperando a capacidade de drenagem de águas pluviais do edifício, além de melhorar o fluxo de ar e ventilação através do aumento do número de “sheds” e remoção de divisórias. Outras intervenções espaciais e construtivas foram realizadas, visando recuperar elementos de argamassa armada com problemas, modernizar instalações em geral, bem como rearticular os espaços antes subdivididos em salas capazes de abrigar as atividades didáticas de experimentação construtiva.

A expectativa para o futuro é de que o laboratório de construção e canteiro experimental possam contribuir para o fortalecimento do ensino no campo da construção dentro do novo curso de arquitetura e urbanismo, sendo uma ponte para as interações extensionistas da FAUFBA e servindo como exemplo de recuperação e conservação da obra de João Filgueiras Lima, Lelé.

Projeto: Faculdade de Arquitetura da UFBA e SUMAI/UFBA
Novas peças em argamassa armada: DESAL – Salvador
Construção: PC Melhor
imagens 01 e 02- Paula Mussi, 03 – Sergio Ekerman

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Edifício Jorge Machado Moreira (JMM), projetado em 1957 e inaugurado em 1961 como sede da então Faculdade Nacional de Arquitetura, constitui um dos exemplares mais relevantes da arquitetura moderna brasileira, tendo sido premiado na IV Bienal Internacional de São Paulo no mesmo ano. Ao longo de sua história, o edifício passou por diversas transformações decorrentes das ocupações sucessivas e da falta de manutenção adequada, o que comprometeu tanto sua integridade arquitetônica quanto seu desempenho funcional. O incêndio de 2016, ocorrido no oitavo pavimento, intensificou esse processo de degradação, provocando danos estruturais e o isolamento de áreas significativas do prédio.

Diante desse quadro, a recuperação do JMM tem se dado de forma lenta e gradual, marcada por iniciativas que aliam resistência institucional e soluções de baixo custo. Um exemplo é a reocupação do 8º andar pela Escola de Belas Artes, após a interdição do ateliê Pamplonão, em ação colaborativa com a FAU. A proposta, entendida como projeto-piloto, baseia-se na reutilização de materiais existentes, na reversibilidade das intervenções e na busca por reforma de baixo custo.

Em abril de 2022, foi iniciado o processo de reforma do salão localizado no bloco B do edifício. O espaço, que ao longo de sua trajetória servira como sala de cerimônias e como sede do Museu Dom João VI, encontrava-se fechado há quase duas décadas, até ser destinado a receber a Biblioteca Integrada EBA–FAU–IPPUR, em consonância com o programa original de Jorge Machado Moreira, nunca integralmente executado.

A primeira vistoria evidenciou o estado de ruína, mas, ainda assim, a clareza setorial, a planta aberta e a modulação estrutural do projeto original sustentaram a decisão de reconvertê-lo em biblioteca. A intervenção, conduzida em contexto de severa restrição orçamentária, adotou critérios de austeridade, mantendo elementos existentes sempre que possível e reinterpretando outros em materiais mais acessíveis, como o uso de granitina no piso e policarbonato alveolar no forro.

O resultado preserva a simplicidade compositiva e o caráter moderno do salão, agora equipado para receber acervo, consulta e estudo. Em julho de 2024, pela primeira vez desde a inauguração do JMM, entrou em operação no local uma biblioteca plena, abrigando uma das maiores coleções da América Latina em Arquitetura, Urbanismo, Artes Plásticas e Design.

As ações recentes integram o Projeto FAU, que trata o próprio edifício como campo de investigação e prática, articulando conservação patrimonial, sustentabilidade e ensino. Nesse contexto, o Laboratório de Reuso, matéria do ciclo avançado da FAU UFRJ, desempenha o papel de explorar o reaproveitamento de materiais, a desmontagem e a adaptação de componentes como exercício pedagógico, dialogando com o Projeto FAU. Assim, o JMM não apenas recupera sua função institucional, mas se reafirma como instrumento didático, laboratório de arquitetura moderna e espaço de experimentação em sustentabilidade.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Como em uma coleção, em que objetos são selecionados e conservados, os fragmentos de uma construção existente – concreto, aço, alumínio, vidro – são preservados e reagregados. A forma ordenada é dissolvida para ser reelaborada a partir de seus escombros. Neste rearranjo, as frações de matérias colecionadas saltam daquilo que antes era apenas opacidade, tornando-se centelhas reveladas pela luz – por seus reflexos e por suas aberturas.

A coleção de fragmentos é acumulada em placas de concreto branco, e delimitam o jardim como um microcosmo. Dentro dele, um invólucro suspenso dos mesmos fragmentos conformam um lugar outro, onde encontram abrigo os espaços para escritório, galeria e suíte.

Uma escada, um pilar de madeira e uma obra de arte constituem os apoios da estrutura que suspende o invólucro em meio ao jardim. Lajes e vigas de madeira e aço conformam os pisos e funcionam como suporte para os elementos da fachada. O equilíbrio do conjunto é dado por um jogo preciso de pesos e trações irregularmente distribuídos. Sobre ele, dois planos horizontais conformam um pequeno pavilhão, que atravessa o limite virtual entre o novo e o existente.

Formas orgânicas dialogam com o caráter amorfo da luz, constituindo volumes diáfanos, que perfuram os pisos e organizam o espaço interno da nova proposta.

Transparentes e atmosféricos, esses corpos de luz trazem para dentro a presença do exterior, com todo o espectro oscilante de seus tons. De modo singular, parecem desorientar a percepção de interior e exterior, confundindo construído e não construído, e tornando latente a experiência de habitar um jardim. Um contraponto essencial para a casa ao lado – uma reforma de Ruy Ohtake dos anos 2000.

Implantação do projeto: México
Desenvolvimento do projeto: México

Dentro do Campus da Universidade Anáhuac Mayab, como parte do crescimento e atualização educacional e tecnológica, são criados o Laboratório de Inovação e a ampliação do prédio de salas de aula da Escola de Arquitetura e Design.

Esses espaços são criados como extensão da Divisão de Engenharia e Design, integrando-se às salas de aula existentes, que se transformarão em salas mais abertas e dinâmicas.

A extensão do Laboratório de Inovação é planejada paralelamente ao prédio existente, gerando uma nova fachada que dá continuidade ao percurso existente marcado pelas passarelas dos prédios do campus.

O projeto de ampliação segue esse mesmo princípio de prédios lineares orientados corretamente, onde se busca captar a luz uniforme do norte e bloquear e proteger-se da insolação do sul.

Um grande espaço gera e articula esta extensão. A extensão é este novo espaço aberto e amplo. Um espaço onde as atividades comuns e de estudo são realizadas livremente. Um sistema de co-work, co-study, co-learn, onde o espaço flui de maneira livre, as atividades se entrelaçam, as ações no espaço são sugeridas. São ações no espaço, que podem ser previstas, mas também podem ser propostas, ou permitir outras para produzir atividades diversas e inclusive diferentes exposições, eventos, celebrações. Um espaço dinâmico, inovador.

Este grande espaço é resolvido por meio do manejo da luz. Uma série de peças pré-fabricadas permitem a passagem da luz e geram uma escala e um tratamento rítmico ascendente. Assume a escala do prédio existente e se desdobra em direção ao jardim de acesso. Um gesto de continuidade com os prédios existentes do Campus, todas alusões à arquitetura pré-colombiana.

Na Ampliação da Escola de Arquitetura, é projetada sobre o prédio existente de dois pisos, criando o terceiro piso para as oficinas abertas e gerando um novo envoltório para todo o prédio existente que gera e articula, ao longo de todo o envoltório que termina em uma grande treliça inclinada para o oeste. É um espaço onde as atividades comuns e de estudo são realizadas livremente, onde o espaço flui, permitindo atividades diversas.

Atualmente, o conceito de salas de aula mudou, e mais ainda no que se refere ao ensino do design, com maior participação e interação de alunos, professores e consultores.

O grande espaço é resolvido por meio de consoles inclinados atravessados por quebra-sóis que permitem a passagem da luz e bloqueiam a passagem do sol. Redefine a escala do prédio existente e o envolve, gerando o terceiro piso, aberto, livre, flexível. Um espaço contínuo com multiplicidade de usos, desde oficinas de desenho até espaços de exposição.

O tratamento formal é uma resposta à linguagem que vem sendo gerada durante 40 anos nos prédios do Campus.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Em breve

Implantação do projeto: Alemanha
Desenvolvimento do projeto: Alemanha

Edifício de Escritórios ATREEUM – Um oásis de trabalho no distrito de Ostend, em Frankfurt
O edifício de escritórios Atreeum, na Hanauer Landstrasse, em Frankfurt, está localizado em uma área comercial histórica com um adensamento em quarteirão perimetral típico de edifícios de tijolos aparentes. O objetivo é que o novo edifício de escritórios surja de seu entorno, integrando-se contextualmente e, ao mesmo tempo, criando um ambiente de trabalho sustentável e futuro-proof por meio de uma nova estrutura que integra a natureza ao espaço de vida e trabalho.

As diferentes alturas existentes dos edifícios do entorno são incorporadas por meio de alturas escalonadas diferenciadas. Isso confere à estrutura escultural um desenvolvimento de altura em degraus que cria pontos urbanos altos nos cantos e, simultaneamente, permite uma iluminação otimizada dos pátios. Estes pátios são conectados ao espaço urbano por grandes passagens de dois pavimentos.

A pele externa do Atreeum consiste em uma fachada de clinker com uma estrutura de aberturas minimalista que envolve e protege o edifício. No interior, o volume dissolve-se em camadas horizontais. A fachada é envidraçada e inúmeras varandas e terraços são orientados para os espaços verdes internos, permitindo o uso dessas áreas paisagísticas ajardinadas.

Neste sentido, estes pátios verdes internos, varandas e terraços formam o coração significativo do edifício. Os terraços oferecem áreas especiais de recreação com pavilhões e espaços de trabalho rodeados por vegetação.

A natureza como material de construção transforma mesmo um projeto de construção cotidiano (neste caso, um edifício de escritórios) em um local primariamente industrial e comercial em um oásis verde onde as pessoas podem trabalhar. O Atreeum mescla um cenário urbano denso com uma interpretação inovadora de tipologias tradicionais.

A emocionante tensão entre o envelope protetor compacto e o mundo verde interior, que traz à mente associações com as casas de átrio da Roma Antiga e os riads marroquinos, liga crucialmente os dois polos da civilização e do meio ambiente.

Os pátios verdes, varandas e terraços criam um microclima ambiente otimizado no interior do edifício e oferecem um grande potencial para a retenção e armazenamento de água. Ao mesmo tempo, esta estrutura espacial proporciona inúmeras oportunidades para encontros sociais e novos mundos de trabalho.
Desta forma, este edifício pode fazer uma contribuição para a arquitetura sustentável. O resultado é um oásis de trabalho verde em um contexto urbano.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Este projeto foi desenvolvido para as Amélias da Amazônia. Essa comunidade trabalha com a extração de andiroba e especiarias amazônicas, e está localizada na Floresta Nacional do Tapajós – FLONA, no estado do Pará, e recebeu esse nome com o intuito de ressignificar “as mulheres Amélias”, que no século passado era nome dado as mulheres que se dedicavam exclusivamente a cuidar do lar. Desta forma, as Amélias da Amazônia representam o empreendedorismo e protagonismo das mulheres amazônidas. Desenvolvido em parceria pelos arquitetos Tales e Taís kamel, do escritório Kamel Arquitetura e o arquiteto Matheus Vieira. Ele está localizado na Floresta Nacional do Tapajós, no coração da Amazônia e une arquitetura contemporânea, sustentabilidade e inovação, criando um laboratório em harmonia com a floresta. A ideia partiu de um projeto de arquitetura contemporânea amazônica, onde utilizamos como material norteador a madeira, de fácil acesso na região e onde poderíamos trabalhar com mão de obra e métodos construtivos tradicionais da floresta traduzindo uma arquitetura vernacular com construção de baixo carbono, adaptada ao clima local, quente e úmido da Amazônia. Por meio do uso de elementos de sombreamento, ricos em detalhes característicos da arquitetura local, o projeto ressalta a importância do conhecimento dos povos tradicionais. O projeto fortalece as comunidades locais, promovendo desenvolvimento uma bioeconomia sustentável, enaltecendo a riqueza da arquitetura amazônica contemporânea, em harmonia e respeito a natureza. A floresta resiste, a floresta pulsa, a floresta vive.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

É marco do primeiro ano do século XXI a colaboração entre o escritório Metro Arquitetos e Paulo Mendes da Rocha no projeto de uma residência unifamiliar de 900m², utilizada como base para essa proposta. A emergência climática a ser enfrentada coletivamente pela população nesse próximo século é um dado econômico, e a intervenção realizada na Casa. AP, situada no Jd. Europa, em São Paulo, vislumbra alternativas para a habitação coletiva e a justiça social, sob a inversão de uma lógica secular.

A vontade do século é a inversão. Construir menos, habitar melhor o que já está construído. O trabalhador poder estar próximo do trabalho. O caminho de carro virar o caminho a pé. Cerca de 900m² de ocupação de um lote para uma só família, ser para usufruto de várias.
O espaço do trabalho virar espaço de lazer. Mobilizar recursos energéticos, construtivos e de projeto, que onerem menos o planeta. Coletivizar os bens e os espaços.

Um século pode transformar construções sociais acerca das dinâmicas de habitação e uso doméstico. Frente às mudanças na percepção da moral, da divisão do trabalho e da relação público, privado e íntimo que cem anos são capazes de abranger, temas como a superposição dos espaços, sua coletivização e formas de manutenção são pautas nas plantas arquitetônicas.

Em 900m², no Jardim Europa, em um lote de trinta metros por trinta metros, habita uma única família, de quatro pessoas, em uma planta de quadrado perfeito. Também quadrada, é a planta da unidade habitacional de interesse social projetada para o CECAP Guarulhos, pelos arquitetos João Batista Villanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha, em 1972, que é mais de nove vezes menor em metragem quadrada que a CASA A.P., para o mesmo número de moradores. Em um lote de um bairro nobre, a forma de construir habitação da elite é realizada em alta metragem quadrada com ocupação de baixa densidade populacional.
Um projeto é um desejo.
A vontade da inversão de como é agora.

Nesse sentido, a proposta de projeto, que trata-se de um ensaio que vislumbra alternativas de futuro em um planeta e em um país marcados pela desigualdade de renda e, consequentemente, discrepâncias no acesso ao direito à cidade, à justiça social e climática.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Distrito de Inovação Itaqui é um empreendimento que alia inovação, educação e empreendedorismo à preservação ambiental. Diferente de um distrito urbano tradicional, o projeto se ancora na natureza exuberante da região: rios, matas e fauna são protagonistas, mais que cenário. Cerca de 90% da área total será preservada, criando um espaço em que a paisagem natural não apenas molda o ambiente, mas também fundamenta a ética do ensino, da pesquisa e dos negócios.

Implantado nas franjas do terreno, o conjunto arquitetônico foi pensado para minimizar impactos e permitir a regeneração da mata nativa. Essa estratégia garante ao mesmo tempo integração com o entorno urbano e acesso funcional às cidades vizinhas, sem comprometer a área de preservação. A circulação entre os blocos se dá por vias externas, reduzindo a pressão sobre os ecossistemas internos.

O programa do distrito se organiza em três grandes eixos: Núcleo Acadêmico e Negócios, voltado à formação acadêmica, pesquisa e moradia estudantil; Núcleo de Hospitalidade, com espaços de formação, hospedagem e convívio; e Núcleo Liderança e Negócios, dedicado ao empreendedorismo, inovação tecnológica e incubação de novas empresas. Além desses núcleos, o projeto contempla áreas comuns de apoio, como biblioteca, laboratórios, restaurantes e espaços de convivência.

As edificações foram concebidas respeitando a topografia e adotando soluções sustentáveis. Os volumes são implantados de forma horizontal, aproveitando clareiras existentes e evitando construções verticalizadas complexas. Terraços, beirais e áreas abertas garantem conforto térmico, integração com a paisagem e espaços de socialização. As moradias, distribuídas de forma estratégica, se relacionam diretamente com a mata, criando uma experiência imersiva para estudantes, pesquisadores e empreendedores.

A mobilidade entre blocos privilegia modos sustentáveis e de baixo impacto: ciclovias, passarelas sombreadas, patinetes elétricos e , além de percursos adaptados à declividade. Essa infraestrutura garante acessibilidade, segurança e eficiência no deslocamento cotidiano.

Mais do que um espaço físico, o Itaqui se propõe a ser um modelo de futuro. O masterplan reflete um compromisso ético com a inclusão social e a responsabilidade ambiental, promovendo um ambiente onde inovação, educação e sustentabilidade caminham juntas. O distrito nasce como um polo capaz de gerar conhecimento, lideranças e soluções para desafios contemporâneos, plantando a semente de um mundo mais integrado entre natureza, sociedade e tecnologia.

Implantação do projeto: EUA
Desenvolvimento do projeto: EUA

“Wasted No More” é uma residência desértica autossustentável em Pioneertown, Califórnia, que prioriza a recuperação de resíduos da construção através do uso de Blocos “Resíduo” — comumente conhecidos como bin blocks ou blocos de concreto de contenção. Estes blocos de 1,8 x 0,6 x 0,6 m são formados a partir do excesso da construção convencional, utilizando concreto que sobra nos caminhões após a concretagem para outras edificações. Esta abordagem oferece um protótipo economicamente viável e ecologicamente consciente que encontra valor duradouro nos remanescentes negligenciados da construção. A massa térmica dos blocos massivos amortece os extremos de temperatura do deserto, enquanto a orientação e a forma escalonada da edificação mitigam naturalmente o ganho de calor solar, convidando a iluminação natural e a ventilação cruzada. Alimentada por energia solar e extraindo água de um poço existente, “Wasted No More” minimiza sua pegada ambiental na paisagem do deserto alto da Califórnia.

O projeto é fruto da parceria entre os premiados escritórios de arquitetura e pesquisa Mutuo e There There, ambos sediados em Los Angeles. A colaboração nasceu da paixão compartilhada por projetos feitos a partir de resíduos. Numa visita a uma usina de reciclagem, os estúdios descobriram os Blocos “Resíduo”, que se tornaram a base para uma arquitetura de reaproveitamento, buscando dar novo significado a materiais e métodos negligenciados.

Mutuo, premiado escritório de design e pesquisa em Los Angeles, foi fundado em 2014 pelos imigrantes Fernanda Oppermann e Jose Herrasti. Desde o início, ambos exploram o extraordinário no uso de materiais e métodos ordinários e buscam criar impacto significativo através da arquitetura. Para ampliar o alcance do Mutuo, suas pesquisas desenvolvem sistemas de construção “affordable-by-design” (acessível por design) que visam simplificar o processo de construção com soluções mais rápidas e econômicas para habitação. Seu design é enraizado em ouvir as histórias das pessoas, buscando colaborações com comunidades que, como eles, navegam por identidades de “aqui” e “lá” todos os dias.

There There é um premiado escritório de arquitetura fundado em Los Angeles em 2022, que desafia ideias convencionais através de design e pesquisa. Adotando uma abordagem radical de “tabula-NON-rasa”, o estúdio desenterra camadas de informação físicas e intangíveis, presentes e passadas, que dão significado aos lugares. Seu trabalho experimental inclui projetos na Califórnia, México e Europa, além de propostas de desenho urbano reconhecidas. Todos os seus projetos têm o objetivo de criar experiências significativas e materializar imaginários alternativos.

Implantação do projeto: Argentina
Desenvolvimento do projeto: Argentina

vbrügg é a firma do arquiteto Valentín Brügger, nascido em Córdoba e graduado na FAUD-UNC. É um espaço pessoal de produção, experimentação, aprendizagem e comunicação arquitetônica e artística, onde trabalha de forma individual ou coletiva.

A Casa Lelis está localizada em Los Reartes, uma comunidade nas montanhas de Córdoba, Argentina, onde a arquitetura tradicional é caracterizada por paredes de pedra e telhados leves feitos de gravetos e chapas metálicas. Nesse contexto, o projeto respeita a tecnologia local e sintetiza sua materialidade em elementos de concreto e brancos. Em um terreno de 10 x 30, a casa de 8 x 12 é organizada em faixas longitudinais que definem as áreas do térreo: serviço, sala de estar e galeria, sobre as quais os quartos no andar superior são sobrepostos perpendicularmente.

Ao sul, encontra-se o módulo de serviço construído em concreto ciclópico e de escala contida. Ele possui pedras na fachada que continuam em direção ao interior nas áreas quentes, em frente à cozinha, no centro da lareira e na parte de trás da churrasqueira. Este volume sólido tem duas perfurações irregulares e facetadas, como se fossem grandes pedras extraídas. Uma na parte posterior, que cria uma pequena varanda em direção ao jardim e a outra é um espelho que reflete uma porção da paisagem montanhosa na composição da fachada e permite observar o movimento da cidade a partir da cozinha.

Na escada, o concreto transborda em direção à sala de estar com seus primeiros degraus, que emergem do chão e se elevam como uma leve estrutura de chapa metálica branca dobrada a qual flutua entre as paredes de concreto. Ao norte, estão os outros dois módulos destinados a espaços sociais, de tecnologia tectônica e industrial, e de unidade material através do acabamento branco.

A estrutura é composta por uma armação metálica disposta a cada quatro metros, proporcionando sustentação ao telhado. Este, por sua vez, é construído com gravetos redondos, revestido internamente com tábuas de madeira e externamente com chapas metálicas onduladas. Essa leveza permite que o espaço interior flua, integrando a sala de estar com a galeria. O andar superior tem vista tanto para o pátio quanto para a sala de jantar.

Por fim, a casa é envolta por um sistema de fechamentos móveis que cria e qualifica um espaço intermediário. As diversas configurações de abertura regulam a entrada de luz, definindo a atmosfera interna. Assim, o envoltório se torna mutável, sensível ao ambiente e ao uso. Como se trata de uma casa para finais de semana, ela permanece fechada na maior parte do tempo, ressaltando sua síntese formal.
Detalhes como a maçaneta da entrada composta por quatro pedras de Micosa Branca, um degrau de pedra do campo suspenso na varanda, as mudanças intencionais de escala e uma linha envidraçada ao longo da casa, que separa o branco da base de concreto, visam reforçar a evidente dualidade entre solidez e leveza da obra.

Com uma abertura cuidadosamente direcionada para a paisagem montanhosa, a casa se integra harmoniosamente ao ambiente. Além disso, a sobreposição de diferentes técnicas construtivas reforça o diálogo entre o essencial, o duradouro e o etéreo.

Implantação do projeto: Itália
Desenvolvimento do projeto: Itália, França

A sede do ISTAT é um projeto fundamentado em escolhas éticas, estratégicas, econômicas e funcionais, com foco na eficiência do espaço e dos recursos. Ao otimizar o projeto, reduz os custos de construção em aproximadamente 6,5 milhões de euros em comparação com o orçamento do concurso, assegurando, no entanto, alto desempenho, longa durabilidade e uma imagem institucional representativa. O edifício é um volume em forma de L de 38.000 m² projetado para acomodar 2.000 usuários, inserido em um parque público de 8.100 m² que inclui um espelho d’água e percursos esportivos. O travertino local, aplicado como brise-soleil nas fachadas sul, leste e oeste e como revestimento ventilado ao norte, dialoga com a luz natural e evoca a memória coletiva de Roma. A planta otimizada do edifício minimiza a área útil e os custos, permitindo o reinvestimento das economias em medidas avançadas de eficiência energética e ambiental, incluindo envoltórias ventiladas, vidros fotocrômicos e fotovoltaicos, átrios bioclimáticos, sistemas de captação de água da chuva e coberturas verdes. Os interiores são flexíveis, cheios de luz natural e promovem o bem-estar organizacional, oferecendo vistas desimpedidas para a vegetação e numerosas áreas comuns. Átrios e varandas ajardinadas criam espaços convidativos de break-out, melhorando o conforto térmico e a qualidade do ar interior. Além da excelência funcional, o projeto contribui para a cidade com uma generosa paisagem: um bosque público de pinheiros-marítimos implantado em um terreno suavemente ondulado, fresco e abrigado, proporcionando um valor ambiental e social duradouro para o contexto urbano.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

KAAN Architecten: Construindo para as Pessoas, a Natureza e as Futuras Gerações
Nosso campo evolui constantemente. A arquitetura assume, cada vez mais, um significado social mais profundo e contribui ativamente para o bem-estar das pessoas e da natureza. Não nos concentramos apenas no projeto de edifícios, mas reconhecemos que cada intervenção impacta diretamente o ecossistema e o clima do nosso planeta. Dessa forma, estamos construindo um futuro no qual a arquitetura faz diferença real tanto para a sociedade quanto para o mundo ao nosso redor.

Um bom edifício exige mais do que habilidade de projeto; requer consciência de sustentabilidade, valor social e impacto ambiental. Nenhum arquiteto pode alcançar isso sozinho — é necessária colaboração, abertura à comunidade e contribuições de especialistas diversos. Avanços em tecnologia de materiais, adaptação climática, sistemas prediais, métodos de construção e história cultural desempenham um papel vital. Igualmente importante é como um edifício é recebido por seus moradores e usuários, pois espaços valorizados e apreciados são preservados e transmitidos, estendendo sua vida útil intrínseca e tornando-os, em última análise, os mais sustentáveis.

Em nossos projetos, buscamos reunir todos esses fatores e fazer escolhas bem fundamentadas. Por outro lado, procuramos valor em edifícios obsoletos, que muitas vezes servem de base para sua transformação em direção ao futuro. Para nós, um bom projeto sempre começa com uma narrativa forte, na qual todos os envolvidos acreditam e na qual cada participante pode oferecer uma contribuição valiosa.
Na 14ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, KAAN Architecten apresenta três projetos que exploram a relação entre arquitetura, paisagem e memória: o Eco-Museu e Parque Orla Piratininga, em Niterói; a Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), em Itu; e a Biblioteca Lagoa do Sino da UFSCar, em Buri (SP). Diferentes em escala, programa e contexto, os projetos revelam uma mesma postura: compreender a arquitetura como processo contínuo, atento às transformações do território, às heranças culturais e às possibilidades de convivência social.

O Eco-Museu atua como catalisador de regeneração ambiental e inclusão social, funcionando como fórum comunitário, espaço educativo e marco para a valorização da biodiversidade. Essa estrutura é parte do Parque Orla Piratininga, desenvolvido sob liderança da Phytorestore, maior projeto de fitorremediação da América Latina, recuperando 720 mil m² da lagoa por meio de jardins filtrantes e novas áreas públicas.

A intervenção na Fábrica de Arte Marcos Amaro resgata a memória de um patrimônio industrial do início do século XX, tombado pelo CONDEPHAAT, e o transforma em polo cultural dinâmico. O masterplan incorpora o tempo: ruínas e camadas históricas convivem com novas estruturas, preservando autenticidade e nutrindo processos criativos.

Já a Biblioteca Lagoa do Sino da UFSCar, desenvolvida em parceria com a Triptyque, afirma-se como core do campus. Integrando praça, auditório e escritórios, o edifício combina técnicas construtivas tradicionais, como a taipa de pilão, com soluções contemporâneas em madeira. O resultado é um espaço sustentável, permeável e socialmente ativo, que valoriza o conhecimento local e cria identidade comunitária.
Reunidos, os três projetos evidenciam a diversidade e a coerência da prática da KAAN Architecten: da restauração patrimonial à inovação sustentável, da escala territorial à escala cotidiana. Todos reafirmam a convicção de que a arquitetura deve promover encontros, fortalecer vínculos entre pessoas e paisagens e projetar futuros possíveis a partir da escuta atenta do presente. Dessa forma, juntos, estamos construindo uma arquitetura que não é apenas funcional e estética, mas também socialmente valorizada e resistente ao tempo

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Em breve

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Habitar a Paisagem – Um sistema modular para construção de baixo impacto em ambientes remotos

Contexto e Conceito
A Cabana Zero é o protótipo de uma série de 11 abrigos concebidos para um retiro espiritual inspirado nas tradições indígenas da Amazônia peruana. A proposta busca simplicidade, baixo impacto e uma conexão direta entre espaço construído e natureza. Localizada na região serrana do Rio de Janeiro, articula um espaço interno compacto e um banheiro seco, ambos revestidos em madeira natural, destinados ao recolhimento individual. Em contraste, a varanda em madeira escurecida enquadra a paisagem e intensifica a imersão na mata.

Projeto e Construção
A estrutura apoia-se em seis pilares de madeira de 10×10 cm, remetendo à esbeltez dos troncos vizinhos. Vigas longitudinais e transversais, espaçadas a cada 1,20 m, definem o módulo cúbico de 2,40 m do espaço interno. Parte significativa da madeira foi reaproveitada de uma construção pré-existente no terreno, reduzindo impacto ambiental e conectando o projeto à história local. O fechamento possui isolamento em fibra de PET, e uma cobertura secundária cria uma camada de ar que reduz a carga térmica. Elevada do solo, a estrutura utiliza conexões metálicas aparafusadas e sapatas de concreto, facilitando a montagem, a desmontagem e a mínima interferência no terreno.

Autonomia e Ecologia
A cabana opera off-grid: não possui eletricidade; os resíduos são tratados por banheiros compostáveis e as águas cinzas por círculos de bananeiras, enriquecendo o solo. A ausência de espelhos e vidros reforça a proposta contemplativa e a desconexão buscada durante o retiro.

Sistema e Impacto
Como primeiro exemplar de um sistema replicável, o projeto foi concebido para áreas de difícil acesso, permitindo transporte e montagem por equipes reduzidas, sem maquinário pesado. Essa abordagem possibilitou a execução de outras 11 unidades em áreas de acesso mais difícil no mesmo terreno, validando a adaptabilidade do sistema a diferentes condições logísticas e geográficas.

Implantação do projeto: Itália, Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

No âmbito da 14ª Bienal de Arquitetura, cujo tema central é “Extremos”, o Studio Arthur Casas, em colaboração com o Instituto Arthur Casas de Arquitetura e Inovação (IACAI), apresenta uma linha do tempo que sistematiza projetos arquitetônicos e urbanísticos concebidos para abordar os desafios impostos pelas mudanças climáticas em diferentes escalas.

Os projetos selecionados para a mostra abrangem uma diversidade de contextos geográficos e climáticos, desde intervenções em ambientes urbanos densos, como o Edifício Ícaro, em Curitiba, até iniciativas na Amazônia Legal, como o Centro de Intercâmbio Moitará, localizado no Parque Indígena do Xingu, e o MuCA em Belterra (PA). Essas obras exemplificam uma abordagem arquitetônica que prioriza a integração com as especificidades bioclimáticas e culturais de cada localidade, promovendo soluções que articulam inovação tecnológica e responsabilidade ambiental.

A partir da pesquisa de sua própria prática o Studio Arthur Casas e o IACAI selecionaram os seguintes projetos:

-Pavilhão do Brasil (Milão, Itália, 2014-2015; Nápoles, Itália, 2025-2027);
-MuCA – Vila Administrativa (Belterra, Pará, 2018-2028);
-Edifício Ícaro (Curitiba, Paraná, 2014-2019)
-Centro de Intercâmbio Moitará (Parque do Xingu, 2024-2026)

A linha do tempo delineada na exposição evidencia a consolidação do pensamento sustentável na prática do Studio Arthur Casas ao longo das últimas duas décadas. Esse percurso culminou na criação do IACAI, uma instituição sem fins lucrativos dedicada à pesquisa em tecnologias e inovações orientadas para a sustentabilidade e industrialização no campo da construção civil. O instituto busca identificar e abordar lacunas no desenvolvimento de práticas construtivas, examinando os impactos potenciais de tais avanços no enfrentamento das questões ambientais que afetam o Brasil.

Por meio da Bienal, o Studio Arthur Casas e o IACAI reafirmam seu compromisso com uma arquitetura que transcende a funcionalidade estética, posicionando-se como agente de transformação socioambiental. A mostra na Bienal oferece uma oportunidade para debater e inspirar novas abordagens que integrem inovação, sustentabilidade e responsabilidade climática, contribuindo para o avanço do discurso teórico e prático no campo da arquitetura.

E abrindo o nosso Fórum de Debates, amanhã (19/09) teremos:

13h30 – debate entre China e Brasil no China architecture exhibition day

18h – conferência de abertura com Kongjian Yu (China), criador do conceito de Cidades esponja

E tem muito mais! Oficinas, atividades, palestras, exposição. Participe! É tudo gratuito

(A programação e os projetos ainda estão em processo de inclusão no site; em breve estará completo)