Implantação do projeto: Itália
Desenvolvimento do projeto: Itália, França

A sede do ISTAT é um projeto fundamentado em escolhas éticas, estratégicas, econômicas e funcionais, com foco na eficiência do espaço e dos recursos. Ao otimizar o projeto, reduz os custos de construção em aproximadamente 6,5 milhões de euros em comparação com o orçamento do concurso, assegurando, no entanto, alto desempenho, longa durabilidade e uma imagem institucional representativa. O edifício é um volume em forma de L de 38.000 m² projetado para acomodar 2.000 usuários, inserido em um parque público de 8.100 m² que inclui um espelho d’água e percursos esportivos. O travertino local, aplicado como brise-soleil nas fachadas sul, leste e oeste e como revestimento ventilado ao norte, dialoga com a luz natural e evoca a memória coletiva de Roma. A planta otimizada do edifício minimiza a área útil e os custos, permitindo o reinvestimento das economias em medidas avançadas de eficiência energética e ambiental, incluindo envoltórias ventiladas, vidros fotocrômicos e fotovoltaicos, átrios bioclimáticos, sistemas de captação de água da chuva e coberturas verdes. Os interiores são flexíveis, cheios de luz natural e promovem o bem-estar organizacional, oferecendo vistas desimpedidas para a vegetação e numerosas áreas comuns. Átrios e varandas ajardinadas criam espaços convidativos de break-out, melhorando o conforto térmico e a qualidade do ar interior. Além da excelência funcional, o projeto contribui para a cidade com uma generosa paisagem: um bosque público de pinheiros-marítimos implantado em um terreno suavemente ondulado, fresco e abrigado, proporcionando um valor ambiental e social duradouro para o contexto urbano.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

KAAN Architecten: Construindo para as Pessoas, a Natureza e as Futuras Gerações
Nosso campo evolui constantemente. A arquitetura assume, cada vez mais, um significado social mais profundo e contribui ativamente para o bem-estar das pessoas e da natureza. Não nos concentramos apenas no projeto de edifícios, mas reconhecemos que cada intervenção impacta diretamente o ecossistema e o clima do nosso planeta. Dessa forma, estamos construindo um futuro no qual a arquitetura faz diferença real tanto para a sociedade quanto para o mundo ao nosso redor.

Um bom edifício exige mais do que habilidade de projeto; requer consciência de sustentabilidade, valor social e impacto ambiental. Nenhum arquiteto pode alcançar isso sozinho — é necessária colaboração, abertura à comunidade e contribuições de especialistas diversos. Avanços em tecnologia de materiais, adaptação climática, sistemas prediais, métodos de construção e história cultural desempenham um papel vital. Igualmente importante é como um edifício é recebido por seus moradores e usuários, pois espaços valorizados e apreciados são preservados e transmitidos, estendendo sua vida útil intrínseca e tornando-os, em última análise, os mais sustentáveis.

Em nossos projetos, buscamos reunir todos esses fatores e fazer escolhas bem fundamentadas. Por outro lado, procuramos valor em edifícios obsoletos, que muitas vezes servem de base para sua transformação em direção ao futuro. Para nós, um bom projeto sempre começa com uma narrativa forte, na qual todos os envolvidos acreditam e na qual cada participante pode oferecer uma contribuição valiosa.
Na 14ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, KAAN Architecten apresenta três projetos que exploram a relação entre arquitetura, paisagem e memória: o Eco-Museu e Parque Orla Piratininga, em Niterói; a Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), em Itu; e a Biblioteca Lagoa do Sino da UFSCar, em Buri (SP). Diferentes em escala, programa e contexto, os projetos revelam uma mesma postura: compreender a arquitetura como processo contínuo, atento às transformações do território, às heranças culturais e às possibilidades de convivência social.

O Eco-Museu atua como catalisador de regeneração ambiental e inclusão social, funcionando como fórum comunitário, espaço educativo e marco para a valorização da biodiversidade. Essa estrutura é parte do Parque Orla Piratininga, desenvolvido sob liderança da Phytorestore, maior projeto de fitorremediação da América Latina, recuperando 720 mil m² da lagoa por meio de jardins filtrantes e novas áreas públicas.

A intervenção na Fábrica de Arte Marcos Amaro resgata a memória de um patrimônio industrial do início do século XX, tombado pelo CONDEPHAAT, e o transforma em polo cultural dinâmico. O masterplan incorpora o tempo: ruínas e camadas históricas convivem com novas estruturas, preservando autenticidade e nutrindo processos criativos.

Já a Biblioteca Lagoa do Sino da UFSCar, desenvolvida em parceria com a Triptyque, afirma-se como core do campus. Integrando praça, auditório e escritórios, o edifício combina técnicas construtivas tradicionais, como a taipa de pilão, com soluções contemporâneas em madeira. O resultado é um espaço sustentável, permeável e socialmente ativo, que valoriza o conhecimento local e cria identidade comunitária.
Reunidos, os três projetos evidenciam a diversidade e a coerência da prática da KAAN Architecten: da restauração patrimonial à inovação sustentável, da escala territorial à escala cotidiana. Todos reafirmam a convicção de que a arquitetura deve promover encontros, fortalecer vínculos entre pessoas e paisagens e projetar futuros possíveis a partir da escuta atenta do presente. Dessa forma, juntos, estamos construindo uma arquitetura que não é apenas funcional e estética, mas também socialmente valorizada e resistente ao tempo

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Em breve

Implantação do projeto: EUA
Desenvolvimento do projeto: EUA

O presente projeto investigou a relação entre sistemas alimentícios, arquiteturais e urbanísticos no âmbito da produção agrícola sustentável e autossuficiente existente no Havaí. Apesar de ser o único estado dos EUA com uma temporada agrícola de 12 meses, a ilha atualmente possui apenas 10 dias de reserva alimentar caso suas conexões aéreas e/ou marítimas com o continente sejam comprometidas. Nesse mesmo contexto remoto, há cerca de 1000 anos atrás foi criado o “O Ahupua’a”, que é um sistema tradicional de gestão de recursos naturais. Nesse sistema, elementos ecológicos se organizam e retroalimentam em uma faixa vertical que se extende do oceano à montanha. Dentro da secção geológica, através da co-existência de habitação e cultivo da terra, o sistema transforma a bacia hidrográfica em uma plataforma tecnológica intensiva de produção de alimentos. Antes da invasão européia (1778), vários destes sistemas era totalmente funcionais e sustentavam uma população estimada em 800.000 habitantes. Atualmente apenas alguns fragmentos como campos de lagoas (Lo’i), viveiros de peixes (loko) e terraços de terra seca (Kuaiwi) ainda podem ser encontrados dispersos pelas ilhas.

Para sincronizar demandas por urbanização e produção alimentícia com estratégias vernaculares e gerenciamento de condições ambientais da bacia hidrográfica e oceânica, o plano diretor proposto visa otimizar o sistema produtivo existente, mediando o desenvolvimento da sua urbanização, assumindo o papel de sistema de apoio. Ao introduzir a produção de alimentos à escala do bairro através da manipulação do relevo existente, a arquitetura e a paisagem tornam-se um sistema integrado.

A nova morfologia urbana possibilita a purificação e retenção hídrica para irrigação de hortas urbanas. O sistema proposto redesenha também o trajeto fluvial respondendo a parâmetros como topográfica, formação rochosa, e vegetação existente. Ao criar córregos e lagoas de contenção/tratamento para a irrigação das plantações integradas ao sistema habitacional, são estabelecidas zonas de amortecimento ecológico, promovendo assim um adensamento sustentável da periferia urbana adjacente a áreas de proteção ambiental.

Os desafios enfrentados por Oahu com a crescente pressão por urbanização de áreas de valor ambiental não são exclusivos: países do sul global como o Brasil poderiam se beneficiar de um sistema de organização territorial como Ahu’pua. Muitas ilhas e baías no território brasileiro também apresentam condições muito semelhantes a Oahu: clima tropical, terreno montanhoso, com riachos de água doce, e precipitação fluvial suficiente para sustentar plantios sem irrigação mecânica. Alguns exemplos notáveis são as ilhas de Florianópolis, Fernando de Noronha, a região de ilha Grande. Esta última em particular vem sofrendo grandes pressões por urbanização do território, em especial devido à indústria do turismo.

Implantação do projeto: Brasil, Bolívia
Desenvolvimento do projeto: Brasil, Bolívia

Forest Gens é um projeto de cartografia crítica que revela a extensão das transformações antropogênicas na Amazônia. Utilizando técnicas avançadas de mapeamento no contexto amazônico, o projeto torna visíveis as múltiplas camadas que compõem a região. Desde a pegada das sociedades atuais até manipulações territoriais que datam de séculos atrás, o mapeamento apresenta a Amazônia como uma paisagem complexa e moldada pelo ser humano, e não como uma floresta homogênea e intocada.

O trabalho retrata o território amazônico em múltiplas escalas, destacando como a interação entre a geografia e as intervenções humanas — passadas e presentes — permite desenvolver hipóteses sobre a ocupação da região. O foco em dados recentes obtidos por imagens de sensoriamento remoto na região de Cotoca, na Bolívia, revela vestígios arqueológicos de antigas formas de urbanismo tropical de baixa densidade. Da mesma forma, um sistema de sítios interconectados de terras pretas de índio — resíduos orgânicos da ocupação humana usados para estimar o tamanho e a duração dos assentamentos antigos — sugere uma manipulação prolongada do ambiente amazônico por sociedades humanas.

Em conjunto, essas visualizações contribuem para ampliar a consciência sobre os rastros que nossas formas de nos relacionar com essa paisagem deixaram ao longo da história, alterando profundamente os limites entre natureza e sociedade nesse ambiente. Espera-se que o trabalho contribua para o crescente debate sobre como nossas sociedades podem reinventar a relação entre urbanização e preservação da natureza, e imaginar futuros radicalmente novos — e menos antropocêntricos — para a Amazônia.

Autoria
Concepção: POLES | Political Ecology of Space
Colaboração: AO | Architects Office
Equipe:
Gabriel Kozlowski (Direção)
Miguel Darcy
Carol Passos
Thiago Engers
Chiara Scotoni
Pesquisa Arqueológica na Bolívia (Direção):
Heiko Prümers
Carla Jaimes Betancourt

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Habitar a Paisagem – Um sistema modular para construção de baixo impacto em ambientes remotos

Contexto e Conceito
A Cabana Zero é o protótipo de uma série de 11 abrigos concebidos para um retiro espiritual inspirado nas tradições indígenas da Amazônia peruana. A proposta busca simplicidade, baixo impacto e uma conexão direta entre espaço construído e natureza. Localizada na região serrana do Rio de Janeiro, articula um espaço interno compacto e um banheiro seco, ambos revestidos em madeira natural, destinados ao recolhimento individual. Em contraste, a varanda em madeira escurecida enquadra a paisagem e intensifica a imersão na mata.

Projeto e Construção
A estrutura apoia-se em seis pilares de madeira de 10×10 cm, remetendo à esbeltez dos troncos vizinhos. Vigas longitudinais e transversais, espaçadas a cada 1,20 m, definem o módulo cúbico de 2,40 m do espaço interno. Parte significativa da madeira foi reaproveitada de uma construção pré-existente no terreno, reduzindo impacto ambiental e conectando o projeto à história local. O fechamento possui isolamento em fibra de PET, e uma cobertura secundária cria uma camada de ar que reduz a carga térmica. Elevada do solo, a estrutura utiliza conexões metálicas aparafusadas e sapatas de concreto, facilitando a montagem, a desmontagem e a mínima interferência no terreno.

Autonomia e Ecologia
A cabana opera off-grid: não possui eletricidade; os resíduos são tratados por banheiros compostáveis e as águas cinzas por círculos de bananeiras, enriquecendo o solo. A ausência de espelhos e vidros reforça a proposta contemplativa e a desconexão buscada durante o retiro.

Sistema e Impacto
Como primeiro exemplar de um sistema replicável, o projeto foi concebido para áreas de difícil acesso, permitindo transporte e montagem por equipes reduzidas, sem maquinário pesado. Essa abordagem possibilitou a execução de outras 11 unidades em áreas de acesso mais difícil no mesmo terreno, validando a adaptabilidade do sistema a diferentes condições logísticas e geográficas.

Implantação do projeto: Itália, Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

No âmbito da 14ª Bienal de Arquitetura, cujo tema central é “Extremos”, o Studio Arthur Casas, em colaboração com o Instituto Arthur Casas de Arquitetura e Inovação (IACAI), apresenta uma linha do tempo que sistematiza projetos arquitetônicos e urbanísticos concebidos para abordar os desafios impostos pelas mudanças climáticas em diferentes escalas.

Os projetos selecionados para a mostra abrangem uma diversidade de contextos geográficos e climáticos, desde intervenções em ambientes urbanos densos, como o Edifício Ícaro, em Curitiba, até iniciativas na Amazônia Legal, como o Centro de Intercâmbio Moitará, localizado no Parque Indígena do Xingu, e o MuCA em Belterra (PA). Essas obras exemplificam uma abordagem arquitetônica que prioriza a integração com as especificidades bioclimáticas e culturais de cada localidade, promovendo soluções que articulam inovação tecnológica e responsabilidade ambiental.

A partir da pesquisa de sua própria prática o Studio Arthur Casas e o IACAI selecionaram os seguintes projetos:

-Pavilhão do Brasil (Milão, Itália, 2014-2015; Nápoles, Itália, 2025-2027);
-MuCA – Vila Administrativa (Belterra, Pará, 2018-2028);
-Edifício Ícaro (Curitiba, Paraná, 2014-2019)
-Centro de Intercâmbio Moitará (Parque do Xingu, 2024-2026)

A linha do tempo delineada na exposição evidencia a consolidação do pensamento sustentável na prática do Studio Arthur Casas ao longo das últimas duas décadas. Esse percurso culminou na criação do IACAI, uma instituição sem fins lucrativos dedicada à pesquisa em tecnologias e inovações orientadas para a sustentabilidade e industrialização no campo da construção civil. O instituto busca identificar e abordar lacunas no desenvolvimento de práticas construtivas, examinando os impactos potenciais de tais avanços no enfrentamento das questões ambientais que afetam o Brasil.

Por meio da Bienal, o Studio Arthur Casas e o IACAI reafirmam seu compromisso com uma arquitetura que transcende a funcionalidade estética, posicionando-se como agente de transformação socioambiental. A mostra na Bienal oferece uma oportunidade para debater e inspirar novas abordagens que integrem inovação, sustentabilidade e responsabilidade climática, contribuindo para o avanço do discurso teórico e prático no campo da arquitetura.

E abrindo o nosso Fórum de Debates, amanhã (19/09) teremos:

13h30 – debate entre China e Brasil no China architecture exhibition day

18h – conferência de abertura com Kongjian Yu (China), criador do conceito de Cidades esponja

E tem muito mais! Oficinas, atividades, palestras, exposição. Participe! É tudo gratuito

(A programação e os projetos ainda estão em processo de inclusão no site; em breve estará completo)