Como parte da programação de mini-oficinas do IED São Paulo no Lab VIVO durante a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, teremos uma atividade mão na massa promovida pela Rede Fab Lab Livre SP da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia voltada à criação de artefatos a partir plástico reciclado.

Será uma oportunidade de discutir reuso, circularidade, design e cultura maker como possíveis respostas social e ambientalmente responsáveis diante da urgência climática, tema central da Bienal nesta edição.
Esta oficina será ministrada pelxs técnicxs Marcix Basso, Leonardo Sbampato e Vinicius Santos.

Os participantes serão convidados a explorar o universo dos plásticos, destacando tanto sua versatilidade e potencial criativo, quanto os desafios e impactos ambientais associados ao seu uso. Ao longo do encontro, busca-se desconstruir estigmas relacionados ao material, evidenciando possibilidades de transformação e ressignificação de resíduos plásticos. Na etapa prática, os participantes serão orientados a criar peças e acessórios únicos, a partir da reutilização destes materiais, promovendo consciência ambiental integrada à expressão artística.

Vagas: 20 [ESGOTADO]

Tempo de duração: 60 minutos

Local: Pavilhão da Oca | 1º andar | Lab Vivo

Gratuito

Inscrições:

A oficina teve uma alta procura e todas as vagas foram preenchidas, por isso o formulário de inscrição foi encerrado.

Pedimos que os inscritos sigam as orientações enviadas por email.

Caso haja alguma vaga remanescente no momento da oficina as pessoas que comparecerem no local poderão participar dentro do limite de 20 vagas.


Deixe a água fluir…

Uma homenagem da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura para o Arquiteto e Paisagista Kongjiang Yu, e para os Cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim

16h
Abertura

Raquel Schenkman, IABsp

Renato Anelli, 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo

Marcos Monteiro, Secretário SIURB – Prefeitura de São Paulo

Michel Hoog, ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas)

16h20 
Deixe a água fluir… 


Apresentação de uma versão editada por Caio Guerra, com 20 min, da gravação da conferência de Kongjiang Yu na abertura da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo

16h40
Planeta esponja, um filme por todos nós

Exibição do teaser do documentário que estava sendo feito com Kongjian Yu por Luiz Ferraz e Rubens Crispim e que será concluído pela produção do filme.

Depoimento de familiares

17h00
Depoimentos

Pessoas que conviveram com Kongjian Yu durante suas visitas ao Brasil

Nabil Bonduki (Arquiteto e Urbanista FAU USP/ Vereador de São Paulo)

Paulo Pellegrino (Paisagista FAU USP)

Raul Pereira (Paisagista)

Ciça Gorski (Paisagista)

Dionê Maria Marinho de Castro (Paisagista Prefeitura de Niterói)

Elisabeth França (Secretária SMUL PMSP)

Marcos Monteiro (Secretário SIURB PMSP)

Pedro Martin Fernandes (Presidente SP Urbanismo)

Marina Bragante (Vereadora de São Paulo)

Renata Falzoni (Vereadora de São Paulo)

18h30 
Homenagem

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.

As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Fechando o Fórum de debates da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo teremos a Sessão de Encerramento –  Caminhos para o futuro com a participação de Camila Camargo (CAU/SP), Taynara Gomes (CAU/PA), Pedro Rossi (Diretor Cultural do IAB), Cid Blanco (Comissão ODS/UIA) e Raquel Schenkman (presidente IABsp), que falarão brevemente sobre a atuação dessas instituições frente à crise climática, como na organização dos Guias IAB para a agenda 2030, uma parceria da UIA com o IAB, e na participação dos arquiteto na COP-30 em Belém.

Em seguida, receberemos os curadores para uma breve conversa sobre a Bienal. 

Ao final do evento, serão divulgados os 5 projetos vencedores do Concurso Internacional de Escolas da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, escolhidos entre os 30 trabalhos selecionados pela comissão julgadora. A cerimônia de premiação terá a presença de Lucas Fehr, curador do Concurso, e dos membros da comissão julgadora Roberta Menezes Rodrigues e Luís Antônio Jorge. 

O Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo da 14ª BIAsp tem como objetivo reconhecer trabalhos de estudantes que se relacionem com a temática do evento. As propostas submetidas versam sobre soluções e atitudes que reposicionam o modo como as ações humanas têm abordado e transformado o meio ambiente, seja ele urbano, rural ou natural.

O objeto do concurso é um projeto em local e tema de livre escolha dos interessados e dentro da proposta temática da 14ª BIAsp. Os cursos de arquitetura e urbanismo realizaram a seleção de seus trabalhos e inscreveram um representante no Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo.

As propostas apresentam contextos e escalas diversos e que valorizam as diferenças regionais, sociais, econômicas e culturais, dentro do entendimento de que o projeto de arquitetura deve contribuir com a possibilidade de sustentação da vida no planeta, por meio de soluções mais efetivas e viáveis, e pelo engajamento da população e de seus governos.

A chamada aberta recebeu mais de 130 inscrições de todo o mundo e 30 trabalhos foram selecionados pela comissão julgadora. 

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Foto: Denise Andrade

A responsabilidade do poder público diante do enfrentamento da crise climática é, sem dúvida, fundamental para garantir a justiça climática e cidades mais verdes, adaptadas e resilientes. Este é o tema da mesa que convida gestores públicos formados em arquitetura e urbanismo e que atuam em diferentes órgãos e áreas e instâncias de governo. São lideranças que contribuem e atuam nas diversas pastas na gestão pública pelo país, e no poder executivo, que falarão sobre os programas e trabalhos que vêm acompanhando no último ano.

São convidados a contar suas experiências e desafios a arquiteta Tainá de Paula, vereadora eleita no Rio de Janeiro e atualmente Secretária Municipal de Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro; Tamires Carla de Oliveira, arquiteta e Chefe de Gabinete da Secretaria do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo; Cecilia Gomes de Sá, arquiteta e Subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais no Ministério da Cultura em Brasília; o arquiteto Rafael Passos, Superintendente do IPHAN no Rio Grande do Sul e ex-presidente do IAB-RS; o arquiteto Flávio Tavares, que foi Secretário no município de Conde na Paraíba e atualmente coordena o Programa Nacional “Periferia Viva” no Ministério das Cidades; e Thiago Reis, arquiteto e diretor na Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. A mesa terá a mediação de Raquel Schenkman, Presidente IABsp, arquiteta na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e ex-diretora do Departamento do Patrimônio Histórico da cidade de São Paulo.

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A mesa propõe uma reflexão sobre como as políticas públicas podem reconhecer e fortalecer essas experiências, superando a visão racista que enxerga as favelas e comunidades apenas como “problemas a serem corrigidos”.

A discussão reunirá lideranças comunitárias, parlamentares e representantes institucionais para evidenciar experiências concretas de enfrentamento da crise climática a partir das periferias — ações que articulam inclusão, inovação institucional e protagonismo comunitário.

A mesa também buscará ampliar o diálogo sobre o papel do Estado na garantia do direito à moradia segura, no acesso a serviços públicos e na garantia do protagonismo de agentes locais na tomada de decisões sobre o território.

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A ação climática acontece nos territórios e garante as diferentes justiças quando envolve os saberes, as soluções e práticas populares ancestrais e tradicionais, e as especificidades de cada contexto. Como mobilizar ações para combater as alterações climáticas com um tratamento equitativo e justo dos impactos, considerando a dimensão territorial das desigualdades – onde comunidades vulnerabilizadas, especialmente em áreas de risco e territórios indígenas, são mais afetadas? O debate aponta caminhos da filantropia e políticas públicas para implementar soluções locais e a participação popular, de forma a não apenas adaptar os territórios para os eventos extremos, mas também reduzir as desigualdades socioambientais e garantir os direitos humanos e territoriais das populações mais expostas.

Luana Alves (Periferia Sem Risco)
Mulher negra, arquiteta e urbanista, criada em Paratibe, periferia de Paulista (PE). Especialista em Urbanismo Social, Gestão de Projetos e Obras e certificada em Estudos Afro-Latino-Americanos pela Universidade de Harvard, atua como Coordenadora-Geral de Articulação e Planejamento da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades, onde trabalha para colocar as periferias no centro das políticas urbanas nacionais. Comunicadora popular, sua trajetória é construída em redes comunitárias e marcada pelo compromisso com a justiça social, o fortalecimento das vozes periféricas e a defesa dos direitos humanos e do direito à cidade.

Claudia Gibeli Gomes (Fundo Casa)
Gestora de Programas Socioambientais. Bióloga com mais de 20 anos de experiência em justiça socioambiental, possui especialização em Planejamento e Gestão do Território, Ecologia e Gestão Ambiental (USP), além de estudos em Política e Relações Internacionais (FESPSP). Sua trajetória é marcada por atuação em projetos de urbanização de assentamentos precários, diagnósticos socioambientais participativos e mobilização comunitária. Foi consultora do PNUD no IBAMA e, há uma década, atua como Gestora de Programas no Fundo Casa Socioambiental, coordenando iniciativas em sociobiodiversidade, transição energética justa, restauração florestal e direito à cidade.

Vitor Mihessen (Casa Fluminense)
Nascido e criado em Realengo, subúrbio do município do Rio de Janeiro, Vitor é economista, formado na UFRJ e mestre pela UFF, especialista em Políticas Públicas. Seus principais temas de trabalho são mobilidade urbana e social, e as desigualdades econômicas, raciais, de gênero e climáticas na Região Metropolitana do Rio. Busca produzir debates e ações sobre políticas públicas a partir de diagnósticos e propostas coletivas. É co-idealizador de tecnologias sociais certificadas como a Geração Cidadã de Dados (GCD) e as Agendas Locais 2030. Desde a fundação da Casa Fluminense, em 2013, coordenou a área de pesquisa e informação, sendo responsável pelas publicações da Instituição, como os Mapas da Desigualdade e as Agendas Rio 2030 e depois se tornou Coordenador Executivo, conduzindo o programa da Organização da Sociedade Civil. Hoje como Coordenador Geral da Casa, cuida da área institucional da OSC. Vitor é Coordenador Geral da Casa Fluminense, co-fundador e co-diretor da Instituição.

mediação de Alan Brum
Favelado, sociólogo, doutorando em Planejamento Urbano IPPUR-UFRJ, Alan é professor GPDES – Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social – IPPUR/ UFRJ (2020/2022); coordenador do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Complexo do Alemão – CEPEDOCA; cofundador e diretor do Instituto Raízes em Movimento e coordenador do Plano de Ação Popular do CPX. É Diretor Presidente da ABP Consultoria Social, co-idealizador e Integrante do Conselho Editorial do Dicionário de Favelas Marielle Franco – Fiocruz e foi consultor da Secretaria Nacional de Periferias – SNP/MCidades (2023/2024).

Gratuito

Inscrições:

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As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

O debate se centra na contribuição da ciência cidadã para a adaptação climática ao envolver as comunidades na coleta, monitoramento e pesquisa de dados e evidências, aumentando o escopo e a precisão das informações para entender e mitigar os riscos das mudanças climáticas e seus eventos extremos. De que forma produzir e compartilhar dados para o desenvolvimento socioterritorial das comunidades? Como visibilizar iniciativas de cidadania ativa locais, fortalecer a luta por justiça social, e subsidiar a formulação de políticas públicas de adaptação climática?

Luísa Gusmão
Arquiteta urbanista e mestranda em Urbanismo na UFBA, onde pesquisa sobre Assessoria Técnica Popular e Gestão Comunitária de Riscos. Integra o Coletivo Escalar, atuando em parceria com movimentos sociais e organizações comunitárias de Salvador e Região Metropolitana.

Marta Raquel da Silva Alves
Arquiteta paisagista e jardineira, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Piauí (2007) com Especialização em Patrimônio Cultural pelo Programa de Especialização em Patrimônio – PEP/IPHAN dedicando-se às paisagens (2007-2009), mestre em Arquitetura Paisagística pelo PROURB/UFRJ (2010-2012) e doutora em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU/UFBA (2019-2025). Membro do grupo de pesquisa DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços.

Rian de Queiroz
Morador do Conjunto de Favelas da Maré, formado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde também concluiu o mestrado na mesma área, com ênfase em geografia ambiental e geografia política. Possui pós-graduação em Análise Ambiental e Gestão do Território pela ENCE/IBGE e em Urbanismo Social pelo Insper. Atualmente é coordenador de projetos socioambientais da Redes da Maré.

Mediação de Clevio Rabelo
Doutor em História da Arquitetura pela FAUUSP (2011), mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2006) e arquiteto e urbanista pela Universidade Federal do Ceará (2001). Desde 2019, é Professor Adjunto na área de Projeto Arquitetônico (40h-DE) no DAUD-UFC, em Fortaleza, onde coordena ações de extensão como o Projeto Arquitetônico: Pensamento e Práxis, o Geração Migrante e a pesquisa Arquitetura Bicha. Entre 2011 e 2019, foi professor das áreas de projeto e história contemporânea no FIAM-FAAM Centro Universitário, na UNIP e na Especialização em Design de Interior do Senac, todos em São Paulo. Co-curador da 14a Bienal Internacional de São Paulo.

Gratuito

Inscrições:

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Diante da necessidade de cumprimento de uma agenda dedicada à ação climática e voltada aos objetivos de desenvolvimento sustentável, a mesa pretende apresentar programas e projetos que vêm sendo realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo e que encontram-se em exposição nesta 14ª Bienal Internacional de Arquitetura. A partir do tema “reviver o centro”, são iniciativas que buscam a ativação de espaços existentes e o cuidado com as pessoas e o público que vive cotidianamente esses espaços nas áreas centrais. Os projetos apresentados tem como foco propor a recuperação urbana e de estruturas existentes que estavam fechadas, e garantir seu restauro, sua transformação, ou “retrofit” e sua reinserção urbanística. Chave para a implantação de bons projetos, a atuação conjunta e a colaboração entre poder público, setor empresarial e arquitetura e urbanismo são essenciais.

Como convidados da mesa estarão presentes o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, (entidade que representa mais de 415 cidades) o Prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes eleito para o biênio 2025/2027, que se encontra com o ex-secretário de Cultura da Cidade de São Paulo e produtor cultural Alê Youssef, um dos responsáveis pelo recém-inaugurado projeto de recuperação da Galeria Formosa, sob o viaduto do Chá, e com a arquiteta Marta Moreira, sócia do escritório de arquitetura MMBB, vencedor do recente concurso voltado ao reuso do antigo prédio que foi do Mapping no centro de São Paulo, para o Sesc Galeria, concurso este promovido pelo Sesc e organizado pelo IAB-SP. A condução da mesa será feita com a mediação da presidente do IAB-SP, a arquiteta Raquel Schenkman.

Gratuito

Inscrições:

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Conversa com curadores: Marcella Arruda, Karina Silva e Renato Anelli

Gratuito

Inscrições:

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As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

O debate discute junto a convidados de assessoria sociotécnica a comunidades locais na Bahia acerca de experiências de canteiro e participação cidadã. As Assessorias técnicas são equipes multidisciplinares que trabalham para as comunidades em territórios periféricos, para contribuir na construção, reforma e regularização fundiária, qualificação urbana, além do desenvolvimento de planos, estratégias de incidência políticas e mediação de conflitos. Afinal, como atuar em colaboração com as comunidades locais? Quais os desafios da assessoria técnica e quais os avanços na transformação social local?

Thais Rosa
Professora e pesquisadora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, da Residência AU+E – Especialização em Assistência Técnica, Habitação e Direito à Cidade e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, onde coordena o grupo Margear. Atualmente é coordenadora do Plano de Ação Periferia Viva junto às ocupações Alto da Conquista e Marielle Franco em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador – BA. Integrou as articulações Monotrilho em Disputa e Campanha Zeis Já! Nosso direito à moradia e à cidade, em Salvador/BA. Foi sócia-fundadora do coletivo TEIA – casa de criação (São Carlos/SP) e colaboradora na assessoria USINA – centro de trabalhos para o ambiente habitado (São Paulo/SP).

Debora Didonê
Jornalista, permacultora e ativista socioambiental, Débora se dedica há 13 anos – desde a criação dos Canteiros Coletivos – à elaboração, captação de recursos e liderança de projetos socioambientais na cidade de Salvador. Antes de sua forte atuação na área, teve longa carreira jornalística na cidade de São Paulo, onde escreveu para revistas e jornais de circulação local e nacional, e também conquistou prêmios e reconhecimentos como repórter. A comunicação, também voltada para o terceiro setor, continua sendo uma característica marcante, presente em seus projetos, trabalhos e iniciativas.

Gloria Cecilia Figueiredo
Urbanista, formada pela Universidade Estadual da Bahia e mestre e doutora em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal da Bahia. Professora da Faculdade de Arquitetura da UFBA na área de planejamento urbano e regional e membro do grupo de pesquisa lugar comum. Atualmente, é uma das curadoras do “Fórum Nosso Futuro: diálogos entre África, Europa e Brasil”, que acontecerá em novembro, em Salvador. É coordenadora brasileira do projeto Territórios e Patrimônios Amefricanos: imaginações espaciais, urgências ecológicas, práticas educativas e justiça epistêmica no Brasil e na África do Sul, uma cooperação internacional entre a UFBA, a UFPA, a Universidade de Joanesburgo e a Universidade de KwaZulu-Natal (Programa Abdias Nascimento/Capes), bem como do projeto de pesquisa cidades ex-cêntricas (CNPq Universal). Está envolvida em iniciativas e colaborações urbanas, como a Perícia Popular no Centro Histórico de Salvador e o Canteiro Modelo de Conservação (IPHAN, FAUFBA).

Zara Francisco
Mestre em Urbanismo pela UFBA, urbanista-arquiteta-artista, moradora e pesquisadora de Valéria, bairro e território negro da cidade de Salvador-BA. Coordenadora Geral da Associação Trama, onde desenvolve ações colaborativas e coletivas com comunidades em defesa aos direitos socioterritoriais por meio da inovação, educação, comunicação, urbanismo e artes.

Flora Tavares
Urbanista-arquiteta de Salvador (BA), dedica-se a projetos que articulam urbanismo e comunicação em iniciativas de impacto social. Com uma trajetória marcada pela interdisciplinaridade, atua também como designer gráfica, pesquisadora, e artista visual, com experiências em cenografia e direção de arte. É sócia-fundadora da TRAMA, organização voltada à realização de projetos de inovação territorial e desenvolvimento comunitário através da educação popular, cultura e audiovisual.

Daniel Morastegan
Arquiteto e Urbanista pela Universidade de São Paulo (EESC-USP 2001), mestre em Metodologia de Ensino (PPGE-UFSCar 2008), doutor em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU – UFBA, 2021). É professor adjunto da Faculdade de Arquitetura da UFBA, e coordenador da Residência em Arquitetura, Urbanismo e Engenharia da FAUFBA. Atua com extensão universitária, assessoria e assistência técnica a movimentos populares, educação popular e processos construtivos. Vem articulando aproximações entre assessoria técnica popular e preservação do patrimônio cultural desde 2019.

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

O debate discute iniciativas para, a partir do clima, discutir vulnerabilidades e desigualdades que atravessam os territórios: insegurança alimentar, violencia policial, saúde, acesso a educacao e cultura, direito à cidade. Quais arranjos institucionais são importantes? Como conduzir espaços de co-governança a nível territorial? Como compreender as dimensões da desigualdade já presentes no território quando ele sofre com um extremo climático? Com Rodrigo Jesus, Diosmar Filho e Gisele Moura.

Diosmar Filho
Geógrafo, Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pesquisador Sênior e integra a Coordenação Científica da Associação de Pesquisa Iyaleta. Na liderança da linha de pesquisa “Ordenamento Territorial, Desigualdades e Mudanças Climáticas” integra a coordenação do projeto de pesquisa “Adaptação Climática: uma intersecção Brasil 2030”. Compõe o corpo docente do Curso de Especialização Lato Sensu em Direitos, Desigualdades e Governança Climática da Faculdade de Direito (UFBA) e é Ponto Focal da Associação de Pesquisa Iyaleta na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC).

Gisele Moura
Cientista ambiental com 15 anos de atuação em justiça climática, territórios periféricos e políticas públicas. Coordenou uma rede de tecnologia socioambiental mobilizando mais de 900 pessoas e 300 iniciativas em favelas do Rio de Janeiro, e representou vozes de base comunitária em espaços como a COP27 e o G20. É consultora da Rede de Desenvolvimento Urbano Sustentável (ReDUS) para a COP30 e participou de publicações como “Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias”, pelo Ministério das Cidades. Atua na interface entre saberes ancestrais, tecnologia social e co-governança, defendendo que a adaptação climática deve ser antirracista, interseccional e territorialmente enraizada.

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Programação:

17h45 às 18h30 – Exibição do filme AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

18h30 às 20h – Mesa Presença francesa na Bienal

Convidados:
Rachel Gregório
Vivre Avec – Viver Com (Pavilhão da França na Bienal de Veneza)

Anaïs Guéguen-Perrin
CRATerre na França

Daniel Bicho (Dieu & Bicho Architectes)
AJAP – Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisagistas

Mediação:
Valter Caldana (FAU Mackenzie)

Gratuito

Inscrições:

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As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Palestra com Esteban Benavides (Al Borde, Equador), mediação de Pedro Rossi (Diretor Cultural, IAB-DN)

Gratuito

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As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Palestra com Wellington Cançado (Piseagrama)

Gratuito

Inscrições

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As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

ABERTURA

MARIAN SCHUEGRAF
Embaixadora da União Europeia no Brasil.

RENATO ANELLI
Arquiteto e urbanista.
Renato é Diretor de Cultura do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil)
São Paulo, integra a equipe curatorial da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e coordena pesquisas sobre redes de infraestrutura e resiliência climática na rede Klimapolis.

— ARCHITECTURE FOR LEARNING AND CIVIC USE (ARQUITETURA PARA APRENDIZADO E USO CÍVICO)

GUSTAV DÜSING & MAX HACKE
Projetistas do Pavilhão de Estudos modular e de baixo carbono da TU Braunschweig | VENCEDOR do Prêmio EUmies 2024 (Alemanha).

MATHEUS SECO
Bloco Arquitetos, escritório sediado em Brasília conhecido por seus métodos construtivos racionais, sistemas modulares e uso inovador de estruturas reutilizáveis — incluindo pavilhões, stands e elementos pré-fabricados. Seu trabalho reflete a tradição modernista brasileira ao mesmo tempo que propõe soluções flexíveis e replicáveis para uso cívico.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

— CULTURE AND PUBLIC ARCHITECTURE (CULTURA E ARQUITETURA PÚBLICA)

ELENA ORTE
SUMA Arquitectura, a Vencedora
Emergente do Prêmio EUmies 2024 pela Biblioteca Gabriel García Márquez (Espanha), um projeto que redefine a biblioteca como um espaço cívico e cultural vibrante.

CARLOS ABERTO MACIEL
Arquitetos Associados, renomado escritório brasileiro sediado em Belo Horizonte, reconhecido por projetos culturais e institucionais que exploram a relação entre arquitetura, espaço público e identidade coletiva. Seu trabalho combina clareza formal, expressão material e sensibilidade contextual.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

— RECONNECTING WITH NATURE & CIRCULAR DESIGN (RECONEXÃO COM A NATUREZA E DESIGN CIRCULAR)

FLORIAN FOERSTER
Representante da Bauhaus Earth (Alemanha), uma iniciativa que defende a arquitetura regenerativa e a mudança sistêmica nas práticas construtivas.

GLORIA CABRAL
Arquiteta paraguaio-brasileira radicada em São Paulo, sócia do Gabinete de Arquitectura e ex-aluna de Solano Benítez. Seu trabalho premiado explora processos coletivos, reuso de materiais e narrativas ecológicas na arquitetura, unindo artesanato e imaginários urbanos sustentáveis.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

— ARCHITECTURE OF BELONGING: INTERPRETING HERITAGE THROUGH PLACE (ARQUITETURA DO PERTENCIMENTO: INTERPRETANDO O PATRIMÔNIO ATRAVÉS DO LUGAR)

AMELIA TAVELLA
Arquiteta francesa e finalista do Prêmio EUmies 2024, reconhecida por suas reinterpretações poéticas de sítios históricos e paisagens. Seu trabalho expressa memória e continuidade material com clareza contemporânea.

ADRIANO MASCARENHAS
Sotero Arquitetos (Bahia) – Arquiteto sediado em Salvador, cujo trabalho se inspira na herança afro-brasileira, no clima e na topografia para construir uma linguagem contemporânea enraizada no lugar e na identidade.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

— MODERAÇÃO

RAUL JUSTE LORES
Jornalista, autor de “São Paulo nas Alturas” e colunista do UOL. Reconhecido com o Prêmio APCA em 2012 por sua contribuição à divulgação do conhecimento em arquitetura e urbanismo, é Eisenhower Fellow, tendo estudado Urbanismo e Inovação Digital nos Estados Unidos. Também atuou como correspondente internacional, trazendo uma perspectiva global para suas reflexões sobre cidades, design e transformação cultural.


A oficina faz parte da programação Infâncias e Clima na Cidade

Iniciativa: Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo

Organizações: Ateliê Navio, Coletivo Flutua, Paisagem Design Regenerativo, Flora, Descobrir Brincando, Casa Ecoativa

Apoio: Urban95, Frente Parlamentar da Primeira Infância (FPPI)

A Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo reúne mais de 20 organizações de todas as regiões do país, unidas por um objetivo comum: promover cidades mais inclusivas, democráticas e justas por meio da colaboração. 

Para a Bienal de Arquitetura, a Rede propõe uma programação especial na manhã do Dia das Crianças dedicada ao tema infância e clima na cidade, convidando o público a refletir e agir frente aos desafios urbanos e ambientais que afetam as novas gerações. A atividade busca ampliar o debate sobre a inclusão das infâncias no planejamento urbano, a participação ativa de crianças na construção de cidades mais justas e afetivas.

Entre os temas em pauta estão as questões climáticas e seus impactos sobre a vida das crianças, a urgência da justiça climática nos territórios vulneráveis e as estratégias coletivas para o enfrentamento. Também serão discutidas formas de integrar e valorizar as experiências de crianças negras, indígenas, ribeirinhas e quilombolas, promovendo um urbanismo antirracista que reconheça as múltiplas infâncias brasileiras.

A programação inclui as seguintes atividades e ativações:

Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

Horário: 10h30
Duração: 2 horas
Faixa Etária: A partir dos 6 anos (acompanhado dos responsáveis)
Local: Pavilhão da Oca | Comedouro emergencial | Subsolo

Nesta oficina vamos criar birutas — objetos feitos com sacolas plásticas e arames que ganham vida ao vento. A atividade propõe um encontro entre materiais reutilizados, corpo, vento e criação. 

Venha se deixar levar, brincar e criar novos rumos com a gente!

Gratuito

As inscrições devem ser feitas aqui.

Mesa de Debate – 10h30 às 12h

Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis 

Local: Pavilhão da Oca | Auditório

A mesa será integrada por: 

Gisele Moura, cientista e técnica ambiental com 15 anos de experiência, que atua de forma transdisciplinar combinando ciência, ancestralidade e soluções anticoloniais para desenvolver tecnologias sociais voltadas à sustentabilidade e resiliência socioambiental em favelas do Rio de Janeiro.

Marina Bragante, vereadora em São Paulo pela Rede Sustentabilidade, psicóloga e mestre em Administração Pública por Harvard, dedicada a políticas para a primeira infância e sustentabilidade urbana, com foco em adaptação climática e fortalecimento da rede de cuidados com crianças e famílias.

Ursula Troncoso, arquiteta e urbanista, fundadora do Ateliê Navio, com mais de 10 anos de atuação em planejamento participativo de espaços públicos, habitação e cidades amigas das crianças, em parceria com programas como o Urban95 Brasil e iniciativas do Banco Mundial.

Karoline Freire Dias, moradora da Ilha do Bororé. Formada como agente cultural pelo Percurso Cultural, atualmente atua na Casa Ecoativa é co-fundadora do coletivo Na Ilha Agência. Participou de diversas formações e oficinas, como o NAEA (Núcleo de arte e educação ambiental) com a FAUUSP, e uma formação de educação ambiental juntamente com o Humanaterra. 

Mediação: Jaison Pongiluppi Lara, gestor e coordenador de projetos que integram cultura, educação e meio ambiente. Integrante da Casa Ecoativa e gerente do CCA – Centro para Criança e Adolescente. Articula o projeto Adrião Escola Aberta e o Memorial da Ilha do Bororé, com sua trajetória de ativismo registrada nos documentários O Tamanho que o Planeta é (Instituto Alana) e Itinerários de Resistência (SESC SP).

Gratuito

As inscrições devem ser feitas aqui.

As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

Horário: 10 horas
Duração: 2 horas
Faixa Etária: A partir dos 6 anos (acompanhado dos responsáveis)
Local: Praça Pablo Garcia Cantero, ao lado da Cinemateca Brasileira

Esta vivência convida as crianças das comunidades próximas ao Parque Ibirapuera a conhecerem o refúgio climático da Praça Pablo Garcia Cantero, que integra o Corredor Verde Parque Ibirapuera – Parque Aclimação, e que  é palco da Compostagem Comunitária Vila Mariana. As crianças terão a experiência do brincar livre no micro parque naturalizado, e irão conhecer o processo natural de compostagem. Da praça faremos uma pequena caminhada lúdica, passando pela Mini Floresta Urbana e pelo “Parque das Cores do Escuro”, na Praça Soichiro Honda, até chegar na Oca, no Parque Ibirapuera.

Ativações: 

Horário: 10h às 20h

Flora: infância em movimento: Parque naturalizado pop-up para crianças pequenas e bebês, com atividades e brincadeiras com materiais naturalizados.

Ecobairro e Paisagem Design Regenerativo: Maquete interativa de cocriação de espaços naturalizados e biofílicos de brincar.

Descobrir Brincando: Espaço de Convivência e Leitura para famílias de 0-3 anos.A Bebeteca é um espaço seguro e intencionalmente planejado para que crianças pequenas acompanhadas por seus cuidadores possam desfrutar, aonde o bebê encontrará desafios motores, livros e objetos para exploração.

Gratuito

Coordenação/mediação: Daniel Montandon (Uninove)

Relatoria: João Meyer (FAUUSP)

Palestrantes:

Andre Lerner (representação entidades de bairros e regiões da cidade)

Maria Lucia Refinetti Martins (representação universidades)

Eduardo Della Manna (representação empresários)

Silvio Oksman (representação entidades profissionais)

Sidney Pita e José de Abraão (representação movimento de moradia)

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Apresentação de trabalhos:

Do dado à decisão: design de interação para painéis de dados urbanos na escala de bairro – Emilio Bertholdo Neto, Karin Regina de Castro Marins

Fábrica de restauro: uma proposta de plano local? – Nadia Somekh, Thais Cardoso

O envelhecer é urbano? – Beatriz Leite dos Santos, Wilson Levy Braga da Silva Neto

O processo de desapropriação da Ocupação Mauá em São  Paulo – Marina Camargo Heinrich Carrara

Planos de Bairro em São Paulo: subsídios e ferramentas para uma agenda ambiental local – Miguel Martins Fiorelli, Daniel Lutfi

Territorialidades para a infância. Direito à cidade e cidade do cuidado – Carmen Birindelli, Marilia Aldegheri do Val, Luiz Guilherme Rivera de Castro 

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Apresentação de trabalhos:

A Habitação de Interesse Social como forma de desregulamentação – Rosana Yamaguti

Injustiças socioterritoriais e climáticas na franja metropolitana: planos verdes e eventos climáticos extremos em Cidade Tiradentes, São Paulo-SP – Carolina Menezes Horiquini

Locação social no município de São Paulo: balanço e perspectivas de reformulação – Daniela Perre Rodrigues, Maria Rita de Sá Brasil Horigoshi, Felipe Suzuki Ursini

Mobilização de terras públicas e remoção de territórios populares em Parcerias Público-Privadas de habitação e reestruturação urbana no Centro de São Paulo – Amanda Silber Bleich, Paula Freire Santoro 

O Programa Pode Entrar: continuidades e disputas na política habitacional de São Paulo – Camila Yumi Onia

República em disputa: sobre os empreendimentos financeirizados que emergem no centro popular – Fernanda Vitória Neves da Silva

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Coordenação/mediação: Angélica Alvin (Mackenzie).

Relatoria: Maria Cristina da SIlva Leme (FAUUSP)

Palestrantes:

Adriano Borges (Insper)

Bianca Tavolari (Cebrap/Tide Setubal)

Evaniza Rodrigues (UNMM)

Flavia Brito (FAUUSP)

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Apresentação de trabalhos:

Cidade compacta periférica:  um experimento de tratamento metropolitano em Sapopemba SP – Otávio Campos Arantes  

Cidades feministas e mobilidade: dimensões de gênero da tarifa zero – Clareana Silva Dias da Cunha

Análise da sinistralidade cicloviária: a segurança viária na mobilidade sustentável – Bruno Nascimento

Impactos da implantação das grandes estruturas viárias no chão da cidade de São Paulo – Rafael Vieira Cesar Almeida, Viviane Rubio, Luana Siqueira Bernardes

Mapeamento da rede de parques e dos vazios de áreas verdes públicas na cidade de são paulo sob o Plano Diretor Estratégico de 2014 – Giuliano Salvatore Fiusa Magnelli, Nabil Georges Bonduki

Paisagem, caminhabilidade e aprendizado infantil: contribuições para a mobilidade sustentável – Natália Teixeira Lopes da Costa Euler Sandeville Junior

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Apresentação de trabalhos:

Conflitos entre a política de proteção do patrimônio e os instrumentos de desenvolvimento urbano na Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUC-BT) – Gabriel Ferreira Licastro

Mudanças na transferência do direito de construir em São Paulo: reflexões sobre a revisão do PDE de 2023 – Flavia Taliberti Peretto

Cortiço, espera, permanência – o Casarão do Carmo e os desafios da justiça climática urbana – Celso Aparecido Sampaio, Débora Sanches

Re-regulação dos incentivos urbanísticos nos eixos: complexidade normativa e limites para a política urbana – Joyce Reis Ferreira da Silva (IABsp), Isabela Luisi Fernandes da Costa

Revitalização para quem? Gentifricação verde e exclusão no Centro de São Paulo – Maria Luíza Mendonça Chamadoira

Qual patrimônio? Reflexões sobre desigualdades de mobilizações e políticas de preservação na cidade – Lucas Chiconi Balteiro

Gratuito

Inscrições

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As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Coordenação/mediação:  Nabil Bonduki (FAUUSP).

Relatoria: Carolina Heldt (Escola da Cidade)

Palestrantes:

Joice Berth

Renato Anelli (Klimapolis/INCT/Mackenzie)

Fernando Nogueira (UFABC)

Marussia Whately (Instituto de Água e Saneamento)

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Apresentação de trabalhos:

Análise do impacto do incremento de áreas verdes na dinâmica hidrológica da sub-bacia da Lapa – São Paulo – Thiago Alves de Aquino Santos, Karin Regina de Castro Marins

Arquitetura e mudanças climáticas: por uma ética no construir – Mayra Simone dos Santos

Desafios para o planejamento urbano frente aos  eventos climáticos extremos: os recortes do eixo  Morumbi-Paraisópolis e do município de Franco da Rocha – Nathalia da Mata Mazzonetto Pinto, Thamires Z. S. Souza, Renato Luiz Sobral Anelli

Do alto padrão à precariedade: risco climático e desigualdade ambiental na sub-bacia hidrográfica do Córrego do Antonico – Alane Santos da Silva

Investimento em drenagem sustentável em São Paulo: custos e desafios – Renata Priore Lima, Kelly Almeida da Silva, Mayumi Almeida Inamasu

Metabolismo urbano: estratégias para regeneração do entorno do Mercado Municipal de São Paulo – Luisa Martins, Maurício Addor Neto, Bruno Futema

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Apresentação de trabalhos:

Biofilia como ferramenta de análise de instrumentos urbanísticos e ambientais: o caso do Planpavel do município de São Paulo – Mila Cruz Prado de Carvalho

Experiências de contenção em bambu para encostas no município de Franco da Rocha – SP – Nathalia da Mata Mazzonetto Pinto, Marcos Paulo Ladeia

Governança climática regional e ação pública consorciada: o caso do Grande ABC – Bruno dos Santos Andrade, Eunice Helena Abascal

Preservação do patrimônio urbanístico e ambiental em São Paulo: qual o futuro do Jardim América? – Ingrid Souza Lima e Silva Caixeta, Eduardo Alberto Cusce Nobre 

Risco ao calor na cidade de São Paulo: interações entre desigualdade socioeconômica e ambiental – Luiza Sobhie Muñoz, Denise Duarte

Vulnerabilidade social e territórios de favelas na região metropolitana de São Paulo: desafios para a promoção de moradia digna e justiça climática – Guilherme David dos Santos Viana

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Mesa de abertura com Carlos Nobre e organizadores do Fórum SP 25

 

Entidades Organizadoras Do Fórum Sp 25

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Escola da Cidade

Universidade Nove De Julho – Uninove

Instituto de Arquitetos do Brasil – Dep. São Paulo – IABsp

Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU/SP

Local:

IABsp – rua Bento Freitas, 306 – Vila Buarque – São Paulo – SP

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

o projeto do comedor – um refeitório social – surge em resposta aos eventos climáticos extremos que devastaram inúmeras cidades do sul do brasil em maio de 2024 e à necessidade de melhorar as condições dos abrigos emergenciais que acolheram pessoas desabrigadas durante esse período.

construído na escola estadual ana neri, na cidade de porto alegre, o projeto começa com uma intervenção temporária no edifício do auditório – uma pequena construção de madeira, característica da arquitetura escolar da região. neste espaço foram instaladas divisórias leves – cortinas suspensas por cabos de aço – capazes de delimitar áreas específicas para cada família e adaptar o uso do pavilhão, proporcionando maior privacidade e habitabilidade ao abrigo.

em uma segunda etapa da intervenção, com o regresso das aulas na escola, foi necessário construir um refeitório para os moradores temporários – uma nova construção – que funcionasse de forma independente ao fluxo dos alunos.

a arquitetura proposta consiste, portanto, em uma grande cobertura e uma mesa linear que ocupam um setor vazio do lote da escola.

a escolha da construção em madeira faz parte de uma investigação que, de alguma forma, permeia os projetos desenvolvidos pelo escritório. uma forma de demonstrar possibilidades de utilização de uma matéria-prima de baixo custo e de fácil obtenção que leva em consideração a existência de mão de obra local com experiência e significativo conhecimento prático do material.

dessa forma, a proposta explora a madeira como técnica construtiva ágil e econômica com a escolha de componentes mais acessíveis, como madeira roliça de eucalipto para as colunas e vigas principais e uma estrutura de ripas finas para sustentar a cobertura.

com o objetivo de unificar a intervenção e as diferentes peças de madeira, a pintura verde unifica a proposta, destacando a cobertura no conjunto construído da escola. a tinta impregnante de proteção da madeira ajuda a preservar o material e a cobrir pequenas imperfeições mantendo os veios visíveis. a estrutura verde dialoga com as telhas de policarbonato branco gerando um ambiente iluminado por uma luz difusa.

o projeto inicialmente concebido para servir de refeitório para as famílias, com o tempo, tornou-se um espaço de lazer para os estudantes, um espaço coletivo e comunitário.

assim, a intervenção provocou uma série de interações e usos surpreendentes. um espaço lúdico, que é utilizado como um lugar de jogos para crianças, e até mesmo como ferramenta de aprendizagem, onde as aulas são ministradas ao ar livre.

o projeto representa uma experiência de desenho e construção em um curto período de tempo. uma singela contribuição – entre tanto a ser feito – como resposta a esta imensa e impensável tragédia.
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porto alegre, rs
2024

Roda de conversa com Instituto Cambará e visita guiada

Gratuito

Inscrições:


As inscrições devem ser feitas aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Palestra e debate com LI Hu, Hon. FAIA, Sócio Fundador do OPEN Architecture e mediação de Carlos Eduardo Comas

Nesta conferência principal, o OPEN explora como a arquitetura conecta a natureza, a comunidade e o eu, apresentando uma série de projetos organizados em torno de três temas essenciais: Coexistência, Comunidade e Despertar. Abrangendo diversas tipologias e escalas, estes projetos incorporam a convicção do OPEN de que a arquitetura é um meio que ancora os seres humanos no complexo mundo de hoje, ancorando-nos na realidade e na própria Terra à qual pertencemos. O ato de construir do OPEN e suas reflexões sobre a construção são uma tentativa constante de criar campos de energia que equilibram abordagens radicais com formas construídas poéticas, onde atores humanos e não-humanos são partes integrantes do todo.

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Mesa com Fernando Damata Pimentel (diretor presidente da Emgea), Antônio César Bochenek (Juiz Federal da 4ª Região), José Carlos Alves (Diretor de Operações da Emgea) e convidados

Gratuito

Inscrições:


As inscrições devem ser feitas aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Com Padre Julio Lancellotti, Marta Machado (Ministérios da Justiça), Anderson Miranda (Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania), Carlos Hashimoto (Caixa Econômica Federal), e Simone Gatti (Fundo FICA) – mediação e curadoria

A quantidade de pessoas vivendo nas ruas das grandes cidades aumentou consideravelmente nos últimos anos. São mais de 300 mil em todo o país. Com as mudanças climáticas, esse tema é ainda mais urgente, já que a população em situação de rua, apesar de ser a que menos contribui para o aquecimento global, é a mais afetada por seus efeitos, por não terem um abrigo seguro e por apresentarem condições socioeconômicas e de saúde extremamente frágeis.

Desde a década de 1990, as políticas públicas voltadas para esse perfil evoluíram mundo afora. Em muitas cidades, o modelo etapista, que se inicia nos albergues, cedeu lugar à metodologia “housing first”, ou “moradia primeiro” — que entende a residência apenas como o primeiro passo do processo.

No Brasil, habitação social está atrelada à aquisição da propriedade privada. O modelo da casa própria não capacitou nossas políticas para a gestão da moradia, sempre entregue à responsabilidade dos moradores, então proprietários. Uma política de moradia para a população em situação de rua, contudo, precisa garantir serviços de apoio permanente, multidisciplinar e de longo prazo.

Recentemente o programa Minha Casa, Minha Vida anunciou a reserva de 3% dos empreendimentos do FAIXA 1 para essa população. A partir da experiência do Morar Primeiro, implementado pelo Fundo FICA com apoio do padre Julio Lancellotti, debateremos o tema com representantes do governo federal, considerando a urgência do debate sobre como essa política será implementada.

A convite do Fundo FICA, que está trazendo o tema pela primeira vez para a Bienal de Arquitetura de São Paulo, reuniremos a urbanista Simone Gatti, que implementou o programa de moradia pelo FICA; Padre Julio Lancellotti, parceiro na criação do Morar Primeiro e figura emblemática no apoio à população mais vulnerável; e representantes do Governo Federal para abordar as políticas em implementação e os desafios em pauta.

A mesa de debate contará ainda com a participação de Marta Machado, Secretária Nacional de Política sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministérios da Justiça; Anderson Miranda, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania; e Carlos Hashimoto, da Caixa Econômica Federal, para abordar as políticas em implementação e os desafios em pauta.

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Pavilhão da Oca | Livraria | Subsolo

Com os professores: Leandro Medrano (FAU USP), Mariana Wilderom (FAU-USJT / Pós-Doc FAUUSP) e Marcos L. Rosa (FAU UFRJ / Pós-Doc FAUUSP), que co-editam o livro junto a Luiz Recamán (FAU USP), Dick van Gameren (BK TU-Delft), Nelson Mota (BK TU-Delft) e Harald Mooij (BK TU-Delft).

Resultado da colaboração entre a FAUUSP e a TU Delft, o livro investiga as intersecções entre experiências habitacionais singulares desenvolvidas na Região Metropolitana de São Paulo e na Randstad, entre 1990 e 2010. Embora as realidades urbanas e as tradições críticas e projetuais sejam notavelmente distintas, o livro aborda os sentidos pedagógicos e disciplinares da AU diante dos desafios contemporâneos do urbano. Identificamos estratégias e repertórios que desafiam a mercantilização da moradia e a justiça sócio-ambiental, reafirmando o projeto como um marcador político-espacial. Por meio de aproximações comparativas com a experiência do cotidiano urbano, sugerimos uma compreensão crítica do habitat em relação ao ato de habitar. Essa crítica é subsidiada por um exercício de representação gráfica, que põe em diálogo estratégias projetuais e táticas de apropriação.

Gratuito

Implantação do projeto: Equador
Desenvolvimento do projeto: Equador

Infraestrutura comunitária hídrica para melhorar e fortalecer a rede hídrica existente. Sistema de espaços para interação social, valorização, cuidado ambiental e transmissão de conhecimento sobre a proteção da água. Espaços de abrigo, estações meteorológicas para monitoramento ambiental, espaços de encontro.

La Chimba está localizada no território ancestral da tribo Kayambi, no norte do Equador, perto do vulcão Cayambe. Em um dos ecossistemas mais importantes do Equador, chamado “Paramo”, que possui uma grande biodiversidade e as fontes de água mais importantes do território.

La Chimba, com mais de cem anos de resistência histórica através da autogestão e da auto-organização, protege o território e os seus recursos hídricos de várias ameaças. Fortalecer a sua infraestrutura, reforçando o seu caráter social, é essencial para a sua subsistência e crescimento futuro.

A infraestrutura hídrica comunitária cria espaços para monitorar, cuidar e educar sobre o território do páramo, que fornece fontes de água para a vida. Dessa forma, a comunidade valoriza o trabalho realizado no passado e fortalece os processos para manter o sistema no futuro.

Proposta arquitetónica responsável com o local e as pessoas da comunidade, que são as que constroem os edifícios para uso coletivo em dias de construção participativa chamados «Mingas» (mutirao), que incentivam o trabalho local e a troca de conhecimentos. A intenção é criar espaços de acesso, encontro e abrigo através de técnicas locais presentes nas construções da comunidade e terraços que, pela sua conformação como muros de contenção em encostas, se integram na paisagem natural, para criar uma intervenção respeitosa com o ecossistema do páramo.

“Perceber não é observar de fora um mundo estendido diante de si, pelo contrário, é entrar num ponto de vista, assim como simpatizamos. Percepção é participação.” (Lapoujade)

Durante uma semana, o workshop propõe um exercício de atenção e escuta às paisagens e territórios do parque do Ibirapuera. Observaremos formas, padrões, texturas e gestos, em busca das gramáticas da natureza expressas em seus seres, materiais e processos.
Apontaremos nossas investigações ao ínfimo. Utilizaremos no processo a cartografia como método vivo de pesquisa e registro. Ao traçar linhas, anotar percepções e reconhecer repetições, abrimos espaço para traduzir observações em materialidades provisórias. Essa prática se alimenta de referências de arte contemporânea, de noções de site specific e de exercícios de coletivização, costurando uma reflexão sobre como criar beleza em diálogo com o território.
Com a mentoria de Jane Hall e de Vitor Barão, o grupo reunirá percepções e atravessamentos através da criação de um objeto estético. Experimentaremos formas de expressão que emergem do encontro entre paisagem, corpo e grupo.

Jane Hall é autora e membro fundadora da Assemble, coletivo britânico de arquitetura vencedor do Turner Prize. Pesquisadora no Royal College of Art, é autora do estudo pioneiro Breaking Ground: Architecture by Women (Phaidon, 2019), no qual discute a contribuição historicamente negligenciada das mulheres para a arquitetura. Em seu livro mais recente, Woman Made (Phaidon, 2021), Jane compartilha o que aprendeu sobre as melhores designers do mundo, ampliando a visibilidade do trabalho de mulheres na história do design e da arquitetura.

Vitor Barão é biólogo pela USP e Mestre em Ciências pelo Depto. de Botânica do IB-USP, fotógrafo e cozinheiro autodidata, atua como artista multidisciplinar entre as linguagens da arte, ciência, cozinha e tecnologia. É consultor em biomimética e assessor para projetos de arte e tecnologia além de professor da graduação em design do Istituto Europeu di Design com a disciplina “Biodesign”. É maker, com experiências em invenção de dispositivos para cenografia, empresas e produtos, e em educação mão na massa em diversas escolas.

Programação:

29/setembro (segunda-feira): IED São Paulo – 9h às 11h40
30/setembro (terça-feira): Bienal na Oca | Ibirapuera – 10h às 12h40
01/outubro (quarta-feira): Bienal na Oca | Ibirapuera – 10h às 12h40
02/outubro (quinta-feira): Bienal na Oca | Ibirapuera – 10h às 12h40
03/outubro (sexta-feira): Bienal na Oca | Ibirapuera – 10h às 12h40

Carga horária total: 15 horas

A atividade tem apoio do IED-SP e do British Council.

Gratuito

Inscrições:

São poucas vagas abertas ao público. Inscreva-se e aguarde a confirmação por e-mail.
Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.

A mesa faz parte da programação Infâncias e Clima na Cidade

Iniciativa: Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo

Organizações: Ateliê Navio, Coletivo Flutua, Paisagem Design Regenerativo, Flora, Descobrir Brincando, Casa Ecoativa

Apoio: Urban95, Frente Parlamentar da Primeira Infância (FPPI)

A Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo reúne mais de 20 organizações de todas as regiões do país, unidas por um objetivo comum: promover cidades mais inclusivas, democráticas e justas por meio da colaboração. 

Para a Bienal de Arquitetura, a Rede propõe uma programação especial na manhã do Dia das Crianças dedicada ao tema infância e clima na cidade, convidando o público a refletir e agir frente aos desafios urbanos e ambientais que afetam as novas gerações. A atividade busca ampliar o debate sobre a inclusão das infâncias no planejamento urbano, a participação ativa de crianças na construção de cidades mais justas e afetivas.

Entre os temas em pauta estão as questões climáticas e seus impactos sobre a vida das crianças, a urgência da justiça climática nos territórios vulneráveis e as estratégias coletivas para o enfrentamento. Também serão discutidas formas de integrar e valorizar as experiências de crianças negras, indígenas, ribeirinhas e quilombolas, promovendo um urbanismo antirracista que reconheça as múltiplas infâncias brasileiras.

A programação inclui as seguintes atividades e ativações:

Mesa de Debate – 10h30 às 12h

Infâncias e Clima: Justiça Climática em Territórios Vulneráveis 

A mesa será integrada por: 

Gisele Moura, cientista e técnica ambiental com 15 anos de experiência, que atua de forma transdisciplinar combinando ciência, ancestralidade e soluções anticoloniais para desenvolver tecnologias sociais voltadas à sustentabilidade e resiliência socioambiental em favelas do Rio de Janeiro.

Marina Bragante, vereadora em São Paulo pela Rede Sustentabilidade, psicóloga e mestre em Administração Pública por Harvard, dedicada a políticas para a primeira infância e sustentabilidade urbana, com foco em adaptação climática e fortalecimento da rede de cuidados com crianças e famílias.

Ursula Troncoso, arquiteta e urbanista, fundadora do Ateliê Navio, com mais de 10 anos de atuação em planejamento participativo de espaços públicos, habitação e cidades amigas das crianças, em parceria com programas como o Urban95 Brasil e iniciativas do Banco Mundial.

Karoline Freire Dias, moradora da Ilha do Bororé. Formada como agente cultural pelo Percurso Cultural, atualmente atua na Casa Ecoativa é co-fundadora do coletivo Na Ilha Agência. Participou de diversas formações e oficinas, como o NAEA (Núcleo de arte e educação ambiental) com a FAUUSP, e uma formação de educação ambiental juntamente com o Humanaterra. 

Mediação: Jaison Pongiluppi Lara, gestor e coordenador de projetos que integram cultura, educação e meio ambiente. Integrante da Casa Ecoativa e gerente do CCA – Centro para Criança e Adolescente. Articula o projeto Adrião Escola Aberta e o Memorial da Ilha do Bororé, com sua trajetória de ativismo registrada nos documentários O Tamanho que o Planeta é (Instituto Alana) e Itinerários de Resistência (SESC SP).

Gratuito

As inscrições devem ser feitas aqui.

As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Oficina de Birutas com o Coletivo Flutua 

Horário: 10h30
Duração: 2 horas
Faixa Etária: A partir dos 6 anos (acompanhado dos responsáveis)
Local: Pavilhão da Oca | Comedouro emergencial | Subsolo

Nesta oficina vamos criar birutas — objetos feitos com sacolas plásticas e arames que ganham vida ao vento. A atividade propõe um encontro entre materiais reutilizados, corpo, vento e criação. 

Venha se deixar levar, brincar e criar novos rumos com a gente!

Gratuito

As inscrições devem ser feitas aqui.

Vivência: Refúgios Climáticos e Espaços Públicos Naturalizados, com Ecobairro

Horário: 10 horas
Duração: 2 horas
Faixa Etária: A partir dos 6 anos (acompanhado dos responsáveis)
Local: Praça Pablo Garcia Cantero, ao lado da Cinemateca Brasileira

Esta vivência convida as crianças das comunidades próximas ao Parque Ibirapuera a conhecerem o refúgio climático da Praça Pablo Garcia Cantero, que integra o Corredor Verde Parque Ibirapuera – Parque Aclimação, e que  é palco da Compostagem Comunitária Vila Mariana. As crianças terão a experiência do brincar livre no micro parque naturalizado, e irão conhecer o processo natural de compostagem. Da praça faremos uma pequena caminhada lúdica, passando pela Mini Floresta Urbana e pelo “Parque das Cores do Escuro”, na Praça Soichiro Honda, até chegar na Oca, no Parque Ibirapuera.

Ativações: 

Horário: 10h às 20h

Flora: infância em movimento: Parque naturalizado pop-up para crianças pequenas e bebês, com atividades e brincadeiras com materiais naturalizados.

Ecobairro e Paisagem Design Regenerativo: Maquete interativa de cocriação de espaços naturalizados e biofílicos de brincar.

Descobrir Brincando: Espaço de Convivência e Leitura para famílias de 0-3 anos.A Bebeteca é um espaço seguro e intencionalmente planejado para que crianças pequenas acompanhadas por seus cuidadores possam desfrutar, aonde o bebê encontrará desafios motores, livros e objetos para exploração.

Gratuito

O debate Agriculturas Urbanas: a circularidade do alimento na cidade, se inicia com a apresentação do programa Sampa + Rural da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, e continua com o projeto Your greenhouse is Your Kitchen, do escritório Office for Roundtable, e representantes das organizações Pé de Feijão e Comida do Amanhã, com a mediação de Vitória Leão. O debate evidencia a relação da agricultura urbana com o planejamento e gestão urbana, revelando os fluxos do alimento na cidade, considerando dimensões da proximidade e da circularidade. A agricultura urbana não é uma só, mas é diversa: a produção de alimento dentro da cidade acontece de forma capilarizada nos territórios, e portanto em diferentes tipologias, relações, modos e meios. Plantar comida na cidade desmonta o paradigma urbano rural e possui desafios imensos, dentre eles o uso do solo, a logística, o acesso a recursos e a intersetorialidade da pauta.

As experiências apresentam boas práticas das etapas do desenho do sistema alimentar urbano, ligadas à produção, comercialização, aquisição e ao aproveitamento do alimento, de modo que inspiram pensar as cidades a partir da produção de alimentos agroecológicos, com utilização responsável dos recursos naturais, respeito à biodiversidade, transformação dos resíduos e acesso democrático a refeições saudáveis e regulares.

Vitória Leão – CPDA/UFRRJ
Pesquisadora e doutoranda no Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA/UFRRJ). Mestra em Ecologia Aplicada pela ESALQ/USP, especializa-se há mais de dez anos na análise da categoria agricultura familiar no Brasil e possui experiência consolidada em estudos e na promoção de ações públicas na temática da agricultura urbana e periurbana em diferentes municípios brasileiros.

Lia Palm – Sampa + Rural
Cientista social pela Universidade de São Paulo e mestre em políticas públicas e gestão governamental pela Fundação Getúlio Vargas. Atua como Coordenadora de Agricultura, na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, e é Analista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (APPGG), cargo efetivo da Prefeitura de São Paulo. A partir de 2019 passou a atuar com as temáticas de agricultura urbana e periurbana, na equipe de gestão do Projeto Ligue os Pontos. No início de 2022 ampliou sua atuação em prol da Agricultura Urbana e Periurbana da cidade de São Paulo, ao passar a liderar a Coordenadoria de Agricultura no município e depois também a Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional.

Roberta Curan – Comida do Amanhã
É mestre em Ecologia Aplicada e graduada em Engenharia Ambiental. e trabalha no Instituto Comida do Amanhã como Gerente de Inteligência e Produção de Conhecimento, onde coordena e desenvolve a produção de pesquisas, policy papers, estudos e conteúdos gerais sobre sistemas alimentares sustentáveis. Seu trabalho no setor de ONGs ocorre em paralelo à pesquisa acadêmica; atualmente, é pesquisadora de doutorado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), com foco em sistemas alimentares sustentáveis e política alimentar.

Luisa Haddad
Lidera o Pé de Feijão, negócio de impacto que promove experiências que encantam, acolhem e apoiam as pessoas em suas jornadas para um estilo de vida cada vez mais saudável e sustentável utilizando as hortas urbanas, a alimentação, o consumo consciente e a compostagem como palco para democratizar informações sobre alimentação e meio ambiente, mostrando que o caminho para comer melhor pode ser uma experiência prática, gostosa e transformadora. O foco do seu trabalho é como a informação pode levar à mudança de comportamento alimentar e ambiental e à regeneração de espaços.

Leyuan Li – Office For Roundtable
Arquiteto, educador e pesquisador chinês cujo trabalho profissional e acadêmico se concentra em ambientes internos e urbanos na articulação de espaços e sociedades. Ele atuou internacionalmente na arquitetura, atuando no OMA, SOM e Affordable Housing Lab. É fundador do Office for Roundtable, um coletivo de design que explora diferentes formas e eventos de compartilhamento.

Gratuito

Inscrições:

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A Paisagem, a Geografia e os Pássaros Refugiados

A leitura-performática A Paisagem, a Geografia e os Pássaros Refugiados parte da destruição do Cerrado brasileiro e da memória da Revolução Verde para refletir sobre a relação entre paisagem, guerra e agricultura. O Cerrado, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, é também um dos mais agredidos pelo avanço do agronegócio, das monoculturas e da exploração intensiva dos recursos naturais. A performance conecta esse processo às lógicas de controle e vigilância herdadas de tecnologias militares, revelando como a guerra se reinventa no território por meio da agricultura moderna.

Inspirada pelas reflexões de Edward Said em Invenção, Memória e Lugar, a obra interroga como narrativas, memórias e invenções geográficas são mobilizadas para apagar ecossistemas, modos de vida e histórias coletivas, instaurando uma memória seletiva que favorece o poder. Nesse contexto, as aves que deixam o Cerrado em ruínas e buscam refúgio nas cidades aparecem como metáforas vivas do deslocamento forçado, tornando-se testemunhas de um colapso socio-ambiental.

Entre fragmentos de textos, imagens e voz, a performance traça uma cartografia das migrações — de animais, memórias e pessoas — que emergem de um território em transformação e desaparecimento. O trabalho convida o público a pensar a paisagem não apenas como cenário, mas como campo de disputa política e simbólica, onde se cruzam a violência da guerra, a invenção da memória e a urgência de repensar as geografias do presente.

Gratuito

Inscrições:
As inscrições devem ser feitas aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.


O ambiente construído atualmente é responsável por 23–40% das emissões urbanas globais e está associado a riscos climáticos significativos, como calor extremo e inundações nas cidades. Com o aumento da população urbana, a demanda por novas edificações, espaços públicos e infraestrutura só crescerá: estima-se que 60% do ambiente construído que existirá em 2050 ainda não foi construído. Por esse motivo, a transição verde é crucial. Nesta sessão reuniremos formuladores de políticas, arquitetos e pesquisadores para explorar de forma prática como podemos alcançar essa meta. Com estudos de casos reais e expertise global, esta sessão demonstrará como a transformação do ambiente construído no caminho da sustentabilidade e resiliência é uma oportunidade vital para cidades ao redor do mundo.

Mesa de debates com:

Elisabete França, Secretária Municipal de Urbanismo e Licenciamento de Sao Paulo

Maria Teresa Fedeli, Secretária Executiva do Programa Mananciais (SEHAB)

Fábio M. Espíndola, Analista de Politicas Publicas e Gestao Governamental na SECLIMA – São Paulo

Denise Duarte, Professora Titular na FAU-USP

Riciane Pombo, Arquiteta no escritório de arquitetura Guajava

Marcella Arruda, presidente do instituto A Cidade Precisa de Você e cofundadora da Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo

Moderação:

Birgitte Krohn, Conselheira para Cidades – Consulado da Dinamarca no Brasil

Henrique Goes, Gerente em Construção Sustentável no C40 Cities

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Instituto de Arquitetos do Brasil do Tocantins (IAB/TO), com patrocínio da Prefeitura de Palmas, apresenta os parques urbanos lineares da cidade de Palmas: Cesamar, dos Povos Indígenas e dos Pioneiros, este em fase de idealização.
Os habitantes de Palmas entendem que seus parques urbanos são ambientes naturais em meio ao urbano “acomodado”, e que garantem a qualidade de vida e ambiental no processo evolutivo da cidade, adaptando-a ao atual cenário de urgência climática.

O Projeto Urbanístico de Palmas

Resguardada a origem do Estado do Tocantins e sua capital ecológica, Palmas (ver painel 1), o projeto urbanístico de Palmas – idealizado pelos arquitetos Luís Fernado Cruvinel e Walfredo Antunes – foi impactado diretamente pelas características ambientais da região. Neste sentido, a preservação das massas de áreas verdes no entorno dos corpos hídricos que permeiam o urbano de Palmas, sempre foram tratadas como elementos prioritários de preservação e de uso sustentáveis de destinação pública.
O urbano, estruturado pelo cruzamento de duas vias arteriais, Av. Teotônio Segurado, no sentido norte-sul; e, a Av. JK, no sentido leste-oeste. No cruzamento delas, a Praça dos Girassóis, a quarta maior praça do mundo, onde se estabeleceram as sedes dos três poderes do Estado.
A partir desse ponto, o projeto previa seu crescimento gradual, num espaço planejado de aproximadamente 15km x 7km. No entanto, sua ocupação motivou ocupações periféricas, tanto ao norte, quanto ao sul do projeto da cidade, ampliando sua malha urbana para os atuais 25km x 8km.
Todavia, quer no planejado, quer no espontâneo, a preservação do ambiente natural, e a manutenção da biodiversidade ecológica iniciais são respeitadas na implementação da cidade e seus elementos, referendando o legado ecológico da ocupação do território de Palmas.

Parque Cesamar

O primeiro parque urbano de Palmas. Seu projeto urbanístico de autoria do GrupoQuatro, teve seu paisagismo implantado pelo então Presidente da Agência de Desenvolvimento do Tocantins (AD Tocantins), o Arq. Aílton Lélis.
A exemplo de outros parques urbanos, é o ponto de encontro dos palmenses para caminhada em trilhas, e possui equipamentos de lazer e de esporte para diversas faixas etárias. Em especial, o local oferta uma piscina pública no córrego Brejo Comprido.

Parque dos Povos Indígenas e Parque dos Pioneiros

Nas outras áreas da cidade, temos ao norte, o Parque dos Povos Indígenas e, ao sul, a proposta de instalação do Parque dos Pioneiros, ambos estabelecidos em áreas inicialmente reservadas no projeto de Palmas, e que buscam ofertar mais serviço ambiental e de lazer para as famílias residentes no seu entorno, a exemplo do Parque Cesamar. Para mais detalhes da estrutura ofertada nestes parques, observar os painéis 1 e 2.
Ressaltamos que a orla fluvial do Parque dos Pioneiros será objeto de concurso nacional.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Em uma escala como a da cidade de São Paulo, o enfrentamento das mudanças climáticas demanda a articulação de três fatores: soluções projetuais, planejamento urbano e políticas públicas. Este espaço busca demonstrar como a ação do poder público é diversa e enfrenta o desafio de equacionar diversas escalas, do lote ao município, além de mobilizar diversos atores sociais.

Em síntese, o espaço da Prefeitura é um convite a uma reunião em volta de uma mesa no qual o assunto gira em torno de São Paulo. Trata-se de um ambiente para que todos e todas possam ver nossa cidade, conhecê-la, e discutir sua feitura.

O ambiente é composto de um prisma de lado 4 metros, altura de 1,3 metro e elevado a 2 metros do chão, o qual delimita o espaço; e de uma maquete central, de 1,5 por 2,1 metros, que funciona como ponto de encontro. Externamente, a exposição apresenta ao visitante uma linha do tempo intitulada “Parques Paulistanos: 200 anos de história”, na qual estão dispostas todos os anos correspondentes às inaugurações dos parques municipais, além de outras informações referentes à criação de órgãos públicos e eventos importantes para que políticas públicas se desenvolvessem. Internamente, as paredes do prisma são revestidas de telas que expõem um vídeo explicativo intitulado “São Paulo: um projeto de sustentabilidade”. Para localizar no território os planos e projetos da cidade, são projetados mapas sobre uma grande maquete topográfica. A profusão de imagens e pontos de vistas guiadas por um único áudio permite que o vídeo seja assistido mais de uma vez, variando o enfoque pretendido.

A exibição associa projetos de parques, políticas para retrofit, novos edifícios públicos sustentáveis e outras ações do poder público para demonstrar a complexidade de se intervir em uma capital de tantos superlativos. Para isso, são mencionados: Plano Diretor; Requalifica Centro; Subvenção Econômica; a nova frota de ônibus elétricos; Bonde SP; Bairro Conectado: terminal Sapopemba; Plano Hidroviário; Aquático SP; Parque Jardim da Luz; Parque Linear Córrego do Bispo; Parques da Borda da Cantareira; Plano Municipal da Mata Atlântica; Parque Apurá-Búfalos; Parque Natural Fazenda do Carmo; Parque Natural Cabeceiras do Aricanduva; Casa de Cultura Cidade Ademar; Parque Jardim do Éden; Parque Jardim Castelo; Parque Ribeirão Caulim; Sampa+Rural; Plano Municipal de Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável; Programa Operação Trabalho, da Prefeitura; e o Plano de Ação Climática.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O edifício Virginia foi inaugurado em 1951, projetado pelo arquiteto José Augusto Bellucci e engenheiro Luiz Maiorana.

O prédio foi encomendado pela família Matarazzo para servir de renda para Virginia Matarazzo Ippolito. Com 11 pavimentos, dois blocos de apartamentos e quatro lojas no térreo, foi um residencial de alto e médio padrão nas suas primeiras décadas.

Com o declínio econômico da região central na década de 1970 o prédio passou de residencial para comercial e aos poucos foi sendo abandonado, fechando as portas em 2019. Em 2020 foi adquirido pela Somauma, incorporadora focada em retrofit.

O novo projeto, desenvolvido pelo Metrópole Arq, partiu de uma leitura aprofundada do edifício existente, tendo como objetivo adaptá-lo ao novo contexto respeitando suas qualidades arquitetônicas. A fachada será restaurada mantendo suas características formais e de acabamentos. Os apartamentos foram redesenhados para atender às novas demandas de moradia da região, com unidades de 26 a 182 m² que se encaixam à modulação do edifício, preservando os pisos de taco, o acesso às varandas, os janelões, o pé direito alto, boa iluminação e ventilação natural. Todos os caixilhos e guarda-corpos foram substituídos, atendendo às novas configurações do espaço, desempenho termoacústico e normas de segurança.

As prumadas de circulação foram atualizadas para atender as normas de segurança. Todas as instalações hidráulicas e elétricas foram refeitas considerando as novas demandas do edifício.

O edifício conta com áreas comuns para academia, lavanderia e bicicletário. As lojas do térreo serão reabertas para a calçada e será criada uma galeria conectando as ruas Martins Fontes e Álvaro de Carvalho.

Na cobertura foi projetado um espaço comercial que permite uma vista surpreendente do entorno. Esse espaço recebe uma estrutura leve de laminada colada e um jardim com espécies nativas

Metrópole Arquitetos
Em duas décadas de existência, o Metrópole_arq é responsável por projetos que estão presentes na cena cultural do país, sendo eles públicos ou privados e de diferentes escalas. O escritório atua com ênfase em expografia e preservação de patrimônio cultural e seus atuais sócios, Anna Helena Villela, Silvio Oksman e Ana Paula Pontes, participam ativamente, em conjunto e/ou individualmente, de projetos desenvolvidos em museus e espaços culturais em todo o Brasil.

FICHA TÉCNICA:
LOCAL: São Paulo, Brasil.
ANO: 2025
EQUIPE METRÓPOLE ARQUITETOS:
Silvio Oksman, Lia Soares, Mariah Peruzzo, Camila Vasconcelos, Amanda Klajner, Eric Dick, Fabiana Costa, Micaela Kosmalski.
INCORPORAÇÃO E OBRA:
Somauma
GERENCIAMENTO:
Tools Engenharia
ESTRUTURAS EM MADEIRA:
Ita Construtora
PROJETO DE ILUMINAÇÃO:
Lux Projetos
ARQUITETURA DE INTERIORES
Belezas Imperfeitas
MODELAGEM BIM:
Estudio +1
SISTEMAS:
Adolfi, RRP Projetos e RGK
ESTRUTURAS:
Emplatec
CONSULTORIA DE CAIXILHOS:
Polar Ltda
BOMBEIROS:
Engeplot
VEDAÇÕES E DESEMPENHO:
Versalit
CONSULTORIA DE ACESSIBILIDADE:
Inovatech

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Formosa Hi-Fi é um bar de audição de música em alta fidelidade, localizado em uma galeria subterrânea que integra o conjunto do Viaduto do Chá, construído na década de 30 e hoje protegido pelos órgãos de preservação. O projeto, elaborado em parceria com o escritório Acústica e Sônica, teve como partido a integração entre acústica, arquitetura e patrimônio.

O espaço tem acesso por uma galeria subterrânea que atravessa a Rua Xavier de Toledo. Também tem abertura para a fonte dos suspiros, junto a escadaria que faz a passagem do Teatro Municipal para o Vale do Anhangabaú. Nesse local, o espaço do Formosa se amplia para fora, com uma perspectiva urbana extraordinária.

Todo o ambiente foi revestido com painéis de acústicos de madeira, que preservam as paredes originais de mármore e tem desenho inspirado no padrão das portas e janelas de serralheria existentes. Na área do bar e DJ, o mesmo painel recebe nichos iluminados para a exposição dos discos de vinil.
Para o forro foi pensado um plano iluminante. As luminárias estão conectadas a um sistema de automação que permite infinitas combinações de iluminação que podem ser sincronizadas com a música.

O bar e a área do DJ foram posicionados em fita, aproveitando um balcão existente, de frente para o salão, conservando seu espaço amplo. Atrás do painel de madeira há um corredor de serviços, onde estão geladeiras, estoques, equipamentos etc. As áreas de cozinha, bar e sanitários possuem piso elevado para evitar intervenções no piso existente. O único banheiro existente foi reformado e adaptado para receber um banheiro acessível em nível.

Todas as instalações elétricas, hidráulicas e de climatização foram atualizadas. As novas instalações passam aparentes pelo teto, mas são quase imperceptíveis pois passam acima do plano de luminárias.

Metrópole Arquitetos
Em duas décadas de existência, o Metrópole_arq é responsável por projetos que estão presentes na cena cultural do país, sendo eles públicos ou privados e de diferentes escalas. O escritório atua com ênfase em expografia e preservação de patrimônio cultural e seus atuais sócios, Anna Helena Villela, Silvio Oksman e Ana Paula Pontes, participam ativamente, em conjunto e/ou individualmente, de projetos desenvolvidos em museus e espaços culturais em todo o Brasil.

Acústica e Sônica
Acústica & Sônica, fundada em 1962, atua em áreas inter-relacionadas como acústica, controle de ruído, áudio e vídeo, iluminação cênica, tecnologia de palco e planejamento espacial. Desde 2001, mantém parceria permanente com a empresa norte-americana Akustiks (South Norwalk, CT), com projetos realizados nas Américas, Europa, África e Ásia. A equipe tem ampla experiência em edifícios históricos e culturais, com destaque para a Sala São Paulo, Sala Cecília Meireles, Teatros Municipais de São Paulo e Rio de Janeiro, Praça das Artes, Teatro Cultura Artística, Teatro Castro Alves, David Geffen Hall (Nova York), Teatro Amira de la Rosa (Colômbia) e o Convento do Carmo (Salvador), entre outros.

LOCAL:
São Paulo, 2025
PROJETO DE INTERVENÇÃO:
Acústica e Sônica e Metrópole Arq
EQUIPE METROPOLE ARQ:
Silvio Oksman, Anna Helena Villela,
Camila Vasconcelos, Lia Soares,
Eric Dick, Fabiana Costa.
EQUIPE ACÚSTICA E SÔNICA:
José Augusto Nepomuceno, Julio Gaspar e Julia Batista
GERENCIAMENTO E INSTALAÇÕES:
100 Engenharia, Tatiana Bianchi e Rosana Nakano
CONSTRUÇÂO: Lar Engenharia
AUTOMAÇÃO: Taboada Elétrica e Automação
LUMINOTÉCNICA: Lux Projetos
MOBILIÁRIO: Faher
FOTOGRAFIA: Dandara Bettino
ÁREA: 940 m²

Implantação do projeto: Jamaica
Desenvolvimento do projeto: Alemanha

Estudante: Vanessa Verona Herold
Orientação: R. Radulova-Stahmer & V. Katthagen

Costa Viva – Ancestrando o Futuro da Jamaica é uma proposta de design visionária dedicada a regenerar e proteger os frágeis ecossistemas costeiros da Jamaica. Concebido como uma rede de sete estações de reabilitação, o projeto se estende ao longo do litoral da ilha e aborda habitats diversos: orlas urbanas, manguezais, zonas de água salobra, prados de gramas marinhas e recifes de coral, ambientes de mar profundo, e praias arenosas e rochosas. Cada estação atua como um ponto de ancoragem, estrategicamente projetado para enfrentar os desafios de seu ambiente específico, contribuindo para um sistema de recuperação maior e interconectado.

As intervenções unem adaptação climática, restauração de ecossistemas e engajamento comunitário. Zonas úmidas flutuantes filtram a água e criam habitats para espécies aquáticas; quebra-mares bioativos protegem o litoral enquanto abrigam a biodiversidade marinha; viveiros de mangue e coral cultivam vida para reintrodução em áreas degradadas. Piscinas de resgate animal, pontes ecológicas e caiaques microfiltradores ilustram como estratégias baseadas na natureza podem se fundir com a arquitetura e o paisagismo. Esses exemplos são parte de uma visão mais ampla: juntas, as sete estações formam uma estrutura holística e transferível que fortalece a resiliência e redefine como os humanos interagem com as paisagens costeiras.

Embora todas as estações tenham sido exploradas conceitualmente, três foram estudadas em maior profundidade para exemplificar a abordagem estratégica: a Estação de Mangue em Jackson Bay, onde viveiros e passarelas elevadas restauram um vital sumidouro de carbono; a Estação de Praia Arenosa e Rochosa em Unity Bay, onde a costa e as tartarugas marinhas são protegidas por meio de defesas bioativas e um centro de resgate; e a Estação de Estuário em Buff Bay, onde pontes ecológicas e piscinas de retenção de água revitalizam frágeis fozes de rios. Juntas, elas demonstram como estratégias adaptadas localmente se tornam parte de um único sistema vivo.

Por trás deste projeto está Vanessa Verona Herold, uma mestranda alemã-jamaicana em Arquitetura na Jade University of Applied Sciences em Oldenburg, Alemanha. Após concluir sua graduação com distinção, ela está atualmente finalizando sua tese de mestrado com resultados excelentes. Seus estudos anteriores em Arte, Mídia, Filosofia e Ética moldaram uma abordagem de design criativa, porém reflexiva, equilibrando imaginação artística com um profundo senso de responsabilidade ecológica. Com foco em edificações culturais públicas e design urbano, ela integra consistentemente dimensões sociais e ambientais em seu trabalho.

O projeto foi desenvolvido no âmbito da disciplina de mestrado “Projeto de Design Individual” sob a orientação da Prof.ª Dr.-Ing. Radostina Radulova-Stahmer (Design Urbano Regenerativo) e do Prof. Dipl.-Ing. M.Sc. Volker Katthagen (Design Urbano e Planejamento Paisagístico). Ambos a encorajaram a explorar a interseção entre arquitetura, ecologia e comunidade, enquanto ela concebeu e desenvolveu o conceito de forma independente.

Para Herold, Costa Viva é mais do que um exercício acadêmico — é uma visão pessoal profundamente conectada à sua herança jamaicana e à sua convicção de que a sustentabilidade na arquitetura deve ir além do design centrado no ser humano. “A sustentabilidade”, ela enfatiza, “não é opcional. É uma responsabilidade fundamental — para com as futuras gerações, para com o passado que honramos e para com os ecossistemas dos quais dependemos.”

Ao ancorar a recuperação ecológica ao longo da costa jamaicana, Costa Viva oferece não apenas um roteiro esperançoso para a conservação da biodiversidade e a resiliência climática, mas também uma estratégia escalável para regiões costeiras em todo o mundo — uma promessa de salvaguardar a riqueza natural da ilha e inspirar futuros sustentáveis para as gerações que estão por vir.

A Secretaria Nacional de Periferias (SNP) convida estudantes de graduação em Arquitetura e Urbanismo e todas as pessoas interessadas a participarem da Mesa de Debate Conhecer para Transformar: Mapeamento Popular e Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática.

A Mesa de Debate (16h às 18h) faz parte da atividade geral Periferia sem Risco, a ser realizada durante todo o dia 10/10/2025, no Auditório da Oca, no Parque do Ibirapuera, das 14h às 20h30.

As ações da SNP para promoção do mapeamento popular de territórios periféricos, de prevenção de risco e adaptação climática e a iniciativa CEP para Todos serão apresentadas destacando o protagonismo comunitário como fundamento para viabilizar o processo de adaptação das periferias urbanas às mudanças climáticas.

O objetivo é apresentar formas de mapeamento e visibilização dos territórios periféricos, a partir da lente técnico-comunitária e sua contribuição aos processos e ações para adaptação climática.

A Mesa será organizada em 3 momentos:
1- Apresentação Mapeamento Popular e CEP para Todos: formas de produção cidadã de dados e Rede Nós Periféricos

2- Apresentação Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática: formas de articulação técnico-comunitárias e implementação de ações contextualizadas a partir das realidades socioterritoriais

3- Perguntas e Respostas/ Debate coletivo sobre SBN e SBN nas Periferias: desafios técnico-comunitários e potencial contribuição para a adaptação das periferias urbanas às mudanças climáticas
Participantes:
Representantes da Secretaria Nacional de Periferias e Lideranças comunitárias de territórios periféricos envolvidos nas ações

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A Secretaria Nacional de Periferias (SNP) convida estudantes de graduação em Arquitetura e Urbanismo e todas as pessoas interessadas a participarem da Mesa de Debate Adaptação inclusiva e novas formas de intervir: Soluções Baseadas na Natureza nas Periferias.

A Mesa de Debate (18h30 às 20h30) faz parte da atividade geral Periferia sem Risco, a ser realizada no dia 10/10/2025, no Auditório da Oca, no Parque do Ibirapuera, das 14h às 20h30.
As ações da SNP para promoção da adaptação inclusiva das periferias urbanas às mudanças climáticas, através da implementação de Soluções Baseadas na Natureza, serão apresentadas com foco nas inovadoras abordagens de leitura técnico-comunitária, metodologias de projeto multiescalar e repertório técnico.

O objetivo é debater o alcance das de Soluções Baseadas na Natureza para adaptação das periferias e sua possível contribuição para diversificação das formas de infraestruturação desses territórios.

A Mesa será organizada em 3 momentos:
1- Apresentação da política pública SBN nas Periferias

2- Ações SBN nas Periferias:
SBN Protótipo: projetos de pesquisa e extensão envolvendo SBN em Belém/UFPA e Ilhéus/UFSB
Estudos de Viabilidade SBN: estudos técnicos para implementação de Arranjos SBN em Ceilândia/DF e Diadema/ SP (em parceria com VDFresta)
Periferias Verdes Resilientes em parceria com Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima

3- Perguntas e Respostas/ Debate coletivo sobre SBN e SBN nas Periferias: desafios técnico-comunitários e potencial contribuição para a adaptação das periferias urbanas às mudanças climáticas

Participantes:
Anita Rodrigues Freire, arquiteta urbanista. Desde 2013 se dedica exclusivamente aos projetos e obras realizados pela Oficina d.a. e pelo Grupo Fresta.

Carolina Jessica Domschke Sacconi, arquiteta urbanista. Desde 2009 se dedica aos trabalhos do Grupo Fresta e é sócia e coordenadora da VD Arquitetura desde 2018, unindo muitas vezes os dois escritórios em um só trabalho.

Leonardo dos Santos Varallo, graduado em Engenharia Ambiental e Urbana e Coordenador Geral de Planos de Riscos e SBN da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades.

Jordana Alca Barbosa Zola, arquiteta urbanista. Consultora da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades para estruturação da política pública SBN nas Periferias.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A Secretaria Nacional de Periferias (SNP) convida estudantes de graduação em Arquitetura e Urbanismo e todas as pessoas interessadas a participarem da Mesa de Debate Novas formas de ver: Periferia Sem Risco no contexto de mudanças climáticas.

A Mesa de Debate (14h às 15h30) faz parte da atividade geral Periferia sem Risco, a ser realizada durante todo o dia 10/10/2025, no Auditório da Oca, no Parque do Ibirapuera, das 14h às 20h30.

As ações da SNP para identificação e mapeamento de riscos em territórios periféricos serão apresentadas com foco nas inovadoras abordagens de leitura técnico-comunitária e na aplicação de novas tecnologias de mapeamento e modelagem de terreno para elaborar estratégias de mitigação do risco e qualificação das diversas formas de ocupação periférica.

O objetivo é discutir como a produção social do risco se materializa nas ocupações periféricas e como as formas de identificação e mapeamento de risco devem ser aplicadas para fortalecer os laços comunitários, a autonomia e a resiliência das populações periféricas frente aos desastres agravados pelas mudanças climáticas.

A Mesa será organizada em 3 momentos:
1- O que é Periferia sem Risco?
O processo de identificação e mapeamento como subsídio a ações de qualificação dos territórios periféricos

2- Perguntas e Respostas/ Debate coletivo sobre a construção social do risco e a estratégia Periferia Sem Risco: desafios técnico-comunitários e potencial contribuição para a adaptação das periferias urbanas às mudanças climáticas

Participantes:
Leonardo dos Santos Varallo, graduado em Engenharia Ambiental e Urbana e Coordenador Geral de Planos de Riscos e SBN da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades.

Jordana Alca Barbosa Zola, arquiteta urbanista. Consultora da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades para estruturação da política pública SBN nas Periferias.

Julia Ladeira, geógrafa e consultora técnica da Secretaria Nacional de Periferias no DPR, com foco na promoção da política de Planos Comunitários de Redução de Risco e Adaptação Climática (PCRA)

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Palestra e debate com Akemi Ino, Leticia Grappi, Natalia Lessa, Karina Schwartzman e mediação de Graziela Nivoloni

Leticia Grappi
Arquiteta pela UFBA, busca trabalhar com projetos e obras de baixo impacto ambiental. Arquiteta responsável pela construção de uma escola e biblioteca no Assentamento João Amazonas, em Ilhéus (BA). Compôs a Coordenação do Congresso TerraBrasil 2024, foi conselheira da Rede TerraBrasil de 2022 a 2024, revisora técnica do livro Manual de Construção com Terra, do Gernot Minke, co-criadora do mapadaterra.org e criadora do grupo Mulheres na Bioconstrução.

Akemi Ino
Professora Livre Docente, Associado Doutor (2008) no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU USP), atualmente Vice-Diretora do IAU (2024-2028), ocupou cargo de Vice-Presidente da Comissão de Pós-Graduação do IAU na gestão 2016-2018 e 2018-2020, orientadora de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP é coordenadora do Grupo de Pesquisa HABIS (Habitação e Sustentabilidade), criado em 1993 cadastrado no Diretório CNPq. Graduada em Engenharia Civil pela USP (1979); Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela EESC USP (1984-Casa provisória utilizando papelão ondulado); Especialização na Osaka City University (1987) Habitação Japonesa em Madeira; Doutorado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica USP (1992) Sistema Estrutural Modular em Eucalipto Roliço para Habitação e Livre Docência pelo IAU USP (2008) Tecnologias em habitação social, Pesquisa, Extensão e Ensino, uma reflexão da trajetória na universidade pública.

Natália Lessa
Sócia fundadora da Arquivo e graduada em Arquitetura pela UFBA (Universidade Federal da Bahia). Coordena a desmontagem e recirculação de materiais provenientes de imóveis da cidade de Salvador, fornece consultorias sobre políticas públicas relacionadas à desmontagem e à economia circular para clientes públicos e privados. Participou academicamente de bancas de projetos em universidades nacionais e internacionais (Architectural Association UK, UFBA, UFMG, SENAI, UFRJ).

Karina Schwartzman
Arquiteta pela Universidade Ibero-Americana, com mestrado em Arquitetura Bioclimática pelo Isthmus Panamá. Fundadora do escritório de arquitetura Tecorral Estudio, com mais de 15 anos realizando projetos em diferentes escalas, desde planos mestres, casas, reconversões de imóveis e mais. Conta com especialidades em design regenerativo, biomimética, design de ecovilas e permacultura, Alquimia Gaia, U-lab, coaching transformacional e ecologia profunda. É docente na Universidade Ibero-Americana da Cidade do México, em projetos de Incidência Socioambiental, onde ganhou o prêmio UBUNTU. Junto com Karen Poulain, Alan Cohen e Diego Pontones, fundou a SEED, empresa focada na inovação de técnicas de construção com terra, como terra vertida e Impressão 3D com terra. Atualmente estão construindo o primeiro módulo habitável autoportante na América Latina impresso em 3D. Além disso, contam com um laboratório onde realizam eventos e workshops focados em compartilhar conhecimentos sobre técnicas ancestrais de construção com terra e biomateriais.

Graziela Nivoloni
Arquiteta e Urbanista, com mestrado em Design pela Universidade de São Paulo, Graziela Nivoloni atua na confluência entre educação, natureza e organizações por meio de abordagem sistêmica e inteligência coletiva. No IED, lidera o Laboratório de Biodesign | Circularidade e Biomateriais, coordena a graduação em Design de Produto e Serviço e os cursos em parceria com a Casa Vogue, onde também integra o conselho acadêmico do Centro de Inovação, Design e Negócios (CR+IED).

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A mesa propõe um diálogo sobre projetos que apontam caminhos para a preservação da sociobiodiversidade nas cidades. Serão apresentados e discutidos exemplos que envolvem a integração entre comunidades locais e paisagem, a promoção de cadeias produtivas sustentáveis e o desenvolvimento de soluções baseadas na natureza. O debate também abordará iniciativas que ampliam os espaços verdes, criam paisagens favoráveis à vida silvestre e estimulam a consciência coletiva sobre a importância da conservação ambiental. Esta discussão conecta-se diretamente a um dos eixos temáticos centrais da Bienal, Preservar as florestas e reflorestar as cidades, incorporando radicalmente a biodiversidade como forma de reversão do aquecimento global.

Participantes convidados:

Patricia Sanches – selo CAIXA de gestão sustentável
Ricardo Cardim – Paisagista, botânico e diretor da Cardim Arquitetura Paisagística
Adriana Afonso Sandre – Arquiteta paisagista, bióloga, professora doutora na FAUUSP e pesquisadora pela FAPESP
Oscar Bressane – Arquiteto paisagista e diretor da Oscar Bressane Arquitetura e Paisagismo

Debatedora convidada:
Marina Bragante – Vereadora de São Paulo – Rede Sustentabilidade

Mediação:
Mediação: Leandro Fontana – IABsp

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Pavilhão da Oca | 1º andar | Lab Vivo

O workshop explorará o potencial de biomateriais marinhos , a partir do projeto CONQ, desenvolvido por Heidi Jalkh e Angie Dub. Inspirada na natureza, esta solução investiga como materiais como as conchas marinhas — podem transformar resíduos em biocerâmica em temperatura ambiente. Essas biocerâmicas figuram como alternativa sustentável para sistemas de revestimento de fachadas de edifícios, monomateriais projetados sob medida para alcançar uma variedade de propriedades mecânicas e estéticas. Ao mesmo tempo, os participantes são convidados a refletir sobre os impactos ambientais e sociais do uso de resíduos como recurso, destacando o potencial dos biomateriais de origem marinha no design regenerativo e na economia circular local.

Todos os anos, mais de 10 milhões de toneladas de conchas — principalmente de ostras, vieiras e mexilhões — são descartadas como resíduo. Este projeto investiga como os recursos de origem marinha, frequentemente negligenciados como subprodutos, podem servir de base para a experimentação material na arquitetura, no design, no artesanato e na ciência. Ele destaca práticas materiais inovadoras que redefinem a relação entre o ambiente construído e os ecossistemas que o sustentam.

Abrangendo múltiplas escalas — desde edifícios e elementos construtivos até cadeias de valor material— o projeto examina como o design pode fomentar novas interdependências entre materiais, construção e sistemas ecológicos.

No centro desta investigação está a pesquisa colaborativa da arquiteta ambiental Angie Dub e da designer experimental Heidi Jalkh, que vêm transformando conchas descartadas em um material sustentável para o ambiente construído. Ao combinar conchas trituradas com biopolímeros à base de algas, elas produzem uma biocerâmica sem uso de calor, composta inteiramente de biomassa marinha. Esta pesquisa baseada na prática repensa as cadeias de valor biorregionais, explorando o potencial dos resíduos marinhos dentro de territórios urbanos como Buenos Aires e Berlim, cidades onde as designers estão sediadas.

Por meio de protótipos, matérias-primas, componentes moldados e amostras de teste desenvolvidas durante a fase de pesquisa, o projeto oferece uma exploração detalhada da transformação do material — da concha ao produto final.

CONQ apresenta um sistema construtivo modular emergente, ilustrando o potencial de aplicação dessa biocerâmica à base de conchas e apontando para futuras trajetórias de pesquisa. Além disso, as amostras de materiais revelam a diversidade de cores e acabamentos que emergem naturalmente de diferentes espécies de conchas, demonstrando a variabilidade inerente do material e o equilíbrio do design entre desempenho mecânico e versatilidade estética.

O projeto enfatiza a urgência de uma transição das práticas extrativistas para economias regenerativas e circulares. Em vez de considerar os recursos naturais como elementos inertes e meramente extraíveis, propõe uma abordagem dinâmica e sistêmica, que reconhece as profundas interconexões entre materiais, edificações e os ecossistemas que os sustentam.

Implantação do projeto: Austrália
Desenvolvimento do projeto: Austrália

Peter Stutchbury Architecture (PSA) é um coletivo de indivíduos únicos que praticam arquitetura com mente aberta e abordagem experimental. Eles possuem o talento que mantém os padrões de design, qualidade e entrega. Sua compreensão das tarefas da arquitetura, juntamente com suas habilidades para aprimorar o trabalho, contribuem unmistakavelmente para o resultado social e profissional dos projetos do escritório.

O trabalho da PSA é especializada e inventivamente responsivo ao contexto ambiental e físico, tanto na forma quanto na tecnologia. Buscando beleza e clareza, enquanto sempre mantêm a terra em mente, suas obras construídas situam-se de forma confortável e consciente em seu contexto — elas conectam.

A PSA é reconhecida na Austrália por sua abordagem inovadora em sustentabilidade e design na prática da arquitetura. O principal do escritório, Peter Stutchbury, atua de forma independente desde 1981, produzindo uma ampla variedade de trabalhos. Seus projetos têm sido publicados e aclamados internacionalmente. A obra da PSA está representada em edições do Atlas Mundial da Phaidon.

Desde 1995, o escritório conquistou 75 prêmios do Royal Australian Institute of Architects, incluindo 17 Prêmios Nacionais. Em 2003, a PSA tornou-se a primeira empresa a ganhar os dois principais prêmios de arquitetura do país, repetindo esse feito em 2005. Em 1999, venceram o National Metal Industries Award of Excellence e, em 2000 e 2008, o Australian Timber Award. Em 2001, o trabalho da PSA foi o principal contribuidor para que a Universidade de Newcastle ganhasse o Prime Minister’s National Environmental Banksia Award. Em 2006, a PSA foi vice-campeã do prêmio “Arquiteturas Inovadoras – Design e Sustentabilidade”, na Itália, e, em 2008, a firma venceu o International Living Steel Award na Rússia. A Peter Stutchbury Architecture exibiu seus trabalhos na Austrália, Alemanha, Luxemburgo, França, Nova Zelândia, África do Sul, Namíbia, EUA, Japão, Eslovênia e na Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália, em 2006 e 2008. A PSA é expositora anual na GA Gallery, em Tóquio.

Desde o início dos anos 90, o escritório venceu ou foi classificado em 21 competições nacionais e internacionais, enquanto produzia uma variedade de edificações em todas as disciplinas da arquitetura. Da pequena Israel House em Pittwater (Menção Honrosa Robin Boyd, 1995) ao significativo Edifício de Ciências da Vida da Universidade de Newcastle (Prêmio Sir John Sulman, 2001), seu trabalho mantém consistentemente um alto nível de reconhecimento em design. O escritório concluiu obras no exterior em Papua Nova Guiné, Vanuatu, Japão, Rússia, e possui um projeto em andamento em Taiwan.

Estudantes: Ishiyama, Condori, Fuentes, Meneses, Paucar, Quispe

Lima está localizada em um dos poucos vales do deserto do litoral peruano e é um grande atrator de população que migra em busca de oportunidades. A cidade cresceu de forma desordenada, recebendo população do interior que se instala de forma precária, geralmente em locais vulneráveis e inadequados.
San Juan de Lurigancho (SJL) é o distrito com maior população de Lima e é um claro reflexo do fenômeno de transbordamento da cidade.


“San Fernando” está localizado no setor 4 de SJL, sendo formado por um grupo de comunidades jovens que compartilham uma escola, empreendimentos e um único espaço público.

O espaço público é composto por 3 plataformas dispostas de forma descendente. A plataforma baixa é a quadra de vôlei, a intermediária é a laje de multiuso e a pequena superior é a área de jogos. O projeto propõe reutilizar a infraestrutura do local, fazendo pequenas melhorias para potencializar a atividade existente e promover novas através do uso do espaço flexível.

Estuda-se o percurso solar para ampliar os espaços de sombra e aproveita-se a ventilação natural. Produz-se energia para equipamentos e iluminação utilizando painéis solares, reutiliza-se as águas cinzas tratadas, para habilitar mecanismos hidráulicos para ajudar pessoas com deficiência e manter uma área verde comunitária.

Propõe-se a instalação de um reservatório para armazenamento de água e um sistema de distribuição por gravidade, para garantir o acesso ao recurso em períodos de seca, emergência ou desastre.

O projeto procura melhorar o setor fazendo muito com pouco. Buscamos que o bairro encontre no espaço público melhorado o suporte adequado para se reunir, se organizar e enfrentar os desafios.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Memorial Brumadinho é um espaço de memória e resistência, construído no local do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), para homenagear as 272 vítimas da maior tragédia humanitária do país. Resultado da mobilização histórica dos familiares, reunidos na Avabrum, o memorial nasceu do desejo de salvaguardar os segmentos corporais das vítimas e de ressignificar o território marcado pela lama, transformando-o em um lugar de reflexão, aprendizado e transformação. Aberto ao público em 2025, é gerido pela Fundação Memorial de Brumadinho, criada em 2023 para conduzir sua gestão e fomentar projetos de pesquisa e educação sobre memória, meio ambiente, direito, arquitetura e história.

O projeto, assinado pelo arquiteto Gustavo Penna e sua equipe da Gustavo Penna Arquitetos Associados (GPAA), propõe um percurso simbólico e sensível que parte de um pavilhão de entrada em concreto pigmentado com rejeito da mineração. Suas formas angulosas e fragmentadas remetem ao choque do rompimento, enquanto feixes de luz atravessam as frestas e, todos os anos no exato horário da tragédia, iluminam uma drusa de cristais em homenagem às “joias”, como os familiares chamam seus entes queridos.

A partir dali, a fenda, um corte de 230 metros no solo, conduz o visitante ao epicentro do desastre. As paredes exibem os nomes das vítimas, emergindo um a um ao longo do caminho. No ponto central, a escultura suspensa conhecida como “cabeça que chora” verte lágrimas sobre o concreto e leva a água, símbolo de memória e purificação, até o espelho d’água junto ao mirante. Ao redor, um bosque com 272 ipês-amarelos floresce como sinal de vida e continuidade.

Os espaços Memória e Testemunho, concebidos em diálogo com os familiares, guardam objetos pessoais, registros da tragédia e os segmentos corporais das vítimas, acolhidos com dignidade e profundo respeito. Para Carlos Antônio Leite Brandão, o memorial é uma “fortaleza da dor”, cujas frestas de luz rompem a penumbra e transformam o silêncio em presença. Já Milton Hatoum descreve o memorial como um gesto civilizador, capaz de “dar forma estética à tragédia” e de convocar as novas gerações a olhar criticamente para o passado com atenção ao futuro.

O Memorial Brumadinho assume a tarefa de manter viva a memória e de afirmar a dignidade das vítimas, recusando o esquecimento e reafirmando o direito à memória como fundamento da vida coletiva.

Implantação do projeto: China
Desenvolvimento do projeto: EUA

Sua Estufa é a Sua Sala de Estar é um dispositivo ambiental que amalgama as funções de estufa, cozinha externa e sala de estar. Ele especula sobre a capacidade de cultivar vegetais e compartilhar alimentos como um ato coletivo para combater extremos ambientais. Projetado para espaços urbanos abandonados e subutilizados, o pavilhão apresenta um conjunto de móveis móveis e operáveis que animam o entorno com racks de cultivo de vegetais, bancadas de cozinha e mesas dobráveis. Quando fechado, funciona como uma estufa que incentiva atividades de cultivo; quando aberto, transforma-se em uma sala de estar ao ar livre que promove novas formas de compartilhamento comunitário na vida urbana.
O pavilhão incorpora um microclima de cuidado que nutre tanto plantas quanto seres humanos. Promove um sistema de agricultura coletiva, no qual solos contaminados de terrenos agrícolas próximos são tratados in situ e armazenados em vasos portáteis projetados para cultivo comunitário e troca de produtos entre membros da comunidade. A água da chuva, coletada e filtrada por meio do reservatório metálico suspenso, circula no pavilhão para atividades de jardinagem e culinária. Graças a táticas espaciais que mitigam os desafios impostos pelo clima extremo em um contexto subtropical — como vãos estratégicos entre painéis que permitem o resfriamento passivo —, a estrutura proporciona um ambiente ideal para as plantas, oferecendo aos visitantes condições equilibradas de ventilação e sombreamento para coabitarem o espaço com plantas e outras espécies.

Office for Roundtable é um coletivo de prática de projeto e pesquisa liderado por Leyuan Li, atualmente sediado em Denver, Colorado, e Guangzhou, China. Seus projetos abrangem um amplo espectro de tipos e escalas na interseção entre o interior e o urbano, explorando espaços e eventos que facilitam o compartilhamento entre diversas comunidades para criar narrativas coletivas. Projetos construídos recentes foram destacados em PLOT, ArchDaily, Designboom, Architect’s Newspaper, Gooood e KoozArch, entre outros. Mais recentemente, o Office for Roundtable recebeu uma Menção Honrosa no AN’s Best of Practice Awards na categoria Architect (New Firm) – Southwest em 2025.
JXY Studio é um estúdio interdisciplinar de arquitetura e arte cofundado por Yue Xu e Jiaxun Xu. Nosso trabalho visa expandir os limites do projeto arquitetônico tradicional e explorar abordagens inovadoras para a construção do espaço e da narrativa por meio de uma gama mais ampla de mídias, envolvendo os campos do design, pesquisa e artes visuais, incorporando imagens, pintura, instalação, fotografia, imagem em movimento e outras formas multimídia. Combinando ampla experiência em criação digital, instalação espacial, reconceitualização artística do espaço e urbanismo inovador, cada projeto do estúdio está ancorado tanto em pesquisa lógica quanto em prática inventiva. Inspirados pela rica herança cultural de Lingnan e pela interseção das culturas oriental e ocidental, usamos essa perspectiva única para alimentar as explorações interdisciplinares de arquitetura e arte.

Implantação do projeto: EUA
Desenvolvimento do projeto: Áustria, Letônia, EUA

O clima futuro da nossa cidade ainda não é conhecido. Mas o clima sempre foi e será um companheiro permanente em nossas vidas.

O clima e a água são forças intrinsecamente conectadas que moldam nosso ambiente e influenciam a vida na Terra de maneiras profundas.

O Institute of Weather Modification examina o entrelaçamento da modificação do clima, da engenharia hidrológica e da resiliência urbana na Califórnia. Como as sociedades buscaram manipular condições atmosféricas e hidrológicas—desde as práticas indígenas de manejo da terra até os experimentos de controle do clima do século XX? Que papel as infraestruturas da água—represas, reservatórios, usinas de dessalinização—desempenham quando emparelhadas com intervenções atmosféricas especulativas, como a semeadura de nuvens?

O trabalho em vídeo segue o Aqueduto de Los Angeles e suas extensões—reservatórios, estações de tratamento UV, fontes termais, lagos e estações de semeadura de nuvens—traçando as infraestruturas e paisagens que sustentam a metrópole, ao mesmo tempo que aponta para as controvérsias que as moldaram.
Em última análise, o projeto questiona o que significa construir cidades em diálogo com a própria atmosfera. Se a arquitetura há muito tempo se preocupa em nos abrigar dos elementos, como ela pode agora responder à sua intensificação e manipulação?

Studio Paradox

Atuando entre o documental e o imaginário, Julia Obleitner e Helvijs Savickis trabalham entre instalação, filme e arquitetura. Como fundadores do Studio Paradox, eles abordam condições políticas, ecológicas e urbanas contemporâneas através de uma lente multidisciplinar. Sua prática frequentemente engaja com infraestruturas ocultas ou de larga escala, examinando suas consequências ecológicas, seu papel na formação de trajetórias urbanas futuras e seu entrelaçamento com a memória

Implantação do projeto: Espanha, Itália, Brasil
Desenvolvimento do projeto: Espanha, Brasil

Este trabalho é um passeio a modo de colagem por várias cidades sem muitas semelhanças aparentes, mas conectadas por um mesmo olhar que destaca aspectos intimamente ligados ao meio ambiente, como a vegetação, sua relação com a água ou o clima. A abordagem não é técnica nem acadêmica, mas fenomenológica: diante de estímulos como o calor são propostas soluções poéticas, que as vezes olham para o passado em busca de respostas, tentando seduzir o espectador, convidando-o a esquecer preconceitos, desbloquear sua imaginação e conectar com seu bem-estar físico.

Esta linha de trabalho, que começou há anos em Madri foi desenvolvida em profundidade no Guia Fantástico de São Paulo, um falso guia turístico ilustrado publicado em 2015 que mistura realidade e ficção. Se o guia turístico é um relato para o consumo massivo da cidade contemporânea, este projeto parte dessa ideia e propõe normalizar um relato utópico, apresentando situações surpreendentes para o leitor como se fossem cotidianas, conectando cidades onde a autora tem morado, ligando problemas que parecem locais e são globais.

Os desenhos expostos funcionam como esboços para chamar a atenção sobre os eixos temáticos da Bienal. Para “Preservar as florestas e reflorestar as cidades”, tem que garantir as condições optimas para a sobrevivência das mamangavas, os sabiás, assim como outros polinizadores, o que passa por cuidar da vegetação existente. Embora a presença de água tenha sido decisiva para a fundação das cidades, no desenvolvimento destas temos esquecido da sua importância. Não podemos “Conviver com as águas” sem saber que existem, por isso se expõe um mapa de cada uma das cidades com seus cursos d’agua e infraestruturas desenvolvidas e depois soterradas e esquecidas. “Reformar mais e construir verde” implica preservar o patrimônio arquitetônico de predios populares com valor histórico como o neomudejar ou transformar pátios internos em jardins com água onde se refrescar no verão para “Garantir a justiça climática”. Mas também transformar o Minhocão ou o Puente de Vallecas. Ambos são exemplos muito similares de grandes infraestruturas pensadas para o carro na década dos 70 que atuam como fronteiras físicas, acentuam a desigualdade entre bairros e cujos problemas associados tem movilizado a vizinhança por anos. No projeto, em lugar de optar pela demolição total, se apresentam modificadas com o objetivo de ressignificá-las valorizando os enormes recursos materiais que foram investidos na sua construção, mas também sua potencia simbólica, como monumento ao passado adaptado as necessidades do futuro.

Os desenhos tem sido adaptados ao formato expositivo desta Bienal e farão parte da publicação São Paulo e outras cidades Fantásticas, editada por Lote42 e lançada no final de 2025.

Implantação do projeto: Índia
Desenvolvimento do projeto: Brasil, Portugal

Mumbai, localizada na ilha de Salsette no estado de Maharashtra, consolida-se como o maior e mais dinâmico canteiro de obras do planeta. A cidade enfrenta uma crise extrema de espaço urbano, com uma densidade populacional quase cinco vezes superior à de São Paulo – o que significa que Mumbai concentra muito mais pessoas em edificações significativamente mais baixas. Esta superconcentração cria um ambiente onde o espaço se tornou um recurso escasso, limitado e absurdamente caro.

A disputa por cada metro quadrado é tão acirrada que praticamente não existem mais lotes vagos. A propriedade de um apartamento nos bairros centrais transformou-se num sonho inatingível não apenas para a população de baixa renda, mas também para a classe média profissional. A paisagem urbana carece completamente de áreas verdes significativas e os vazios urbanos, essenciais para a respiração da cidade, foram totalmente eliminados.

Diante desta realidade distópica, duas propostas visionárias da tese “Espaços Colaterais: subsídios para imaginar os novos vazios de Mumbai”, desenvolvida na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto sob orientação dos professores Jorge Figueira e Teresa Cálix, oferecem soluções inovadoras.

1. Espaço Aéreo: Novos Territórios Urbanos Elevados

A proposta aproveita os 250 quilómetros de viadutos do metrô suspenso de Mumbai, particularmente a Linha 7 que atravessa diversas favelas na região de Mogra-Gundavali. Em contraste com a abordagem da Slum Rehabilitation Authority – que utiliza o capital imobiliário para habitação social de forma convencional -, o “Espaço Aéreo” propõe um experimento social radical ao ocupar os espaços non-aedificandi acima dos trilhos.

Trata-se de um edifício linear meândrico que abriga intencionalmente diferentes classes sociais numa mesma megaestrutura polivalente. A convivência acontece numa plataforma contínua e neutra, com todas as unidades garantidas como luminosas e arejadas, desafiando o padrão habitual de habitações sociais precárias. Esta ousada intervenção liberaria 23 hectares de terreno para a criação de parques, playgrounds e praças, transformando infraestrutura em arquitetura habitacional e convertendo espaços marginais em novas centralidades urbanas.

2. Arranha-céu de Ar: A Arquitetura do Imaterial

Esta proposta confronta a transformação dos vazios industriais de Parel em condomínios e shopping centers, apresentando instead uma verticalidade imaterial na forma de um microclima artificial. O projeto ecoa visionários como Buckminster Fuller e sua proposta de cúpula climatizada para Manhattan, criando aqui uma “nuvem” atmosférica permanente sobre as antigas fábricas.

O sistema combina figueiras monumentais com centenas de nebulizadores de alta pressão controlados por sensores que mantêm a temperatura constantemente em 21°C. A névoa adquire cores simbólicas conforme o calendário cultural indiano – açafrão no Dia da Independência, cores vibrantes durante o Holi. Percebido apenas pela névoa e copas das árvores, este “paralelepípedo de ar e umidade” serve como manifesto pela preservação dos vazios urbanos, oferecendo um espaço público refrigerado dedicado ao lazer, ao críquete e ao simples usufruto dos cidadãos.

Vazio S/A: Entre a Prática e a Pesquisa Urbana

O escritório Vazio S/A Arquitetura e Urbanismo opera na intersecção entre prática convencional e pesquisa crítica sobre os vazios urbanos. Adota uma postura propositiva que entende a informalidade, os vazios e as forças de mercado como potentes indutores de novos projetos urbanos. Além do trabalho tradicional com edificações, desenvolve experimentações através de concursos de ideias, publicações acadêmicas, parcerias com grupos sociais e intervenções urbanas efêmeras, sempre buscando novas relações entre a cultura contemporânea e a produção do espaço arquitetónico.

Implantação do projeto: Suíça
Desenvolvimento do projeto: Suíça

As intervenções de recomposição, iniciadas em 1994 e ainda em curso, referem-se às ruínas de abrigos para pessoas e animais construídos em pedra seca nos pastos alpinos de Sceru, Giumello, Quarnei, Luzzone e Piora, e nos Alpes do cantão do Ticino, a mais de 2000 metros de altitude na Suíça. As recomposições consistem concretamente no recolhimento das pedras dentro da parede perimetral das ruínas destes edifícios abandonados desde os anos 1950.

Hoje, a construção de novos edifícios nesses locais de alto valor em paisagem natural é permitida apenas para obras de interesse público, como infraestruturas hidrelétricas, estradas florestais, captações de água, abrigos contra avalanches, refúgios alpinos, etc. Os particulares podem fazer a manutenção dos edifícios existentes, respeitando sua função original. Apenas em casos raros é permitida a sua conversão em casas de férias.

Nas recomposições, a componente funcional e privada do edifício, cuja manutenção implicaria uma obra de reconstrução, é anulada através da criação de um volume compacto e sem espaços utilizáveis. Pelo contrário, o valor público do edifício, entendido como presença geométrica de referência na paisagem, é integralmente restaurado. Também o espaço circundante, uma vez limpo dos escombros, recupera o seu valor original.

As recomposições são realizadas numa base voluntária. Participam amigos, estudantes, familiares e colegas. A população local e os proprietários das ruínas recompostas apreciam o idealismo e a eficácia deste trabalho, que tem um impacto nas realidades a que estão afetivamente ligados.

As recomposições devolvem um sentido às pastagens abandonadas. Representam o epílogo de uma civilização que sobreviveu no Ticino até ao advento da modernidade. Fatores como sustentabilidade, simplicidade, durabilidade, participação, idealismo, coerência e beleza garantem a qualidade das intervenções ao longo do tempo, mas acima de tudo consolidam a presença de valores positivos na sociedade.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Jardim de Sequeiro é um jardim temporário, redesenhado e replantado a cada ano. Irrigado apenas com a chuva, o jardim germina, cresce, floresce, produz sementes e se seca em poucos meses, sendo assim adaptado à sazonalidade do Cerrado.

Suas flores ocupam o vão central do Instituto Central de Ciências (ICC) – edifício icônico da arquitetura moderna brasileira, projeto de Oscar Niemeyer e João Filgueiras Lima (Lelé), de 1962. Estende-se pelos módulos sequenciais do edifício, com 730 metros de comprimento por 15 metros de largura. Com mais de 5.000 m² de área plantada sobre laje, o jardim vive sobre uma fina camada de terra, sem irrigação. Com o fim das chuvas, suas sementes são colhidas para serem utilizadas no próximo ciclo. O jardim faz uso de flores de ciclo curto, exóticas, e capins nativos do Cerrado em composição naturalista, inspirada nas formações campestres do Cerrado.

Surgido como integração entre projeto de extensão e gestão das áreas verdes da Universidade de Brasília, o Jardim de Sequeiro tem possibilitado economia e qualificação do espaço central da Universidade, ao mesmo tempo que tem promovido a articulação com atividades de ensino, pesquisa e inovação.

Como um jardim temporário e experimental, o Sequeiro pode ser redesenhado e aperfeiçoado a cada ano, possibilitando a ampliação contínua de seu escopo inicial e o desdobramento de seus temas em pesquisas e oficinas diversas, a partir de interações com diferentes campos disciplinares e vivências acadêmicas.

O Jardim de Sequeiro já teve 5 ciclos completos entre 2020 e 2025. Neste período 142 voluntários e bolsistas participaram diretamente do projeto, compondo as equipes que se renovam a cada ano. Foram oferecidas 118 oficinas temáticas (fotografia, aquarela, arranjos florais, coleta de sementes, abelhas nativas, tintura em tecido, visitas guiadas e muitas outras), com apoio de professores da UnB, de outras instituições de ensino e da comunidade em geral. Neste percurso, têm sido fundamentais as pesquisas científicas e o plantio colaborativo de jardins com a ESALQ/USP, a UNESP/Bauru, assim como o que ocorreu entre 2022 e 24 no Instituto Inhotim/MG.

O projeto foi premiado na V Bienal Latino-Americana de Arquitetura Paisagística em 2022. Mais recentemente, foi escolhido pelo Plano Coletivo para integrar, junto a outras referências, seu projeto intitulado (RE)INVENÇÃO, na 19ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza.

Jardim de Sequeiro, 2020 -, é um projeto idealizado e coordenado pelo Dr. Júlio Barêa Pastore, professor de paisagismo da Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília. O projeto é realizado em parceria com a Prefeitura da UnB, responsável pela gestão das áreas verdes da Universidade. São participantes do projeto servidores da PRC, alunos bolsistas, voluntários e público externo.

Mais informações: Instagram: jardimdesequeiro@gmail.com; Youtube: jardimdesequeiro E-mail: jardimdesequeirpo@gmail.com

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Ilê Asé Odé Ibualamo, Unidade Territorial Tradicional de matriz Yorubá, e seus espaços de vivências coletivas foram materialmente destruídos em 15 de Dezembro de 2022. A vida verde e o curso hídrico carregados de histórias também sucumbiram no processo de canalização do Córrego Cadaval para implantação de via pública, dando lugar ao frio e cinzento asfalto que lhe tirou o respiro, sufocou aterra e silenciou as águas. O Ilê Asé Odé Ibualamo representava a grande árvore de sustentação daquele meio urbano periférico, como um grande Baobá com suas memórias, seus saberes e fazeres transladados de África para cá.

O projeto surge a partir do movimento de luta da Frente Ilê Odé, idealizada por Odecidarewá Zana de Odé, que reuniu arquitetos, urbanistas, docentes, pesquisadores e lideranças periféricas para compor um estudo que deu origem a este projeto que integra a sabedoria tradicional e suas tecnologias em resposta à violência sofrida. A proposta opera como ferramenta de luta e ressignificação da memória do Ilê, mas também de uma urbanidade ancestral. Propomos uma nova leitura de cidade a partir da crítica à metodologias higienistas de exclusão da territorialidade negra, que guiaram o desenvolvimento da metrópole paulistana. O conjunto de equipamentos baseado na cultura dos Povos Tradicionais de Matriz Africana é prática de re-existência e reencantamento da vida, que ressignifica e cicatriza uma grande ferida aberta na cidade. Um resgate possível para um futuro que também deve ser ancestral.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Consórcio Regenera Dilúvio –  Profill Engenharia e Ambiente, Consult Engenharia e Avaliações e Pezco Economics

A Operação Urbana Consorciada Regenera Dilúvio busca integrar desenvolvimento urbano, sustentabilidade ambiental e infraestrutura, considerando os impactos dos eventos climáticos recentes em Porto Alegre. Trata-se de um plano com horizonte de 25 anos e que teve como centro a implantação de um parque linear nas margens do Arroio Dilúvio, afluente do Guaíba, em Porto Alegre/RS.

A elaboração do projeto responde à demanda da Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (SMAMUS) de Porto Alegre, que acompanha e contribui com os estudos. O trabalho foi desenvolvido por consórcio formado pelas empresas Profill Engenharia e Ambiente, Consult Engenharia e Avaliações e Pezco Economics, com coordenação geral do arquiteto e urbanista Marcelo Ignatios e coordenação do projeto urbanístico do arquiteto e urbanista Marlon Rubio Longo.

A estruturação da OUC foi explorada por múltiplas frentes de trabalho, abrangendo estudos urbanísticos, ambientais, de mobilidade urbana, econômicos, sociais e demográficos, jurídicos e um plano de comunicação do processo, para discussão pública. O projeto endereça soluções para as questões de drenagem e saneamento, com a distribuição de áreas verdes e o encaminhamento da água pluvial, melhoria da mobilidade em múltiplas escalas, além de novos equipamentos, urbanização de assentamentos precários e produção de habitação de interesse social.

O parque linear foi estruturado como um corredor ambiental urbano, integrado a um sistema de áreas verdes e infraestruturas de drenagem, de maneira a promover a recomposição da arborização das margens, o incentivo aos usos nas quadras lindeiras e a conexão entre praças e fragmentos de vegetação pré-existentes. A implantação desses dispositivos é territorialmente abrangente, de maneira a distribuir a reservação e ampliar a infiltração no solo, combinando infraestruturas tradicionais (redes cinzas), com soluções baseadas na natureza (redes verdes e azuis).

A OUC Regenera Dilúvio prevê a possibilidade de um adensamento distribuído no território que, em um cenário otimista, alcançaria em 25 anos cerca de 60 mil moradores adicionais em empreendimentos verticais novos. O crescimento e a atração de novos empregos são potencializados pelas melhorias de infraestrutura e ambientais para a área, em parte financiadas pela comercialização de Certificados de Potencial Adicional de Construção. Com expectativas de arrecadação de R$ 1,46 bilhão em valores atuais, os títulos correspondem a cerca de 4 milhões de m² de novas áreas construídas, obtidas por meio do adensamento de 65 ha de terrenos.

Além do programa de investimentos previstos, que soma cerca de R$ 1,76 bilhão até 2050 e conta com outras fontes de recursos, foram previstas estratégias de incentivo para criação e fortalecimento das centralidades no território, consolidando um novo eixo de concentração do adensamento e desenvolvimento urbano de Porto Alegre.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O FICA faz parte da Associação pela Propriedade Comunitária que atua, desde 2015, pelo acesso à moradia digna para famílias de baixa renda, adquirindo e gerindo imóveis em áreas bem localizadas, através da oferta do Serviço de Moradia Social.

Desde 2023, o Programa Morar Primeiro do FICA oferece moradia para 60 pessoas que estavam em situação de rua, através de uma parceria com o Padre Júlio Lancellotti. O programa é baseado na metodologia internacional Housing First, que defende que a casa é o primeiro passo (e mais essencial) para a reinserção social de pessoas em situações de extrema vulnerabilidade.

Trouxemos para a Bienal o programa desenvolvido para a população mais vulnerável aos impactos da crise climática: pessoas em situação de rua – as que menos contribuem para as mudanças do clima e as que mais sofrem seus efeitos, por não terem abrigo para se proteger e por apresentarem condições socioeconômicas e de saúde extremamente fragilizadas. O programa Morar Primeiro é uma resposta contundente ao cruzamento entre crise climática e habitacional e garante moradia segura, apoio para acessar renda e trabalho, direito à cidade, e melhora de condições de saúde, educação e cidadania.

Para viabilizar o programa, o FICA adquiriu casas e apartamentos vazios e subutilizados, próximos das áreas em que as famílias atendidas pelo programa viviam. O FICA realiza as gestões predial, condominial e social, e as famílias recebem atendimento psicossocial contínuo e personalizado. Nossa equipe multidisciplinar conta com assistentes sociais, psicólogas, advogadas, arquitetas e urbanistas, e uma rede de parceiros de diversas áreas e especialidades.

Nossa instalação é uma planta de um apartamento tipo do Morar Primeiro em escala 1:1. Ao adentrar esse espaço, os visitantes da Bienal têm acesso a dados sobre o impacto do programa Morar Primeiro e sobre o Serviço de Moradia Social do FICA. Na parte externa da planta, apresentamos dados sobre a crise habitacional no Brasil e em São Paulo. A instalação é complementada com a projeção, em uma das paredes da Oca, de uma foto do baixo do viaduto ocupado pelas famílias, antes da mudança para as unidades do Morar Primeiro.

Implantação do projeto: EUA
Desenvolvimento do projeto: EUA

OPEN-GROUND é uma proposta para uma arquitetura de lazer público ao ar livre destinada a climas quentes, úmidos, tóxicos e propensos a inundações. Inspirado pelas quadras esportivas cobertas típicas de Houston, o projeto implanta uma cobertura espessa, um solo oco e chaminés térmicas para sombrear e resfriar esse ambiente difícil, criando ao mesmo tempo um espaço para encontros da comunidade.

A estrutura espacial da cobertura é preenchida de forma não compacta com material de isolamento reciclado, funcionando como uma barreira térmica para retardar o ganho de calor nas quadras abaixo. No subsolo, uma série de câmaras tubulares funciona como detenção de águas pluviais, filtro de toxicidade e sistema de captação de água. Conectando a cobertura e os reservatórios inferiores, uma série de estruturas de ventilação cilíndricas fornecem condutos para a movimentação do ar por empuxo. Essas chaminés térmicas criam um motor microclimático, usando diferenciais de temperatura, umidade e pressão para ventilar e resfriar o espaço ao ar livre.

Este centro de resfriamento não apenas amplia a capacidade de detenção de água on-site, mas também propõe como as infraestruturas climáticas podem funcionar para além do mero abrigo. OPEN-GROUND oferece o posicionamento político de que o papel da arquitetura no Antropoceno é hibridizar a relação entre a vida pública e os sistemas terrestres. A parte inferior do projeto, composta por tubos e condutos, vigas cruzadas e substratos do solo, imagina a arquitetura como parte de uma pilha planetária, mediando as geologias, hidrologias e atmosferas de um lugar para oferecer um novo espaço para reuniões sob o sol.

HOME-OFFICE é uma colaboração de pesquisa e design que explora a reciprocidade entre os tipos arquitetônicos, seus assemblies técnicos e o meio ambiente. HOME-OFFICE foi fundado por Brittany Utting e Daniel Jacobs em 2017 e tem sede em Houston, Texas. Brittany Utting é professora assistente de arquitetura na Universidade Rice, e Daniel Jacobs é professor assistente de instrução de arquitetura na Universidade de Houston.

Implantação do projeto: EUA
Desenvolvimento do projeto: EUA

As árvores são consideradas por urbanistas e designers uma infraestrutura verde eficaz para mitigar os impactos do calor extremo. No entanto, a distribuição urbana da copa das árvores está frequentemente correlacionada com classe e raça. Em Miami, por exemplo, estudos de scholars ambientais e de políticas públicas demonstraram que bairros mais pobres e racializados têm menos árvores do que os bairros affluenters. Apesar das iniciativas de florestamento urbano, dois problemas principais persistiram na última década. Primeiro, os municípios só podem plantar árvores em áreas de propriedade pública, o que pode ser limitante em escopo. Segundo, a falta de investimento na manutenção das árvores resulta em “desperdício verde” – mudas de árvores nem sempre sobrevivem aos primeiros 5 a 10 anos antes de amadurecerem o suficiente para fornecer copas efetivas. Nesses anos decisivos, o engajamento da comunidade é crucial para estabelecer sistemas de cuidado contínuo entre humanos e a vida vegetal.

Este projeto aborda o florestamento urbano tanto como um projeto ambiental quanto socioeconômico, no qual a arquitetura pode apoiar uma cultura de cuidado recíproco entre árvores e pessoas. Ele adapta as estruturas botânicas de “casas de sombra” (shade houses), onipresentes nas áreas agrícolas e horticultoras do Sul da Flórida, para o contexto urbano. As intervenções equipam espaços públicos e residuais com a sombra temporária necessária para apoiar a manutenção das árvores e articular engajamentos comunitários. O objetivo é fornecer uma estratégia arquitetônica para programas administrados pelo governo, como a distribuição de mudas, compostagem e educação botânica, acessíveis ao público a um baixo custo.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

O projeto propõe uma estratégia de infraestrutura verde e Soluções Baseadas na Natureza (SbN) para o Morro da Formiga, no Rio de Janeiro, território caracterizado por ocupação informal em encostas íngremes, insuficiência de infraestrutura e alta vulnerabilidade a deslizamentos. A proposta parte de uma leitura delicada do lugar e do reconhecimento dos saberes e práticas ambientais desenvolvidos pela própria comunidade, entendidos como tecnologias socioambientais capazes de promover resiliência mesmo à margem do planejamento formal. O objetivo é qualificar espaços públicos e residuais, integrando ações de mitigação de riscos, valorização ambiental e fortalecimento das dinâmicas socioculturais já presentes.

A área de intervenção corresponde a um recorte de 34 mil m² sob linhas de transmissão elétrica, que constitui um eixo de conexão entre o tecido urbano, o morro e a Floresta da Tijuca. O desenho organiza faixas contínuas de espaços livres ao longo das encostas, configurando amortecedores ecológicos e sociais. Entre as intervenções previstas estão a requalificação do Rio da Cascata, com alargamento do leito e implantação de jardins filtrantes; a ampliação do programa comunitário Hortas Cariocas, com viveiro de mudas e áreas de apoio; e a implementação de sistemas agroflorestais, compostagem e soluções de drenagem verde. Essas ações são articuladas para dialogar com iniciativas já existentes, incorporando o conhecimento acumulado pelos moradores na gestão ambiental e ampliando seu alcance.

O projeto é estruturado em três diretrizes centrais: articular, conectando espaços fragmentados e aproximando a ocupação urbana de áreas livres; potencializar, ampliando e fortalecendo projetos socioambientais; e preservar, protegendo a vegetação nativa, corpos hídricos e saberes culturais. A estratégia prevê também a replicação das tipologias em áreas de maior risco geotécnico, incluindo a implantação de bacias de evapotranspiração para tratamento descentralizado de esgoto e a recomposição de encostas com vegetação adaptada. Ao reforçar o papel do Rio da Cascata como elemento estruturante, cria-se um sistema que integra infraestrutura ecológica, espaços de convivência e equipamentos comunitários, estabelecendo uma transição gradual entre a floresta e o tecido urbano.

Além de um conjunto de intervenções físicas, a proposta constitui um processo colaborativo que reconhece a comunidade como protagonista na transformação do território. A incorporação dos saberes locais, somada a soluções ambientais de alto desempenho, permite construir uma paisagem multifuncional e adaptativa, capaz de responder aos extremos climáticos e às desigualdades históricas, promovendo segurança, pertencimento e qualidade de vida.

Sobre a autora:
Larissa Scheuer é arquiteta e urbanista formada pela FAU-UFRJ e atua como arquiteta paisagista no escritório Embyá – Paisagismo Ecossistêmico. Com experiência nas áreas de arquitetura da paisagem e urbanismo, teve sua produção reconhecida em diferentes premiações nacionais, incluindo o Prêmio Arquitetas e Arquitetos do Amanhã, o 3º lugar no Grandjean de Montigny e a seleção como finalista do Prêmio Tomie Ohtake AkzoNobel.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A cidade de Foz do Iguaçu, emancipada em 1914, registra em seu tecido urbano cicatrizes da história do Brasil. A construção da usina de Itaipu marca o território, sendo sua ocupação em área, maior que a atual mancha urbana da cidade. O terreno a ser ocupado pelo Ecoparque faz parte deste processo de ocupação e ressignificação urbana. Processo contínuo, tortuoso, mas que se revela com uma visão de futuro extremamente necessária frente ao colapso ambiental que já enfrentamos como sociedade.

A construção da usina se inicia em 1974, em meio à ditadura militar. Como modo de minimizar o impacto ambiental, foram reservadas áreas na cidade com funções diversas. O atual terreno foi um antigo espaço de viveiros de mudas para reflorestamento ao redor da represa. Ainda que parece especulação, caso esta área não tivesse sido reservada para tal fim, provavelmente teia sido engolida pela dispersão da cidade, pois hoje, o perímetro do local já se encontra adensado. Aqui é revelado um tortuoso processo de reciclagem da história: sem Itaipu não haveria alagamento para a represa, sem represa não haveria a necessidade de viveiros de novas mudas, sem a necessidade de reflorestamento não haveria esta reserva vegetada urbana, que resulta agora em um novo parque para a cidade. Como afirmado por Eduardo Galeano a mais de 50 anos, “na história dos homens cada ato de destruição encontra sua resposta, cedo ou tarde, num ato de criação” (Galeano, 1978: p. 396).

André Prevedello é arquiteto e pesquisador. Diretor AP Arquitetos em 2010 (www.aparquitetos.com.br) com projetos e prêmios no Brasil, América do Sul e Europa. Graduado e Mestre pela Universidade Federal do Paraná, pós-graduado em artes híbridas pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Desenvolve pesquisa de doutorado com bolsa de estudos pela Universidade Lusófona de Lisboa. É pesquisador SOS Climate Waterfront H2020-MSCA-RISE-2018, programa Horizon da União europeia 2022 com pesquisas desenvolvidas em Portugal, Grécia e Suécia. Professor de Teoria e História. Possui os prêmios IAB-PR 2021 e IAB-SC 2021, BUILD – Sustainable Building Awards England, Best Spatial Architecture Design Studio e Prêmio IAB MS 2023. Ainda o 1º lugar Eco Parque Itaipu, 1º lugar Requalificação Salão Nobre e Teatro UFCSPA, 1º lugar Câmara Municipal de Pelotas, 1° lugar Colinas Cooperativa Cascavel, 1° lugar Concurso Seminário Internacional de Projeto Salvador, 1° lugar Caixa Econômica – Soluções para habitações de baixo custo, entre outros. Trabalha constantemente em palestras, conferências, críticas e exposições.

Tais Mendes é geóloga formada pela Universidade Federal do Paraná. Gerente de projetos no escritório AP Arquitetos. Com experiência no gerenciamento de projetos de grande complexidade tendo atuado em projetos de hidrelétricas no Brasil, Perú e Guiana. Na AP Arquitetos foi responsável pela gestão de diversos projetos pelo Brasil como a Unidade Sesc Mogi das Cruzes, a nova sede do Batalhão da Polícia Militar de São Paulo, a unidade Balneário Sesc Mato Grosso do Sul, o Teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFCSPA), a nova Câmara Municipal de Pelotas, entre outros.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil, México

Cidades Invisíveis, Pessoas Incríveis (cipesin.com) é um projeto de mídia participativa que utiliza recursos audiovisuais para dar voz e visibilidade a líderes comunitários da América Latina. Nas periferias urbanas, a precariedade habitacional e a ausência de infraestrutura básica seguem como grandes desafios, enfrentados diariamente por moradores que, muitas vezes, encontram em seus próprios líderes locais as soluções para questões coletivas. Suas iniciativas, embora transformadoras, permanecem invisíveis para além de seus territórios. O projeto busca justamente romper esse silêncio, documentando e difundindo histórias de mobilização e solidariedade que revelam a potência das comunidades excluídas.

A iniciativa nasceu como projeto piloto no pós-doutorado da professora da Universidade Federal do Amapá Bianca Moro de Carvalho, realizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, com bolsa CAPES e supervisão da professora Dra. Angélica Benatti Alvim. Desde o início, contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), da Mackenzie e da Universidad Autónoma de Ciudad Juárez (México), resultando em documentários que retratam a vida de moradores em diferentes contextos latino-americanos. Atualmente, integra o projeto de pesquisa de mesmo nome na UNIFAP e ganhou uma plataforma própria, cipesin.com, que abriga os filmes produzidos e novas narrativas.

Já foram registradas histórias em sete cidades: Macapá e Santana (Amapá), Paraisópolis (São Paulo), Goiânia (Goiás), São Félix do Coribe (Bahia), Cidade do México e Ciudad Juárez. A autoria e captação dos documentários é resultado de uma direção compartilhada entre a coordenação do projeto e a colaboração voluntária de profissionais: o fotógrafo Guy Veloso filmou no Sertão da Bahia; Mariana Contreras-Saldaña registrou Ciudad Juárez; Selenne Galeana Cruz atuou na Cidade do México; Willian Santiago em Paraisópolis e Filemon Tiago em Goiânia. Essa rede fortalece o alcance e amplia a diversidade de olhares. Em todas as cidades, as trajetórias revelam líderes que enfrentam desigualdades sociais, falta de acesso à moradia, educação, saúde e representatividade política. Apesar das adversidades, demonstram enorme capacidade de mobilização, articulando práticas que vão desde oficinas culturais e alimentação comunitária até a reivindicação de políticas públicas.

A metodologia utilizada é a da mídia participativa, introduzida na UNIFAP em 2017 pelo cineasta Peter Lucas, professor da New York University e The New School, e autor do livro Viva a Favela: direitos humanos e inclusão visual no Brasil, dez anos de fotojornalismo. Sua proposta se baseia na produção audiovisual em conjunto com os próprios moradores, permitindo que narrem a realidade a partir de sua perspectiva. Essa prática democratiza a comunicação, reforça o protagonismo comunitário e transforma os documentários em ferramentas de inclusão social, reflexão crítica e promoção dos direitos humanos.

Os resultados já demonstram impacto: fortalecimento de redes acadêmicas internacionais, criação de espaços de debate sobre o direito à cidade e incentivo para que comunidades produzam seus próprios registros audiovisuais.

Cidades Invisíveis, Pessoas Incríveis é, portanto, mais que um projeto de pesquisa: é um movimento de escuta e reconhecimento das vozes silenciadas. Ao unir ensino, pesquisa e extensão, promove intercâmbios transnacionais e aproxima mundos distantes, contribuindo para a construção de sociedades mais justas, solidárias e resilientes.

Palestras e debate com José Renato Nalini (Secretário de Mudanças Climáticas), Edmilson Dias de Freitas (Instituto de Astrofísica, Geofísca e Ciências Atmosféricas USP-Brasil), Maria de Fátima Andrade (Instituto de Astrofísica, Geofísca e Ciências Atmosféricas USP-Brasil). Mediação de Renato Anelli (Universidade Presbiteriana Mackenzie e Curador da 14ª BIAsp) e Judith Johanna Hoelzemann.

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Venha conhecer os projetos vencedores da unidade Thermas de Presidente Prudente 

Convidamos todos para a cerimônia de divulgação do resultado do bloco 2 dos Concursos Sesc de Arquitetura, durante a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde serão reveladas as classificações e as menções honrosas dos projetos da unidade Thermas de Presidente Prudente.

A cerimônia é aberta ao público com retirada de ingressos no link abaixo.

Data:

26 de setembro de 2025

a partir das 19h na 14ª BIAsp

Local:

Auditório da Oca, subsolo – Parque Ibirapuera

Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Portão 2

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Palestras e debate com Tércio Ambrizzi (Instituto de Ambiente e Energia  USP- Brasil), Stelio Marras (Instituto de Estudos Brasileiros USP-Brasil) e mediação de Maria de Fátima Andrade (coordenadora do Klimapolis)

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Pesquisadores: Judith, Jean, Thallysson, Ricardo, Roney

Resumo:

A pesquisa propõe o desenvolvimento e implementação de uma estratégia integrada de monitoramento sistemático da qualidade do ar urbano na cidade de Natal-RN. A metodologia baseia-se na instalação de equipamentos padrão e de baixo custo, capazes de registrar dados de poluentes atmosféricos, tais como material particulado fino (PM2,5 e PM10). A organização do trabalho contempla a aquisição, calibração e operação contínua desses sensores, além da estruturação de uma rede de monitoramento distribuída estrategicamente em pontos críticos da malha urbana, com ênfase em áreas de maior vulnerabilidade social e maior fluxo veicular. 

O projeto adota uma abordagem transdisciplinar, integrando conhecimentos oriundos da física atmosférica, modelagem ambiental, saúde pública e Engenharia Sanitária e Ambiental. Essa articulação interdisciplinar é fundamental para compreender a dinâmica dos poluentes em escala urbana, suas fontes, dispersão e os efeitos diretos e indiretos sobre a saúde da população. A modelagem matemática e computacional dos dados coletados permite simular cenários futuros e subsidiar ações de controle e mitigação de emissões, especialmente em função de mudanças no uso e ocupação do solo, crescimento urbano e políticas de mobilidade. 

Entre os principais desafios urbanos enfrentados pelo projeto, destacam-se: (1) a ausência de uma cultura consolidada de monitoramento da qualidade do ar em escala municipal; (2) a dificuldade de incorporação desses dados em políticas públicas efetivas de controle de emissões atmosféricas e planejamento urbano; e (3) a carência de envolvimento comunitário em ações voltadas à sustentabilidade ambiental. Neste sentido, uma das metas do projeto é estabelecer uma cultura local de monitoramento ambiental participativo, com estratégias futuras de envolvimento da comunidade, escolas e instituições públicas e privadas. 

Do ponto de vista da sustentabilidade, o projeto aborda diretamente três pilares fundamentais: cidades sustentáveis, meio ambiente e saúde pública. Ao promover um monitoramento acessível e contínuo da qualidade do ar, espera-se produzir evidências que sustentem políticas públicas mais inclusivas e eficazes, contribuindo para a redução da exposição a poluentes e seus impactos sobre doenças respiratórias, cardiovasculares e neurodegenerativas, especialmente em populações mais sensíveis. 

O experimento se relaciona diretamente com a cidade ao propor a criação de uma lógica territorial de monitoramento ambiental, utilizando os dados obtidos para subsidiar a tomada de decisão por parte do poder público e da sociedade civil. Os resultados poderão indicar zonas críticas de poluição, períodos de maior risco à 

saúde e potenciais soluções baseadas na natureza ou em infraestrutura verde para mitigação da poluição atmosférica e sonora. 

Por fim, o projeto também visa formar uma base científica robusta, passível de replicação em outras cidades brasileiras de médio porte, e fomentar a formação de estudantes em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável urbano. Ao articular ciência, tecnologia e participação cidadã, busca-se consolidar um modelo de cidade mais resiliente, saudável e ambientalmente equilibrada, alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os ODS 3 (Saúde e Bem-Estar), 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e 13 (Ação contra a Mudança Global do Clima).

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Pesquisadores: Sarah de Andrade e Andrade, Ruth Maria da Costa Ataíde, Venerando Amaro Eustáquio, Zoraide Sousa Pessoa

Resumo:

O projeto intitulado “Mudanças do clima e as vivências e saberes no espaço local: um Experimento de Mundo Real em Ponta Negra, Natal/RN” – reduzido, para referência, pela palavra VIVERES – está vinculado ao projeto de extensão Fórum Direito à Cidade** e ao projeto de pesquisa “Áreas urbanas brasileiras em perspectiva transdisciplinar: avaliação, cenários e soluções para adaptação às mudanças climáticas e ao desenvolvimento sustentável” do INCT Klimapolis. 

As transformações no comportamento do clima geradas pela atuação antrópica, tem gerado fortes impactos à vida humana e não humana ao redor do mundo. Não por acaso, os países, territórios, cidades e espaços mais vulnerabilizados, e que normalmente pouco contribuem com a emissão de Gases do Efeito Estufa – GEE, são aqueles que mais sofrem com os eventos extremos (CEPAL, 2011). A isso associa-se às consequências materiais e imateriais de um modelo predatório (quase universal) de urbanização que impede, sobretudo, no Brasil, o alcance do desenvolvimento urbano sustentável. 

Diante do desafio de adaptar o modo de vida contemporâneo, especialmente nas cidades, ao enfrentamento de tais eventos, as pesquisas aplicadas – como aquelas desenvolvidas em Laboratórios de Mundo Real – LMR -, são importantes instrumentos de desenvolvimento de soluções baseadas na ciência, respeitando, ao mesmo tempo, a identidade, a realidade e as experiências daqueles que vivem nos territórios em discussão. 

Nos LMR, são desenvolvidos os Experimentos de Mundo Real – EMR, uma abordagem que combina diversos tipos de conhecimento para capacitar lideranças na condução de melhorias em suas localidades, impulsionando o desenvolvimento urbano sustentável em nível local (Experimento de Mundo Real, s/d). Apesar de manter sua terminologia, os Laboratórios e Experimentos não se dão nos limites dos tradicionais laboratórios científicos. Ao contrário, buscam o estudo e a experimentação em ambientes que não podem ser controlados, considerando a complexidade inerente aos sistemas sociais, ambientais e tecnológicos, para a troca de saberes e a coprodução do conhecimento. Dessa forma, são importantes tanto o produto – o protótipo, a simulação, a política, o plano, o projeto, a obra, etc. – quanto o processo e as aprendizagens por ele proporcionadas. 

Nesse sentido, o projeto VIVERES está amparado pela intenção de criar um ambiente compartilhado para reflexão e construção de soluções de adaptação para o bairro e a orla da Praia de Ponta Negra. Ali, no ano de 2024, foi implementada a 

maior obra de adaptação climática da cidade de Natal – capital do Rio Grande do Norte -, o aterro hidráulico ou engorda da Praia de Ponta Negra. 

O processo que resultou na obra, iniciado ainda em 2012, foi uma espécie de porta de entrada para aprofundar os contatos e estreitar os laços entre professores-pesquisadores-extensionistas do Departamento de Arquitetura, Políticas Públicas e Engenharia Civil e Ambiental. Tal aproximação e a afinidade entre as abordagens metodológicas utilizadas em seus respectivos projetos, resultou na parceria entre o projeto de extensão Fórum Direito à Cidade e o INCT Klimapolis. Estes compõem o “núcleo acadêmico” do EMR. 

Conformando o “núcleo comunitário” do projeto, estão os agentes sociais engajados em entidades e grupos populares de luta por melhores condições de vida no bairro e na Vila de Ponta Negra, uma das Áreas Especiais de Interesse Social – AEIS da localidade, bem como pela atenção às suas vozes no planejamento e gestão do território. Diante desta problemática, ou seja, a desconsideração, pelo poder público, das vivências e saberes locais na implementação do aterro hidráulico da Praia de Ponta Negra, juntos, os grupos co-criaram (Schäpke et al.,2018), como estratégia de enfrentamento, um instrumento de planejamento popular e gestão urbana baseadas na ciência para enfrentar a crise ecológica. Trata-se do Plano Setorial Urbanístico- Ambiental à luz da emergência climática. 

Iniciando seu segundo ano de atividades, o projeto VIVERES vem realizando um conjunto de oficinas, conduzidas por ferramentas de cartografia social, como um exercício de coprodução (Schäpke et al.,2018) do Plano Setorial popular. Isso porque os cenários vividos e os desejados/futuros – elaborados por meio de outro modo de ocupar/viver o espaço – postos nas oficinas de diálogo, são o combustível para a construção das medidas de adaptação do território. Estas serão sistematizadas pelos agentes acadêmicos e validadas (ou não) em oficinas de devolutiva, pelo conjunto de agentes do EMR. 

Quanto ao caráter experimental da proposta – buscando ir além da geração de conhecimento teórico, sem prescindi-lo (Schäpke et al., 2018) – entende-se que este será dado pelo desenho/projeto/simulação das medidas de adaptação do setor, etapa ainda não realizada. 

Sobre os papéis dos agentes e seu impacto nos procedimentos metodológicos, importa mencionar que, aparentemente, a literatura internacional sobre os LMRs e EMRs, quase sempre versa sobre agentes locais “profissionais”, com algum conhecimento técnico e atuação na área da pesquisa. Aqui, no entanto, trata-se de um conjunto heterogêneo de moradores, trabalhadores e ativistas socioambientais, buscando criar um produto que lhes represente no contexto de uma governança para o desenvolvimento sustentável. 

Observado o potencial para promover ações de impacto e empoderamento local, a estreita relação/dependência entre contexto, processo e produto acaba por o limitar o potencial de generalização das estratégias adotadas pelo projeto VIVERES. A limitação, no entanto, não lhe é particular, sendo também registrada na literatura internacional. Deste ponto de vista, o processo de avaliação do projeto deve “[…] implicar o enfraquecimento de critérios clássicos de qualidade, como a fiabilidade e a validade externa, em nome de uma maior validade ecológica (o contexto do estudo aproxima-se do mundo real)”(Schäpke et al., 2018, p. 106). 

Finalizando esta breve reflexão sobre o ciclo de co-criação/co-produção/co-avaliação (Schäpke et al., 2018) do projeto VIVERES, entende-se que, devido à natureza da metodologia e seu ponto de partida, uma problemática real, os processos de avaliação focados apenas nos resultados tangíveis e documentáveis/documentados, podem não alcançar seus reais impactos. Assim, também é importante focar/avaliar os limites e possibilidades da metodologia de escuta; a potência e qualidade das relações desenvolvidas entre os agentes participantes; a impulsão dos processos de engajamento popular e empoderamento das lideranças locais, bem como da incorporação de novos ativistas à pauta das mudanças do clima; a consolidação ou ampliação do conhecimento acerca das mudanças climáticas; a apropriação de ferramentas de governança urbana, dentre outros. 

** Ancorado no Laboratório de Habitação – LabHabitat do DARQ/UFRN, baseia suas atividades no princípio da gestão democrática da cidade, construindo junto com os habitantes dos territórios populares de Natal, estratégias para, por um lado, reafirmar e fazer cumprir, pelo poder público, as conquistas sociais institucionalizadas sob a forma do direito à moradia, ao transporte, ao lazer, etc., e, por outro, contribuir para o fortalecimento da política de base comunitária, capaz de construir narrativas e ações criativas, contra hegemônicas. O Fórum mantem, desde sua criação, em 2018, parceria com o Instituto de Políticas Públicas (IPP/UFRN) e o INCT Observatório das Metrópoles Núcleo Natal. Mais recentemente, desde 2023, também se coloca como parceiro do INCT Klimapolis.

Gratuito

Inscrições

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Pesquisadores: Venerando Eustáquio Amaro, Afonso Celso Vanoni De Castro, Ana Marcelino 

Resumo: 

As zonas costeiras brasileiras, com alta importância ecológica e socioeconômica, são vulneráveis às mudanças climáticas, especialmente ao aumento do nível do mar, que agrava a erosão, alagamentos e intrusão salina, afetando infraestrutura, agricultura e comunidades pesqueiras. No Nordeste, intensifica-se a energia das ondas, com eventos extremos como ressacas e chuvas intensas, ameaçando manguezais, estuários e infraestrutura costeira. 

O RN destaca-se por não ter territórios indígenas reconhecidos. Nesse cenário, famílias da zona costeira de Sagi, Baía Formosa, reivindicam reconhecimento como etnia Potiguara de Sagi. O processo na FUNAI enfrenta entraves como a falta de consenso sobre limites territoriais e os efeitos da pandemia. A ausência histórica de estudos sobre indígenas no RN contribui para esse panorama. 

A comunidade Sagi Trabanda, com 232 famílias, possui economia baseada em pesca, agricultura e turismo. A degradação ambiental ameaça essas atividades, com desmatamento de manguezais, expansão da monocultura canavieira, barramentos de lagoas e contaminação por agrotóxicos, além da construção de infraestrutura que impacta a maré e o acesso aos recursos pesqueiros, comprometendo sua sobrevivência. 

A comunidade Sagi Jacu, com 41 famílias, ocupa área ribeirinha às margens do rio Pau-Brasil. Dificuldades de acesso e serviços básicos levaram moradores a se aproximarem da cidade. Enfrentam conflitos fundiários com empresas agrícolas e de carcinicultura, o que afeta sua produção agrícola e manutenção da subsistência. A ausência de demarcação territorial formal gera insegurança constante. 

Por fim, a integridade dos ecossistemas litorâneos é vital para a subsistência das comunidades tradicionais. A demarcação de terras e o respeito aos direitos dessas populações são essenciais para a preservação da biodiversidade e resiliência ecológica. Um modelo sustentável de desenvolvimento deve integrar saberes tradicionais e científicos, com ordenamento territorial e gestão ambiental eficaz. 

Nesse sentido, o grupo de geólogos e arquitetos orientados por lideranças indígenas realizaram estudos no território, definindo áreas de risco em relação às marés e ao aumento do nível do mar, e determinando áreas seguras e imunes para a realocação das barracas. A equipe desenvolveu oficinas de cocriação com a comunidade, aplicando a metodologia EMR. 

Considerando as condições socioambientais, trabalhamos em parceria com as comunidades indígenas procurando construir diálogos que resgatassem os saberes ancestrais a proposições de SBNs para a instalação das barracas. 

Considerando a relação risco x custo, definiu-se que estruturas rígidas (como cozinhas) devem estar protegidas fora das áreas de risco, enquanto estruturas moles ou flexíveis (como varandas de atendimento e estar) podem se aproximar da praia, dispensando a integração física entre cozinha e atendimento. 

Na cultura indígena a gestão de espaços e recursos, são geralmente comunais e articulam regras coletivas e familiares de gestão, daí desenvolveu-se a hipótese de “cozinha central”, preservando um espaço individual composto de cozinha e depósito para cada família, como em um mercado de peixes. 

Essa cozinha contará com infraestrutura sanitária de Bacias de Evapotranspiração (BET) ou Tanques de Evapotranspiração (TEVAP) com absorção e evapotranspiração de plantas, como a bananeira, para filtrar a água residual, contribuindo para redução da poluição dos aquíferos da região. Outros dispositivos SBN serão implantados, como coberturas verdes, sistema de cisternas para armazenamento de águas pluviais destinados à irrigação de jardins, limpeza de pisos e outros usos que não necessitem de água potável. 

Quanto às técnicas construtivas e a materialidade, propõe-se o uso de técnicas vernaculares: construções em barro, estruturas em madeira nativa bruta e cobertura com palhas naturais; com adaptações para atender a quesitos de segurança e salubridade. 

Adotando alternativas decolonizadoras para a manutenção das comunidades indígenas do Sagi que desafiam a dicotomia entre natureza e cultura, a proposta promove resistência e justiça racial e ambiental.

Gratuito

Inscrições

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A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Pesquisadores: Loyde Vieira De Abreu Harbich, Mariana Zuliani Theodoro de Lima, Sasquia Hizuru Obata, Anny Cardeli, Ariella Cristine Cabezas Piffer, Pérola Felipette Brocaneli, Andre Luiz Nery Figueiredo, José Alonso Pajuelo Bravo, Thiago Oliveira Leite, Taizy de Jesus Santos, Luan Fagner de Almeida Esteves, Júlia Tiemi Martins Goia

Resumo:

Para enfrentar os desafios da escassez hídrica, ações de extensão universitária desempenham um papel estratégico na promoção de soluções sustentáveis e na aproximação entre pesquisadores e comunidades em situação de vulnerabilidade. Em Portada de Manchay II — uma área urbanizada nos arredores de Lima, Peru — líderes locais buscaram apoio da Universidad Científica del Sur para elaborar um projeto de requalificação de espaços públicos com foco em sustentabilidade. Como diferencial, foram incorporados coletores atmosféricos de água de nevoeiro como solução alternativa para irrigação. 

O objetivo central foi criar uma área verde funcional e resiliente, conectando o saber acadêmico às necessidades reais da população e contribuindo diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU como 1, 2, 6, 9, 11 e 13, 17. 

A metodologia para esse experimento de mundo real envolve as etapas: 

Etapa 1: Planejamento paisagístico e territorial participativo 

Essa etapa consistiu em encontros participativos entre professores, alunos, lideranças comunitárias e demais interessados para mapear as necessidades de uso comum em Portada de Manchay II – incluindo hortas comunitárias, playground, espaços multiuso, sanitários, quadra esportiva, áreas de passeio e a preservação da Gruta do Santo. O programa de necessidades foi alinhado aos ODS 2 (Fome Zero), 3 (Saúde e Bem-Estar), 6 (Água Limpa e Saneamento), 11 (Cidades Sustentáveis), 13 (Ação Climática) e 15 (Vida Terrestre). Considerando as fortes declividades do terreno, propôs-se um sistema de rampas que conecta a quadra, os espaços multiuso, as hortas, a Gruta do Santo e o mirante, melhorando a circulação de pedestres. O principal desafio identificado foi a escassez hídrica local: embora as 60 famílias sejam abastecidas por caminhões-pipa, a irrigação das hortas e a manutenção das áreas verdes demandam soluções mais permanentes.

Etapa 2: Pesquisa aplicada sobre coletores de água de nevoeiro. 

No escopo teórico, o protótipo baseado em nanotubos de carbono desenvolvido por Ouellet (2020) na Universidade Politécnica de Montreal revelou lacunas de estudo quanto ao impacto do clima, da poluição e do vento sobre os nanotubos, além de 

sua tendência a absorver poluentes. Paralelamente, o Plano Metropolitano de Lima 2040 identificou que distritos como San Juan de Lurigancho, Lurigancho, Villa María del Triunfo e Lima Balneários del Sur sofrem déficit de água potável devido à falta de redes de distribuição e oferta insuficiente. Esses problemas são agravados pelo relatório da SUNASS, citado em El Peruano (2024), que aponta degradação dos rios Rímac, Chillón e Lurín por ocupações irregulares, contaminação industrial e expansão urbana desordenada em áreas distantes das estações de tratamento. 

Etapa 3: Protótipos testados em campo 

A fase de prototipagem consiste na construção de modelos experimentais, testando materiais hidrofílicos, estruturas aerodinâmicas e mecanismos de drenagem. Nessa etapa, técnicas como impressão 3D e simulações computacionais ajudam a visualizar e ajustar o desempenho do dispositivo. Essa etapa envolveu alunos do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da UCSur. Os protótipos desenvolvidos pelos alunos da FAU Mackenzie agora estão na fase de testes. 

Etapa 4: Experimento de Mundo Real 

A equipe observou que a malha original não retinha vapor em quantidade suficiente e a substituiu por uma Rashel de 35% para melhorar a eficiência de coleta. Em 5 de junho de 2025, durante uma visita técnica à Portada de Manchay II e arredores, verificou-se que a neblina se forma entre 750 e 900 metros de altitude, faixa incompatível com o local. Por isso, o protótipo foi instalado no quintal de um morador de Buena Vista de Manchay, a 850 metros de altitude e com umidade próxima a 100%, o que permitiu testar o dispositivo em condições reais e coletar dados de campo. 

Sob coordenação do professor José Alonso Pajuelo Bravo, esses experimentos validaram o design e esclareceram as variáveis microclimáticas cruciais para a implementação de coletores de neblina em áreas periféricas. Em seguida, a equipe desenvolveu um segundo protótipo, e atualmente dois coletores estão em operação em Portada de Manchay II, fornecendo água para os biohortos de duas famílias. 

Conclusões 

Estudos sobre captação de água de neblina mostraram que coletores convencionais funcionam bem em condições de umidade, mas perdem eficiência na estação seca. Para solucionar isso, as professoras Pérola F. Brocaneli e Verioska V. Urquizo criaram um projeto paisagístico que utiliza uma “atrapaniebla” de baixo custo e complexidade. Já os alunos de iniciação científica da Mackenzie, orientados pela Prof. Loyde A. Harbich, iteraram novos protótipos com malha Rashel a 35%, impressão 3D e simulações computacionais—resultando em maior retenção de vapor. 

Testes de campo entre 750 e 900 m de altitude, com umidade próxima a 100 %, e ensaios junto a moradores de Buena Vista de Manchay comprovaram coleta contínua de água. Um vídeo tutorial ensina a construção caseira dos coletores para abastecer biohortos e áreas verdes. O pedido de patente na Universidad Científica del Sur protege a tecnologia, e a autorização para instalar um protótipo in loco representa um marco na validação e futura expansão dessa solução sustentável.

Gratuito

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Cerimônia de abertura

Gratuito

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Pesquisadores: Karinne Deusdará, Jonathan Mota, Coca e Vanessa, Joana Darc de Medeiros, Adelena Maia, Sandra Saad, Andreia Lema, Heber, Wagna Moura

Resumo:

INTRODUÇÃO: Laboratórios de Mundo Real (LMRs) são espaços experimentais em territórios reais, voltados à produção de conhecimento transdisciplinar e à construção de soluções sustentáveis com participação ativa da sociedade. Neles, o entendimento compartilhado dos problemas e os processos de aprendizado científico e social são tão relevantes quanto os resultados práticos alcançados (Kohler et al. 2021; Bernert et al. 2024). Essa abordagem reconhece que, além dos dados técnicos e da capacidade institucional, é essencial que as comunidades envolvidas identifiquem coletivamente as causas estruturais dos desafios, favorecendo soluções mais justas e exequíveis (Parodi et al. 2023).

Nesse contexto, o LMR na bacia do rio Pitimbu, na região metropolitana de Natal/RN, foi criado para enfrentar os desafios da segurança hídrica diante da urbanização, da degradação ambiental e das pressões climáticas. A bacia sofre com uso desordenado do solo, poluição hídrica e fragilidade das instâncias de governança, com baixa participação social e limitada atuação do comitê de bacia. Esses fatores colocam em risco o abastecimento de água de parte significativa da população de Natal e Parnamirim (NATAL 2024). 

O objetivo principal do laboratório é desenvolver estratégias de gestão e governança participativa voltadas à proteção dos recursos hídricos e valorização dos serviços ecossistêmicos. Para isso, busca-se: (1) avaliar os impactos da urbanização e das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos da bacia; (2) desenvolver ações de educação ambiental e mobilização social; (3) fortalecer a participação comunitária nas instâncias de governança da água; e (4) propor um programa de pagamento por serviços ambientais (PSA) voltado à conservação da nascente do rio. 

METODOLOGIA: O LMR adota abordagem transdisciplinar, unindo métodos técnicos e participativos. Para a meta 1, são aplicados modelagem hidrológica com o modelo SWAT e monitoramento instrumental. As ações da meta 2 incluem oficinas, aulas de campo e materiais educativos. A meta 3 avança por rodas de conversa e articulação com o comitê. A proposta de PSA, da meta 4, ainda em construção, baseia-se em diagnósticos socioambientais e diálogo com moradores da nascente. 

RESULTADOS PARCIAIS E CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados parciais evidenciam que a abordagem em LMR tem contribuído para integrar dados científicos e saberes locais, promovendo avanços tanto na produção de conhecimento quanto no engajamento social. As atividades de modelagem hidrológica, ainda em desenvolvimento, indicam áreas críticas para o escoamento superficial e reforçam a importância das zonas de recarga da bacia. Sensores de medição de nível do rio foram instalados, permitindo monitoramento contínuo e reduzindo a lacuna histórica de dados. 

As atividades educativas revelaram baixo grau de identificação da população com o rio Pitimbu, mas demonstraram alto potencial de transformação por meio de ações continuadas. Durante a aula de campo, observou-se o uso inadequado de resíduos de construção civil como forma improvisada de contenção da erosão pluvial, prática que, embora indique esforço local, acarreta riscos ambientais relevantes por contribuir com o assoreamento e a poluição do curso d’água. 

A aproximação com a comunidade da nascente, especialmente o Quilombo dos Palmares II, mostrou forte disposição para práticas conservacionistas, abrindo caminho para a construção coletiva de um programa de PSA. Essas ações apontam que os LMRs podem impulsionar soluções mais justas e eficazes para os desafios da gestão da água, sobretudo em regiões urbanas e periurbanas vulneráveis. A continuidade e o aprofundamento das estratégias de governança, aliados ao apoio institucional e financeiro, serão fundamentais para garantir os avanços já iniciados e ampliar os impactos positivos sobre a segurança hídrica da região.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Estudos de casos com Lucas Padilha (Secretário de Cultura do Rio de Janeiro), Pedro Fernandes (SPUrbanismo), Marcos Barral (Oterprem – Pisos Drenantes), e mediação de Camila Reis (Narureza Urbana e IABsp)

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Implantação do projeto: India
Desenvolvimento do projeto: India

Este projeto é uma intervenção num ecossistema urbano único — uma rede de tanques de pesca, criada e gerida por membros da comunidade de pescadores Koli, numa floresta de mangue do Rio Mithi, contra todas as adversidades.

Dharavi Koliwada, uma vila piscatória urbana dos Kolis, foi outrora um bairro vibrante e movimentado, rodeado pelo Estuário do Rio Mithi. Hoje, está totalmente envolto pela grande cidade. No entanto, o ecossistema estuarino continua a sobreviver num contexto urbano denso e cementificado, com vastas quantidades de poluição e resíduos a asfixiar o rio.

Os tanques representam uma iniciativa indígena de subsistência baseada na natureza, levada a cabo pela comunidade Koli.
Os seus esforços ilustram como as relações de interdependência entre o ser humano e a natureza são a chave para os esforços de conservação. O projeto participativo de base ação espera potenciar o conhecimento indígena da comunidade e restaurar uma ligação cada vez mais ténue com o seu ambiente aquático. O primeiro passo concreto do projeto é uma intervenção paisagística participativa no último espaço comum remanescente dentro do habitat que pretendem restaurar.

A comunidade contactou a urbz para ajudar a construir um programa e uma visão partilhados, de modo a orientar as ações coletivas necessárias para alcançar os seus objetivos de restauro. Juntos, delinearam uma visão e uma estratégia para facilitar o trabalho da comunidade, que já começou a reviver os tanques de aquicultura ancestrais. Após vários workshops, exposições e discussões de grupo focadas para envolver diversas partes interessadas da comunidade local, foi identificada uma lista de desafios.

O desafio premente é o acesso a estas paisagens. As famílias de pescadores precisam de acesso sem obstáculos para cuidar do seu habitat. Uma pequena faixa de terrenos comuns ao longo do rio, outrora utilizada para aceder aos tanques de pesca, sofreu de negligência administrativa, resultando em despejo ilegal e condições inseguras. Mulheres, idosos e crianças não podem visitar em segurança a margem do rio, onde outrora realizavam atividades de subsistência, culturais e recreativas. Até os pescadores arriscam ferimentos devido ao acúmulo de lodo e resíduos perigosos.

Uma vez garantido o acesso seguro, a comunidade pretende sensibilizar para a crescente poluição do Rio Mithi e a deterioração induzida pela urbanização. Propõem fazê-lo organizando passeios de barco para cidadãos preocupados, para destacar a biodiversidade urbana e motivá-los a agir para conservar a paisagem.

O projeto reconhece que os Kolis não só retiram o seu sustento destas águas, como também mantêm uma profunda relação espiritual com esta paisagem marinha anfíbia. Apoiando as suas práticas tradicionais e introduzindo inovações sustentáveis, o projeto visa criar um modelo de restauro ecológico urbano liderado por indígenas, que aborde tanto a degradação ambiental como o bem-estar da comunidade.

As mudanças climáticas são uma ameaça à humanidade e a janela de oportunidade para atenuar significativamente seus impactos está se fechando rapidamente. Os riscos climáticos estão se agravando de forma mais rápida e severa do que o previsto, o que torna a adaptação cada vez mais desafiadora. Nas cidades, a crise climática intensifica os riscos já existentes, como ondas de calor, inundações, deslizamentos de terra e limitações no fornecimento de água potável. Considerando que mais da metade da população mundial vive nessas áreas, os eventos climáticos extremos nesses espaços resultam em graves impactos socioeconômicos e elevados índices de morbimortalidade.

Esta atividade propõe uma maratona de design colaborativo – no estilo de uma “hackatona” – que convida participantes a construir imaginários acerca da adaptação das cidades brasileiras à mudança climática.

O objetivo é estimular a construção coletiva de representações visuais que expressem estratégias, soluções e futuros desejáveis de cidades adaptadas, a partir de uma perspectiva de justiça socioambiental e alinhada aos desafios enfrentados pelas cidades do Sul Global. As ilustrações deverão traduzir de forma acessível e mobilizadora conceitos relacionados ao desenvolvimento urbano resiliente e de baixo carbono, gestão de risco de desastres, gestão das águas, mobilidade sustentável com ênfase em modos ativos e transporte coletivo, presença da natureza nos espaços urbanos, soluções baseadas na natureza, materiais e técnicas construtivas de baixo carbono adaptadas aos biomas locais, arborização, biodiversidade urbana e moradias dignas, seguras e adaptadas às mudanças do clima.

As inscrições são gratuitas e abertas a todos interessados. Convidamos designers, profissionais da arquitetura e do urbanismo, artistas visuais, comunicadores, especialistas em mudança climática, estudantes de arquitetura e a quem mais possa se interessar.

Uma imagem será selecionada e seus(suas) autores(as) serão contratados(as) para desenvolver a versão final. À imagem final será atribuída a seguinte licença: Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional (CC BY-NC-SA 4.0). Isso significa que a imagem poderá ser compartilhada e adaptada desde que os créditos sejam atribuídos e que o uso não seja comercial.

Os critérios para a seleção da imagem vencedora são:
– Clareza e aderência a proposta: capacidade de comunicação de forma direta, compreensível e estruturada a proposta da solução e em consonância com a proposta temática.
– Simplicidade, clareza e coerência: representação visual clara dos conceitos propostos pelo edital.
– Acessibilidade: apresentação dos conceitos de forma compreensível para diferentes públicos.
– Síntese: condensação das ideias centrais em uma representação objetiva
– Impacto visual: criação de uma imagem atraente e memorável, que chame a atenção e permaneça na lembrança.
– Representação gráfica: qualidade, coerência e adequabilidade das composições das representações gráficas. Entende-se como representações gráficas o conjunto de desenhos, textos, cores, texturas e outros elementos que facilitam e detalham o entendimento da solução proposta.
– Abordagem de justiça climática: a proposta deve considerar os impactos sociais, econômicos e ambientais das soluções propostas, de modo a promover a justiça climática nesse contexto.

Posteriormente, as imagens produzidas e selecionadas durante a hackatona serão expostas em local e data a definir.

Gratuito

Vagas: 50

Inscrições

As inscrições devem ser feitas pelo formulário disponível aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o início da Oficina, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Crédito da imagem: Jeffrey Raven, 2016.

Em caso de dúvidas, os interessados poderão contactar o Grupo de Trabalho Clima e Cidade do IABsp através do seguinte e-mail: gt_emergenciaclimatica@iabsp.org.br

Quando o Brasil Era Moderno é o novo documentário do diretor Fabiano Maciel. Distribuído pela O2 Play e muito elogiado durante a 30ª edição do festival É Tudo Verdade, um dos mais importantes eventos cinematográficos do país, recebeu menção honrosa do júri por sua extensa e profunda pesquisa. Segundo os jurados, o longa-metragem faz uma contundente leitura da história brasileira, tendo a arquitetura como o fio condutor de inúmeras disputas políticas e estéticas travadas no país ao longo do século XX.

Hoje, a arquitetura moderna brasileira é considerada como uma das mais revolucionárias e ousadas do período, tendo influenciado gerações de arquitetos no mundo todo. Mas no começo dos anos 1930, a escolha de um estilo arquitetônico significava também a escolha de um projeto para o país. O estilo arquitetônico vencedor, iria determinar também o rumo das artes plásticas, da educação, da saúde e do modelo social que se queria para a nação. E a disputa não foi exatamente amistosa. Muito pelo contrário. Foram travadas inúmeras batalhas em gabinetes de governo, em universidades e, principalmente, nos jornais e nas revistas do país, onde a troca de acusações era constante. Simbolicamente, pode-se dizer que a guerra começou em 1935, com o concurso para a escolha do projeto da sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio, e teve seu auge com a inauguração de Brasília, em 1960.

Com produção da Ocean Films, investimento do BB Asset Management e recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, Quando o Brasil Era Moderno mostra como o país abriu mão de um projeto de excelência, que se dissipou diante dos descaminhos históricos. Abriu mão de um projeto de vanguarda- e em muitos aspectos, utópico- para mais uma vez, se acomodar nas lamacentas e escuras areias do passado.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A mesa apresentará a Mentoria Mulheres Negras pelo Clima, fruto da parceria da GIZ com a Secretaria Nacional de Periferias, do Ministério das Cidades, como parte do Programa Periferia Viva.

A jornada teve como objetivo o fortalecimento de lideranças periféricas urbanas, protagonistas da transformação e desenvolvimento sustentável de seus territórios. Elas passaram por capacitações, refletiram sobre medidas para melhorar as condições ambientais e combater os impactos das mudanças climáticas em seus territórios, tiveram reuniões estratégicas com o governo federal e criaram uma rede de apoio entre elas, trocando experiências e saberes.

Para compartilhar suas experiências durante a mentoria, estarão na mesa: Ana Claudia Barbosa (líder da Ocupação Terra Prometida – São Paulo/SP), Bizza Araújo (Coordenadora na Cozinha Solitária do MTST em Sol Nascente – Brasília/DF), Dayane Monteiro (líder do Clube de Catadores do Aratu – João Pessoa/PB), Lília Melo (líder do Cineclube Terra Firme – Belém/PA) e Simone Sigale (Cocoordenadora da Coletiva Mulheres da Quebrada – Belo Horizonte/MG).

A Mentoria Mulheres Negras pelo Clima foi implementada no âmbito do Projeto Apoio à Agenda Nacional de Desenvolvimento Urbano no Brasil (ANDUS), parceria entre o Ministério das Cidades (MCID), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Energia (BMWE) da Alemanha como parte da Iniciativa Internacional para o Clima (IKI). É implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH no contexto da Cooperação Brasil-Alemanha.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

 

Desde a primeira edição, em 2023, o Seminário Emergência Climática e Cidades (SECC), vem evidenciando os impactos das mudanças climáticas no meio urbano e a necessidade de revisão do atual modelo de desenvolvimento. Se no I SECC o foco esteve em pautar as emergências climáticas na gestão urbana, a segunda edição avançou para a discussão sobre implementação de soluções.

A publicação Emergência Climática e Cidades apresenta o registro do seminário realizado nos dias 28 e 29 de maio de 2025, na sede do IABsp, na cidade de São Paulo em parceria com a Escola da Cidade. A publicação reúne as questões mais relevantes debatidas nas quatro mesas do evento: Da cidade carbocêntrica à cidade ecológica: visões para reimaginar a sociedade; Transformando planos em ação: políticas públicas para cidades resilientes; Corpos em crise: a cidade e a saúde em um planeta quente; Quem paga a conta? O financiamento de cidades adaptadas e justas.

Voltada a arquitetos, urbanistas e demais interessados, a publicação busca consolidar um marco de referência sobre a interseção entre as agendas de clima e cidade, capaz de inspirar a prática profissional, a formulação de políticas públicas e a formação acadêmica. O lançamento integra também o Circuito Urbano da ONU-Habitat no Brasil.

Autores da publicação: Adrielly Carneiro, Cristiane Amaral, Estela Macedo Alves, Hannah Arcuschin Machado, Julia Reis, Lara Torres, Leandro Fontana, Luiz Florence, Maiara Enes Appugliese e Taiara Cifuentes.

Sobre o GT Clima e Cidade
O Grupo de Trabalho Emergência Climática e Cidades do IABsp atua para fomentar a discussão sobre as ações para mitigar os efeitos dos eventos climáticos extremos e estratégias de adaptação e mitigação nas áreas urbanas no Brasil.

Pavilhão da Oca | 1º andar | Lab Vivo

A oficina propõe praticar a precariedade como potência poética na arquitetura. Inspirados por referências como Cecilia Vicuña, Antonio Bispo, Manoel de Barros e Bachelard, os participantes criarão pequenas construções efêmeras exercitando formas de habitar que tecem caminhos possíveis de envolvimento com o mundo.

Vitor Barão

Biólogo e Mestre em Ciências pelo Dpto. de Botânica da USP, fotógrafo e cozinheiro autodidata, atua como artista multidisciplinar entre as linguagens da arte, ciência, natureza, cozinha e tecnologia. É pesquisador, consultor e professor de biomimética, documentarista de processos criativos e co-fundador do Gramáticas da Natureza que atua com educação, ciência e poética.

Carolina Coronato

Artista e educadora, desenvolve sua pesquisa e prática artística a partir da construção de cartografias – representações estético-poéticas de territórios subjetivos – lugares onde se materializam percepções e atravessamentos nascidos no encontro com e na natureza. É cofundadora do Gramáticas da Natureza, abordagem que propõe modos poéticos de relação com o mundo natural.

Gramáticas da Natureza

Gramáticas da Natureza é uma plataforma que investiga modos de conhecer e experienciar a natureza. O projeto propõe residências, instalações, expedições, oficinas e banquetes performativos adotando as linguagens de arte e da ciência como pontes para a experiência. Em suas ações, o coletivo ativa formas de cuidado e construção de subjetividade a partir da relação entre paisagem, estética e compartilhamento.

Vagas: 20

Tempo de duração: 60 minutos

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas pelo formulário disponível aqui.

As inscrições estarão abertas até o inicio oficina, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A seleção será feita por ordem de inscrição. Haverá reserva de ao menos 2 vagas afirmativas por turma.

 

Implantação do projeto: China
Desenvolvimento do projeto: China

Construindo na Natureza
Escondido sob uma duna na Baía de Bohai, o Museu de Arte da Duna, projetado pela OPEN Architecture, retorna às formas primais e atemporais do espaço e responde diretamente ao seu local à beira-mar, dotado de um ecossistema delicado.

Quando foram convidados a projetar um edifício à beira-mar, os arquitetos da OPEN souberam imediatamente que esta era uma oportunidade rara. Eles estavam profundamente preocupados com os atos negligentes de destruição de dunas para empreendimentos imobiliários com vista para o mar, que frequentemente aconteciam na China naquela época, cientes de como as dunas são críticas para o meio ambiente.

A decisão de construir o museu dentro da duna foi, portanto, intencional. Graças à existência do museu, esta extensão de duna foi finalmente preservada, em vez de destruída para a especulação imobiliária. Após a conclusão da estrutura, a areia foi restaurada sobre a envoltória do edifício, e arbustos e árvores locais foram replantados. O museu foi inaugurado em outubro, e até o junho seguinte — apenas um inverno e uma primavera depois — a vegetação havia crescido completamente. Desde então, o museu “desapareceu” efetivamente em uma coexistência harmoniosa com a natureza.

Aqui, o ato consciente de construir torna-se proteção em vez de destruição, indicando uma mentalidade diferente nas práticas climáticas e no engajamento arquitetônico com a natureza.

Envolvidas pela areia, as galerias interconectadas e de formas orgânicas do museu inspiram-se em cavernas naturais. Uma série de espaços contíguos, semelhantes a células, abrigam galerias de diferentes tamanhos, um café e alguns espaços auxiliares. Aberturas enquadram a vista do céu e do mar em constante mudança, permitindo que os visitantes vivenciem a paisagem como parte da arquitetura.

As muitas claraboias do edifício, cada uma com orientação e tamanho diferentes, fornecem luz natural cuidadosamente calibrada ao longo do ano. Seu telhado coberto de areia reduz significativamente a carga térmica, enquanto um sistema de bomba de calor geotérmica de baixa energia e zero emissão substitui o ar-condicionado tradicional.
Sobre a OPEN:

A OPEN é um escritório de arquitetura que colabora entre diferentes disciplinas para praticar projetos arquitetônicos, urbanos, paisagísticos e de interiores. Também pesquisamos e desenvolvemos estratégias de design no contexto dos desafios sem precedentes que nossa geração e as futuras enfrentam.

A OPEN foi fundada por LI Hu e HUANG Wenjing na cidade de Nova York e estabeleceu seu escritório em Pequim em 2008. Alguns de seus principais projetos incluem: Sun Tower, Shanfeng Academy, Chapel of Sound, Shanghai Qingpu Pinghe International School, UCCA Dune Art Museum, Tank Shanghai, Pingshan Performing Arts Center, Tsinghua Ocean Center, Garden School/Beijing No.4 High School Fangshan Campus e Gehua Youth and Cultural Center.

Implantação do projeto: China
Desenvolvimento do projeto: China

A Natureza no Edifício
O Tank Shanghai Art Center está localizado às margens do Rio Huangpu, na área de West Bund, parte de um grande projeto de transformação da antiga zona industrial em uma vibrante comunidade à beira-rio.

O local específico do Tank Shanghai já foi parte de um aeroporto abandonado com tanques de combustível de aviação desativados, que passou por um longo e rigoroso processo de descontaminação antes da reurbanização.

Enquanto preservava cuidadosamente os tanques de óleo e os transformava em diferentes espaços artísticos, a OPEN “convidou” a natureza para transformar todo o local — outrora pavimentado em concreto e quase sem grama — em um parque urbano aberto a todos. O Centro de Artes está, então, perfeitamente integrado a essa floresta urbana e gramado recém-criados, sem revelar onde a arquitetura começa ou termina. É um centro de artes sem fronteiras — emblemático da visão desta instituição única para a arte contemporânea.
Central para o design é a fusão entre arquitetura e paisagem por meio de uma “Superfície-Z” em forma de Z — uma extensão paisagística de cinco hectares com árvores e gramíneas que conecta os cinco tanques e integra os diferentes elementos do local. A Superfície-Z traz benefícios estéticos e práticos para seu contexto à beira-rio, que desfruta de 115 metros de extensão de costa. A vegetação luxuriante cria uma área verde atraente e urgentemente necessária em uma cidade com apenas 17,56% de espaço verde, contribuindo para a restauração ecológica e o retorno da vida animal.

Ladeando o lado sul da praça, uma “Floresta Urbana” fornece sombra e vegetação tão desejadas pelos residentes urbanos. A leste, uma praça gramada oferece espaço aberto para lazer e eventos ao ar livre, funcionando também como área de apoio para grandes públicos durante festivais.

Programaticamente, as variadas configurações espaciais e o design flexível permitem que a instituição realize diversas exposições, performances e atividades comunitárias. Apesar dos desafios estruturais de adaptar os tanques, a renovação preserva muitas de suas características industriais originais, mantendo um diálogo entre o passado e o presente.
Em resumo, o Tank Shanghai transformou containers de combustível em containers de cultura e vida, conectando pessoas, arte e natureza. Ele se ergue como um equalizador social que atrai e generosamente acolhe pessoas de todos os caminhos da vida.

Sobre a OPEN:
A OPEN é um escritório de arquitetura que colabora entre diferentes disciplinas para praticar projetos arquitetônicos, urbanos, paisagísticos e de interiores. Também pesquisamos e desenvolvemos estratégias de design no contexto dos desafios sem precedentes que nossa geração e as futuras enfrentam.

A OPEN foi fundada por LI Hu e HUANG Wenjing na cidade de Nova York e estabeleceu seu escritório em Pequim em 2008. Alguns de seus principais projetos incluem: Sun Tower, Shanfeng Academy, Chapel of Sound, Shanghai Qingpu Pinghe International School, UCCA Dune Art Museum, Tank Shanghai, Pingshan Performing Arts Center, Tsinghua Ocean Center, Garden School/Beijing No.4 High School Fangshan Campus e Gehua Youth and Cultural Center.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Em um planeta que confronta os seus limites perante eventos climáticos extremos, a arquitetura e o urbanismo são chamados a uma revisão profunda do seu papel. Mais do que refletir, é necessário elaborar propostas radicais e soluções concretas. É nesta fronteira que a cidade do Rio de Janeiro se inscreve como um laboratório vivo que forja os alicerces de um novo pacto entre urbano e natural — onde a cidadania se entrelaça com a preservação e a integração da natureza no tecido urbano.

A participação da cidade do Rio de Janeiro na 14ª Bienal é a celebração do diálogo entre o urbano e o natural, que resulta em soluções urbanas únicas e inclusivas, pavimentando o caminho para uma tradição urbana carioca contemporânea. A cidade apresenta um portfólio de intervenções que traduzem em realidade os eixos curatoriais da Bienal, demonstrando que é possível conciliar resiliência climática com justiça social. Em uma estratégia multifacetada, o Rio segue na missão de se reinstituir como cidade-floresta a partir de um reflorestamento urbano manifesto em diversas as escalas, da vitalidade das hortas comunitárias e quintais produtivos à grandiosidade dos parques urbanos e à reconexão com suas florestas.

Extensa, topograficamente dramática e socialmente plural, o Rio de Janeiro — uma cidade-mundo — encarna o dilema central do nosso século: orquestrar uma transição socioecológica justa em meio a complexidades incontornáveis. Sua complexidade, inerente a um centro urbano de relevância mundial, amplifica tensões e potencialidades, exigindo operações em múltiplas escalas — do macro ao micro — sob o imperativo de integrar justiça social, planejamento urbano e ação climática.

O Rio de Janeiro, portanto, não vem à Bienal apenas para exibir projetos, mas para compartilhar um modelo de gestão urbana que entende a cidade como um ecossistema integrado. Apresentamos um conjunto de respostas que nascem do chão urbano da cidade e também da terra úmida da floresta, na firme convicção de que a arquitetura que precisamos para o futuro já está sendo construída, hoje, nas encostas, nas várzeas e no asfalto da capital fluminense.

A Justiça Térmica é um conceito emergente que busca compreender e enfrentar os riscos gerados pelo calor nas cidades, articulando dimensões ecológicas, tecnológicas e sociais. O aumento das ondas de calor, agravado pela urbanização densa e pela desigual distribuição da vegetação, não afeta todos da mesma maneira: populações periféricas e grupos historicamente marginalizados estão em maior vulnerabilidade. Por isso, discutir a Justiça Térmica implica também falar de Justiça Ambiental, da forma como o direito ao conforto térmico e ao abrigo se distribui no espaço urbano, e de como as políticas públicas podem garantir equidade diante da crise climática.

O painel propõe um diálogo a partir de experiências do Norte e do Sul Global, explorando como árvores e vegetação urbana podem atuar como infraestrutura viva para mitigar o calor e fortalecer a equidade socioespacial. Para isso, partimos de quatro dimensões fundamentais da justiça: distributiva, que trata da justa alocação de recursos e benefícios como sombra e conforto; de reconhecimento, que exige atenção aos grupos historicamente invisibilizados nas decisões urbanas; de capacidades, que considera não apenas a provisão de bens, mas as condições concretas para que indivíduos e comunidades possam viver e prosperar; e procedimental, que reforça a importância da participação e de processos inclusivos na tomada de decisão.

O painel contará com três pesquisadores convidados: Lucas Gobatti, Engenheiro-Arquiteto pela POLI-USP e FAU-USP, estudante de doutorado no MIT Senseable City Lab (Estados Unidos) e ETH Zürich (Suíça), e pesquisador em clima urbano e infraestrutura verde-azul, com trabalhos que integram modelagem climática, justiça socioambiental e políticas públicas. Gabriela Alves, Cientista Social pela UNIFESP e Urbanista Social pelo Insper, Co-fundadora e Diretora do Instituto Perifa Sustentável, atua com inovação social, justiça racial e ambiental, transição energética justa e desenvolvimento comunitário em territórios periféricos. Rodrigo F. Iacovini, Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela FAUUSP e graduado em Direito pela UFC, é Diretor Executivo do Instituto Pólis, onde Coordena a Escola da Cidadania, é parte do Comitê Gestor do Programa Cidades Verdes Resilientes do Governo Federal, além de atuar como consultor para organizações da sociedade civil em processos de planejamento estratégico e avaliação institucional.

Ao reunir perspectivas interdisciplinares e trajetórias diversas, o painel busca ampliar a compreensão da Justiça Térmica como um campo de ação e reflexão que conecta o direito à cidade com a urgência climática, contribuindo para práticas urbanas mais inclusivas e resilientes.

Gratuito
Inscrições:


As inscrições devem ser feitas aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A produção global de plásticos derivados do petróleo cresce em ritmo muito superior à reciclagem. No Brasil, apenas um quarto das quase 15 milhões de toneladas anuais volta ao ciclo produtivo. Mais do que reduzir o uso de matéria-prima virgem, é preciso regenerar: transformar resíduos já existentes em recursos para um futuro mais sustentável.

É nesse contexto que surge a Linha Trilha, primeiro projeto da Novidário em Economia Circular. A coleção foi criada a partir da matéria-prima Lynx — chapas de polipropileno e polietileno reciclados — resultado de mais de um ano de pesquisa em colaboração com a Arte 8, oficina especializada em reciclagem criativa. Inspirada no movimento Precious Plastic, a Arte 8 coleta resíduos pós-consumo de diferentes origens (residencial, industrial e voluntária) e os transforma em chapas aplicadas em mobiliário, revestimentos, objetos e obras de arte.

Cada peça da Linha Trilha simboliza esse processo de regeneração: resíduos que antes estariam no meio ambiente retornam como mobiliário coletivo. Combinando alumínio e plásticos reciclados, as peças foram pensadas para ambientes urbanos de alto uso, unindo resistência e leveza em suas formas orgânicas inspiradas na natureza. Ao mesmo tempo, sua modularidade e versatilidade permitem diversas composições criando cenários dinâmicos de encontro na cidade.

A Novidário é um estúdio de design e mobiliário criativo que transforma espaços de convívio e fortalece relações. Fundada por Luciana Sobral e José Machado, a marca combina expertise industrial e visão criativa, aplicando princípios circulares para oferecer soluções inovadoras e humanas. Seu propósito é simples e ambicioso: criar um design bom para o mundo e para todos.

Esta será uma palestra compartilham o processo de introdução da matéria-prima Lynx no mercado e mostram como resíduos urbanos foram transformados em mobiliário coletivo e que reintegra resíduos plásticos ao ciclo produtivo, transformando o que seria descartado em design durável, belo e coletivo.

Gratuito

Vagas: 20

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas pelo formulário disponível aqui.
Um e-mail de confirmação será enviado previamente.
A seleção será feita por ordem de inscrição. Haverá reserva de ao menos 2 vagas afirmativas por turma.

Pavilhão da Oca | 1º andar | Lab Vivo

A palestra “Construindo com Fibras: Três Abordagens” convida o público a explorar o potencial das fibras como material de construção a partir de três caminhos principais: matéria, geometria e fabricação. Trata-se de uma jornada que conecta pesquisa, prática e experimentação, revelando como as fibras podem assumir um papel central na arquitetura contemporânea.

O percurso começa pela matéria, explorando as propriedades intrínsecas das fibras e suas possibilidades de transformação em compósitos híbridos. Essa dimensão envolve compreender a fibra não apenas como um recurso natural, mas como um material construtivo com desempenho próprio, capaz de responder a desafios estruturais e ambientais. A segunda abordagem é a geometria, que investiga como diferentes padrões de organização influenciam a performance estrutural, a estética e a materialidade dos objetos arquitetônicos. As fibras, ao serem dispostas em diversas direções, densidades e camadas, geram resultados distintos, ampliando o repertório de soluções arquitetônicas e demonstrando como a lógica do material pode orientar o processo de projeto. A terceira dimensão é a fabricação, onde teoria e concepção encontram a prática. Por meio de processos digitais e robóticos, a pesquisa demonstra como a fabricação pode potencializar a expressividade e a eficiência das fibras, permitindo a criação de estruturas complexas e ao mesmo tempo leves. Essa abordagem conecta diretamente a experimentação acadêmica com aplicações arquitetônicas, evidenciando como fluxos de trabalho computacionais e robóticos abrem novas fronteiras para a construção. Ao longo da palestra, diferentes projetos são apresentados como exemplos concretos dessas três abordagens, mostrando como a combinação entre matéria, geometria e fabricação resulta em explorações arquitetônicas inovadoras, de baixo impacto ambiental e alto desempenho. O destaque recai sobre o uso de fibras naturais, que se apresentam como biomateriais promissores para a construção sustentável e regenerativa, capazes de unir tradição, inovação e responsabilidade ambiental.

Rebeca Duque Estrada é arquiteta brasileira baseada em Stuttgart e pesquisadora no Institute for Computational Design and Construction (ICD). Mestre em Open Design pela Humboldt University of Berlin e Universidad de Buenos Aires, e em Arquitetura pelo programa ITECH da Universidade de Stuttgart, sua pesquisa explora a interseção entre design computacional, fabricação robótica e inovação em materiais. Com foco em sistemas híbridos de fibras naturais e madeira, investiga arquiteturas ultraleves e sustentáveis. Rebeca é docente e orientadora de trabalhos de mestrado no programa ITECH e contribuiu para diversos protótipos arquitetônicos premiados. É palestrante TEDx e ex-residente do Autodesk Build Space, tendo apresentado seu trabalho em diferentes contextos acadêmicos e profissionais.

Gratuito

Panorama Urgente! O espaço como ato de permanência visa trazer para a Bienal uma situação urbana crítica: o Jardim Panorama e o Complexo Paraisópolis, na iminência de projetos de reurbanização conduzidos pela Prefeitura, no escopo da Operação Urbana Consorciada Faria Lima. A proposta é coordenada por Cristina Wehba, representante do IABsp na OUC Faria Lima, André Dal`Bó, professor representante da FAUUSP e Nelson Brissac (PUC-SP).

O Jardim Panorama, uma comunidade historicamente ameaçada de remoção, está situada ao lado de grandes empreendimentos imobiliários, às margens do Canal do Pinheiros. Trata-se de área estratégica na reestruturação metropolitana, impulsionada pelo projeto Novo Rio Pinheiros e pela implantação do Parque Bruno Covas. Um processo que pode acentuar a desigualdade social e a exclusão dos moradores da comunidade das habitações de interesse social e dos espaços públicos projetados.

No mesmo perímetro, as comunidades de Paraisópolis, Jardim Colombo e Porto Seguro formam uma das maiores favelas da cidade, um território de enorme complexidade social, urbana e ambiental, alvo de diversos projetos de pesquisa e intervenções promovidas pelo poder público. Tal como o Jardim Panorama, a favela também está implantada em uma topografia com grandes declividades e com a presença de vários córregos, acarretando significativo desafio para soluções de drenagem e urbanização.

Ao aproximar pesquisa, arte e ação comunitária, a proposta afirma o espaço como ato de permanência e reivindica que a reurbanização assegure inclusão, moradia digna e acesso qualificado aos espaços públicos para quem constrói, diariamente, a cidade — com intercâmbio de experiências entre territórios como base para coalizão política, participação efetiva e incidência nas decisões.

Equipe:
Cristina Wehba — arquiteta urbanista, doutora (FAU USP), representante do IABsp na OUCFL.
André Dal’Bó — arquiteto urbanista, professor FAU/Design-USP, pesquisador associado à Université Paris Nanterre.
Nelson Brissac — filósofo, doutor (Sorbonne), organizador do Arte/Cidade. Samira Rodrigues — arquiteta urbanista, mestre (FAU USP), representante do IABsp no CMH e no Conselho ZEIS; conselheira CAU/SP (ATHIS).
Cristiane Farah Kairalla — pedagoga, especialista em educação, arte e cultura popular e em educação ambiental.
Moradores e lideranças do Jardim Panorama

Agenda (eventos abertos ao público)

14 DE OUTUBRO DE 2025 – AUDITÓRIO DA OCA (PARQUE IBIRAPUERA)

Dia de debates e apresentações que buscam situar os territórios no contexto do redesenho da metrópole, discutindo os projetos da gestão governamental e a importância da participação social na definição das políticas públicas.

10h às 13h – Manhã 

Sustentabilidade em projetos para urbanização de assentamentos precários – Viviane Rubio (FAU Mackenzie).

Caderno de bacia hidrográfica: bacia do córrego Pirajuçara – André Sosnoski (FCTH).

A comunidade na construção de projetos e políticas públicas

Introdução – Garibaldi Santos / Renata Alves dos Santos e Gilvan Oliveira – União de Moradores e do Comércio de Paraisópolis / Joades Arruda Silva – União Jardim Colombo / Maura da Conceição Pereira da Silva – Associação Comunitária Porto Seguro

arte + arquitetura + urbanismo

Projetos em encostas e margens – Marcos Boldarini, Maurício Adinolfi

Panorama Lab – Felipe Brait, David Da Paz, Milena Durante

As inscrições podem ser feitas aqui.

14h às 17h – Tarde

Aplicação de SuDS para mitigação de inundações em Paraisópolis – Renato Anelli (FAU Mackenzie), Thamires Souza (FAU Mackenzie), Luciano A. Silva (Univ. São Judas Tadeu).

Requalificação urbana do Jardim Colombo – Adriana Levitsky

Drenagem em áreas de encostas – Afonso Castro, Jéssica Fernandes (FAU Mackenzie)

Paulo Pellegrino (FAU USP) – Projetos de drenagem na Bacia do Rio Pinheiros

As inscrições podem ser feitas aqui.

15 DE OUTUBRO DE 2025 – IABSP (RUA BENTO FREITAS, 306 – REPÚBLICA)

Continuidade das discussões, com foco nas articulações institucionais e nos desdobramentos do projeto, reforçando o intercâmbio de experiências e a construção coletiva entre diferentes atores e territórios.Também haverá a apresentação de projetos artísticos, preparando o terreno para as intervenções no Jardim Panorama.

Manhã

Oficina Paraisópolis – coordenação: Denis Oliveira de Souza Neves (ArqCoop+), Afonso Castro, Jessica Fernandes (FAU Mackenzie).

Representantes de Paraisópolis, Jardim Colombo e Porto Seguro

Facilitadores: Laryssa Kruger (FAU USP, Centro de Cidades do Insper), Heloisa Escudeiro (Mackenzie / FAU USP, Centro de Cidades do Insper) e Juan Sebastian Bustamante (Universidade de Medellín, Colômbia).

O Panorama pelos moradores – Welton Oliveira, Carolina, Marcos

Tarde – 13h30 às 19h

Panorama Urgente! Caroline e Welton (Associação de Moradores da Favela do Jd. Panorama)

Processos participativos, remoções e o Jardim Panorama na OUC Faria Lima – Cristina Wehba, Christiane Kairalla, Debora Bruno, André Dal´Bó

O Jardim Panorama pelos moradores – Caroline, Diego, Welton, Dé, demais moradores – Relato da história e das memórias do bairro.

Jardim Panorama: um histórico de conflitos – Mariana Fix (FAU USP)

Joaquim Campolim (FFLCH) – A produção capitalista do espaço nas margens da formalidade: a favela do Jd. Panorama

As margens do Pinheiros: o Panorama e o projeto Novo Rio Pinheiros – Nelson Brissac

Arte, infraestrutura e especulação imobiliária – Guilherme Wisnik (FAU USP);

O Panorama e a política para as favelas em São Paulo – Vereadora Keit Lima

Bate papo com o diretor Alexandre Leco Wahrhaftig e exibição do filme PANORAMA (2021, 66 min)

A programação também conta com:

16 DE OUTUBRO DE 2025 – VISITA AO COMPLEXO PARAISÓPOLIS

Encontro com as comunidades no Legado Paraisópolis, rua Melchior Giola.

19 DE OUTUBRO DE 2025 – VISITA AO PROJETO PANORAMA LAB NO JARDIM PANORAMA

Evento de encerramento no território, com videomapping, dinâmicas participativas e grande ato do coletivo Panorama LAB.

Ação Pantanal consiste na apresentação dos projetos e atividades desenvolvidos em bairros localizados na bacia do rio Tietê na zona leste de São Paulo (Vila Nova União, Jardim Lapenna e Jardim Helena), conhecidos em conjunto como Pantanal, área sujeita a inundações periódicas e objeto de diversos projetos da gestão pública. Retoma um projeto elaborado inicialmente por ZL Vórtice, coordenado por Nelson Brissac, agora em parceria com professores da FAU e da EE Mackenzie, com a coordenação de Afonso Castro.

10h às 13h – Mesa 1
Leituras e mapeamento desse território crítico, um histórico das transformações socioambientais e dos projetos desenvolvidos na área.

Abertura – Nelson Brissac / Afonso Castro

União de Vila Nova – Renato Daud (CDHU), Paulo Santiago (NUA)

Jardim Helena – Afonso Virgillis / Bruno Pecini (EE Mackenzie), Luciano Silva (USJT)

Jardim Lapena – Denis Neves / Mari Anna Firmino (ArqCoop+), Fabiano Tock (Tide Setubal)

Fronteiras Metropolitanas – Carmem Silva (MSTC)

14h às 17h – Mesa 2
Serão apresentadas soluções inovadoras de drenagem e urbanização, guias e metodologias elaboradas por universidades e diferentes agências governamentais (FCTH, SMVMA, SDUH). O foco são soluções sociotécnicas desenvolvidas com os moradores, novos parâmetros de políticas públicas.

Abertura – Marcos Monteiro (Secretário SIURB)

Tipologias urbanas modulares – Mirtes Luciani (SDUH)

Planos Verdes – Ligia Pinheiro (SVMA)

Cadernos de drenagem – Antonia Guglielmi (SIURB) / André Sosnoski (FCTH)

Infraestrutura Verde – Elisa Ramalho Rocha (USJT)

Diretrizes para o manejo de águas pluviais urbanas – Luiz F. Orsini Yazaki (Consultor)

Gratuito

Inscrições

As inscrições para a Mesa 1 devem ser feitas aqui.

As inscrições para a Mesa 2 devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Além do Fórum de Debates a Ação Pantanal prevê diversas atividades:

Visitas guiadas aos três bairros que compõem a área do Pantanal.
26/09 – Vila Nova União
30/09 – Jardim Helena
07/10 – Jardim Lapenna

10/10 – Centro MariAntônia, da USP, e Canteiro Experimental do Mackenzie

Em breve será disponibilizado um link com mais informações.

O debate Meios de Produção explora como o conhecimento arquitetônico é produzido por meio de uma variedade de mídias — desenho, filmes, publicações, encontros, maquetes, obras de arte e materiais de construção — e como essas formas moldam não apenas a arquitetura, mas também as comunidades e os imaginários ao seu redor. Indo além dos processos convencionais de projeto, as falas dos convidados consideram métodos de jogo, experimentação e participação coletiva como ferramentas vitais para reimaginar a produção material. Além de apresentar processos de projetos, as trajetórias de Jane Hall, Felipe Carnevalli, Mariana Meneghetti e da curadora Marcella Arruda, questiona como abordagens criativas e colaborativas podem desafiar as narrativas dominantes de progresso e, em vez disso, priorizar o cuidado, a resiliência e a justiça social. Arquiteturas para um mundo quente que se expressam através de esculturas sociais, projetos editoriais, intervenções espaciais e alianças com movimentos e comunidades, em processos colaborativos, experimentais e experienciais.

Jane Hall

A primeira a receber a Bolsa Lina Bo Bardi do British Council e membro fundadora do coletivo de arquitetura Assemble, vencedor do Prêmio Turner em 2015. Jane concluiu seu doutorado no Royal College of Art, em Londres, onde sua pesquisa analisou o legado de arquitetos modernistas no Brasil e no Reino Unido no período imediatamente posterior à guerra. Jane é Diretora de Estudos de Arquitetura no Emmanuel College, Universidade de Cambridge, e Bye-Fellow no King’s College, Universidade de Cambridge, especializada nas interseções entre gênero e arquitetura. Jane é autora de três livros sobre o tema: Breaking Ground: Architecture by Women, Woman Made e Making Space.

Felipe Carnevalli

Designer, arquiteto formado pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela mesma instituição. É coeditor de PISEAGRAMA e organizador de Cosmopolíticas editoriais, uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento de projetos editoriais que busca produzir espaços de encontro entre mundos através dos livros. Realiza também pesquisas, cursos, oficinas e seminários sobre livros, publicações e design editorial em contextos independentes que ampliam vozes, pontos de vista, histórias e culturas marginalizadas pelo circuito hegemônico.

Mariana Meneghetti

Arquiteta interdisciplinar e pesquisadora radicada no Rio de Janeiro – Brasil. Mestre em Arquitetura – Teoria e História do Projeto (2021) pela PUC-Rio, com Graduação em Arquitetura e Urbanismo (2013). Educação Continuada em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo (2018) e no Curso Fundamentação de Artes na EAV Parque Lage (2011). É cofundadora do Entre, grupo com o qual investiga a arquitetura e as transformações urbanas por meio de relatos verbais. Foi coautora das publicações “8 Reações para o Depois”, (Rio Books, 2019) e “Entre: Entrevistas com Arquitetos”, (Vianna e Mosley, 2013). Participou da pesquisa para “Muros de Ar” – o Pavilhão do Brasil na 16ª Bienal de Arquitetura de Veneza; da X Bienal de Arquitetura de São Paulo e da XIII Bienal de Arquitetura de Buenos Aires.

Marcella Arruda

Artista transdisciplinar, curadora e pesquisadora de São Paulo (BR), atualmente radicada no Rio de Janeiro (BR). Mestre em planejamento urbano pelo PROURB-UFRJ, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Escola da Cidade-SP, e em Interactive Media Design pela Royal Academy of Arts, em Den Haag (Holanda). Por meio de intervenções, performances, esculturas sociais, curadoria de encontros culturais e programas político-pedagógicos, Marcella investiga envolvimentos: relações entre corpo e ambiente na construção simbólica de agência e pertencimento. Está como presidente do Instituto A Cidade Precisa de Você, que tem como foco a ativação e melhoria dos espaços públicos urbanos para a criação de cidades mais justas e sustentáveis, é co-fundadora da Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo; e co-curadora da 14a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo EXTREMOS.

Gratuito

Inscrições
As inscrições devem ser feitas aqui.
A seleção será feita por ordem de inscrição.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A união de experiências e técnicas construtivas pelo mundo está deixando as casas de terra cada vez mais econômicas, sustentáveis e belas!

São técnicas e pesquisas espalhadas por todo o mundo. Aqui temos um pouco da França, que com o Craterre/ENSAG, possui uma pós dedicada exclusivamente a arquitetura e construção com terra. Um pouco de outras partes do mundo, inclusive da África, nosso continente irmão, de onde vieram várias técnicas que se mesclaram com outras tantas já utilizadas pelos povos originários do Brasil.

As obras nacionais contemporâneas aqui expostas mostram um pouco da versatilidade do uso da terra. O MST que mobiliza mutirões para a construção de edificações em terra nos assentamentos. E algumas residências que ajudam a romper alguns paradigmas ainda presentes no Brasil. A casa pode ser de alto padrão ou sem padrão algum, apenas apropriadas ao seu contexto. Enfim, a terra está em todo lugar, sendo utilizada nos mais diversos formatos.

Nos unimos aqui para difundir ao máximo esse conhecimento. Não existe uma grande indústria interessada no tema, logo, não existe publicidade. A terra quase sempre é gratuita. Está debaixo dos nossos pés. Ainda somos poucos, mas estamos muito seguros do que estamos fazendo. Além da casa ficar mais saudável, estamos emitindo muito menos CO2 durante e depois da construção. Nós, arquitetos e construtores, somos extremamente responsáveis pela degradação do planeta. A construção civil é uma das maiores responsáveis pela emissão de CO2 do planeta. Cabe a nós decidirmos o material construtivo que mais se adeque à necessidade urgente de mudarmos esse cenário.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.
As inscrições estarão abertas até o início da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A sessão convida para debate sobre o papel estratégico das escolas para minimizar o impacto das crises socioambientais, especialmente da crise climática, nas crianças e toda a comunidade escolar, através da adaptação da infraestrutura a partir da combinação da implementação de Soluções Baseadas na Natureza, estratégias bioclimáticas e naturalização dos espaços externos.

Visto que as escolas são equipamentos numerosos e bem distribuídos pelos territórios, exercem papel central na vida das crianças e suas famílias, fazem parte do cotidiano, funcionam como lugar de convivência comunitária, integram a rede de proteção social e são centros de irradiação de conhecimento e cultura. Eventos extremos, como ondas de calor, deslizamentos, secas e enchentes, cada vez mais frequentes e intensos, têm interrompido as atividades educacionais, prejudicando não apenas o processo de ensino-aprendizagem, mas também a saúde física e emocional de estudantes e profissionais da educação.

Se de um lado, precisamos pensar em ações que prevejam os piores cenários, devemos também nos preparar para os impactos das mudanças climáticas no dia a dia das escolas. Nesse sentido, a Natureza se apresenta como uma aliada fundamental. Ela contribui não apenas para a regeneração dos espaços escolares – tornando-os mais verdes e resilientes -, mas também para reduzir o déficit de Natureza na vida das crianças, favorecendo seu desenvolvimento integral e a vivência de um currículo vivo, crítico e pautado na ética do cuidado. Esses benefícios convergem para fortalecer a garantia do direito a uma educação de qualidade, promotora de saúde e bem-estar.

Esta sessão irá contar com a presença de:
Jerá Guarani, líder indígena e ativista da etnia Guarani Mbya

Pedro Linhares, Coordenador-Geral de Infraestrutura Educacional no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)

Rachel Trajber, coordenadora do Programa Cemaden Educação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN)

Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME)
Jaume Barnada, arquiteto e urbanista, coordenador do projeto Refúgios Climáticos, em Barcelona.

Gratuito

Inscrições

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Urbanismo Climático e Resiliência

Simultaneamente à transição energética e regeneração ambiental que, mesmo se feitas plenamente agora, só terão impacto no médio e longo prazo, precisamos transformar nossas cidades e territórios e mudar a maneira como os fazemos rapidamente, removendo o mínimo de pessoas das suas comunidades. Hoje, nossas cidades são cobertas por concreto e asfalto que impedem a água de penetrar no solo, aumentam seu acúmulo e velocidade. É urgente
que a adaptação climática seja produzida por meio de
uso de infraestruturas multifuncionais de resiliência urbana
com os elementos naturais de terreno, vegetação, e água como tecnologias construtivas combinadas com a aplicação precisa de materiais duros, como o concreto. Isso permite a água penetrar no solo, ser absorvida por vegetação capaz
de inchar, diminuir sua velocidade, e acumular em áreas designadas para serem inundadas junto com redes construídas de drenagem, ou proteções ao aumento do nível do mar, como partes de espaços públicos verdes, enquanto se aumenta o número de árvores para diminuir a temperatura e poluição urbanas. Essas mesmas infraestruturas também têm de ser capazes de armazenar água, habilitando-a a ser espremida de volta para superfície durante secas prolongadas e acopladas a investimentos em reuso de água, saneamento, reflorestamento urbano e energia limpa, integrando adaptação, mitigação e inclusão. À síntese destas práticas com o Urbanismo Social de Medellín e novas tecnologias de resiliência desenvolvidas no Parque Sitiê por equipe de Harvard e MIT com a comunidade do Vidigal, RJ, RJ, dá-se o nome de Urbanismo Climático. Estratégia desenvolvida pelos criadores destas iniciativas em parceria com lideranças da gestão Bloomberg em NYC, este mesmo grupo desenvolveu na favela carioca instrumento de antecipação urbana, a tecnologia de Modelagem 4D.

Ficha Técnica:
> Pedro Henrique H.F. de Christo: Principal +D, 4D e Coordenador do Harvard Climate Urban Resilience Brazil Group
> Diane Davis: Charles Dyer Norton; Professor of Regional Planning and Urbanism na Harvard Graduate School of Design e Co-coordenadora do Harvard Climate Urban Resilience Brazil Group
> Carlos Leite: Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mckenzie e Co- coordenador do Harvard Climate Urban Resilience Brazil Group
> Elena Tudela: ORU-Office of Urban Resilience
> Paulo Artaxo: IPCC-ONU e CEAS-USP

Gratuito

Inscrições

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A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

níveis.

Toda cidade de se transforma. Na escala da casa, os filhos se tornam mais velhos e se mudam, liberando quartos que se transformam em escritórios; os pais envelhecem, abandonando casas para voltar a morar em companhia de filhos ou cuidadores. Pequenas mudanças no plano diretor fazem com que casas percam seu valor de imóvel para serem vistas apenas como terrenos – grandes demolições abrem caminho para novos moradores ou para o mercado de investimentos. No setor comercial, lojas de shopping rotacionam em alta velocidade para acompanhar tendências enquanto escritórios de empresas fecham e abrem com a fluidez imaterial da bolsa de valores. Por trás de um mundo contemporâneo dito digital, ao qual se associam palavras imateriais como nuvens e líquidos, persiste um universo material que, por conveniência, esquecemos.

A expressão mina urbana se popularizou em discussões sobre ecologia, sustentabilidade, e economia circular. O conceito – de que os espaços de extração do futuro estejam localizados na própria cidade – entretanto, é uma realidade distante. Não sabemos desejar e transformar o que temos; projetar a partir do que existe. O debate com líderes da economia circular no contexto da arquitetura e do design pretende iluminar estratégias para construir com o que já existe.

Participantes:

Maarten Gielen é um designer e pesquisador belga dedicado a transformar a forma como os materiais são utilizados na arquitetura e na construção. Em 2006, cofundou o estúdio Rotor e, em 2014, o escritório associado Rotor DC (Deconstruction). Atualmente, trabalha no estúdio de design Halfwerk. Maarten recebeu o Prêmio Maaskant para Jovens Arquitetos, um dos mais importantes do gênero no Benelux. Ele leciona com frequência em escolas de arquitetura e design na Europa, Ásia e Estados Unidos.

Jörg Schröder:
Jörg Schröder é professor de Projeto Territorial e Planejamento Urbano na Universidade Leibniz de Hannover (LUH) desde 2012. Sua pesquisa aborda dinâmicas inovadoras das interações entre espaço e sociedade, voltadas para processos de inovação em direção à sustentabilidade e neutralidade climática, bem como para a transformação social, econômica e cultural. Atualmente, é coordenador da CiD Circular Design Innovation Alliance, financiada pela União Europeia, que trabalha na forma de posicionar a economia circular para a regeneração urbana.

Pedro Alban (mediador):
Pedro Alban (Salvador, 1993) é artista visual e arquiteto formado na Universidade Federal da Bahia com mestrado na Universidade Católica do Chile. Sua pesquisa se debruça sobre o universo da construção e seus processos práticos ou subjetivos – fluxos materiais, implicações ecológicas e questões de memória. A experiência de ser o último a entrar em edificações antes delas deixarem de existir movimenta sua produção mais recente. Desde 2020, junto com Natália Lessa e Fernanda Veiga, coordena a Arquivo, um projeto dedicado a facilitar e popularizar o reuso de materiais na arquitetura.

Inscrições: 

Gratuito

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Somos o “Labya-Yala. Laboratório de Estudos Decoloniais da FAU-USP”, implantado no Departamento de História e Estética do Projeto – AUH, iniciado como um grupo de estudos em 2019, junto com o programa de extensão “Quintas Ameríndias”, coordenado desde então pela Profa. Dra. Renata Martins e pelo Prof. Luciano Migliaccio, no âmbito do Projeto FAPESP Jovem Pesquisador Barroco Cifrado (2016-2021), e posteriormente do Projeto FAPESP Jovem Pesquisador 2 “Barroco Açu” (2022-2027).

O nome do laboratório é formado a partir da expressão “Abya-Yala” originária da língua Kuna (povos indígenas do Panamá e Colômbia), para se referir ao continente americano. “Terra Madura”, “Mãe Terra” ou “Terra Viva”, são algumas das suas traduções possíveis para substituir a denominação “América” adotada pelos colonizadores europeus. Neste sentido, nossa opção decolonial busca incluir e fortalecer o protagonismo das culturas Ameríndias, assim como das diásporas Africanas e intercâmbios com as Ásias, nos temas da História da Arte, da Arquitetura e dos Territórios. Portanto, nossas intervenções na FAU-USP, tanto na graduação quanto na pós-graduação, são transversais e transdisciplinares, incluindo os saberes dos povos originários, tradicionais e periféricos de forma permanente no ensino e na cultura e extensão.

Tais atividades envolvem projetos parceiros, como o “Amazônia Revelada” ou o kit educativo africano e afro-brasileiro do educativo do MAE-USP, pesquisadores associados e colaboradores, de diversas disciplinas e faculdades, do Brasil e do exterior, com destaque para as Amazônias; bolsistas FAPESP, CNPq, PUB USP -Amazônia na FAU-USP. FAU-USP na Amazônia, e pesquisas sem fomento na FAU-USP, aos níveis de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, bem como pesquisadores e estudantes da USP e de outras universidades.

Assim, como continuidade dos grupos de estudos Abya-Yala e Ásia Global, e do núcleo Manis “Mulheres e Artes”, o Labya-Yala promove na FAU-USP abordagens decoloniais e contracoloniais, a partir da perspectiva do Sul Global, sobretudo da Pan-Amazônia, atuando na renovação de linhas de pesquisa existentes e na abertura de novas, ao promover o protagonismo e os saberes de comunidades tradicionais na história das artes, das arquiteturas e do território. No ensino de graduação, por exemplo, foram implantadas novas disciplinas na FAU-USP, tendo como centro de discussão, as artes ameríndias, as artes africanas, e as artes asiáticas em contexto global, e ainda, “Amazônias de todos os tempos: artes, arquiteturas, territórios”.

Parte essencial do nosso trabalho são as “Quintas Ameríndias”, ciclo de eventos que aborda de forma transdisciplinar temas relacionados aos saberes dos povos originários, com foco nas Amazônias. Nas “Quintas Ameríndias na Oca. Amazônias das Margens aos Extremos: Labya-Yala. Laboratório de Estudos Decoloniais da FAU-USP”, que ocorrerrá no âmbito da disciplina “Amazônia Indígena, Ribeirinha, Urbana” do PPGAU/FAU-USP, com a UFOPA, PPGDS do Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG, Stony Brook University – Suny, em colaboração com a disciplina “Amazônia Moderna: utopias e distopias” do PPGD/UFAM, exporemos na 14a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo os debates e as parcerias frutos de anos de trabalho do laboratório por um ensino de arquitetura inclusivo e decolonizado.

Gratuito

Inscrições:

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Pavilhão da Oca | Livraria | Subsolo

Caro Leitor,

Vivemos tempos desafiadores. As cidades crescem, os recursos naturais se esgotam, os eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes. Às vezes, tudo parece grande demais, complexo demais, urgente demais. E é exatamente por isso que precisamos parar, respirar — e olhar para as soluções que nascem do cuidado, da escuta e da natureza. Este livro que você tem em mãos é um convite à esperança ativa. Não é uma esperança ingênua, mas aquela que se constrói com raízes fortes e eficientes, como as das plantas que filtram a água no Parque Orla Piratininga (POP), em Niterói. Ao longo dos capítulos, você vai conhecer uma história real de transformação: a de um território urbano antes degradado, que está em processo de recuperação a partir de Soluções Baseadas na Natureza (SbN) e do envolvimento profundo da comunidade.

Vai ver que é possível conciliar meio ambiente, infraestrutura e justiça social quando respeitamos a inteligência do território e o saber das pessoas que ali vivem. Este não é apenas um relato técnico — é um registro sensível de processos, desafios, aprendizados e afetos. Aqui, cada jardim plantado é também uma escolha política; cada biovaleta escavada é um gesto de afeto para com a cidade. A leitura pode ser feita de forma linear ou por temas, conforme seu interesse. No sumário, você encontrará os capítulos organizados de forma clara e visual. Se você trabalha com planejamento urbano, gestão ambiental, educação, pesquisa, movimentos sociais ou simplesmente se importa com o lugar onde vive, este livro é para você. Que cada página te inspire a observar o lugar onde mora com outros olhos. Que te faça questionar: “E se a minha cidade também pudesse se regenerar?” E que você, ao terminar a leitura, sinta vontade de agir — nem que seja com o primeiro passo. A natureza nos ensina que tudo começa com uma semente. E este livro é uma delas.

Os 50 primeiros leitores, receberão o Livro do Parque Orla de brinde.

Gratuito

Não é necessário se inscrever, participação por ordem de chegada.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Parque Orla Piratininga – POP representa um marco no urbanismo e na gestão ambiental no Brasil, configurando-se como um parque público urbano e, ao mesmo tempo, como um laboratório vivo de sustentabilidade. Sua concepção inovadora se fundamenta na adoção de Soluções baseadas na Natureza (SbN), estratégia que alia infraestrutura verde à restauração ecológica para auxiliar na recuperação da Lagoa de Piratininga.

Para isso, foram implantados três grandes sistemas de alagados construídos, capazes de filtrar naturalmente a água recebida das bacias urbanas do Rio Cafubá, do Rio Arrozal e do Rio Jacaré. Esses sistemas ocupam uma área de cerca de 35.000 m² distribuídos em dois quilômetros lineares ao longo da Lagoa, tratam as águas provenientes dos principais rios contribuintes, além do escoamento superficial e da drenagem dos bairros, reduzindo o aporte de sedimentos e poluentes no corpo hídrico e promovendo a recuperação gradual da qualidade ambiental da Lagoa.

Associada a essa solução, há ainda a recuperação de conectores de Mata Atlântica em áreas úmidas do entorno, que reforçam a conectividade ecológica, ampliam os habitats para a fauna local e fortalecem os serviços ecossistêmicos prestados à população.
Além da restauração ambiental, o parque também foi concebido como um espaço de integração social e cultural. O Centro Ecocultural, um equipamento voltado para a educação ambiental e atividades culturais, buscando sensibilizar a população para a importância da preservação.

O Parque inclui ainda ciclovias, píeres para pesca e contemplação, áreas de lazer e centros esportivos, constituindo uma infraestrutura multifuncional que promove saúde, mobilidade, turismo e qualidade de vida.

Com o objetivo de retratar o funcionamento dos sistemas de alagados construídos e os demais tipos de SbN aplicados no Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis, o espaço de exposição contará com: estação de audiovisual, onde serão apresentados os documentários e vídeos sobre Parque Orla Piratininga e Renaturalização da Bacia do Rio Jacaré; óculos de realidade virtual, propondo uma imersão no POP. Será, também, demonstrado como funcionam os alagados construídos através de uma maquete autoexplicativa.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

Solo
Ao tratarmos de extremos, partimos do questionamento sobre como viver, nos adequar e, sobretudo, como construir no cenário de condições extremas para o qual caminhamos. Adotamos, então, o material mais comum, que marca as construções e as paisagens urbanas, seja na cidade formal ou na informal: o tijolo. Essa construção experimental busca investigar maneiras de construir melhor com o tijolo, que apesar de sua pequena dimensão, tem grande repercussão em escala. O tijolo ecológico foi escolhido, então, por partir do solo, um elemento presente em todo o território, além de não possuir queima em sua execução, apenas areia, cimento e água prensados. Esses tijolos são, então, montados no pavilhão sem argamassa, utilizando de artifícios para sustentação o peso próprio e uma malha estrutural de amarração tubular. Uma estrutura seca, desmontável, extrema.

Comum
Ao mesmo tempo em que é desmontável e possível de ser pensado em diversas conformações, o pavilhão se insere especificamente no local onde será exposto. Partindo das linhas convergentes da rampa da Oca, dá continuidade a essas linhas invisíveis finalizando o percurso do espaço. As paredes não dividem nem criam lugares fechados; elas direcionam, convidam o olhar e o caminhar para esse espaço aberto, sugerido, comum. A intervenção suscita, ainda, discussões sobre modelos de construção temporários em cenários emergenciais, reforçando que os novos desafios que enfrentamos exigem, cada vez mais, o exercício de propor novas arquiteturas.

Solo Comum
Solo comum trata daquilo que próprio da nossa existência, nosso solo, ao mesmo tempo em lida com o que é ordinário, cotidiano. Reflete, portanto, sobre o que dividimos, como vivemos em comunidade, como partilhamos aquilo que nos é comum.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O pavilhão da AzulPitanga nasce do contraste entre o rigor da produção industrial e a delicadeza do gesto manual. Sua estrutura é definida por um grid modular de 1×1 metro, que se repete até conformar um espaço de 4×4 metros, sustentado por pilares de vergalhão de aço com 2,10 metros de altura. Essa malha regular, de caráter industrial e racional, serve de suporte para planos de fibras de bananeira trançadas artesanalmente, que percorrem a estrutura em diferentes direções. As tramas variam em densidade e opacidade, filtrando a luz, marcando percursos e criando superfícies permeáveis que dão textura viva ao espaço.

A espacialidade se organiza a partir de uma dualidade não convencional: o perímetro coberto conforma um “fora” sombreado e protegido, enquanto o centro, descoberto, revela o vazio como “dentro”, aberto à luz e à visão expandida. No coração do pavilhão, um relógio mecânico de torre introduz a dimensão do tempo. Movido à corda, ele precisa ser acionado periodicamente durante a exposição. Assim, marca o tempo industrial, o tempo da natureza e o tempo da artesania — tempos que aqui se encontram em uma mesma trama espacial.
A fibra que reveste o pavilhão é produzida pela Fibrarte, associação de artesãs de Missão Velha (CE) – oitavo maior produtor de bananas do Brasil. A Fibrarte transforma o que seria resíduo da bananeira em matéria-prima. O relógio mecânico foi instalado por Geraldo Freire, da Metalúrgica Freire, em Juazeiro do Norte, referência na produção e manutenção de relógios e sinos de torre.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

SHIGERU BAN ARCHITECTS
Paper Log House
Casa de tubos de papel, compensado naval, engradados, areia e lona

Utilizando o papelão, material que faz parte do dia a dia de tantas pessoas em diversas culturas, Shigeru Ban produziu inicialmente estruturas temporárias, como cenografias de exposições, e aos poucos foi sendo reconhecido pela utilização desse tipo de papel, que atingiu sua máxima potência no projeto “Disaster Relief Design” (design de assistência para desastres, em tradução literal). Esse programa teve início em 1995 e prevê a construção de abrigos temporários em casos de desastres naturais ou em situações de vulnerabilidade social.

As casas chamadas “Paper Log House” são soluções inovadoras de abrigo temporário em áreas afetadas por desastres naturais para pessoas que perderam suas moradias.

O arquiteto utiliza tubos de papel e painéis de madeira para construir uma estrutura fácil de montar e que pode ser executada em pouco tempo. A fundação é formada por engradados com sacos de areia, o que facilita a construção e oferece estabilidade. Este projeto é adaptável a diferentes contextos geográficos e culturais. Com abordagem sustentável e eficiente, tem sido realizado em várias situações, oferecendo refúgio rápido e seguro. As construções normalmente são realizadas de forma colaborativa por equipe composta de estudantes locais voluntários.

A casa aqui apresentada foi desenvolvida especialmente para a exposição Princípios japoneses: design e recursos, da Japan House São Paulo. O modelo escolhido é baseado no projeto original das primeiras construções emergenciais, desenvolvidas na ocasião do Terremoto de Kobe, no Japão (1995).

Para a montagem, a JHSP priorizou a participação ativa de professores e alunos de arquitetura seguindo o formato original de construção coletiva como aspecto fundamental para promover a consciência da relevância de um trabalho em conjunto em prol da reconstrução da comunidade, outra característica bastante japonesa e que pode ser incorporada no Brasil de forma ainda mais significativa. A JHSP convidou a FAUUSP e a ETEC Itaquera IIs que, como atividade extensionista aos alunos, realizaram a adaptação do projeto do escritório Shigeru Ban Architects, a preparação dos materiais e a construção da casa. Para a etapa final de montagem, o convite foi estendido aos alunos da Escola da Cidade.

Em escala real, 1:1, a casa foi adaptada ao contexto expositivo, levando em consideração a circulação de um maior número de pessoas, e seguiu o conceito original de utilizar materiais e mão de obra locais. Para ampliar a possibilidade de acesso de diversos públicos, uma rampa e um corrimão foram adicionados ao projeto.

Ao final da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, a construção segue para a FAUUSP para ser utilizada por seus estudantes como objeto de estudo.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

IKUYA SAGARA, KUSAKANMURI
生まれながらにして、還るところが約束されている
Desde o nascimento existe um lugar prometido ao qual se deve retornar
construção de junco, bambu e corda de sisal

Ikuya Sagara (1980) nasceu em Kōbe, situada na província de Hyogo, onde vive e trabalha. Sagara é um artesão de kayabuki (tradicionais telhados de casas japonesas feitos comumente de palha), e seu trabalho consiste em fazer, preservar, ensinar e divulgar a arte de construir com palha.

Existem registros de telhados desse tipo descritos nos dois livros mais antigos da história do Japão, Kojiki e Nihon Shoki, ambos compilados no século VIII, o que demonstra sua longa história. Nos anos 1960, foram registradas mais de 5 milhões de construções que utilizavam palha no Japão. Contudo, em 2010 esse número havia se reduzido para 100 mil, um alerta para mudanças em métodos construtivos e utilização de outros materiais, como os metais. A diminuição desse tipo de construção dificulta a perpetuação de uma técnica tradicional. Com menos demanda, o trabalho dos artesãos vai se tornando escasso, assim como o interesse de jovens em aprender o ofício, impactando uma cadeia cultural e social.

A região em que Sagara vive conserva 700 exemplares desses telhados tradicionais, o que o impulsiona a manter seu trabalho ao mesmo tempo que busca maneiras de promover e explorar as possibilidades dessas plantas e seus benefícios. Esses telhados garantem grande conforto térmico, com boa insolação e ventilação; são resistentes à água; podem ser feitos das matérias-primas que estiverem disponíveis no momento ou que sejam típicas de determinado local, e todos os elementos que compõem sua estrutura são biodegradáveis: palha, bambu e corda. Tradicionalmente, o arroz tem prevalência nessas construções, por ter sua história atrelada ao desenvolvimento da cultura japonesa, além de ser um exemplo do uso maximizado de um recurso: sua palha, a casca e o farelo têm diversas finalidades no artesanato e na indústria, além de o cereal ser usado em cerimônias de cunho espiritual.

A construção aqui apresentada foi desenvolvida especialmente para a exposição Princípios japoneses: design e recursos, da Japan House São Paulo. O artesão se baseou em abrigos ancestrais japoneses e utilizou o junco, espécie cultivada em abundância no município paulista de Registro, como forma de minimizar impactos ambientais ao fazer uso de uma matéria-prima já disponível. Ele explora as técnicas e a artesania japonesas ao mesmo tempo que reflete sobre a necessidade de ciclos responsáveis. Observando o entorno, ele percebe como as experiências e necessidades de uma pessoa ou de uma comunidade são capazes de estabelecer uma relação sustentável com a natureza, regenerando-a para conservá-la.

Implantação do projeto: Gana
Desenvolvimento do projeto: Áustria, Gana

Ensaio de Retornos Verdes é uma instalação em vídeo de dois canais que reflete sobre a transformação do Antigo Aeroporto de Tamale, no norte de Gana — uma pista desativada construída na década de 1920 — em uma paisagem viva e um terreno urbano compartilhado. Outrora uma faixa selada de infraestrutura colonial, a pista de 1,4 quilômetro de comprimento e 40 metros de largura agora se encontra dentro do tecido urbano em rápida expansão de Tamale. Sua escala incomum e superfície asfáltica rígida a marcam como um local de potencial latente: um espaço aberto “diferente”, suspenso entre a memória, a infraestrutura e a imaginação do futuro.

Ensaio de Retornos Verdes captura a natureza aberta e processual do projeto, trabalhando com a incerteza e a fragilidade em vez de oferecer soluções fixas. O ato de “desselar” suavemente busca reverter os padrões de extração, enclausuramento e superaquecimento que definem tantos ambientes urbanos atuais.

A instalação se desdobra por meio de duas perspectivas. O primeiro vídeo apresenta a proposta de design especulativa do [A]FA, que envisiona a ativação gradual da pista e sua transformação em terreno vivo. Essa mudança imaginada transforma o asfalto inerte em uma paisagem dinâmica para a reunião e a coabitação multiespécie. O segundo documenta uma intervenção direta realizada em maio de 2025: o transplante de árvores maduras da Savana de uma floresta próxima para a superfície do aeródromo. Este gesto frágil e radical — mover a vida de um solo para outro — transforma a infraestrutura selada em espaço vivo, perturbando as fronteiras entre arquitetura, paisagem e ecologia.

O transplante foi realizado com expertise local e internacional em colaboração com a Comissão Florestal de Gana. As árvores foram preparadas durante a estação chuvosa, escavadas no final da estação seca e transportadas pela cidade apesar dos obstáculos logísticos. Uma vez replantadas, exigiram irrigação, cuidados e proteção contra tempestades. Sua sobrevivência — árvores de pé, vivas e adaptando-se — forma agora a espinha dorsal ecológica para a futura transformação do local.

Ao combinar visão e implementação, especulação e trabalho, Ensaio de Retornos Verdes se desdobra como um ensaio, e não uma declaração final. Ele encena um ato radical de aterramento e esverdeamento, apontando para uma resiliência enraizada não no controle, mas no cuidado, na imaginação e na prática coletiva. Situada dentro da urgência de repensar as superfícies seladas e superaquecidas que dominam as cidades em todo o mundo, a instalação é simultaneamente um documento e uma proposição: um convite para considerar como a arquitetura pode servir como um ensaio ecológico, devolvendo a vida ao solo urbano e reimaginando futuros compartilhados.

Implantação do projeto: México
Desenvolvimento do projeto: México

Este projeto é um lavadouro público projetado com o propósito de enfrentar a crise hídrica que a comunidade de La Huerta de San Agustín tem sofrido nos últimos anos. Buscou-se projetar um espaço digno, ampliando a área de trabalho atualmente disponível e respeitando a água proveniente de um manancial natural que corre nas proximidades.

Os alunos tiveram que elaborar um diagnóstico colaborativo no qual puderam compreender as necessidades e exigências da comunidade por meio de uma série de atividades interativas, que os levaram a um programa arquitetônico. Este programa inclui o próprio lavadouro com um parque infantil anexo, onde as crianças podem ficar sob o olhar atento de suas mães; junto a isso, há uma área para estender a roupa e uma área de descanso multiuso que oferece uma vista para a área de captação de água da chuva nas redondezas.

Após vários meses de trabalho, os alunos apresentaram seus projetos à comunidade, que votou em seu design preferido. O projeto vencedor teve como inspiração as vitórias-régias, biofiltros naturais, para a estrutura, dada a relação do projeto com a água e o ambiente natural ao redor. Cada espaço é desenvolvido sob sua própria estrutura individual de madeira, apoiada por uma coluna central onde o telhado age como um funil que recolhe a água e a leva para uma cisterna. Essa água é então usada pelas pessoas para lavar suas roupas e, em seguida, é direcionada para um biofiltro que a limpa, permitindo que seja reutilizada. Cada material foi escolhido levando em consideração a disponibilidade, a facilidade de construção, o impacto ambiental e o orçamento, que depende de doações feitas por pessoas que querem apoiar a causa. Este projeto em andamento representa os esforços de inúmeras pessoas, desde os professores, os alunos até a própria comunidade, mostrando como seus esforços combinados podem levar a algo que vai ainda mais longe do que eles mesmos.

Implantação do projeto: Alemanha
Desenvolvimento do projeto: Reino Unido

Em um cenário de crescentes desafios climáticos e desigualdades urbanas, a TreesAI surge como uma resposta inovadora, com o objetivo de revalorizar a natureza urbana não apenas como um componente estético, mas como uma infraestrutura crítica e investível para cidades mais resilientes e justas. Nossa ferramenta, o Location-Based Scoring (LBS), oferece uma abordagem prática e baseada em dados para enfrentar as complexidades do ambiente construído e as questões ambientais que impactam as cidades.

A TreesAI, nascida no contexto inovador da Dark Matter Labs, não é um software tradicional. Ela é um sistema dinâmico de ferramentas e métodos quanti e qualitativos, desenvolvido para atender às necessidades específicas de parceiros envolvidos na construção de cidades mais sustentáveis. A principal essência do sistema é a capacidade de integrar tecnologias inovadoras com dados relevantes, posicionando árvores e ecossistemas urbanos como ativos de infraestrutura nos quais se pode investir.

A proposta da TreesAI vai além da visão tradicional do investimento em natureza. Em vez de se restringir à compensação de carbono, a TreesAI foca nos inúmeros co-benefícios que a natureza oferece às cidades. Esses benefícios incluem regulação térmica, gestão de águas pluviais, melhoria da qualidade do ar, além de contribuir com a saúde pública e o bem-estar social. Ao focar nesses múltiplos valores, a TreesAI propõe repensar o valor da natureza no planejamento urbano, criando modelos de financiamento que reconheçam o impacto de longo prazo das soluções baseadas na natureza.

Essa abordagem transforma ativos naturais em investimentos tangíveis, gerando uma nova economia cívica que prioriza a saúde do planeta e de seus habitantes. Um exemplo prático dessa abordagem inovadora foi o projeto piloto do Location-Based Scoring (LBS), realizado em Stuttgart, na Alemanha, em 2023. Nesse projeto, desenvolvemos uma ferramenta para fornecer uma compreensão profunda e de alta resolução das áreas de risco climático georreferenciadas.

O LBS permite que usuários, desde planejadores urbanos a membros da comunidade, explorem o perfil de localização de suas cidades, identificando com precisão os riscos e as vulnerabilidades climáticas. A ferramenta se adapta às especificidades de cada território, oferecendo uma visão granular e acionável para os gestores urbanos e formuladores de políticas. Com capacidades de ajuste contextual, o LBS transforma dados complexos em mapas e pontuações intuitivas, facilitando a tomada de decisões informadas sobre onde e como implementar soluções baseadas na natureza, como o plantio de árvores e o gerenciamento de inundações urbanas.

A visualização dos dados do LBS ajuda a simplificar a análise de informações críticas. Essa visualização permite que planejadores urbanos vejam de forma clara onde os riscos climáticos são mais elevados e onde as soluções baseadas na natureza, como o plantio de árvores, podem ter o maior impacto. Ao utilizar dados em tempo real e permitir uma análise contextual, o LBS oferece uma abordagem prática para mitigar os riscos climáticos, criando uma infraestrutura verde mais eficiente e adaptável.

A integração do LBS com outros sistemas e métodos desenvolvidos pela Dark Matter Labs cria uma plataforma robusta para os parceiros da TreesAI, permitindo que eles monitorem, planejem e invistam na infraestrutura verde de maneira mais eficaz. A proposta da TreesAI vai além do simples uso de dados — ela propõe uma revolução na maneira como as cidades abordam o uso de recursos naturais, reconhecendo-os como ativos que podem gerar benefícios de longo prazo, tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente.

Esse é um convite para repensar o valor da natureza no planejamento urbano, especialmente para cidades como São Paulo, onde os desafios climáticos e as desigualdades urbanas são amplamente sentidos. Através de ferramentas como o LBS e o Resilience Compass, a TreesAI busca transformar a forma como os gestores urbanos pensam sobre a infraestrutura verde, oferecendo um modelo de financiamento mais justo e eficiente para o futuro sustentável das cidades.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A criação do novo campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Ceará representa um marco na expansão da formação acadêmica militar de excelência no Brasil. Trata-se de um projeto estratégico da Força Aérea Brasileira, viabilizado pelo Acordo de Cooperação entre os ministérios da Defesa e da Educação. O campus será implantado na antiga Base Aérea de Fortaleza, local com valor histórico significativo, cuja origem remonta ao 6º Regimento de Aviação, de 1933, e ao projeto arquitetônico de Emilio Hinko, de 1941.

A proposta arquitetônica busca conciliar a preservação da memória com soluções contemporâneas. O plano diretor, elaborado pelo CEPE (Centro de Estudos e Projetos de Engenharia da Aeronáutica), prevê a requalificação do sítio histórico, aliando conservação patrimonial à inserção de novos volumes programáticos voltados ao ensino, à pesquisa e à vida acadêmica. O projeto promove a convivência entre o antigo e o novo, com uma setorização funcional pensada para eficiência, integração urbana e sustentabilidade.

A infraestrutura do campus contará com três prédios para cursos de engenharia, biblioteca, auditório, sede administrativa, cinco alojamentos estudantis, áreas de esporte e lazer, estacionamento, ciclovias, parque tecnológico e uma usina fotovoltaica, destacando o compromisso com a energia limpa. O sistema viário será reestruturado, com duplicação de vias e criação de novas ruas internas, promovendo fluidez e conexão com a malha urbana de Fortaleza.

A arquitetura adota princípios bioclimáticos, priorizando ventilação cruzada, iluminação natural, proteção solar e uso de materiais locais, como cobogós, favorecendo o conforto térmico e a identidade regional. Os edifícios incorporam práticas sustentáveis, reduzindo o consumo energético e aumentando a eficiência ambiental.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Implantado no campus Lagoa Seca da Unileão, em Juazeiro do Norte, o novo bloco multifuncional foi concebido como elemento estratégico para fortalecer a integração entre ensino, pesquisa, cultura e convivência. O edifício abriga a Biblioteca Central, um auditório com mil lugares, salas de aula, laboratórios da área da saúde e setores administrativos. Esses espaços são interligados por áreas livres e de estar que promovem o convívio e incentivam a permanência dos usuários.

A implantação valoriza o diálogo com o restante do campus e funciona também como passagem para o Hospital Veterinário. Um dos destaques do projeto é a grande arquibancada que conecta a praça de acesso ao foyer do auditório, tornando-se um espaço de encontro e contemplação, com vista privilegiada da Chapada do Araripe e aproveitamento da ventilação natural. Mais do que um elemento de transição topográfica, essa arquibancada tem função social e simbólica, consolidando-se como ponto de referência no campus.

A materialidade do edifício reforça sua conexão com o território. Sua estrutura em concreto armado garante robustez e racionalidade construtiva, enquanto as vedações em tijolo cerâmico maciço, produzido localmente, atuam tanto na climatização quanto na identidade do projeto. Nas fachadas leste e oeste, os tijolos vazados filtram a luz solar intensa, promovendo conforto térmico – fator essencial no clima semiárido da região.

O projeto incorpora jardins internos e externos com espécies nativas ou adaptadas, criando um microclima agradável por meio do resfriamento evaporativo. Esses jardins vão além do paisagismo, desempenhando papel funcional e ambiental, contribuindo para a sustentabilidade e o bem-estar dos usuários.

A organização espacial segue uma lógica racional. A modulação estrutural de 8 x 10 metros otimiza a execução, reduz custos e garante flexibilidade de uso ao longo do tempo, permitindo que o edifício se adapte a novas demandas e amplie sua vida útil. Entre os principais volumes, uma cobertura sombreada conecta os blocos e oferece um espaço protegido do sol, ampliando as áreas de convivência ao ar livre.

A volumetria do conjunto se destaca pelo contraste entre os blocos ortogonais e a forma elíptica do auditório. Essa escolha rompe a rigidez da composição e acrescenta dinamismo e identidade arquitetônica ao conjunto.

Mais do que um edifício acadêmico, o novo bloco multifuncional da Unileão é uma infraestrutura cultural, social e ambiental, profundamente enraizada no território e sensível às condições climáticas e culturais do local. Ao valorizar materiais regionais, integrar a paisagem e criar espaços de encontro, o projeto reflete a vocação do campus como espaço de conhecimento, pertencimento e bem-estar.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A ação Semear cinzas (2024), idealizada pela artista Ana Lúcia Canetti, contou com a participação da fotógrafa Mariana Alves e integrou o evento Coordenadas […], realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade de Brasília. O evento, que ocorre há 10 anos sob coordenação da professora Karina Dias, busca interromper, mesmo que brevemente, as relações rotineiras com a paisagem, reinventando vinculações com o espaço urbano por meio de ações coletivas.

Ana Lúcia Canetti é artista visual, ceramista e doutoranda em Artes Visuais na UnB. É licenciada em Artes Visuais pela Faculdade de Artes do Paraná (2007), mestre em Psicologia pela UFSC (2010), na linha de pesquisa “Relações éticas, estéticas e processos de criação”, e psicóloga formada pela UFPR (2004).

Para o trabalho, foram produzidas pela artista vinte peças em cerâmica. Algumas foram queimadas em alta temperatura e receberam esmaltação com cinzas; outras foram queimadas em baixa temperatura, nas técnicas de raku e raku nu, em que a fuligem da queima vegetal se inscreve nas peças, criando pontos e linhas.

Cada participante escolhia uma dessas peças e caminhava por uma área de monocultura de pinus, em Brasília/DF, semeando cinzas vegetais colhidas em diferentes regiões do Cerrado. Alguns as sopravam, outros as espalhavam com os dedos ou as lançavam ao alto. Antes da caminhada, recebiam instruções com as seguintes consignas:

Escolha uma semente feita de barro e fogo
Tente ler os recados deixados pela queima
O que é escrito pela fuligem nas fraturas da terra?
O que as cores dos vidrados anunciam?

Caminhe em grupo e semeie cinzas
Tente ler o que se anuncia e cai no solo
O que esses pequenos nevoeiros de poeira nos contam?

Estar no mundo é jardinar outras espécies
E também ser objeto de suas semeaduras
O que estamos semeando? Como estamos sendo jardinados?

Convido a semearmos o brilho de um fogo extinto,
Redistribuindo sentidos de vida no breu das paisagens,
Contornando repetições,
Tocando solos inférteis,
Espalhando centelhas que ainda possam nos acender.

O trabalho foi inspirado no livro O Semeador – Da natureza contemporânea, de Emanuele Coccia (2022). Para o autor, semear é uma forma de iluminação: uma “distribuição de luz astral no espaço terrestre”, feita por fragmentos de matéria que captam a luz solar na “carne mineral e cinza da terra” (p. 30). Coccia propõe uma analogia entre o semeador e o pintor: ambos manipulam luz ao tentar redesenhar o mundo. A paisagem, nesse contexto, é menos uma figura geológica e mais uma economia de luz. Semear e pintar tornam-se, assim, uma política da luz — “um ato de pôr o sol e sua força astral em outros lugares do cosmos” (p. 45).

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Cobogó Alberobello é fruto da pesquisa contínua e independente de Raquel Finotti da Talpa design, que investiga o potencial do reaproveitamento de resíduos de diferentes origens. Neste projeto específico, o foco está nos resíduos da construção civil.

Cada módulo do projeto contém 62% de agregados reciclados, provenientes de materiais cuidadosamente separados, triturados e preparados para serem incorporados ao traço, transformando o que seria considerado rejeito em matéria-prima de valor. Essa dedicação garante que cada peça carregue não apenas uma função prática, mas também a narrativa de cuidado e atenção em cada etapa do processo.

A tonalidade naturalmente avermelhada do cobogó é resultado dos resíduos de telhas e tijolos, criando uma paleta orgânica que dispensa corantes artificiais e resgata a essência do barro. Ao incorporar esses fragmentos triturados ao traço, revela-se uma estética singular, que alia inovação, memória e sustentabilidade.

Além da estética, o Cobogó Alberobello desempenha funções arquitetônicas importantes: modula a entrada de luz, promove ventilação e adiciona textura aos espaços, proporcionando conforto e poesia visual. Sua geometria versátil permite múltiplas paginações, oferecendo liberdade compositiva e garantindo que cada montagem seja única, adaptando-se às necessidades e desejos de cada projeto.

O design do cobogó dialoga com a tradição brasileira, ao mesmo tempo em que evoca referências mediterrâneas, remetendo a cidades históricas e paisagens carregadas de memória. O resultado é uma peça que ultrapassa a função prática e transforma descarte urbano em poesia arquitetônica, reafirmando a capacidade de encontrar beleza, significado e sustentabilidade no que antes era apenas resíduo.

O Cobogó Alberobello sintetiza a busca por soluções arquitetônicas mais conscientes, mostrando que é possível unir criatividade, responsabilidade ambiental e sensibilidade estética em cada módulo produzido.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O interesse por novos materiais tem orientado a pesquisa e a prática do Estúdio RAIN, que desde 2019 se dedica à investigação da resina vegetal derivada do óleo de mamona.

Na fase inicial, o estúdio concentrou-se na experimentação do biomaterial, buscando expandir seu uso além da aplicação tradicional como verniz em camadas finas. O objetivo era possibilitar a moldagem de grandes volumes do material. Dessa etapa, resultaram filtros de luz em tom âmbar — a cor natural da resina. Posteriormente, a pureza do material foi desafiada pela introdução de ar durante o processo de catalisação do material. O aumento de bolhas conferiu à resina um aspecto esbranquiçado e translúcido, possibilitando o desenvolvimento de membranas espumadas de formas orgânicas, usadas como difusores de luz.

A série Rícino C apresenta um terceiro avanço nessa pesquisa. Nela, o polímero vegetal é combinado com agregados naturais para criar materiais compostos. Elementos orgânicos e minerais — como flores, frutas, raízes, algas, sementes e rochas — são incorporados à resina, resultando em superfícies com diferentes texturas, densidades e tonalidades, que podem ser aplicadas a distintas funções.

Em meio a essa pluralidade, a presença do grânulo é o fator unificador. Ele concentra a informação intrínseca do material, definindo suas características visuais e técnicas. O grânulo, porém, não existe de forma isolada: sua essência se manifesta no acúmulo — seja dispersando-se e colorindo a resina, seja sedimentando-se e conferindo dureza e opacidade.

Explorando as novas possibilidades, foi criada uma coleção de linhas ortogonais que evidenciam o caráter enigmático do material. Volumes robustos e silenciosos, quase monolíticos, se articulam entre si por meio de encaixes visíveis, revelando conexões. A série Rícino C expressa a natureza orgânica do polímero vegetal e sua capacidade de transformação, destacando a versatilidade e a beleza do material.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Toda cidade de se transforma. Na escala da casa, os filhos se tornam mais velhos e se mudam, liberando quartos que se transformam em escritórios; os pais envelhecem, abandonando casas para voltar a morar na companhia de filhos ou cuidadores. Pequenas mudanças no plano diretor fazem com que casas percam seu valor de imóvel para serem vistas apenas como terrenos – grandes demolições abrem caminho para novos moradores ou para o mercado de investimentos. No setor comercial, lojas de shopping rotacionam em alta velocidade para acompanhar tendências, enquanto escritórios de empresas fecham e abrem com a fluidez imaterial da bolsa de valores. Por trás de um mundo contemporâneo dito digital, ao qual se associam palavras imateriais como nevoeiros e líquidos, persiste um universo material que, por conveniência, esquecemos.

A vertigem de, todos os dias, entrar em contato com o que a cidade desfaz é uma experiência comum a poucos arquitetos. Diariamente, uma equipe percorre edifícios a serem demolidos ou transformados radicalmente em busca de elementos reutilizáveis

A Arquivo atua como casa temporária para elementos de arquitetura a partir da cessão temporária de um espaço no bairro de Ondina, em Salvador. Check-in, estoque, triagem, catalogação, recuperação e revenda acontecem na sede. Edifícios construídos a partir do arquivo são frequentemente um amálgama de partes de cidade, mas o contrário também acontece: a dissolução de um prédio em dezenas de pequenas reformas.

O trabalho conta as três etapas do processo de desmontar e construir a partir do que já existe no mundo.

Implantação do projeto: Argentina e Alemanha
Desenvolvimento do projeto: Argentina e Alemanha

Todos os anos, mais de 10 milhões de toneladas de conchas marinhas—principalmente de ostras, mariscos, vieiras e mexilhões—são descartadas como lixo. Este projeto explora como recursos de origem marinha, frequentemente negligenciados como subprodutos, podem servir como base para a experimentação material na arquitetura, design, artesanato e ciência. Ele destaca práticas inovadoras com materiais que redefinem a relação entre o ambiente construído e os ecossistemas que o sustentam.

Abrangendo múltiplas escalas—de edifícios e elementos construtivos a cadeias de valor de materiais—o projeto examina como o design pode fomentar novas interdependências entre materiais, construção e sistemas ecológicos.
No centro desta exploração está a pesquisa colaborativa da arquiteta ambiental Angie Dub e da designer experimental Heidi Jalkh, que estão transformando conchas descartadas em um material sustentável para o ambiente construído. Ao combinar conchas trituradas com biopolímeros à base de algas, elas produzem uma biocerâmica que não requer calor, composta inteiramente de biomassa marinha. Esta pesquisa baseada na prática repensa as cadeias de valor bioregiomais, explorando o potencial dos resíduos de alimentos marinhos em territórios urbanos como Buenos Aires e Berlim, onde as designers estão baseadas.

Através de protótipos, matérias-primas, componentes moldados e amostras de teste desenvolvidos durante a fase de pesquisa, o projeto fornece uma exploração aprofundada da transformação do material, de concha para ladrilho.

A CONQ apresenta um sistema de construção modular emergente, ilustrando o potencial de aplicação desta biocerâmica à base de concha e apontando para futuras trajetórias de pesquisa. Além disso, as amostras de materiais mostram as diversas cores e acabamentos que surgem naturalmente de diferentes espécies de conchas, demonstrando a variabilidade inerente do material e o equilíbrio do design entre desempenho mecânico e versatilidade estética.

O projeto ressalta a urgência da transição de práticas extrativistas de materiais para economias regenerativas e circulares. Em vez de ver matérias-primas como recursos inertes e extraíveis, ele propõe uma abordagem sistêmica e dinâmica, uma que reconhece as profundas interconexões entre materiais, edifícios e os ecossistemas que os sustentam.

Desenvolvimento do projeto: Reino Unido

O Fórum Climático (Climate Forum) é uma plataforma de pesquisa, currículo e intercâmbio que traz o foco urgente da emergência climática e ecológica para o centro do programa de Práticas Espaciais da Central Saint Martins College of Art and Design, University of the Arts London. Liderado por Catalina Mejía Moreno, Professora Sênior de Estudos Climáticos, em colaboração com alunos e professores dos cursos de Práticas Espaciais. Nos últimos quatro anos, o Fórum Climático tem trabalhado na construção de uma plataforma colaborativa, onde iniciativas pedagógicas, práticas espaciais e projetos que envolvem justiça socioecológica, racial e ambiental são destacados e compartilhados entre alunos e professores. Ao mesmo tempo, o Fórum Climático tem trabalhado para consolidar modos de pensamento crítico que se concentram em práticas de reparação, reciprocidade, parentesco e não extrativistas, sejam elas materiais, espaciais ou outras, ao mesmo tempo em que articula métodos para compreender melhor as estruturas sociais nas quais todos nós operamos e os espaços de ação em que práticas equitativas e solidárias podem surgir.

CLIMATE WHEEL: CLIMATE WHEEL: Como profissionais da área espacial, temos o dever de nos afastar das praticas que degradam a Terra e a sociedade. Ao reconhecer as mudanças climáticas como um sintoma de um problema mais amplo, entendemos que abordar a crise climática de forma holística significa ir além das “soluções” logísticas e tecnocráticas, como apenas ferramentas de constru9ao sustentável. Esta ‘roda climática’ nasce do projeto – ‘O que é e o que pode ser’ – projeto busca compreender as inúmeras maneiras pelas quais os profissionais da arquitetura e das áreas espaciais podem, em vez disso, escolher práticas que optan por afirmação da vida. ‘O que é e o que pode ser’ e um projeto em andamento no programa Praticas Espaciais (Central Saint Martins, UAL) que busca compreender como ‘o clima’ ou ‘questões climáticas’ estão sendo abordados nas aulas: através do conteúdo ministrado, do trabalho dos alunos e das práticas de ensino dos professores. A ‘roda climática’ baseia- se numa base de quadros de ação climática existentes que moldam os cursos, a profissão e o discurso mais amplos. Analisamos 11 estruturas que abrangem princípios institucionais, orientações do Royal Institute of British Architects (RIBA), grupos de ação da indústria, certificação empresarial e movimentos de justiça climática. As palavras usadas na roda emergem de suas terminologias.

Este projeto foi concebido e produzido em colaboração entro o Fórum Climático da Spatial Practices e o MA Architecture (CSM), e apoiado pelo Gerente de Ação Climática da UAL, e os cursos BA Arquitetura e MA Cidades do CSM.
‘O que é e o que pode ser’ – visite aqui: https://climate-forum.com/climate-audit-from-what-is-to-what-might-be

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Bianca Cuvello, arquiteta e urbanista formada pela Universidade Federal do Amazonas, natural de Manaus, compreende que o desenvolvimento urbano da capital amazonense está intrinsecamente condicionado ao meio natural, em especial à extensa bacia hidrográfica que caracteriza a região. No entanto, a urbanização acelerada tem intensificado o fenômeno da periferização, gerando desafios complexos relacionados à inclusão social e ao acesso à moradia digna. A segregação espacial, nesse contexto, empurra populações de baixa renda para áreas onde a infraestrutura é precária e insuficiente.

Diante desse cenário, a proposta de habitações anfíbias surge como alternativa capaz de mitigar tais problemas, promovendo uma integração mais equilibrada entre os moradores e as áreas de várzea e alagadiças. A arquitetura anfíbia, concebida para se implantar sobre as águas, busca aliar sustentabilidade e inovação tecnológica a soluções construtivas adaptadas ao entorno, combinando duas tipologias estruturais fundamentais: a palafítica e a flutuante.

Essa estratégia reafirma os limites e potencialidades impostos pelos condicionantes naturais da Amazônia, ao mesmo tempo em que possibilita a ocupação de espaços urbanos historicamente negligenciados e pouco adensados. Além disso, a proposta dialoga com as questões sociais e habitacionais da cidade a partir de diretrizes projetuais alinhadas aos 5 pontos para uma arquitetura na Amazônia (Cereto, 2024). Trata-se, portanto, do objetivo de refletir sobre soluções habitacionais que não apenas respondam às especificidades ambientais de Manaus, mas que também promovam a integração social das populações marginalizadas ao tecido urbano consolidado.

Assim, a tipologia de habitações anfíbias pretende assegurar funcionalidade e eficiência, incorporando equipamentos adequados e sistemas construtivos coerentes com as restrições econômicas locais, especialmente em um contexto marcado pela escassez de recursos.

Implantação do projeto: China
Desenvolvimento do projeto: EUA

Sua Estufa é a Sua Sala de Estar é um dispositivo ambiental que amalgama as funções de estufa, cozinha externa e sala de estar. Ele especula sobre a capacidade de cultivar vegetais e compartilhar alimentos como um ato coletivo para combater extremos ambientais. Projetado para espaços urbanos abandonados e subutilizados, o pavilhão apresenta um conjunto de móveis móveis e operáveis que animam o entorno com racks de cultivo de vegetais, bancadas de cozinha e mesas dobráveis. Quando fechado, funciona como uma estufa que incentiva atividades de cultivo; quando aberto, transforma-se em uma sala de estar ao ar livre que promove novas formas de compartilhamento comunitário na vida urbana.

O pavilhão incorpora um microclima de cuidado que nutre tanto plantas quanto seres humanos. Promove um sistema de agricultura coletiva, no qual solos contaminados de terrenos agrícolas próximos são tratados in situ e armazenados em vasos portáteis projetados para cultivo comunitário e troca de produtos entre membros da comunidade. A água da chuva, coletada e filtrada por meio do reservatório metálico suspenso, circula no pavilhão para atividades de jardinagem e culinária. Graças a táticas espaciais que mitigam os desafios impostos pelo clima extremo em um contexto subtropical — como vãos estratégicos entre painéis que permitem o resfriamento passivo —, a estrutura proporciona um ambiente ideal para as plantas, oferecendo aos visitantes condições equilibradas de ventilação e sombreamento para coabitarem o espaço com plantas e outras espécies.

Office for Roundtable é um coletivo de prática de projeto e pesquisa liderado por Leyuan Li, atualmente sediado em Denver, Colorado, e Guangzhou, China. Seus projetos abrangem um amplo espectro de tipos e escalas na interseção entre o interior e o urbano, explorando espaços e eventos que facilitam o compartilhamento entre diversas comunidades para criar narrativas coletivas. Projetos construídos recentes foram destacados em PLOT, ArchDaily, Designboom, Architect’s Newspaper, Gooood e KoozArch, entre outros. Mais recentemente, o Office for Roundtable recebeu uma Menção Honrosa no AN’s Best of Practice Awards na categoria Architect (New Firm) – Southwest em 2025.

JXY Studio é um estúdio interdisciplinar de arquitetura e arte cofundado por Yue Xu e Jiaxun Xu. Nosso trabalho visa expandir os limites do projeto arquitetônico tradicional e explorar abordagens inovadoras para a construção do espaço e da narrativa por meio de uma gama mais ampla de mídias, envolvendo os campos do design, pesquisa e artes visuais, incorporando imagens, pintura, instalação, fotografia, imagem em movimento e outras formas multimídia. Combinando ampla experiência em criação digital, instalação espacial, reconceitualização artística do espaço e urbanismo inovador, cada projeto do estúdio está ancorado tanto em pesquisa lógica quanto em prática inventiva. Inspirados pela rica herança cultural de Lingnan e pela interseção das culturas oriental e ocidental, usamos essa perspectiva única para alimentar as explorações interdisciplinares de arquitetura e arte.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

O DOMO POMPEIA é fruto de um exercício acadêmico e experimental conduzido pela Turma lll da Pós-Graduação “Arquitetura em Madeira: Projeto e Tecnologia” do Núcleo da Madeira em parceria com o IPT.

O projeto nasceu do desafio de criar uma estrutura desmontável, leve e manualmente construída, tendo a madeira como matéria principal da criação. Um domus não foi a primeira proposta, mas a geometria circular ganhou estabilidade nos protótipos elaborados e acabou surgindo uma evolução de processos. A proposta envolveu desde o desenho inicial, passando pelo estudo estrutural, até a execução integral da obra pelos próprios estudantes, em um processo coletivo de intensa experimentação.

A escolha pela execução manual não foi apenas uma limitação prática, mas sobretudo uma decisão pedagógica e conceitual. Cada encaixe, cada corte e cada junção do domus foi realizado sem o uso de maquinário industrial, permitindo que os participantes se reconectassem com o entendimento físico do material. Essa imersão direta possibilitou um aprendizado singular sobre a resistência, a plasticidade e o comportamento da madeira diante de diferentes esforços estruturais.

Vista de cima, a estrutura revela sua geometria radial, ripas de madeira partem de um núcleo central e se distribuem até o perímetro, formando um padrão que combina simetria e organicidade. As linhas sugerem um movimento espiralado, próximo às formas encontradas na natureza, como pétalas ou nervuras de folhas. Essa lógica construtiva garante o equilíbrio das forças, em que cada elemento trabalha em compressão e flexão, sustentado pelo todo. O domo, nesse enquadramento, se mostra não apenas como um objeto arquitetônico, mas também como um diagrama vivo da relação entre a forma e o caminho das forças.

O DOMO POMPEIA se estabelece, assim, como um experimento construído: um espaço em que teoria e prática se fundem, criando um espaço de estar e contemplação. Ele evidencia o potencial da madeira como elemento estrutural em sistemas modulares, explorando conexões precisas que garantem estabilidade ao mesmo tempo em que revelam uma estética de leveza e organicidade.

O nome foi dado em homenagem ao arquiteto Prof. Dr.Roberto Alfredo Pompeia, falecido precocemente em 2024, responsável pela disciplina de “Conceitos Estruturais em Madeira: Forma”, do curso de Arquitetura em Madeira. O curso é uma parceria entre o IPT e o Núcleo de Referência em Tecnologia da Madeira, e tem entre seus objetivos difundir o uso deste nobre material, sustentável e renovável, na construção civil.

A realização do projeto reforça a importância da experimentação no ensino da arquitetura e da engenharia de madeira. Mais do que uma obra, o domus é resultado de um processo coletivo que valoriza a manualidade, a cooperação e a investigação técnica. Ao ocupar fisicamente o espaço, o DOMO POMPEIA materializa o encontro entre tradição construtiva e pesquisa contemporânea, tendo a madeira como matéria para o futuro.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

Como trabalho final de conclusão de curso, a segunda turma da pós-graduação “Arquitetura em Madeira: Projeto e Tecnologia” do Núcleo da Madeira, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), desenvolveu um protótipo de estrutura geodésica, nomeado como “Carmodésica”.

Com o intuito de desenvolver um pavilhão leve e funcional, buscou-se criar uma estrutura simples, porém eficiente, capaz de vencer grandes vãos com o uso de peças pequenas e modulares, conectadas entre si. A proposta partiu da ideia de que essas peças pudessem ser fabricadas de maneira racional, permitindo fácil montagem, desmontagem e transporte, otimizando os recursos disponíveis.

O trabalho surgiu como uma forma de aprofundar o estudo sobre os sistemas construtivos modulares em madeira, com ênfase no uso de geometrias triangulares. Foram produzidas 135 lâminas curvas de madeira, coladas e prensadas em molde específico, que deram forma a 45 módulos triangulares. Essas unidades estruturais são conectadas por 55 peças metálicas especialmente projetadas e usinadas para o projeto, com furos oblongos que permitem pequenos ajustes de ângulo e favorecem a flexibilidade e adaptação da estrutura como um todo.

As lâminas utilizadas são finas e flexíveis, porém resistentes, e sua colagem em múltiplas camadas resulta em elementos autoportantes com curvaturas precisas. A combinação entre madeira engenheirada e conexões metálicas oferece um equilíbrio entre resistência, leveza e adaptabilidade.

O estudo desenvolvido pela turma buscou explorar ao máximo as possibilidades construtivas da madeira laminada colada, propondo formas que desafiam o convencional e valorizam o uso racional dos materiais. A proposta investigou também como a flexibilidade e a modulação permitem variadas configurações espaciais e estéticas.

Este exercício permitiu a criação de diferentes possibilidades de pavilhões geodésicos a partir de uma única estrutura base, que pode ser montada em forma côncava ou convexa, conforme a demanda de uso e contexto do espaço. Com isso, favorece-se a criação de ambientes únicos e inovadores, baseados em princípios geométricos e estruturais sólidos, com forte apelo arquitetônico e experimental.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A primeira turma da Pós Graduação do Núcleo da Madeira, em parceria com o IPT, foi formada por arquitetos, engenheiros e designers interessados numa proposta pioneira de expandir o conhecimento da madeira aplicada à construção civil brasileira, buscando assim corrigir uma falha significativa na formação dos profissionais do mercado brasileiro. O Projeto Integrado de conclusão do curso foi proposto aos alunos na forma de um trabalho coletivo de aplicação dos conceitos discutidos durante o curso, como o conhecimento do material e das tecnologias, logística de montagem, experimentação geométrica e estética da forma, dimensionamento, entre outros, além de permitir que os alunos tomassem contato real com o processo e as implicações das decisões de projeto. O Protótipo Experimental foi desenvolvido com o intuito de produzir um pequeno pavilhão que pudesse ser montado elementos modulares pré-fabricados de madeira. O pórtico tri articulado é construído em chapas de compensado de 30 mm, cortados em CNC, colados e aparafusados formando um conjunto único de pilar e viga que suporta os painéis de cobertura, produzidos com peças de mercado de 12×5 cm e chapas de compensado 12 mm. A conexão metálica da base em aço galvanizado a fogo suporta, além do pórtico, a estrutura do piso onde se apoiam painéis de deck de madeira nativa produzidos em fábrica. O conjunto projetado a partir de módulos de 2,40 m permite a repetição do pórtico e a adequação da área do pavilhão em função do espaço disponível para sua expansão. A equipe formada pelos alunos e professores do curso trabalhou na marcenaria do IPT, com auxílio do técnico responsável, para produzir as peças do protótipo. Apenas a usinagem dos pórticos foi feita externamente. Entender a complexidade e a dificuldade das soluções adotadas e utilizar a criatividade para encontrar soluções viáveis foram parte do desafio de produzir todos os elementos de forma a permitir uma montagem fácil e rápida no canteiro. O desenvolvimento do projeto e a produção do protótipo contaram com o apoio das empresas parceiras: Indusparquet, Rothoblaas, Immergrum, Montana Química, Osawa, Antoni Compensados, IBF, Amarante Madeiras, Formtap, Módulo Sequência, Mado Esquadrias, Omintrade.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Módulo Tecnoíndia

Trata-se de um de projeto relacionado às áreas de arquitetura e engenharia civil, especificamente no campo das habitações de baixo custo e/ou habitações de emergência.

A construção de habitações de baixo custo com qualidade é uma questão que afeta milhares de famílias no Brasil. Os governos federal, estaduais e municipais, em seus programas de habitação, inclusive para os povos indígenas, utilizam de técnicas construtivas que em sua grande maioria, com raras exceções, adotam o uso de casas de alvenaria em tijolos cerâmicos ou blocos, resultando em longos prazos de execução e desperdício de materiais entre outros. O projeto apresentado utiliza a madeira como matéria prima; via de regra os agentes públicos financeiros, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, não financiam casas de madeira. O fundamento do sistema apresentado busca responder à demanda dos povos indígenas por habitação na sociedade contemporânea, estabelecendo um desenho capaz de ser entendido como desenho cultural uma vez que é referenciado nos desenhos das casas indígenas tradicionais. O sistema é modular, podendo também atender as situações de emergência, constituindo-se em uma alternativa de rápida execução, durabilidade e baixo custo de manutenção.

O projeto apresentado utiliza da madeira como matéria prima pelas qualidades do material, destacando o atributo de ser totalmente sustentável, pois que pode ser reposto no ambiente.

O sistema possui característica inovadora ao desenvolver todo o projeto referenciado no estudo das casas dos povos indígenas, onde a cobertura e as paredes de vedação constituem uma mesma estrutura definindo o próprio desenho da casa, configurada através do corte ogival tradicional das habitações indígenas. Nas casas urbanas convencionais, parede e cobertura constituem elementos separados.

O sistema apresentado estabelece o desenho de uma peça módulo de madeira, recortada a partir de tábuas com bitolas comerciais. O posicionamento das peças obedece a uma sequência que dá forma a um arco do tipo ogival, onde as duas partes do arco são montadas de modo a que cada parte seja constituída de cinco peças módulos, executadas em sequência.

Duas peças módulos são ligadas com outras duas usando uma peça módulo posicionada entre elas. A outra parte do arco ogival é construída da mesma forma e são ligadas as duas partes pela cumeeira. Todo o processo de ligação se faz através de parafusos.
Protótipo Módulo Tecnoíndia

O projeto do protótipo Módulo Tecnoíndia parte do desenho das tradicionais casas indígenas brasileiras, incorporando também as experiências do arquiteto francês Philibert D´Lorme (1514-1570).
Busca aliar o modo de construir das casas indígenas com as necessidades da sociedade contemporânea.

A partir de uma única peça módulo, que se justapõe, é constituído o pórtico ogival comum às casas indígenas.
Conjuntos de peças, ligadas através de parafusos e dispostas lado a lado, formam o pórtico estrutural que será repetido a cada 1,25 metros.

O Módulo Tecnoíndia é inovador e sustentável. A madeira utilizada demonstra atenção e respeito pelas tecnologias ancestrais. O desenho é simples e sofisticado. A estrutura modular permite montagem e desmontagem.

Florencia Sobrero (Córdoba, Argentina, 1990). É arquiteta (2014) pela Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Nacional de Córdoba e mestre em Gênero e Comunicação (2023) pela Universidade Andina Simón Bolívar, sede Equador. É sócia fundadora do escritório de arquitetura Taller General (2017), onde combina design, construção, ativismo e educação para levar adiante sua prática profissional.

A questão de gênero é um ponto de conflito que vivenciamos dia após dia, em um contexto ultra-hegemônico e patriarcal, como é o caso do âmbito do design e da construção. Setor no qual enfrentamos dinâmicas complexas desde os vínculos com clientes, relações com pedreiros, negociações com fornecedores e espaços de ação coletiva, como a construção comunitária. Dinâmicas que estão enraizadas em estereótipos de gênero e construções culturais binárias excludentes, em torno de supostos papéis que mulheres e homens “devem” ocupar na sociedade. Um panorama que nos leva a (re)pensar quem tem a possibilidade de construir?

Desse questionamento surgem as jornadas de construção participativa com perspectiva de gênero: Femingas. O espaço se abre como uma alternativa às mingas (mutirão) de construção, originalmente concebidas no Equador como jornadas de trabalho participativo em que os membros de uma comunidade se reúnem para desenvolver atividades em prol do bem comum, como fazer a manutenção de uma estrada, construir um equipamento comunitário, limpar uma escola, etc.

*minga, é o termo quíchua usado no Equador para se referir ao mutirão

Em breve mais informações.

Gratuito

Inscrições

As inscrições devem ser feitas aqui.

A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Debate entre China e Brasil com autoridades e arquitetos brasileiros e chineses

Programação

13h30 às 14h30 – Mesa de abertura

14h30 às 15h – Visita à exposição chinesa na Oca

15h às 17h – Rodada de conversa com arquitetos chineses e brasileiros

Convidados: Pablo Hereñu (H+F Arquitetos), Catherine Otondo (Base Urbana), Marcos Cereto (curador / UFAM)

Gratuito

Inscrições

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A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

E se a vegetação proliferasse em nossas cidades, transformando-as em verdadeiras florestas ricas em flora? Quais seriam os ecossistemas urbanos resultantes? The Green Dip, um projeto de pesquisa em andamento conduzido por The Why Factory na Universidade de Tecnologia de Delft, é um manifesto visual que especula sobre soluções de esverdeamento para cidades e imagina estratégias arquitetônicas para incorporar vegetação em edifícios.

O Green Dip envisions uma floresta urbana mundial — de Pequim a Singapura, Dubai, Moscou, Kinshasa, Paris, Nova York ou São Paulo. Ele sugere um banco de dados de espécies de plantas para designers incorporarem facilmente em seus edifícios e sonha com um software para auxiliar nesse processo.

O Green Dip adota uma perspectiva global, entendendo que diferentes climas proporcionam ambientes específicos para espécies nativas prosperarem. Ele apresenta um método para calcular benefícios ambientais e estimar os impactos planetários do esverdeamento em nossas cidades.

Em meio à emergência climática, The Green Dip é um manifesto para reintroduzir a natureza em nossos lares e transformar nossa relação com o meio ambiente. Ele demonstra que a agricultura, a silvicultura e a produção orgânica podem catalisar abordagens alternativas à urbanização.

O Green Dip é a primeira parte de uma trilogia de publicações focada na integração da natureza e da cidade. Será sucedido por BiodiverCity, que examinará a integração da fauna no ambiente construído, e Biotopia, dedicado a projetar inteiramente com a natureza.

Assim como todas as outras publicações anteriores de The Why Factory, The Green Dip é feito de trabalho estudantil — não científico. Este livro é o resultado de especulação de design com fins educacionais.

Estamos ficando sem tempo. Independentemente das preposições que escolhermos, é hora de projetar com, para e como a natureza.

Sobre os autores

Winy Maas
Winy Maas é o Diretor de The Why Factory e Sócio Fundador e Arquiteto Principal da MVRDV. Ele recebeu aclamação internacional por sua ampla gama de projetos de planejamento urbano e construção, em todas as tipologias e escalas. Na The Why Factory da TU Delft,
Maas desafia os limites dos padrões estabelecidos para produzir soluções que reimaginam como vivemos, trabalhamos e nos divertimos. Além de seu dedicado papel de liderança na MVRDV e professorado na TU Delft e em outros lugares, Maas é amplamente publicado, está ativamente engajado no avanço da profissão de design e integra inúmeros conselhos e júris.

“Eu defendo cidades mais densas, mais verdes, mais atraentes e habitáveis, com uma abordagem de design que se concentra em ideias inovadoras e sustentáveis ​​definidas pelo usuário para o ambiente construído, independentemente da tipologia ou escala.” – Maas

Javier Arpa Fernández
Javier Arpa Fernández é professor, pesquisador, autor e curador de arquitetura e urbanismo. Tendo concluído um Mestrado em Ciências em Arquitetura na Universidade de Tecnologia de Delft, Javier é especializado na disseminação da prática de arquitetura e urbanismo. Javier foi o Coordenador de Pesquisa e Educação de The Why Factory e o Curador de Programas Públicos da Faculdade de Arquitetura da TU Delft. Javier dá palestras públicas e participa de colóquios em todo o mundo. Javier foi professor na University of Pennsylvania, Crítico de Design na Harvard GSD, Professor Adjunto na Columbia GSAPP, Professor Visitante na ENSA-Belleville e na ENSA-Versailles. Foi Editor Adjunto da Domus Magazine e Editor Sênior do grupo de pesquisa a+t. É coautor da série “Density”, “Hybrids”, “Civilities”, “In Common” e “Strategy” da a+t, e do volume “The Public Chance”.
Foi curador da exposição Paris Habitat, sobre um século de habitação social em Paris, realizada em 2015 no Pavillon de l’Arsenal em Paris, e autor da monografia “Paris Habitat: One Hundred Years of City, One Hundred Years of Life”.

Adrien Ravon
Adrien Ravon é arquiteto e acadêmico. Em setembro de 2011, ele se juntou à The Why Factory na Faculdade de Arquitetura e Ambiente Construído da TU Delft. Ele participou de projetos de pesquisa e educação, foi responsável pela produção de ferramentas de design digital e colaborou ativamente na disseminação pública de ideias sobre a cidade do futuro. Ele coescreveu as publicações da Future Cities Series de The Why Factory: Barba, Life in a Fully Adaptable Environment (2015), Copy Paste, the Badass Copy Guide (2017), PoroCity, Opening up Solidity (2018), Le Grand Puzzle, Manifesta 13 Marseille (2020), (w)Ego, Dream Homes in Density (2022).
Colaborou com inúmeras instituições internacionais, incluindo ETH (Zurique), KTH (Estocolmo), GSAPP (Nova York), IAAC (Barcelona), Centre Pompidou (Paris), Dutch Design Week (Eindhoven), Manifesta 13 (Marselha) e Mori Art Museum (Tóquio).
Adrien trabalhou como arquiteto e consultor para empresas na Argentina, França e Holanda.

Gratuito

Inscrições

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A seleção será feita por ordem de inscrição.

As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Mesa e debate com Eva Pfannes e Sylvain Hartenberg (Ooze – Holanda/Índia), Kareena Kochery e Samidha Patil (urbz – Índia),  Duplantier Martin (França) e mediação de Claudia Visoni.

Em breve mais informações.

Gratuito

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Mesa redonda para discussão de documentos produzidos.

Em breve mais informações.

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As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Debate com Pierre Emmanuel Becherand, Madeleine Houbart, Marc Barani (Vencedores do Prêmio Grand Paris Express) e Renata Falzoni (mediação)

Em breve mais informações.

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Debate com Thomaz Richez, Luiz Cortez (Metrô), Sérgio Avelleda (Observatório de Mobilidade Sustentável do Insper)

Em breve mais informações.

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O Parque Orla Piratininga – POP representa um marco no urbanismo e na gestão ambiental no Brasil, configurando-se como um parque público urbano e, ao mesmo tempo, como um laboratório vivo de sustentabilidade. Sua concepção inovadora se fundamenta na adoção de Soluções baseadas na Natureza (SbN), estratégia que alia infraestrutura verde à restauração ecológica para auxiliar na recuperação da Lagoa de Piratininga.
Para isso, foram implantados três grandes sistemas de alagados construídos, capazes de filtrar naturalmente a água recebida das bacias urbanas do Rio Cafubá, do Rio Arrozal e do Rio Jacaré. Esses sistemas ocupam uma área de cerca de 35.000 m² distribuídos em dois quilômetros lineares ao longo da Lagoa, tratam as águas provenientes dos principais rios contribuintes, além do escoamento superficial e da drenagem dos bairros, reduzindo o aporte de sedimentos e poluentes no corpo hídrico e promovendo a recuperação gradual da qualidade ambiental da Lagoa.

Associada a essa solução, há ainda a recuperação de conectores de Mata Atlântica em áreas úmidas do entorno, que reforçam a conectividade ecológica, ampliam os habitats para a fauna local e fortalecem os serviços ecossistêmicos prestados à população.
Além da restauração ambiental, o parque também foi concebido como um espaço de integração social e cultural. O Centro Ecocultural, um equipamento voltado para a educação ambiental e atividades culturais, buscando sensibilizar a população para a importância da preservação.

O Parque inclui ainda ciclovias, píeres para pesca e contemplação, áreas de lazer e centros esportivos, constituindo uma infraestrutura multifuncional que promove saúde, mobilidade, turismo e qualidade de vida.

O objetivo geral do POP é ambicioso: recuperar sistemas ambientais e requalificar o entorno da Lagoa de Piratininga, valorizando o patrimônio paisagístico e promovendo a sustentabilidade urbana. Entre seus objetivos específicos, estão a reversão do processo de degradação ambiental da Lagoa; a aplicação prática das SbN para o tratamento das águas; estímulo à biodiversidade, preservação da flora e fauna nativas. Mais do que uma obra pública, o POP é exemplo concreto de que é possível conciliar infraestrutura urbana, recuperação ambiental e inclusão social. Com sua implantação, a área que era de exclusão socioambiental, transformou-se em um contexto de justiça ambiental. Sua existência reforça a necessidade de pensar a cidade de forma integrada, com um processo de gestão pública baseada no pensamento sistêmico criando soluções que aumentem a resiliência das cidades e ofereçam benefícios diretos à população. Trata-se de um projeto que é referência em inovação e justiça socioambiental, ao transformar um espaço historicamente degradado em um polo de regeneração ecológica, encontro comunitário e valorização cultural. O Caminho Niemeyer foi concebido como um eixo cultural e paisagístico na Cidade de Niterói, incluindo o Teatro Popular, Museu de Arte Contemporânea, entre outros.

Gratuito

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Conferência de abertura da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo com Kongjian Yu (Universidade de Pequim – China).

Mediação de Renato Anelli (curador)

O vídeo tem legenda automática em inglês. É possível ativar a tradução para português clicando no ícone de engrenagem e selecionando o idioma de tradução.

Realizado em 19.09.25, às 18h, na Oca, Parque Ibirapuera, São Paulo, SP

Implantação do projeto: China
Desenvolvimento do projeto: China

A Exposição de Arquitetura da China na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Compartilhar · Co-crescer · Comensalidade: Projetando para um Planeta Superaquecido, marca uma rara aparição coletiva de trinta renomados arquitetos chineses. Cada participante traz uma nova obra moldada pelos ventos do lugar, pela memória da terra e pelas urgências do clima. Estes projetos não são declarações de forma ou exibições de assinatura pessoal, mas sim conversas silenciosas e significativas com rios, com montanhas, com bairros e com pessoas. Em conjunto.

A equipe curatorial — o Curador-Chefe Li Cundong e a Curadora Executiva Xiao Wei — resistiu deliberadamente a impor um único estilo ou narrativa. Em vez disso, eles permitem que surja um coro de vozes, entrelaçando tradições, inovações e visões para o futuro. Sua abordagem destaca a arquitetura não apenas como produção técnica, mas também como empatia cultural e responsabilidade ecológica.

A exposição está estruturada em cinco eixos: Ressonância Vernacular, que reinterpreta tradições locais como pátios, estruturas de madeira ou padrões de aldeia como sementes para futuros enraizados; Inovação Verde, onde a sustentabilidade não é ornamento, mas origem, integrando energia renovável, biomateriais e práticas circulares; Resiliência para o Futuro, propondo infraestruturas adaptáveis e espaços públicos capazes de resistir a inundações, secas e extremos; O Valor das Margens, onde a inovação surge em periferias, assentamentos informais e fronteiras ecológicas; e De Volta ao Equilíbrio, uma perspetiva prospectiva rumo ao Congresso Mundial de Arquitetos da UIA 2029 em Pequim.

Complementando estes, há cinco perspectivas adicionais: Edifícios Verdes, promovendo o equilíbrio ecológico através de estratégias de ciclo de vida de baixo carbono; Regeneração Urbana, reativando áreas urbanas adormecidas através de intervenções específicas que respeitam a história enquanto atendem necessidades contemporâneas; Arquitetura Paisagística, retecendo ecossistemas fragmentados e aumentando a resiliência climática; Revitalização Rural, transformando criativamente assentamentos tradicionais em novos paradigmas de crescimento endógeno; e Práticas Inovadoras, que rompem fronteiras disciplinares e exploram novas possibilidades na interseção entre tecnologia digital, biomimética e experimentação social.

Como uma das exposições centrais desta Bienal, a Exposição de Arquitetura da China é menos uma exibição de “feitos” e mais uma prática de responsabilidade compartilhada. Ela demonstra como a arquitetura pode permanecer humilde, mas transformadora — ancorada no lugar, atenta às pessoas e orientada para um futuro planetário mais equilibrado e sustentável.

Nesta sessão, vamos explorar dois projetos que demonstram a importância da reabilitação e inovação em contextos distintos. O primeiro projeto, realizado em pastagens de montanha na Suíça, apresenta uma abordagem única para a preservação do patrimônio cultural e paisagístico. Através da reabilitação de ruínas de fazendas abandonadas, o projeto busca proteger a paisagem e restaurar a identidade do lugar. Com uma abordagem colaborativa e voluntária, o projeto envolveu a comunidade local e resultou em uma solução criativa e eficaz para a preservação do patrimônio. Sceru e Giumello é um exemplo de como a arquitetura pode ser usada para preservar a memória e a identidade de um lugar. A reabilitação das ruínas não apenas protege a paisagem, mas também oferece uma oportunidade para refletir sobre a história e a cultura da região.

O segundo projeto, desenvolvido em Portugal, destaca uma operação de habitação básica participada que combina eficiência energética e envolvimento comunitário. O projeto foi desenhado com e para a comunidade que vivia em condições deficitárias e resultou na construção de 79 moradias com grande eficiência energética. Com um custo de cerca de 50 mil euros por moradia, o projeto oferece uma solução sustentável e inovadora para a habitação social básica. O projeto é um exemplo de como a parceria entre o setor público e privado pode resultar em soluções eficazes para problemas complexos. A participação da comunidade e a priorização da eficiência energética são fundamentais para a sustentabilidade do projeto.

Gratuito

Inscrições

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As inscrições estarão abertas até o inicio da atividade, no local, desde que haja vagas disponíveis.

Mini-oficinas de Biomateriais
Pensadas como espaços de reflexão e experimentação, as oficinas de biomateriais introduzem os conceitos de circularidade e regeneração por meio de práticas coletivas que transformam resíduos orgânicos do cotidiano em novas materialidades. Mais do que explorar aspectos técnicos e tangíveis, a proposta evidencia que o campo dos Biomateriais demanda posicionamento político e responsabilidade socioambiental com territórios e biomas, ao mesmo tempo em que valoriza confluências entre vidas humanas e mais-que-humanas.

Laboratório de Biodesign | Circularidade e Biomateriais I IED São Paulo
É um espaço de fomento da criatividade, colaboração e inovação, que conecta ensino, pesquisa e extensão com reconhecimento nacional e internacional. Mais do que desenvolver materiais, o Laboratório de Biodesign | Biomateriais e Circularidade propõe que sejam repensadas as próprias bases tangíveis do design, ampliando suas fronteiras epistemológicas e cultivando futuros inclusivos e regenerativos.

Coordenação
Arquiteta e Urbanista, com mestrado em Design pela Universidade de São Paulo, Graziela Nivoloni atua na interseção entre educação, natureza e negócios conectando inteligência coletiva e pensamento sistêmico para criar confluências entre ensino, empresas e organizações. No IED, lidera o Laboratório de Biodesign | Circularidade e Biomateriais, integra o conselho acadêmico do Centro de Inovação, Design e Negócios (CR+IED) e coordena a graduação em Design de Produto e Serviço e os cursos em parceria com a Casa Vogue.

Vagas: 20 em cada oficina [ESGOTADO]

Tempo de duração: 30 minutos

Gratuito

Inscrições:

As mini oficinas dos dias 14 e 16 de outubro tiveram uma alta procura e todas as vagas foram preenchidas, por isso o formulário de inscrição foi encerrado.

Pedimos que os inscritos sigam as orientações enviadas por email.

Caso haja alguma vaga remanescente no momento da oficina as pessoas que comparecerem no local poderão participar dentro do limite de 20 vagas por oficina.

Programação confirmada

19/setembro – sexta-feira – 15h

19/setembro- sexta-feira – 17h

23/setembro – terça-feira – 15h

23/setembro – terça-feira – 17h

25/setembro – quinta-feira – 15h

25/setembro – quinta-feira – 17h

30/setembro – terça-feira – 15h

30/setembro – terça-feira – 17h

2/outubro – quinta-feira – 15h

2/outubro – quinta-feira – 17h

7/outubro – terça-feira – 15h

7/outubro- terça-feira – 17h

9/outubro – quinta-feira – 15h

9/outubro – quinta-feira – 17h

14/outubro – terça-feira – 15h [ESGOTADO]

14/outubro – terça-feira – 17h [ESGOTADO]

16/outubro – quinta-feira – 15h [ESGOTADO]

16/outubro – quinta-feira – 17h [ESGOTADO]

Mini-oficinas de Biomateriais
Pensadas como espaços de reflexão e experimentação, as oficinas de biomateriais introduzem os conceitos de circularidade e regeneração por meio de práticas coletivas que transformam resíduos orgânicos do cotidiano em novas materialidades. Mais do que explorar aspectos técnicos e tangíveis, a proposta evidencia que o campo dos Biomateriais demanda posicionamento político e responsabilidade socioambiental com territórios e biomas, ao mesmo tempo em que valoriza confluências entre vidas humanas e mais-que-humanas.

Laboratório de Biodesign | Circularidade e Biomateriais I IED São Paulo
É um espaço de fomento da criatividade, colaboração e inovação, que conecta ensino, pesquisa e extensão com reconhecimento nacional e internacional. Mais do que desenvolver materiais, o Laboratório de Biodesign | Biomateriais e Circularidade propõe que sejam repensadas as próprias bases tangíveis do design, ampliando suas fronteiras epistemológicas e cultivando futuros inclusivos e regenerativos.

Coordenação
Arquiteta e Urbanista, com mestrado em Design pela Universidade de São Paulo, Graziela Nivoloni atua na interseção entre educação, natureza e negócios conectando inteligência coletiva e pensamento sistêmico para criar confluências entre ensino, empresas e organizações. No IED, lidera o Laboratório de Biodesign | Circularidade e Biomateriais, integra o conselho acadêmico do Centro de Inovação, Design e Negócios (CR+IED) e coordena a graduação em Design de Produto e Serviço e os cursos em parceria com a Casa Vogue.

Vagas: 20 em cada oficina

Tempo de duração: 30 minutos

Gratuito

Inscrições:

As inscrições devem ser feitas pelo formulário disponível aqui.

As inscrições estarão abertas até o inicio da Mini oficina, no local, desde que haja vagas disponíveis.

A seleção será feita por ordem de inscrição. Haverá reserva de ao menos 2 vagas afirmativas por turma.

Programação confirmada

19/setembro – sexta-feira – 15h

19/setembro- sexta-feira – 17h

23/setembro – terça-feira – 15h

23/setembro – terça-feira – 17h

25/setembro – quinta-feira – 15h

25/setembro – quinta-feira – 17h

30/setembro – terça-feira – 15h

30/setembro – terça-feira – 17h

2/outubro – quinta-feira – 15h

2/outubro – quinta-feira – 17h

7/outubro – terça-feira – 15h

7/outubro- terça-feira – 17h

9/outubro – quinta-feira – 15h

9/outubro – quinta-feira – 17h

14/outubro – terça-feira – 15h

14/outubro – terça-feira – 17h

16/outubro – quinta-feira – 15h

16/outubro – quinta-feira – 17h

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: EUA

Estudante: Rodrigo Gallardo

The Fluid Territory explora a cidade além dos mapas, aquela que existe na memória, na experiência e nas histórias não contadas de seus habitantes. Em Vargem Grande, periferia de São Paulo, essa diferença se torna evidente: os mapas a mostram como um fragmento urbano em meio à floresta, mas a vida cotidiana revela outra realidade, marcada pela precariedade da habitação, pela falta de acolhimento das escolas e por um território vivido entre o medo e o esquecimento da natureza.

O projeto surge do diálogo com os moradores e da presença dos Guarani, reconhecendo que o território é compartilhado entre diferentes mundos: os jurua, que chegaram em busca de moradia, e o povo originário, cuja visão de mundo oferece outras formas de habitar. Em vez de impor respostas fechadas, as intervenções propõem condições abertas, capazes de acolher a diversidade de vozes e necessidades.

Na escola, corredores estreitos e salas quentes de metal dão lugar a espaços de encontro, onde o conhecimento circula além dos muros. Nas casas, o que antes era instabilidade se transforma em estruturas que fortalecem a permanência e a dignidade de seus moradores. A floresta, até então temida e distante, é reconectada por trilhas e percursos que convidam ao uso, ao convívio e à memória coletiva.

O trabalho não busca soluções definitivas, mas abrir possibilidades. Trata-se de pensar a arquitetura como um instrumento de escuta, capaz de fazer emergir aquilo que já existe de forma latente: a força da comunidade, a memória partilhada e a coexistência entre diferentes modos de vida. Se toda cidade é um palimpsesto de histórias sobrepostas, aqui o gesto arquitetônico não é apagar, mas revelar.

Mais do que construir edifícios, trata-se de construir condições para que novos caminhos possam ser abertos, caminhos em que a escola, a casa e a floresta deixam de ser fragmentos isolados para se tornarem parte de uma mesma trama coletiva.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Departamento de Arquitetura e Urbanismo – UFES. Projetos Especiais II (ARQ 12226). 2025/01

A presente proposta é o resultado parcial da disciplina Projetos Especiais II (ARQ-12226) ofertada pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (DAU-UFES), sendo a continuidade de estudos e pesquisas acadêmicas de professores e alunos que relacionam a temática das águas com as cidades. A abordagem é a de projeto de arquitetura de infraestruturas urbanas e regionais fluviais e marítimas que busca se aproximar de fundamentos de usos múltiplos das águas e de aproveitamento integral das bacias hidrográficas. O objeto de estudo principal é o Rio Doce – importante bacia da Região Hidrográfica do Sudeste – que possui sua área de contribuição presente nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Historicamente o vale do Rio Doce foi um eixo de penetração para o continente – como via natural sua navegação era desempenhada em trechos aquáticos que eram complementados por caminhos terrestres nas suas margens. Sucessivas ações antrópicas devastaram as margens fluviais, suprimindo as matas ciliares e assoreando o leito do rio, culminando em 2015 com o rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG) que lançou rejeitos de mineração nos corpos hídricos que contaminaram a bacia do Rio Doce em escala monumental, desde Minas Gerais até o Espírito Santo, uma torrente de lama tóxica alcançou o mar territorial brasileiro com impactos que ainda estão sendo mensurados.

A proposta da hidrovia do Rio Doce compreende os trechos médio e baixo do rio, entre Ipatinga (MG) e Regência (ES), conectando o Vale do Aço aos portos marítimos como um terceiro eixo de transportes que se junta em feixe à Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) e às rodovias das vertentes longitudinais do rio. A hidrovia principal projetada possui 444 km de extensão e desnível hídrico total de 215 m de Ipatinga até a foz, com 35 Barragens de Aproveitamentos Múltiplos (BAM) – 32 novas de baixa queda e 3 existentes transpostas por escadas de eclusas. As novas barragens – com desníveis máximos de 5 m – foram projetadas para se adequar à escala urbana e ambiental do seu entorno, minimizando as áreas alagadas nas margens e reduzindo a classificação de riscos dos barramentos. Além da navegação, as barragens integram as funções de geração de energia a baixo custo, saneamento ambiental, conexão entre as margens, aquicultura/pesca, controle de inundações e combate às secas. Os reservatórios principais serão complementados por lagos de alimentação nos afluentes, constituindo um sistema integrado de infraestruturas de regulagem das vazões ao longo do ano, assim como, de recarga hídrica da bacia. As áreas alagadas também poderão ser usadas em programas públicos de uso sustentável das águas em associações positivas com as comunidades ribeirinhas. A hidrovia ainda abre oportunidades para ações de educação ambiental, recreação, esportes e turismo fluvial ao longo das margens reflorestadas, tornando melhor a convivência da população ribeirinha com as águas.

Implantação do projeto: Itália
Desenvolvimento do projeto: Itália

Estudantes do curso Learning from Abroad 2025: Andrea Moscatelli, Carmen Cicia, Chiara Di Cesare, Enrico Maria Corvese Ester Teresa Castillo Anis, Flavia Montegiglio, Francesco Di Gennaro, Gabriele Petrucco, Gianmarco Ottaviani, Hanna Helm, Leonardo Brustolon, Nina Signolet e Valentina Martucci

Vivemos uma crise climática sem precedentes. Apesar do Acordo de Paris de 2015, o mundo falhou em reduzir suas emissões. O ano de 2023 bateu recordes, e 2024 confirma uma tendência ainda mais alarmante. Climatologistas admitem que suas previsões foram otimistas: o limite de 1,5°C, previsto para 2030, já foi superado. A relação entre emissões de carbono, aumento da temperatura e elevação dos oceanos é hoje incontestável.

Neste contexto crítico, a disciplina Learning from Abroad da Universidade Roma Tre, propõe uma reflexão projetual urgente, reconhecendo o desafio desta geração de arquitetos, chamada a atuar num cenário de incertezas e mudanças aceleradas. O projeto L’Architettura Inevitabile enfrenta o imprevisível: não sabemos o futuro nível do mar, o efeito nas cadeias produtivas, infraestrutura e migração climática, com impactos territoriais em escala planetária.

Algumas cidades terão recursos para conter o mar, mas não a maioria É hora de abandonar a ideia de dominar a natureza: a água é mais forte e antiga que nós. Devemos aprender a conviver com ela e reinterpretar os territórios com inteligência.

Os alunos trabalharam o tema a partir de um caso específico, a Isola Sacra, no litoral romano. Assumiu-se o cenário de elevação do nível do mar em 2 metros — extremo, mas cada vez mais plausível. Em conjunto, eles estudaram a história e as características do local. Em seguida, organizados em subgrupos, desenvolveram projetos arquitetônicos integrados, sem perder de vista decisões coletivas. As escalas regional, local e arquitetônica caminharam juntas — como deve ser.

Este trabalho apresenta um Masterplan coletivo composto por cinco projetos distintos, porém intimamente integrados. Cada um enfrenta a água de modo único: um centro cultural que se transforma com as marés; um hospital sobre palafitas; casas flutuantes e escola que se elevam com a água; um centro esportivo que integra a água como paisagem; e um complexo arqueológico que inclui a transformação do território em seu discurso.

Em todos, o tempo e a água são protagonistas.

Por fim, um último projeto ainda permanece como embrião para uma futura reflexão: o parque arqueológico do futuro. Uma área mais densa da Isola Sacra, que será tomada pela água e pela vegetação, será transformada numa ruína visitável, monumento ao nosso tempo e às contradições da ocupação territorial.
Vale lembrar: trata-se de um exercício de poucos meses, com alta complexidade, do território ao edifício. Nem o Masterplan, nem os projetos se pretendem finais. Mesmo sem o tempo, a profundidade e a interdisciplinaridade que o tema exige, os alunos lançaram-se num desafio doloroso, mas urgente. O projeto dos alunos Andrea Moscatelli, Carmen Cicia, Chiara Di Cesare, Enrico Maria Corvese Ester Teresa Castillo Anis, Flavia Montegiglio, Francesco Di Gennaro, Gabriele Petrucco, Gianmarco Ottaviani, Hanna Helm, Leonardo Brustolon, Nina Signolet e Valentina Martucci pode ser entendido em maior detalhe aqui: https://acesse.one/tQjaH

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Caroline Jahn, Fabiane Calistro, Guilherme Staub, Yan Kruchin

Entre Margens: uma cidade em camadas é um projeto que busca reconciliar Porto Alegre com o Lago Guaíba, ressignificando um de seus maiores símbolos de separação: o Muro da Mauá. Porto Alegre sempre foi moldada por sua relação com a água — uma presença que, ao longo do tempo, tornou-se tanto identidade quanto desafio. O Guaíba, antes espaço de encontro e lazer, hoje é também limite físico e simbólico, marcado por enchentes que expõem a vulnerabilidade da infraestrutura urbana frente às mudanças climáticas.

Erguido como barreira contra as cheias, o muro acabou por afastar a cidade de sua orla, transformando o contato com a água em ausência. Ao tentar conter o rio, a cidade conteve a si mesma, relegando o lago a um pano de fundo inacessível. A proposta parte do reconhecimento dessa ruptura e busca transformá-la em oportunidade: reconfigura o muro não como barreira, mas como linha de costura entre o natural e o construído, entre passado e futuro.

O projeto redesenha essa borda rígida como espaço de encontro, circulação e permanência. Um passeio elevado conecta o Centro Histórico ao Cais Mauá, devolvendo protagonismo ao pedestre e oferecendo espaços de lazer, contemplação e mobilidade ativa. Faixas verdes e ciclovias percorrem o traçado, auxiliando na drenagem urbana e trazendo conforto ambiental, enquanto os galpões do cais são reativados como polos culturais, gastronômicos e comunitários.

Sua materialidade reforça esses princípios: uma estrutura leve e sustentável, em madeira engenheirada e módulos pré-fabricados, com soluções de infraestrutura verde – como jardins de chuva, pavimentos permeáveis e vegetação nativa – ampliando a resiliência urbana diante de eventos extremos.

Entre Margens não apaga a história: reconhece as camadas da cidade, suas fronteiras e contradições. O Muro da Mauá permanece — mas agora, é chão. É caminho. É cidade.

Implantação do projeto: Chile
Desenvolvimento do projeto: Chile

O projeto de pesquisa-ação “Errando se Aprende” se situa, em Reñaca Alto Sur (Viña del Mar, Chile), território marcado pela precariedade habitacional, pela exclusão urbana e pela vulnerabilidade diante dos incêndios florestais. A quebrada Huasco, historicamente vista como limite, possui grande potencial para converter-se em corredor de vida comunitária e ecológica. A crise climática e os incêndios de 2024 acentuaram a urgência de repensar esse espaço, mostrando a necessidade de infraestruturas capazes de proteger população e ecossistema.

Nesse contexto, elaborou-se um masterplan coletivo, construído em oficinas participativas, percursos e observações junto à comunidade. A estratégia entende a quebrada como parque interbairros, articulando vilas por meio de infraestruturas verdes, equipamentos comunitários e corredores de proteção contra incêndios. Mais que projetar espaços, buscou-se uma mudança de olhar: compreender o campamento não apenas como assentamento informal, mas como território com direito à cidade e a um futuro sustentável.

Com base nisso, propôs-se um Centro de Encontro Comunitário em ponto estratégico da quebrada. O edifício conecta o parque interbairros a espaços de uso cotidiano — refeitório, ludoteca e escritórios. Não é um objeto isolado, mas a materialização do masterplan em espaço de encontro, coesão e cuidado mútuo, capaz de fortalecer redes comunitárias.

O projeto também introduz uma tipologia inédita de reservatórios de água, concebidos como protótipo de infraestrutura comunitária. Eles cumprem dupla função: armazenar águas cinzas para o uso diário e formar uma rede de defesa contra incêndios, em território onde o fogo é ameaça constante. Assim, inaugura-se um novo campo de infraestrutura básica para campamentos, combinando segurança, sustentabilidade e cuidado coletivo.

A escolha da alvenaria responde a critérios técnicos e sociais. Em território de difícil acesso e alta exposição ao fogo, o tijolo garante resistência, permanência e apropriação comunitária por meio da autogestão na construção. A materialidade é também recurso pedagógico de aprendizagem e enraizamento coletivo.

O projeto mostra que a arquitetura, além de abrigo, pode ativar processos de resiliência e justiça territorial. A quebrada, historicamente relegada, torna-se eixo articulador de um urbanismo situado, que vincula natureza, comunidade e cidade. Mesmo em contextos de precariedade extrema, é possível projetar infraestruturas que não sejam paliativos, mas gatilhos de transformação social e ambiental.

Mais que exercício acadêmico, trata-se de um processo de investigação-ação que conecta escalas urbana e arquitetônica, passando de um masterplan coletivo a uma infraestrutura comunitária concreta. Nesse percurso, revela-se o sentido do projeto: não impor desenho externo, mas construir coletivamente respostas que combinem memória barrial, cuidado comum e novas formas de habitar em tempos de crise climática.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudante: Victoria Emanuelle Belo da Silva

A produção de moradia popular na Amazônia frequentemente ignora as particularidades ambientais e culturais da região, adotando soluções padronizadas, frágeis e desconectadas do modo de vida ribeirinho. O projeto Casario surge como alternativa, propondo uma arquitetura que combina inovação técnica, identidade local e respeito ecológico, voltada à habitação digna e à regeneração do território.

A concepção se inspira no casario ribeirinho e nas palafitas, reinterpretando essas tipologias segundo critérios contemporâneos. Estruturas em madeira certificada associadas a pilares de concreto garantem resistência, durabilidade e ventilação natural. Estratégias passivas, como orientação solar, sombreamento entre volumes e coberturas ventiladas, promovem conforto térmico e eficiência energética sem depender de sistemas artificiais.

Implantado em Área Especial de Interesse Social (AEIS), na Avenida Brasil, em Manaus, o conjunto integra áreas verdes, equipamentos comunitários e espaços coletivos, fortalecendo convivência, pertencimento e redes de solidariedade. Blocos geminados de dois níveis recebem tipologias variadas, aproveitam a ventilação predominante e criam corredores de ar que funcionam como túneis de refrigeração, melhorando microclimas internos e externos.

No âmbito ambiental, a proposta atua na restauração de igarapés urbanos por meio de drenagem natural, wetlands artificiais e filtros biológicos, transformando áreas degradadas em corredores ecológicos que conectam o ambiente natural à cidade. Assim, habitar passa a significar também recuperar ecossistemas, respeitando os ciclos das águas e os modos de vida tradicionais.

A participação da comunidade é central. O uso da madeira regional permite autoconstrução assistida, mantém técnicas locais e fortalece vínculos com o território. Parcerias públicas, privadas e cooperativas habitacionais ampliam a viabilidade econômica e social, promovendo inclusão, autonomia e protagonismo local.

O Casario demonstra que habitação social, recuperação ambiental e valorização cultural podem coexistir. Ao harmonizar saberes vernaculares, soluções construtivas modernas e cuidados ecológicos, o projeto redefine a relação entre cidade, natureza e sociedade, oferecendo um modelo de urbanismo sensível e sustentável na Amazônia urbana.

Victoria Emanuelle Belo da Silva, natural de Manaus, desenvolve projetos que articulam preservação ambiental e inovação arquitetônica. Sua prática valoriza a recuperação de territórios degradados e a promoção de saberes locais, contribuindo para cidades amazônicas mais justas e sustentáveis.

Implantação do projeto: Equador
Desenvolvimento do projeto: Equador

Estudantes: Teresa Godoy Lema (Fondo Jubilados DMQ-N), José Martí-Paula S. Mendoza G (Pasaje)

N. Teresa Godoy Lema.
Alumni da Pontifícia Universidade Católica do Equador, originária de El Ángel – Carchi. Minha paixão está na reabilitação patrimonial e no design de espaços que vão além do físico: busco criar lugares que fortaleçam a memória coletiva e nutram a vida comunitária. Para mim, a arquitetura é uma ponte viva entre o que fomos e o que queremos ser, uma ferramenta para manter viva nossa identidade e inspirar novas formas de habitar a cidade.

Espaços Intermediários para a Memória: Reabilitação Integral do Fondo de Jubilados–DMQ.
A arquitetura, para além de oferecer refúgio, pode criar espaços que fomentem interações e conservem a memória coletiva. Este projeto propõe um Centro de Bem-estar e Memória focado em idosos, reconhecendo seu papel como guardiões da memória cultural. Identificou-se a importância de conectar esses adultos com crianças, para assegurar que suas histórias e saberes sejam transmitidos às novas gerações. Assim, o desenho propõe espaços que fortaleçam a relação entre passado e futuro, com atividades lúdicas e comunitárias que promovam o bem-estar mental, físico e psicológico de ambos os grupos.

Paula S. Mendoza Gómez
Alumni da Pontifícia Universidade Católica do Equador, arquiteta apaixonada pela capacidade da arquitetura de transformar a vida das pessoas. Concebo o design como uma ferramenta para criar espaços que melhorem não só a qualidade de vida física, mas também a mental e emocional, fomentando o bem-estar, a conexão social e a relação harmônica com o entorno. Busco que cada projeto dialogue com a comunidade e seu contexto, promovendo lugares de encontro, descanso e convivência. A arquitetura não é apenas construção, mas também memória, cuidado e oportunidade de mudança.

Habitação e serviços comunitários no Passeio José Martí-DMQ.
Este projeto propõe a reabilitação do passeio José Martí como precursor de um bairro identificável, reconhecendo que o monopólio hoteleiro expulsou a função residencial da zona, transformando o Centro Histórico em um espaço de passagem sem vida de bairro. Identificou-se a necessidade crítica de recuperar a tipologia da casa pátio republicana como estrutura social ativa, aplicando teorias de Restauração Histórica que equilibrem a conservação patrimonial com a habitabilidade contemporânea. Assim, o projeto propõe espaços de habitação e serviços comunitários que transformem o passeio na coluna vertebral de uma nova comunidade, aproveitando o aumento de usuários do Metro La Alameda para criar espaços de permanência onde famílias multigeracionais possam se apropriar simbolicamente do lugar, estabelecendo um modelo replicável de repovoamento que contrarie a tendência de despovoamento do Centro Histórico.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Aline Saemi Nakamura, Camila Miwa, Livia Naomi Nishijima Yohei, Luisa Caminha de Figueiredo

Desenvolvido por quatro estudantes de arquitetura de diferentes estados do Brasil, o trabalho investiga o papel da arquitetura em territórios que enfrentam há décadas os efeitos mais extremos da desigualdade e da crise ambiental. São comunidades invisibilizadas, racializadas e empurradas para as bordas das cidades e das políticas públicas. Lugares onde o solo cede e alaga, e onde a água não é ciclo, mas ameaça constante.

Na Zona Leste de São Paulo, no bairro Jardim Lapena do distrito de São Miguel Paulista, essa realidade se materializa. A ocupação começou na década de 1950 e hoje abriga cerca de 12 mil habitantes. É nesse contexto que se insere o projeto “Vínculos: entre margens, ciclos e pertencimento” uma proposta que busca restabelecer relações essenciais entre território, natureza e comunidade. O projeto reconhece as pessoas e a natureza, valoriza os processos que mantêm a vida em movimento e reforça o senso de pertencimento de quem já habita o lugar.

A proposta parte de uma estrutura versátil e replicável, conforme a demanda local. Oferece infraestrutura essencial para enfrentar alagamentos, ausência de drenagem, falta de espaços seguros, e cria suporte para relações comunitárias e regenerativas. Reconhece o valor das iniciativas já existentes, mas atua de forma complementar, ampliando a capacidade de resistência e prosperidade dessas comunidades.

A estratégia utiliza a leitura atenta do território e o conceito de acupuntura urbana como ação sensível e imediata. Vazios subutilizados — dentro de raios de 50 metros — foram selecionados para implantação das primeiras unidades, respondendo a demandas identificadas em diálogo com os moradores: banheiros, cozinhas, abrigo e segurança.

Mais do que oferecer proteção física, o projeto propõe uma nova forma de presença: firme, mas respeitosa. Afirma a importância de quem já habita e resiste, oferecendo suporte para que essas vidas possam se reestruturar com dignidade.. Ao elevar as plataformas do solo, também abre espaço para que a natureza retorne e se regenere, restabelecendo relações mais cuidadosas entre corpo, território e ambiente.

Porque sim, a arquitetura pode e deve ser uma ferramenta de justiça social. Mas para isso é preciso reconhecer que, por muito tempo, ela esteve conivente com processos de exclusão, remoção e silenciamento. O desafio não é apenas projetar, mas restaurar vínculos, dar visibilidade e estruturar a permanência daqueles que, por décadas, foram silenciados.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Julia Souza, Leonardo Pecht, Giane Barzagl, Ana Flávia, Bianca Silveira e Pedro Sendretti
Orientação: Profa. Dra. Silvia Mikami Pina

O projeto Habitar Mandela teve início no apoio à comunidade Nelson Mandela em Campinas-SP, que sofreu violento despejo mesmo ocupando área que não cumpre função social há mais de 20 anos. Após mobilização e negociação, a comunidade conquistou o direito à moradia. Contudo, a prefeitura e Cohab Campinas condicionou o financiamento a lotes de 90m2 e embrião sanitário de 15m2, iniciativa em total desacordo com o conceito de moradia digna. Assim, para a área adjacente ao residencial construído pela prefeitura, foi desenvolvida esta proposta de Moradia Social visando a mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas e combate à injustiça e racismo ambiental. Prevê diversas praças, espaços verdes abertos, canteiros e jardins. A introdução de vegetação nativa nesses espaços fortalece os ecossistemas locais, ajuda na drenagem, melhora a qualidade do ar e das águas do córrego e também atua como ferramenta para a captura de carbono da atmosfera, sendo um ativo contra ilhas de calor. Foram integradas Soluções baseadas na Natureza para aprimorar a drenagem, reduzir impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida dos moradores, trabalhando a favor do ciclo hidrológico. Houve intenso cuidado no desenho do traçado urbano de forma a conter volumes maiores de águas pluviais e a velocidade das águas devido à alta declividade da área. Biovaletas foram implementadas ao longo das ruas para captar e infiltrar a água da chuva no solo, evitando alagamentos e minimizando a erosão. Próximo às unidades habitacionais, jardins de chuva auxiliam na absorção da água pluvial, além de contribuir para um ambiente mais fresco e agradável. Para conter volumes maiores de água, bacias de retenção foram projetadas para armazenar temporariamente o excedente hídrico, liberando gradativamente e evitando sobrecargas no sistema de drenagem. Tais estratégias também foram vinculadas à tipologia e Implantação do conjunto de edifícios de Habitação Social, uma vez que um melhor adensamento permite otimização de materiais construtivos e liberação de solo para áreas livres para praças, áreas de lazer e recreação. O adensamento contribui para o não espraiamento desnecessário de áreas periurbanas e, consequentemente, melhor integração e cobertura dos modais de transporte, valorizando a mobilidade ativa. Os apartamentos são projetados para serem adaptáveis, permitindo atender famílias de diferentes perfis, além das tipologias completamente acessíveis para pessoas PCD. Houve grande atenção para o conforto ambiental das unidades, especialmente a ventilação e orientação solar, colaborando ainda para um morar mais saudável. A opção da materialidade do bloco cerâmico, produzido na região, reforça a identidade e o pertencimento das famílias, ao mesmo tempo que diminui sua pegada ambiental. Para os programas das áreas e equipamentos coletivos, foi considerada a apropriação existente dos moradores, suas demandas e as características ambientais do contexto que implicaram em programas como a praça da pipa, a sede da comunidade; a parede de escalada; as áreas de hortas e pomares, dentre outros. O fortalecimento do vínculo com as comunidades vizinhas foi um dos pilares para a implantação das unidades habitacionais, serviços, equipamentos e áreas de lazer, destacando-se a proposta da ponte de ligação sobre o corrego que elimina o isolamento, ao mesmo tempo que valoriza as áreas de preservação e de proteção ambiental.

Implantação do projeto: Bahrein
Desenvolvimento do projeto: Líbano

Estudantes: Maya Haidar Clara Saliba
Orientação: Sandra Frem

Um dia já foi um próspero mosaico de habitats terrestres e marinhos, a Baía de Tubli é um dos últimos territórios biodiversos do Bahrein — e um de apenas oito principais locais ecológicos protegidos no reino.

Localizada logo ao sul da capital, Manama, a baía historicamente sustentou as comunidades vizinhas por meio da pesca, mergulho de pérolas e agricultura. Suas águas rasas nutrem crustáceos e camarões, enquanto manchas de mangue ao longo da borda oriental formam locais de pouso críticos para aves migratórias. Essa combinação única de riqueza ecológica e patrimônio cultural fez da Baía de Tubli um ativo econômico, social e ambiental vital. No entanto, apesar de sua significância ecológica e localização estratégica, a Baía de Tubli há muito é marginalizada no planejamento governamental. Hoje, porém, sua biodiversidade e os meios de subsistência que sustenta estão sob grave ameaça da invasão industrial, poluição e mudanças climáticas.

Eco-commons reimagina a Baía de Tubli como uma iniciativa de reabilitação ecológica e infraestrutura verde que conecta e amplifica a biodiversidade marinha e urbana por meio de uma rede contínua de habitats para aves migratórias, vida marinha e espécies terrestres. Esta estrutura regenerativa não é apenas ecológica — é urbana, social e econômica.

A rede de habitats proposta funciona também como um corredor de microclima sombreado, integrando mobilidade multimodal, aprimorando a infraestrutura social e expandindo o acesso público à orla. Essas intervenções criam espaços públicos mais frescos e caminháveis, ao mesmo tempo que promovem a continuidade ecológica através das paisagens fragmentadas da baía.

Eco-commons também estabelece as bases para uma transição econômica — de uma economia intensiva em recursos e dominada pela indústria de fundição de alumínio e manufatura pesada para uma economia limpa e resiliente impulsionada pelo ecoturismo, pesca de comércio justo e produção de energia renovável.

A captação, armazenamento e tratamento de água estão incorporados nas paisagens urbanas que alternam entre restauração de habitat, espaços recreativos e áreas de reunião sombreadas. Este design em camadas aborda múltiplas ameaças de uma vez — ondas de calor, secas, inundações repentinas e erosão costeira — enquanto melhora os microclimas locais e expande a biodiversidade.
Crucialmente, o projeto posiciona a gestão comunitária como a base para a resiliência de longo prazo. Ao envolver as comunidades locais no cuidado do habitat, gestão de recursos e operações de ecoturismo, o Eco-commons não apenas restaura ecossistemas, mas também fortalece os laços sociais e gera oportunidades econômicas equitativas.

Por meio da restauração da biodiversidade, adaptação climática e uma transição econômica justa, o Eco-commons transforma a Baía de Tubli em uma paisagem viva, resiliente e regenerativa — onde a saúde ambiental, a vitalidade social e a prosperidade econômica se reforçam mutuamente.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Christian Almeida Campos do Nascimento, Clara Albertini de Queiroz e Felipe de Souza Noto

“A lei do rio não cessa nunca de impor-se sobre a vida dos homens. É o império da água. […] O rio diz para o homem o que ele deve fazer. E o homem segue a ordem do rio. Se não, sucumbe.”
Thiago de Mello

As cidades da Pan-Amazônia possuem uma relação visceral com as águas. Muitas têm seu cotidiano marcado pelo regime de cheias dos rios — casos emblemáticos como Anamã (AM) e Afuá (PA), apelidadas de “Veneza da Amazônia” e “Veneza Marajoara”.

Suas metrópoles, porém, à semelhança dos grandes centros brasileiros, no processo de modernização negaram essa relação primeira: igarapés foram sufocados e soterrados em nome do “desenvolvimento”.

Este ensaio propõe revisitar essa ruptura entre cidade e água, imaginando, em chave radical e utópica, o confronto da urbanidade com sua condição natural levada ao extremo: como as cidades amazônicas se adaptariam ao avanço das águas? Quais as consequências dessa transformação? Que estratégias de mitigação seriam possíveis diante de uma nova ordem imposta pela natureza?

O estudo de caso surge quase naturalmente: Manaus, metrópole de contrastes, que cresceu de costas para a floresta e para os rios. Os igarapés dos Remédios, das Naus e do Espírito Santo, na região central, foram soterrados pela modernização, mas retornam nos períodos de cheias severas, retomando leitos que lhes foram negados.

A narrativa parte do antigo Igarapé do Espírito Santo — hoje Avenida Eduardo Ribeiro —, que desemboca nas proximidades do Teatro Amazonas, ícone da Belle Époque tropical e epicentro de nossa especulação.

O Rio Negro é monitorado pelo Porto de Manaus, cuja régua registra oscilações anuais entre 9 e 12 metros. O nível médio situa-se em +22,5 m; em 2021, a maior cheia da história chegou a +30,02 m. Pesquisadores estimam que a cota +35,0 m, diante da intensificação climática, seja plausível em futuro próximo.

Radicalizamos: pensamos Manaus sob a cota +50,0 m — a “Manaus Fluvial”. Nesse cenário, a morfologia urbana reorganiza-se a partir de um léxico já conhecido das cidades ribeirinhas, como Afuá, Anamã ou a antiga cidade flutuante manauara. Saberes construtivos tradicionais — passarelas, estivas, ruas suspensas e plataformas — tornam-se matriz de novas espacialidades urbanas, costurando permanência e deslocamento em meio às águas.

Dada a complexidade da metrópole, o exercício se concentra em três situações irradiadas a partir do Teatro Amazonas: (a) o Edifício Cidade de Manaus; (b) o Casario da Rua 10 de Julho; (c) o próprio Teatro Amazonas. Três escalas, três modos de pensar a adaptação da pré-existência urbana à nova condição. Trabalhamos com duas cotas: +47,5 m, como novo nível “normal”, e +50,0 m, como cheia extrema e nível de projeto.

Utopia ou distopia? Talvez ambas: distópica, por tomar um evento extremo como indutor; utópica, por ver o rio não como obstáculo, mas como princípio ordenador da vida urbana. Ao aceitar a água como condição e não como ameaça, abre-se um campo fértil para imaginar outras espacialidades, novas formas de convivência e permanência.

A “Manaus Fluvial” aqui vislumbrada não é projeto, mas especulação: um convite a pensar o urbano em sua relação primeira com o meio, resgatando memórias silenciadas e antecipando futuros possíveis.

Implantação do projeto: Chile
Desenvolvimento do projeto: Chile

Estudante Isidora Soto,
Orientação: Ximena Arizaga e Osvaldo Moreno

As qualidades geográficas do Arquipélago de Humboldt oferecem refúgio e favorecem uma grande biodiversidade marinha, graças a um cânion submarino que termina entre a costa de Chañaral de Aceituno e a Reserva Marinha da Ilha Chañaral. Baleias que percorrem os oceanos visitam este local todos os anos para se alimentar. Por sua relevância ecológica, foi nomeado como um hope spot mundial pela oceanógrafa Sylvia Earle.

Em um território historicamente habitado por culturas ligadas às práticas marítimas, atualmente são extraídas centenas de toneladas de algas pardas diretamente de seu ecossistema a cada mês. A exportação ocorre em escala industrial, impulsionada pelo crescimento da demanda internacional nas últimas duas décadas.

A Caleta Chañaral de Aceituno não reflete sua importância para a conservação. Carece de infraestrutura adequada para receber os cerca de trinta mil visitantes que chegam a cada temporada, promovendo uma visão distorcida em que a paisagem é destinada ao consumo turístico centrado no avistamento de baleias. Nesse contexto, o local exige um espaço integrador que sustente as atividades produtivas e turísticas, ao mesmo tempo que proteja os habitats marinhos, garantindo a continuidade de uma paisagem valiosa para as populações local, nacional e global.

O avistamento de cetáceos, os bosques marinhos e a tradição pesqueira coexistem na zona entre-marés, definida como área de mediação entre escalas de paisagem. É nesse espaço que se propõe um parque que se estende do mar — nos bosques marinhos sobre relevos rochosos — até a terra, em áreas de embarque, acúmulo de algas e espaços de convivência entre moradores e turistas.

Suas estratégias incluem: primeiro, habilitar um percurso pelo litoral rochoso de Chañaral de Aceituno, transformando as rochas em caminho acessível que conecta mar e terra; segundo, regenerar os ecossistemas entre-marés com jardins marinhos onde se cultivem, reproduzam e utilizem macroalgas como material vegetal estruturante; terceiro, cultivar algas pardas para pesca artesanal, contribuindo para o equilíbrio ecológico local e oceânico.

São propostos quebra-mares com tetrápodes ecológicos que favorecem a integração de organismos, funcionando como habitat. Inspirado no projeto Living Breakwaters do escritório SCAPE, a proposta se diferencia pela incorporação das macroalgas como agentes estabilizadores, ampliando a área propícia ao seu crescimento e oferecendo mais superfície rochosa para sua fixação. Essa mesma estrutura se transforma ao longo da zona entre-marés, criando espaços onde a maré permita usos recreativos, produtivos e socioculturais. Assim, seria possível mitigar os impactos antrópicos, conectando a biodiversidade marinha às práticas ligadas ao mar.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Ana Beatriz Monteiro Furtado, Kayo Gabriel da Silva Sousa, Paulo Henrique Gonçalves Alves Pereira, Tomaz Neto Meneses Cavalcante Medeiros.
Orientação Roberto Alves de Lima Montenegro Filho

No Piauí dos povos originários, do encontro com ancestralidades africanas e com a aculturação portuguesa. Piauí dos rios, do calor e da cultura do barro. Da Esperança Garcia. Em Teresina, fundada em planície onde a cota de ocupação é próxima à dos cursos d’água, convive-se com a variação dos níveis dos dois rios, com chuvas excessivas em parte do ano, alternadas a períodos de seca. Clima de calores extremos, é a capital nacional com média de temperatura mais elevada, com previsão de aquecimento mais acentuado (Wong, et al., 2024), entre aglomerados humanos em risco com as mudanças climáticas: Como habitar esses territórios e lidar com a violência de eventos naturais potencializados? Ilhas como Kiribati já têm quase todo o território parcialmente submerso, enquanto cidades costeiras veem suas orlas ameaçadas.

Com sucessivas inundações entre o Poti e o Parnaíba, o sítio é uma planície úmida e brejosa, com lagoas e vegetação densa, geografia que minimiza impactos das cheias. Território de menor interesse à especulação imobiliária, é habitado por população tradicional ribeirinha, de menor poder aquisitivo, incluindo ex-quilombolas. Recebe pouco investimento público, exceto pelo projeto Lagoas do Norte, para preservação do solo, vegetação e lagoas, nem sempre de forma participativa (MATOS, 2017).

As enchentes são agravadas pela urbanização, com solo impermeabilizado e vegetação insuficiente (SILVEIRA e MONTEIRO, 2013), e com extremos climáticos. O terreno, entre o Rio Parnaíba e o Parque Lagoas do Norte, está em zona residencial. É suscetível a inundações, especialmente na parte voltada à lagoa. Tem frentes para o Parque e uma avenida estrutural, servindo como centralidade local.

A implantação Leste-Oeste potencializa o conforto térmico, evitando a incidência solar Oeste. O sistema construtivo em estrutura independente com bambu permite elevar as construções para enfrentar variações do nível d’água. Materiais leves minimizam custos, gastos energéticos e facilitam a logística, permitindo mutirões. O partido visa disseminar a cultura do bambu: cultivo fácil, que contribui para o tratamento de encostas e minimiza assoreamento.

A forma do edifício segue a solução “Bota e Chapéu” (Armando de Holanda), com grandes beirais para sombra e cobertura clara. Os fechamentos leves empregam taipa de mão, resgatando um saber-fazer tradicional de baixo impacto. A cobertura em abóbada escorada por bambu (tecnologia da Arquiteta Leiko Motomura) evita materiais de alto impacto. Bambu, madeiras e barro são elevados do solo e protegidos por fundação em concreto.

Propõe-se uma nova relação com a cidade e a natureza, onde lagoas e vegetação são vitais para conter a força das águas. Um caráter didático, de reeducação ambiental e resgate da relação com a água. A construção como capacitação, com ética social e ambiental, difusão de práticas e geração de renda. Programa afirmativo das culturas ribeirinhas, de povos originários e africanos ou venezuelanos com tradições suprimidas. Respeito.

Implantação do projeto: Itália
Desenvolvimento do projeto: Itália

Equipe do departamento do curso Architecture for Heritage do Departamento de Arquitetura e Design do Politecnico di Torino.

“Reutilização Adaptativa do Patrimônio Construído” reúne mais de 40 propostas de projeto desenvolvidas por 130 estudantes internacionais, organizados em equipes ao longo de três anos letivos. Este estúdio de projeto integrado concentra-se na criação de estratégias sustentáveis de reutilização adaptativa para edificações e áreas urbanas abandonadas na cidade pós-industrial de Turim. A premissa subjacente é que, ao responder à urgência de reduzir o impacto ambiental da nova construção por meio da reutilização do ambiente construído existente, “novas funções devem seguir as formas existentes”.

A abordagem pedagógica e interdisciplinar combina projeto arquitetônico e urbano, tecnologia arquitetônica e mecânica estrutural para explorar o potencial de reutilização adaptativa de locais vagos ou subutilizados. Estes incluem tanto edifícios de propriedade pública quanto outras áreas urbanas abandonadas atualmente em debate, com o objetivo de injetar nova vida em espaços que correm o risco de abandono.

Os projetos são baseados em 20 locais selecionados a partir do portfólio de ativos públicos do Serviço de Patrimônio da Cidade de Turim – um inventário do estoque de imóveis não utilizados e à venda de propriedade da cidade –, bem como outros locais abandonados significativos espalhados pela cidade. Por meio desses projetos, os estudantes promovem e incentivam a reutilização do patrimônio urbano de Turim como um motor de regeneração cultural, social e ambiental, em linha com o eixo temático da 14ª BIASP “Reformar Mais e Construir Verde”.

Todos os anos, o curso culmina em uma exposição organizada em colaboração com a Prefeitura de Turim e com partes interessadas locais. Os projetos são apresentados por meio de maquetes físicas e de um caderno que documenta o processo de pesquisa por projeto, utilizando um código de cores comum preto–amarelo–vermelho (preservado–demolido–construído). Na Bienal deste ano, quatro projetos em três locais são exibidos. Eles ilustram um processo de projeto que começa desvendando as “camadas de mudança por cisalhamento” (site–estrutura–revestimento–sistemas), continua com desenhos críticos (preservado–adicionado) e culmina em cortes utilizados como uma ferramenta de projeto multiescala.

A equipe proponente, todos afiliados ao Departamento de Arquitetura e Design do Politecnico di Torino, inclui Elena Guidetti, Professora Assistente e Pesquisadora; Michele Bonino, Chefe do Departamento; Emanuele Morezzi, Referente do Mestrado em Arquitetura para o Patrimônio; Matteo Robiglio, Professor líder do curso Reutilização Adaptativa do Patrimônio Construído no programa de Mestrado; Arq. Necdet Ayik; Arq. Ebru Emirbayer e Dra. Ludovica Rolando, tutores e colaboradores no curso, junto com os estudantes internacionais dos últimos três anos letivos: Camila Cadena, Marvin Gronski, Nour Tabet, Melis Guher Ferah, Sahar Tajzadeh, Ahmet Can Basak, Shadi Masihi Pour, Kosar Mohammadi, Jessica Sagar, Laura Zotaj, Parisa Abna, Mahtab Fallah, Fatameh Zarnoosheh e Belynda Aggad.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Domenico S., Gabriel W., Luigi F., Rodrigo C., Tereza P., Yuri T.
Orientação Anália A.

Com o advento da crise climática, o habitar torna-se um problema sistêmico. Passamos da era em que pensar habitação se limitava aos limites do lote de cada proprietário.
Nossa hipótese parte do reconhecimento de um modelo histórico exploratório extrativista que produziu não apenas a devastação ambiental, mas também a dependência econômica e social das populações locais frente a ciclos de exploração. O projeto, implantado na planície fluvial do Lago de Janauacá, busca inverter essa lógica: restaurar áreas degradadas por meio do manejo de espécies nativas para regenerar solos, ativar cadeias produtivas autônomas e permitir que as comunidades possuam uma autogestão de seus recursos vitais.

A ocupação territorial organiza-se a partir de núcleos cooperativos que compartilham infraestrutura coletiva edificados com sistemas pré-fabricados em madeira local. Tais núcleos, como escola, centro cultural, habitação social, mercado e unidade de saúde, são articulados por uma rede hidrográfica e criam uma cidade para cheias e secas, capaz de se adaptar conforme as dinâmicas do território.
Nesse estudo buscamos imaginar novas formas de ocupação no território amazônico. Cidades livres das lógicas extrativistas, soberanas em seus meios de subsistência, capazes de habitar sem depredar. Ao vislumbrar sobre novas paisagens, projetamos modos de vida emancipados, nos quais a relação entre ser humano e natureza se dá de forma simbiótica, possibilitando o florescimento de novos pactos sociais e ecológicos.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Bianca Purkott Cezar, Lívia Tinoco da S. Furtado, Pedro A. de Jesus, Rodrigo M. de Souza

A produção do espaço é um processo condicionado aos meios de produção. É possível conceber o espaço como o conjunto de sistemas de objetos e sistemas de ações. Adotando a visão do materialismo histórico, sistema de objetos é sinônimo de um conjunto de forças produtivas, enquanto sistema de ações é o conjunto das relações sociais de produção. O próprio “descobrimento” do Brasil é consequência direta da necessidade de expansão enfrentada pelo desenvolvimento do capitalismo mercantil europeu. O espaço construído brasileiro surge a partir das capitanias hereditárias e das expedições que visavam a captura de mão de obra indígena. Foram das rotas feitas durante as monções pelos rios do interior brasileiro e, mais tarde, das estações de estradas de ferro, que se expandiram nossas cidades. O avanço da dinâmica econômica dos países da América do Sul para o exterior é um dos fatores que levou à formação de uniões aduaneiras e de blocos de organizações intergovernamentais, como a União das Nações Sul Americanas (Unasul). A partir da organização da Unasul, surgiu a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana (IIRSA), cujo planejamento estabeleceu uma série de conselhos, entre eles o Conselho Sul Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN). Essa iniciativa resultou em diversos projetos de infraestrutura para o transporte de mercadorias entre os países membros, a planificação da infraestrutura e a conectividade regional. Entre os projetos desenvolvidos está a melhoria do trecho ferroviário brasileiro entre Santos (SP) e Corumbá (MS). A reativação desse trecho oferece a oportunidade de repensar seu impacto no território e como utilizar as infraestruturas de transporte a favor de um desenvolvimento que impacte positivamente a população dos municípios que são atravessados por elas. Entre os municípios cruzados pela Malha Oeste, Aquidauana chama a atenção pela proximidade com a área urbana de Anastácio. Inicialmente, a ocupação do espaço das duas cidades deu-se pela margem esquerda do rio Aquidauana, atual Anastácio. Quando a ferrovia Noroeste do Brasil foi construída na margem direita, atual Aquidauana, a presença da estação ferroviária desencadeou o rápido crescimento e aglomeração nesta margem, resultando em rivalidades e na divisão territorial. A reativação da Malha Oeste apresenta uma segunda chance para tratar a ferrovia e a hidrovia, pois lidar com a ferrovia que acompanha o traçado do rio significa também o dever lidar com o próprio rio, a água urbana, o saneamento básico ambiental e os resíduos sólidos urbanos. Essa abordagem é crucial para ambas as cidades, que sofrem com grandes inundações periodicamente, precisando adotar um modelo resiliente ao agravamento da crise climática. Discute-se aqui uma das possibilidades de desdobramento no ambiente das cidades Aquidauana e Anastácio, desde sua relação com a ferrovia, com a água e com o manejo de resíduos sólidos.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Anna Luiza Domingos
Orientação: Iazana Guizzo

O trabalho Raízes Suburbanas: Retomada ecológica na Penha aborda temas como a adaptação climática, a preservação ambiental, a recuperação ecológica, a qualificação de rios, parques urbanos e cidades verdes. A proposta se baseia na potente união entre floresta e cidade, dessa forma elabora uma solução integrada desde a Serra da Misericórdia até o encontro com a Baía de Guanabara.

Por utilizar a metodologia afetiva e participativa de contação de histórias, as intervenções projetuais surgem a partir de narrativas interespecíficas dos próprios moradores do tradicional bairro suburbano. Logo, a proposta se divide em 4 tipologias urbanas: a Serra da Misericórdia, o Complexo Verde, o Bairro Verde e o Parque Alagável Maria Angú. Ademais, o trabalho realiza a análise das vias, resultando na proposta de trama verde com abordagens distintas para cada tipo de via.

O projeto também aborda questões urgentes como a elevação do nível do mar, o aumento das temperaturas, os deslizamentos de encostas e as inundações – alguns dos principais desafios da adaptação climática não só no Rio de Janeiro, como também em outras cidades litorâneas. Assim, a proposta lida com fatores preexistentes no bairro e com outros que surgirão ou serão agravados com o passar dos anos.

O trecho detalhado da tipologia Bairro Verde desenvolve sobre a questão dos rios urbanos, trazendo a Mata Atlântica para a cidade e detalhando as escolhas de espécies nativas com base nas histórias afetivas locais e na fauna. Com isso, o projeto se inspira na própria Penha, seus atores, seus relatos afetivos e na natureza para enfrentar a adaptação climática no Rio de Janeiro.

Anna Luiza Domingos é formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cresceu na Penha, bairro tradicional do subúrbio carioca, e desenvolveu o projeto Raízes Suburbanas no lugar onde estão suas próprias raízes. Durante a graduação, fez parte do projeto de extensão, ensino e pesquisa Floresta Cidade, no qual aprofundou seu interesse pela interação entre a floresta e a cidade, pesquisando sobre outras cosmovisões e possibilidades de habitar o planeta.
Iazana Guizzo é professora adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora do grupo de extensão, ensino e pesquisa Floresta Cidade. Autora do livro “Reativar Territórios: o corpo e o afeto na questão do projeto participativo”. Doutora em urbanismo na UFRJ (2014). Realizou doutorado sanduíche no Institut d Urbanisme de Paris (2012 e 2013). Mestre pelo programa de pós-graduação em Psicologia da UFF (2008) e em bailarina contemporânea pela Angel Vianna (2011). Seus interesses de pesquisa versam com ações de regeneração e convívio com biomas, principalmente relativas às culturas afro-ameríndias, ativistas e artísticas no Brasil.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Amanda Moreira Barchi e Marcelo Caetano Andreoli

Ao refletir sobre as formas de habitar na modernidade, nos deparamos em como a lógica antropocêntrica incide diretamente sobre as nossas relações, sobretudo com a cidade. Fica nítido o papel da Arquitetura e Urbanismo na reprodução e reafirmação dessa lógica, a qual é alimentada pela cisão entre natureza e cultura.

Mudanças climáticas, perda de biodiversidade e tantos desastres naturais nos alertam para o caminho de destruição que estamos traçando para a terra e, consequentemente, para nós mesmos. É necessário repensarmos muitas das nossas ações com a terra e reconhecer a importante luta dos povos tradicionais e do campo, os quais tem nos mostrado e ensinado outras formas de configurar urbanidades, o que reforça que não são todos os humanos que compactuam para a lógica antropocêntrica, mas sim o humano-urbano. O desenho multiespécie aparece aqui como possibilidade de repensar o processo projetual, compreendendo as cidades como espaços indissociáveis da natureza e incidindo em traços que vão além do exclusivismo humano. Compreender a relação entre humanos e não-humanos é aqui um ponto crucial do trabalho, confrontando assim as fronteiras desenvolvidas entre natureza e cultura – e todos seus derivados como campo e cidade, floresta e cidade, rural e urbano. Com isso, o trabalho voltou-se a elaborar uma rota de corredor ecológico conectando territórios indígenas de resistência na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), reafirmando o compromisso do campo da Arquitetura e Urbanismo de contribuir para o habitar de outras espécies e de outras urbanidades. Após a definição da rota do corredor ecológico, aproximamos na escala do desenho uma área com maior intensidade de conflitos antrópicos para elaborar um traçado que considere o habitar de outras espécies, mudando a direção de ataque: a cidade não mais avançando sobre o meio ambiente, mas sim dando espaço para que ele adentre a sua malha e que novas relações entre humanos e mais-que-humanos se estabeleçam no território.

Implantação do projeto: Portugal e Espanha
Desenvolvimento do projeto: Portugal

Estudantes: Bruna Kühn, Hugo Costa, Marta Ferreira e Patrícia Reis

Os EXTREMOS existem hoje em tal grau que é raro encontrar uma situação social, política, territorial ou ambiental não afetada por realidades assimétricas. A palavra “extremo” pode significar algo situado numa extremidade, distante, última; ou um oposto, uma realidade extraordinária. Na proposta que apresentamos, os vários significados tomam lugar numa realidade afundada, num mundo quente.

Diariamente, somos inundados por um manancial de notícias que revelam um mundo desconcertante, que dão nota de um clima estranho, de chuvas torrenciais e, paralelamente, secas infernais. Parece impossível reunir em lugares próximos condições tão diversas.

Nesta perspetiva, a proposta apresentada viaja até à Barragem do Lindoso, na raia – lugar extremo, da fronteira entre Portugal e Espanha. Com foco na aldeia submersa de Aceredo, procuramos criar um imaginário distópico, sobre os efeitos das alterações climáticas no território.
Aceredo foi uma aldeia, na paróquia de Manín, concelho de Lobios (Baixa Limia – Ourense). Desapareceu após a construção da Barragem de Lindoso, e da respetiva albufeira, assente sobretudo em território espanhol, em 1992. A comunidade foi obrigada a deslocar-se para outro lugar, para uma nova terra, deixando para trás o que o rio deu, e o que o rio tirou.

Passados 30 anos, em 2022, durante o intenso período de seca, a aldeia voltou à tona. Em plena Pandemia Covid-19, a sede de viajar, criou um fenómeno turístico com trânsitos infernais e, sobretudo, reavivou as memórias dos dias afogados. De géneses distintas – uma vez que este exemplo parte da artificialização da paisagem, através da criação de um reservatório de água, para produção de energia — os efeitos da subida e descida abrupta das águas, condicionada pelas ondas de calor e pelos intensos períodos de chuva, podem ser identificados, ou pelo menos conhecidos, a partir de Aceredo. A subida das águas, que ameaça as zonas costeiras, o desaparecimento da água doce e com os períodos de seca sucessivos, exigem a urgente mudança de paradigma, da forma como entendemos e atuamos enquanto arquitetos, num meio em constante transformação. O desenho destes processos permite identificar os traços sustentáveis das comunidades e do território, restauram a memória de passados recentes, e dão respostas para o futuro que iremos enfrentar.
O desafio de representar os Extremos, neste caso, cartografado a partir da linha de água – que dilata e retrai -, dos terrenos – férteis e áridos -, evidenciam extremos próximos. A cartografia procura relacionar e medir o clima, com o espaço e o tempo, para um laboratório da água e da sua ausência, da comunidade e do território.

Aceredo: um mundo (quente) submerso.

Procuramos dar corpo a um território que oscila entre o submerso e o deserto, entre o passado e o futuro. A partir de Aceredo, aldeia afundada e posteriormente ressuscitada pela seca, surge a ideia de um mundo em constante transformação, onde a convivência com as águas é a condição. Neste cenário, o direito dos rios cria uma contra-narrativa, que transforma o entendimento das “catástrofes naturais” em “catástrofes humanas”.
Aceredo é um laboratório que permite entender os impactos das decisões políticas centralizadas e o peso das grandes infraestruturas, no quotidiano do território e da comunidade. Através da inteligência artificial, representamos imagens de extremos (im)possíveis, como provocação distópica e não solução, que imagina um cenário próximo, caso as ações humanas não mudem, as políticas não se descentralizem, e a arquitetura não se adapte. Da legislação ao urbano, habitação e produção — os extremos estão sempre no calor da questão.

O projeto apresentado reúne contributos de quatro Dissertações de Mestrado Integrado em Arquitetura na FAUP. Agradecemos os contributos das equipas de orientação para a elaboração da proposta, bem como do apoio da Faculdade na representação institucional.
Esta proposta foi apresentada em maio de 2025 ao Comité EURAU 2026 – Latitudes – Umeå Universitet, Sweden.
Os desenhos e cartografias são originais; as fotografias são de arquivo, indicado na apresentação; as composições propostas foram geradas por IA.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

Como transformar a cidade existente? Como podemos projetar metamorfoses urgentes a partir de estruturas urbanas já construídas?

Os terminais de transporte metropolitanos são infraestruturas fundamentais no recebimento e redistribuição dos fluxos da população garantindo o deslocamento diário de milhões de pessoas entre as zonas de centralidades com zonas mais periféricas nas bordas da metrópole. Estas estruturas representam lugares onde a população transcorre um tempo significativo da própria jornada, convivendo em espaços inóspitos, áridos onde tudo é mercadoria!!
Embora sejam essenciais para a mobilidade da população, os terminais são construções de concreto e malhas metálicas em solo impermeável, cicatrizes significativas no tecido urbano. Muitas vezes, isolados e sem relação com os elementos urbanos existentes recebem os usuários sem função de acolhimento. Ao contrário, esta rede em condições climáticas extremas potencializa condições de risco e alagamento e fica ilhada do restante da cidade.

Diante desse contexto, a proposta “Matrizes Verdes” revela um ensaio projetual a partir da (re)significação urbana dos terminais de transporte e suas potencialidades: antes pontos de passagem, e agora, além da sua função modal, passam a operar como espaços de permanência e transformação ecológica e sobrevivência.
As matrizes trazem a natureza como o agente semeador e a fonte de recomposição ambiental e potencializador dos terminais de transportes e seus entornos. Os espaços urbanos degradados e subutilizados no entorno são incluídos no sistema da matriz e transformados em áreas permeáveis com captação, retenção e reaproveitamento de águas das chuvas; reflorestando com vegetação nativa; promovendo diminuição das altas temperaturas. Frutifica-se, então, dentro e fora das matrizes, ambientes de produção cultural, alimentação saudável e gratuita e acolhimento de pessoas em vulnerabilidade social.

À Matriz Barra Funda, foi dada à sua capacidade de alimentar, produzindo hortas urbanas junto ao Parque da Água Branca. Já na Matriz Luz, devido ao seu valor histórico e relação com os equipamentos culturais, foi dada à sua potencialidade de produção cultural. Por fim, a Matriz Brás, em respeito ao presença, sempre crescente, de imigrantes na cidade, foi atribuído o significado de acolhimento, em conexão com o museu dos imigrantes. Isso é abrigo e serviços para quem for chegar e partir, ou a qualquer pessoa que se encontre em uma situação vulnerável, longe do seu país.
Neste recorte urbano a ressignificação dos terminais em matrizes verdes promove a ampliação das funções públicos como práticas culturais, áreas de convívio, alimentação saudável e cuidado, oferta de serviços básicos (água potável e banheiros públicos) para o bem-estar coletivo e a construção de cidades mais justas e inclusivas.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Pensar em extremos nos possibilita agir em rompantes de alguma radicalidade, justamente porque entende que essa ação pode ser carregada de dois movimentos: o de reparação por meio da reflexão do que podia e poderá ser; e o de avanço, como um devir, nascido da revolta do que jamais deverá ser feito novamente.

Ser uma cidade de linhas d’águas pode ser um importante exercício de reparo, não apenas na reparação do significado das coisas, mas na busca do que foi perdido, dilacerado, arrancado, mutilado e, muitas vezes, sequer imaginado.

Se a cidade da garoa, em um curto arco de tempo, se transformou em uma cidade do dilúvio – que arrasta os mais fracos para longe dela – a reparação que convocamos visa a aproximação tanto com os processos de pertencimento pela conscientização da população em relação aos seus direitos como cidadãos, quanto com os instrumentos de resistência para a constituição da possibilidade de uma vida comum. Aproximações que nos fazem apostar em ir de encontro com os problemas para, a partir deles, pensar quais os lugares, elementos e processos contribuem com efetiva e concreta transformação.

O trabalho São Paulo: Cidade Dilúvio pretende dar tessitura ao exercício do projeto de arquitetura e urbano, a partir de indissociável relação entre seus produtos e processos, dando-lhe espessura e, assim, alocando-o aproximado à compreensão dos fenômenos sociais, vindo também dos fenômenos naturais. Para isso, aposta-se nas linhas que abrem e re-velam: os 65 viadutos, tratados por nós como grampos – costuras para transpor a grande fenda-rio da cidade que vivemos – se apresentam como possibilidades múltiplas para reconhecermos caminhos de confluência. Há aqui um entendendimento de que estar em fluxo contínuo e inacabado é condição e (con)formação da própria existência para quem é fluxo. Descoberta de territórios férteis e cheios de impulso transformador.

Esses grampos que esgarçam, na mesma medida que reparam seus extremados movimentos, nos apresentam espaços de possibilidade de usos público e comum a procura de novas águas, respeitando suas particularidades, no lugar de espaços sbutilizados, em aproximação de baixios de infraestruturas e coberturas de construções existentes. Aguas que possam, elas, retornar a construção de paisagens para a vida.

A proposta vê a cidade, enfim, como rio e espaços como dilúvios para, quem sabe, lutar por transbordamentos de vida, vindos de chãos cheios de vida trazida da água, cujo objetivo é o desencadeamento da articulação política de reinvenção de, enfim, outros tempos.

O trabalho foi desenvolvido pelos alunos Tomas Lee Guidotti, Pedro Toni, Diogo da Silva, Fernando Tetsuo, Stephany Araújo, Renata, Tomita, Ana Paula Ramos, Yasmin Negri, Fernanda Vieira, Isabela Tunes, Júlia Pacheco, Leonardo Ferreira, Giovana Gare, em conversas com os professores da Fau Mackenzie Antonio Fabiano, Amaral, Catherine Otondo, Renata Coradin, Luiz Backheuser, Ricardo Ramos, Viviane Rubio.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Estudantes: Juan S., Érica C, Darliane G, Luan G, Luana P, Eduarda R, Mateus C, Jefferson F Sá

A emergência climática afeta desproporcionalmente populações marginalizadas – aquelas que possuem menos acesso aos recursos de adaptação e reparação. Os impactos intensos não são só frutos de eventualidades climáticas, mas socialmente produzidos por uma urbanização excludente. Essa vulnerabilidade se mostra evidente na realidade das comunidades Joana D’Arc e Morro das Placas, no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza.

Situadas em uma área de alta declividade e solos instáveis, os territórios apresentam-se como adensamentos consolidados e frágeis ambiental e socialmente. O risco inerente à localização das comunidades se soma à precariedade habitacional e à carência de infraestrutura básica, como a ausência de rede de drenagem e a falta de espaços verdes e livres, refletindo um processo histórico de segregação socioespacial.

Ao considerar o contexto de injustiça ambiental, a intervenção de abordagem integrada propõe soluções infraestruturais e habitacionais nas comunidades, incorporando-as ao tecido urbano e revertendo o cenário de risco em um projeto resiliente e responsivo que se adapta à realidade local.

No projeto, foram propostas soluções que viabilizam a drenagem e saneamento básico, como alargamento das vielas, implantação de biovaletas e criação de espaço de apoio ao manejo de resíduos. Foram pensadas, ainda, a inserção de contenções, capazes de estabilizar as encostas frequentemente suscetíveis a deslizamentos, e a construção de escadarias, que promovem a mobilidade em áreas anteriormente intransponíveis.

Entendendo que a justiça climática também se relaciona ao direito à cidade, foram projetadas áreas livres e de lazer usando-se de soluções baseadas na natureza, bem como foi proposta a implantação de equipamentos públicos. Para as moradias, em uma estratégia combinada de melhorias habitacionais e reassentamento próximo, foram pensadas soluções projetuais de condicionamento ambiental passivo para reformas e tipologias progressivas para novas habitações.

As propostas foram elaboradas coletivamente para contemplar comunidades que resistem frente ao contexto de exclusão e apagamento. A equipe composta por Darliane Gomes, Eduarda Mércia, Érica Correia, Jefferson Freire, Juan Sousa, Luan Baltazar, Luana Gabrielle, Mateus Costa e Sá Nogueira, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), buscou no trabalho demonstrar responsabilidade social enquanto estudantes de universidade pública ao direcionar para o centro do debate áreas marginalizadas e invisibilizadas, pensando cenários possíveis para a melhoria da qualidade de vida nesses territórios.

Compartilhando experiências em programas e bolsas de pesquisa voltadas à assessoria técnica em arquitetura e cidade, mudanças climáticas e patrimônio cultural, a equipe possui interesses em História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo, Tecnologias Aplicadas à Arquitetura e ao Urbanismo, Planejamento Urbano, Assessoria Técnica e Habitação de Interesse Social.

Implantação do projeto: Chile
Desenvolvimento do projeto: Chile

Estudantes por dispositvos: 1.Varenka Garrido, 2.Arturo Villanueva, 3.Sebastian Coria, 4.Aron Fuentes

No projeto de participação cidadã, em conjunto com o grupo CENEU Talca (Grupo de Conservação de Espécies Nativas do Entorno Urbano), além dos estudantes de graduação em Arquitetura da Universidad Autónoma de Chile, se realizou um trabalho de mapeamento do setor conhecido como “El Bajo”, identificando e registrando pontos chave do território que foram fundamentais para o desenvolvimento de projetos individuais.

Essa atividade, permitiu compreender as dinâmicas, características, problemáticas e oportunidades do lugar, para então aplicá-las em propostas de intervenção que conferissem valor à importância da zona húmida na vida periurbana.

A partir da seleção de diversos projetos, foram propostos 4 dispositivos para a construção coletiva em escala real 1:1, com a dinâmica de percorrer “El Bajo” em torno a zona húmida e a água, além de adequar-se as condições especiais de cada sitio proposto. Os dispositivos foram nomeados como: MIRANTE DA ZONA HÚMIDA URBANA “EL BAJO”, AUDITÓRIO DA ZONA HÚMIDA “LOS PATOS”, PARADA ENTRE TRILHA E RIO, ESTAÇÃO SONORA DA ZONA HÚMIDA “LAS RANAS”.

A construção dos quatro dispositivos na zona húmida urbana “El Bajo” de Talca representa um importante passo para sua revalorização, ao transformar o espaço em um lugar ativo, acessível e significativo para a comunidade. Esses dispositivos, desenhados e executados por estudantes de graduação em Arquitetura da Universidad Autónoma de Chile em colaboração com a comunidade, não somente respondem às características naturais e culturais da zona húmida, mas também fomentam seu uso consciente e respeitoso.

Ao integrar áreas de encontro, educação ambiental e recreação, os projetos revitalizam a relação entre as pessoas e seu entorno natural, gerando mais consciência sobre a importância de proteger e conservar esse ecossistema. Assim, a zona húmida não somente recupera parte de sua vitalidade ecológica, bem como se consolida como um espaço de valor social e cultural para a cidade.

Por último, na etapa de candidatura ao Concurso de Escolas de Arquitetura da Bienal de Sao Paulo, cada estudante havia apresentado um trabalho individual autoral. No entanto, a comissão optou pela proposta do estudante Aron Fuentes, na qual o presente trabalho coletivo poderia representar a todos os estudantes da primeira geração da Carreira Arquitetura da Universidad Autónoma de Chile, em Talca (2023-2027).

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

 Equipe multidisciplinar em Arquitetura e Urbanismo e Biologia da UDESC

Laguna nasceu da água e nela sempre encontrou fundamento. Os sambaquis espalhados pela paisagem testemunham a relação ancestral dos povos originários com os corpos hídricos, marcada por escuta e cuidado. A colonização europeia impôs outra lógica: a da dominação e do apagamento. As fontes naturais, antes audíveis na paisagem, foram canalizadas, vendidas em chafarizes e cindidas por torneiras. Hoje, permanecem esquecidas a poucas quadras de onde distribuidoras comercializam águas engarrafadas provenientes de longe.

A urbanização também reforçou desigualdades. Enquanto a elite ocupava a planície central, os pescadores eram empurrados para além dos morros, fundando vilas pesqueiras sobre aterros, vulneráveis à elevação do nível do mar.
A lagoa de Santo Antônio dos Anjos representa a convergência de águas límpidas das nascentes e, ao mesmo tempo, hoje também retém a carga poluente de 26 municípios trazida pela vazão do Rio Tubarão.

Apesar da desconfiguração do modo originário de habitar o território, ainda é possível testemunhar o vínculo local com a água. Os sarilhos personificam a manutenção desse elo: são estruturas erguidas sobre as águas para guardar barcos, uma espécie de extensão da casa que ultrapassa o limite das margens.

+PESCADOR+MEIO+PESCADO+ nasce desse conflito. A pesquisa parte das caixas de peixe como objeto de cadeia operatória, revela como os pescadores nunca compuseram o âmago da história da cidade enquanto traduz sua importância como interlocutor da paisagem existente. A proposta eleva esse sujeito à figura central e se propõe a pensar as relações que o circundam.

O projeto reativa as três fontes, reconstituindo uma malha hídrica que costura os diferentes elementos de um ciclo complexo. A rede permite a irrigação de hortas urbanas, o abastecimento de restaurantes populares e a sua distribuição em torneiras públicas. Antes de desembocar por completo na lagoa, a água se direciona a uma piscina coletiva.

Os sedimentos do assoreamento da lagoa são usados para formar as chinampas, estruturas de cultivo sobre as águas, expandindo as possibilidades de cultivo, enquanto em seus canais, camarão é produzido de forma orgânica.

A pesquisa busca possibilitar que os diversos elementos de um ciclo complexo se reforcem mutuamente e se sustentem, como em redes vivas, qualquer estímulo se propaga como efeito dominó.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Equipe de estudantes do Centro Universitário Armando Alvares Penteado (FAAP) 

Reconquistar os rios e conviver com as águas: a cura da cidade de São Paulo é um projeto que parte do reconhecimento da origem da cidade. São Paulo nasceu dos rios — Tamanduateí, Anhangabaú, Tietê — que estruturaram a ocupação inicial e eram lugares de encontro, abrigo e troca. Com a modernização, a lógica urbana impôs-se contra a natureza. O Plano de Avenidas de Prestes Maia, nos anos 1930, corroborou com esse afastamento ao canalizar cursos d’água, impermeabilizar margens e transformar rios em vias de drenagem, invisibilizados sob o asfalto. O resultado é uma cidade que vive hoje os efeitos de sua negação: enchentes recorrentes, ilhas de calor, colapso ambiental. Nossa proposta parte de um gesto radical: rasgar a cidade para devolver espaço aos rios. Essa imagem não é apenas poética, mas estratégica. Não se trata de voltar ao passado, mas de recuperar a sabedoria esquecida: a natureza não é obstáculo, mas caminho. A reconquista das águas é o antídoto contra um modelo de “desenvolvimento” que insiste em sufocar o território. O projeto se ancora em três locais simbólicos e complementares, que funcionam como exemplos replicáveis para toda a metrópole: o Parque do Morro Grande, o Córrego do Água Preta e o rio Tietê. Neles, propomos a restituição do curso natural dos rios e córregos, permitindo que voltem a correr livres. Suas margens passam a ser zonas de proteção e convivência, com ampliação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) de forma proporcional aos estudos de risco de alagamento. Essa estratégia transforma os parques lineares em sistemas vivos de drenagem urbana, funcionando como wetlands capazes de reverter enchentes e, ao mesmo tempo, oferecendo espaços públicos de qualidade. A infraestrutura verde é essencial. Espécies nativas reconstroem a mata ciliar, filtram a água e garantem equilíbrio ecológico. Os corredores verdes conectam diferentes áreas da cidade, promovendo biodiversidade e sombra em um território marcado pelo excesso de concreto. Assim, drenagem, lazer, saúde ambiental e memória cultural convergem em um mesmo espaço. Nosso projeto nasce desse desejo coletivo: reimaginar São Paulo a partir de suas águas. Ao devolver voz aos rios, devolvemos o respiro à cidade. É um convite a pensar uma metrópole em que infraestrutura e ecossistema não sejam opostos, mas aliados. Rasgar o asfalto, deixar a água correr e abrir caminhos verdes é mais do que gesto utópico: é estratégia de sobrevivência para um mundo quente.

Desenvolvimento do projeto: Rússia

 Estudantes do TIArch Studio

O TIArch é um Estúdio educacional de design conceitual, baseado na metodologia autêntica de ensino de disciplinas arquitetônicas por Ilnar Akhtiamov. Desde 2009, atua na base da Universidade Estadual de Arquitetura e Engenharia de Kazan. Como parte desses campos de pesquisa, o Estúdio desenvolve temas relacionados à percepção do espaço urbano, estrutura da cidade, comunidades urbanas, implementação de tecnologias modernas e biotecnologias na arquitetura, e muito mais.

Todos os temas de pesquisa lidam com o contexto atual e têm visão de futuro, incluindo o aqui apresentado.
“Somos responsáveis pelo que nossos antecessores construíram.”
Existem inúmeros edifícios abandonados, vazios e em decadência em todo o mundo, herdados de gerações anteriores. De forma tangível ou intangível, essa arquitetura, sendo um parasita no corpo da cidade, cria um campo “tóxico” ao seu redor. Ela marginaliza bairros, cria problemas ou complementa os existentes. Hoje, esse legado forma um desafio sério para os arquitetos e exige uma ótica construída especial para resolver os problemas acumulados.

E se usarmos esses locais na cidade como uma oportunidade para experimentar? Os objetos já se deterioraram à sua maneira – isso nos dá liberdade de ação; a falta de medo de piorar as coisas leva a soluções ousadas e radicais. Como resultado, os objetos podem mudar muito, mudar de função, escala e, às vezes, até de usuários. Mas o mais importante: é dada às instalações a oportunidade de mudar e trabalhar em benefício do indivíduo.

Somos herdeiros das soluções modernistas de arquitetos demiúrgicos, cujo primeiro passo (para futuros erros) foi demolir o passado. No âmbito das soluções propostas, deixamos a demolição do edifício como o pior desenvolvimento possível do objeto, as ações realizadas sobre ele. E não porque o objeto deixa de existir, mas porque algo mais monstruoso e destrutivo pode surgir em seu lugar. Nossa abordagem é baseada em outros métodos – soluções locais e sutis para trabalhar com a arquitetura existente sem demolir o objeto, por mais maligno que possa parecer para a cidade. Ao trabalhar em um edifício, usamos soluções exploratórias e não refinadas que não são uma demonstração das ambições do arquiteto, mas tornam-se uma manipulação salvadora para o objeto.

O tempo da inação acabou — chegou o momento de enxergar os cantos abandonados e esquecidos de nossas cidades não como fardos, mas como espaços de possibilidade, experimentação e novas formas de vida. O Projeto Babilônia convoca não apenas arquitetos e urbanistas, mas, acima de tudo, comunidades locais, artistas, ativistas e todos aqueles que se sentem responsáveis pelo futuro de suas cidades a ir além das soluções convencionais e parar de esperar que a mudança venha de cima. É através da coragem, do engajamento de base e da ação coletiva que podemos respirar nova vida naquilo que um dia pareceu perdido.

«Somos responsáveis pelo que nossos sucessores herdam»

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O projeto “Cidade das Culturas Populares: encruzilhada insurgente” é uma iniciativa de extensão que propõe a ressignificação urbana e ecológica do bairro de São José, no Recife, Pernambuco. Desenvolvido por estudantes e professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco, o estudo responde à demanda da Liga da Cultura Popular, formada por mestres, mestras, brincantes e artistas que se mobilizaram para reivindicar um espaço permanente para manter viva suas tradições e atividades culturais na cidade.

Adotando uma abordagem decolonial e participativa, o projeto tem a ancestralidade local como eixo estruturante para construir uma arquitetura voltada à resiliência urbana e à justiça climática. Sua metodologia baseia-se na escuta ativa e no diálogo contínuo com a comunidade, cujas experiências e expectativas orientaram todas as etapas do trabalho.

A intervenção arquitetônica prevê o reuso adaptativo de galpões ferroviários desativados, convertendo-os em centros multifuncionais com museu, polo gastronômico, centro de formação para saberes tradicionais e espaços para confecção de adereços. A concepção desses espaços segue princípios de sustentabilidade, com intervenções mínimas e reversíveis, com materiais leves, telhas translúcidas, placas solares e preservação da vegetação nativa.

O projeto inclui ainda o Eixo Ancestral, corredor simbólico que conecta o bairro à Bacia do Pina, valorizando a memória afro-indígena, além de espaços como a Grande Encruzilhada e os Terreiros-Arena. Alinhado aos ODS 8 e 11, a proposta foi discutida em audiência pública e visa ser um modelo replicável de valorização cultural e requalificação urbana, fortalecendo não só as comunidades, mas todo o tecido da cidade do Recife.

Equipe de estudantes: Clarice Souza Leão Araújo, Iara de Menezes Cavalcanti, Ingrid Filgueira Rolim, João Guilherme Lucena de Vasconcelos, Lucas Emanuel Melo do Nascimento, Maria Júlia Feitosa de Macena, Salatyel Lameque Carlos dos Santos, Taísa Cardoso de Brito, Victor Polesky de Moura Almeida

Equipe Professores/Orientadores: Andréa do Nascimento Dornelas Câmara, Andréa Melo Lins Storch, Dyego da Silva Digiandomenico, Igor Villares de Carvalho, Luiz Ricardo Fonseca Marcondes, Paula Maria Wanderley Maciel do Rego Silva , Rafael Campos Rangel, Vera Christine Cavalcanti Freire.

Equipe Técnica: João Maria, Alex Costa, Furmiga DUB, Maria Goretti, Aelson da Hora, Francisco Neto, Adriano Sobral, Beto Figueiroa

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A proposta expositiva prevê discutir a possibilidade da construção em larga escala com elementos pré-fabricados em terra e palha para um caminho de construção sustentável realizável, de modo facilitado.

A ideia da reprodução seriada do artefato que, não por isso, traduz-se em sistemas industrializados de produção.

Ao contrário, olhamos para o popular e o trabalho do artífice, ou seja, a reprodutibilidade segundo o gesto manual com suas virtudes específicas.

Terra e palha: materialidades domésticas da cultura humana, são recursos construtivos abundantes nos territórios e, somados, conformam um amálgama oportuno para a arquitetura capaz de autoestruturar blocos pré-fabricados.

Segundo o último Censo do IBGE, de 2022, em 87,9% dos domicílios do Brasil o material das paredes externas era alvenaria ou taipa com revestimento, 7,2% era alvenaria sem revestimento e 4,1% em madeira para construção. Essa materialidade é, portanto, um dos maiores recursos construtivos disponíveis no País.

Apresentamos o ensaio de um sistema construtivo para paredes portantes em taipa de pilão leve, de modo a contribuir no desenvolvimento da técnica e suas aplicações: um bloco de dimensões 30x30x20cm, de 30kg de peso e capacidade de carga de pressão simples de 8400kg a 15000kg (14 a 25kg/cm²).

Diferentemente das experiências em pré-fabricação de taipa de pilão estrangeiras, sobretudo a austríaca, sob o comando do engenheiro Martin Rauch, as qual há um apelo por eficiência mecanizada em peças de grandes dimensões, buscou-se aqui uma aproximação conceitual com a pesquisa do arquiteto brasileiro João Filgueiras Lima, na qual toda peça deve ser dimensionada para ser carregada pelas mãos de quem atua no canteiro de obras.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O Platina 220, edifício de uso misto no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, e o mais alto da cidade — com 172 metros de altura e 50 andares —, faz parte do Eixo Platina, uma proposta de urbanização com a criação de uma nova centralidade, concebida pela Porte Engenharia em conjunto com a Königsberger Vannucchi.

Localizado em frente ao Shopping Tatuapé, o edifício combina diversos usos: lojas no térreo, hotel e unidades residenciais no terço inferior, conjuntos comerciais na parte intermediária e lajes corporativas na parte superior. Esta diversidade visa atrair empresas para a região e reduzir os deslocamentos dos moradores para outras áreas da capital.

O Platina apresenta volumetria marcante, com elementos de fachada ventilada em porcelanato de tonalidade clara. O bloco prismático central, com terraços e janelas dispostas em posições variadas, cria um efeito de luz e sombra, configurando o edifício como um monolito esculpido na paisagem. Blocos laterais em tons mais escuros preservam a verticalidade e funcionam como contrafortes, destacando a percepção de sustentação do edifício.

A entrada principal é pela Rua Bom Sucesso, onde o prisma principal “pisa” no térreo. Na área envoltória da quadra, espaços para lojas criam duas áreas externas: calçadas perimetrais arborizadas no espaço público e áreas de lazer privativas acima das lojas para os usuários do edifício.

Para atingir o potencial construtivo e benefícios urbanos, foram utilizados todos os instrumentos do Novo Plano Diretor de São Paulo de 2014. O resultado é um edifício que busca requalificar a região, com uso misto, fachadas ativas e interação com a rua.

Implantação do projeto: Panamá
Desenvolvimento do projeto: Panamá

As cidades latino-americanas continuam a crescer em população e infraestrutura, tornando urgente o planejamento urbano sustentável. Compreender os efeitos das ilhas de calor e do microclima urbano é fundamental para formular políticas que promovam o uso eficiente de energia. No Panamá, o transporte é o maior consumidor de energia, e os edifícios também apresentam alto consumo devido ao uso intenso de ar-condicionado. A mitigação das ilhas de calor por meio do planejamento urbano reduz essa demanda, melhora a saúde pública e estimula a economia. Além disso, a criação de conforto térmico e ambiental favorece o tráfego de pedestres, incentiva o uso de transporte alternativo e público e diminui a dependência do automóvel, reduzindo as emissões de CO₂.

The Green Path Panamá é uma proposta urbana baseada em evidências científicas que busca transformar a mobilidade e adaptar o ambiente físico para promover deslocamentos a pé. O projeto conecta cinco bairros da Cidade do Panamá por meio de corredores verdes, restauração de rios e incentivo à mobilidade ativa. A avaliação urbana identificou problemas como grandes quarteirões e poucos cruzamentos conectados. A proposta visa restaurar essas áreas com espaços públicos integrados a um sistema de transporte multimodal, construindo uma cidade mais conectada, saudável e verde.

A iniciativa evita cerca de 564 tCO₂/ano com o plantio de 5.000 árvores, engaja 500 moradores na mobilidade ativa, gera 65.000 horas adicionais de atividade física por ano e retira aproximadamente 150 carros das ruas, promovendo uma cidade mais sustentável, inclusiva e resiliente.

Implantação do projeto: Angola
Desenvolvimento do projeto: Angola

Introdução

A cidade de Luanda, capital de Angola, carrega em si uma herança cultural e histórica que a posiciona como uma das principais referências urbanas do continente africano. Contudo, como em muitas outras cidades latino-americanas e africanas, o processo de expansão urbana e descentralização levou ao abandono progressivo do seu núcleo histórico. A Rua Rainha Ginga, outrora conhecida como Rua Salvador Correia e Avenida dos Restauradores, é um desses espaços que representam tanto a riqueza cultural de Luanda como os desafios da sua gestão contemporânea.

A Doladob, atelier de arquitetura, urbanismo e gestão de projetos, tem assumido um papel ativo no desenvolvimento e implementação de projetos de ativação e inovação socio-cultural. Com produções reconhecidas como Axi Luanda e Naxixi Street, a empresa consolidou-se como uma plataforma criativa e transformadora. A partir dessa experiência, surge a proposta de reabilitação e reativação da Rua Rainha Ginga, com especial foco na Praça da Samakaka, considerada o troço modelo da intervenção.

O objetivo central é transformar este eixo vital de Luanda num espaço que una identidade, inovação, sustentabilidade e inclusão. Pretende-se reverter a degradação urbana por meio de soluções arquitetônicas e urbanísticas que empoderem a comunidade local, melhorem a qualidade de vida dos residentes, trabalhadores e visitantes, e criem novas oportunidades econômicas, sociais e culturais.

Contexto histórico e social

A Rua Rainha Ginga é mais do que uma via de circulação. Ela é a artéria principal que, historicamente, conectou o centro administrativo da cidade à zona baixa comercial. Hoje, mesmo em estado de degradação, continua sendo um espaço de grande importância social, econômica e cultural.

No cotidiano, a rua acolhe kitandeiras, jornaleiros, engraxadores, comerciantes formais e informais, estudantes, empresários, funcionários públicos e moradores. É, portanto, um espaço plural, onde diferentes grupos sociais coexistem. Apesar dessa diversidade, a relação predominante entre eles tem sido apenas de caráter financeiro, o que limita a criação de uma identidade comum e a troca de conhecimento e experiências.

A degradação das infraestruturas, a fraca arborização e iluminação, a concentração de resíduos e o desordenamento rodoviário têm contribuído para a exclusão social e para a perda de vitalidade do espaço. Ainda assim, a segurança relativamente estável, a história rica, as praças públicas e a forte presença de jovens constituem fatores positivos que abrem margem para intervenções inovadoras.

Primeiros pilotos e testes

Antes de avançar para a grande escala, a Doladob implementou um subprojeto piloto na Rua Rainha Ginga. Essa primeira experiência consistiu na instalação de novas bancadas estilizadas para a venda de produtos locais e na reorganização de vendedores ambulantes.

Proposta de intervenção

Mobilidade e sustentabilidade

A intervenção pretende transformar a Rua Rainha Ginga num exemplo de mobilidade sustentável. A cidade precisa de mais movimento pedonal para estimular o comércio local, aumentar o convívio social e reduzir os impactos negativos do transporte rodoviário. O encerramento de determinadas ruas para pedonização é um passo fundamental nesse processo.

Conclusão

A reabilitação da Rua Rainha Ginga, com foco inicial na Praça da Samakaka, é mais do que um projeto arquitetônico ou urbanístico. Trata-se de um movimento de transformação social, cultural e econômica para Luanda.

Ao unir identidade histórica, inovação urbanística e sustentabilidade, o projeto pretende não apenas revitalizar o espaço físico, mas também gerar novas formas de interação social, inclusão econômica e valorização cultural.

É uma proposta que equilibra riscos e oportunidades, consciente da complexidade do território, mas firme na convicção de que cidades só podem prosperar quando seus espaços públicos são pensados para as pessoas e pela comunidade.

Investir na Rua Rainha Ginga é investir no futuro de Luanda: um futuro de mobilidade sustentável, integração social, criatividade cultural e desenvolvimento econômico.

Implantação do projeto: Itália
Desenvolvimento do projeto: Itália

Este trabalho examina a interseção entre design, regulamentação e carbono incorporado na reutilização adaptativa de edifícios modernistas em altura em Manhattan, com foco no recente aumento de conversões de escritórios para residências em meio ao crescimento das taxas de vacância e imperativos climáticos.

Em 2025, a taxa global de vacância de escritórios atingiu em média 16,8%, subindo na Europa e na América do Norte, mas diminuindo levemente na Ásia-Pacífico e na América do Sul. Nos EUA, prevê-se que quase 30 milhões de m² de espaço de escritórios se tornem obsoletos até 2030. Manhattan — que abriga mais de 42 milhões de m² de estoque de escritórios — registrou aumento na vacância de 8% para 12% desde a pandemia de COVID-19. Quase 70% de seus edifícios são anteriores a 1980 e enfrentam obsolescência funcional e de mercado, enquanto a cidade continua a sofrer com uma crônica escassez de habitação.

Desde a pandemia, as conversões de escritórios para residências se aceleraram globalmente. Nos EUA, em maio de 2025, o pipeline de conversões totaliza 7,5 milhões de m² de projetos planejados e em andamento em 44 grandes mercados metropolitanos — cerca de 1,9% do inventário nacional de escritórios. A remoção de estoque obsoleto por meio de conversões e demolições está superando novas conclusões, gradualmente reduzindo a vacância e avançando em direção a metas de sustentabilidade. Em Manhattan, 26 torres modernistas foram convertidas na última década, com mais 18 em andamento ou planejadas; até 2024, 1,2 milhão de m² de edifícios em altura construídos entre 1960 e 1990 — mais de 10% desse estoque — haviam sido transformados. Muitas torres do pós-guerra apresentam desafios recorrentes — plantas baixas profundas, janelas não operáveis, fachadas ineficientes — tornando a adaptação custosa e complexa, além de ser ainda mais limitada pela regulamentação local.

Desde 2020, a cidade de Nova York introduziu medidas para reduzir barreiras e incentivar conversões. Após as recomendações da Força-Tarefa de Reutilização Adaptativa de Escritórios (2023), o Departamento de Planejamento Urbano prepara reformas zoneamento como parte da iniciativa City of Yes for Housing Opportunity, combinadas com incentivos fiscais para unidades acessíveis, visando 82 mil novas moradias em 15 anos.

O caso de 180 Water Street — originalmente construído em 1971 e convertido em 2017 — oferece um exemplo marcante de quanto carbono pode ser poupado por meio da reutilização adaptativa. A estrutura original do edifício, considerando seus materiais e energia de construção, incorporava aproximadamente 59 Mt CO₂-eq, um total surpreendente, cerca de três vezes as emissões de uso de energia do Brasil em 2020. Em contraste, reutilizar essa estrutura demandou apenas 10% do carbono incorporado, proporcionando reduções significativas mesmo antes de considerar os benefícios ambientais de evitar demolições ou melhorar a eficiência operacional.

Essa economia de carbono não é exclusiva de um único edifício. Em todo o estoque modernista de escritórios em altura de Manhattan (construído entre 1960 e 1990), o carbono incorporado totaliza cerca de 14,8 Mt CO₂-eq — valor equivalente às emissões anuais de quase 10 milhões de carros.
Ao combinar análise quantitativa em escala urbana com estudo arquitetônico, esta pesquisa enquadra as conversões tanto como uma estratégia climática quanto como uma ferramenta de revitalização urbana, capaz de preservar energia incorporada, reduzir emissões e diversificar as funções dos distritos monofuncionais históricos de Manhattan.

Este trabalho foi desenvolvido por uma equipe interdisciplinar liderada por Elena Guidetti e Caterina Barioglio, ambas arquitetas e professoras assistentes do Departamento de Arquitetura e Design (DAD) do Politecnico di Torino, Itália. O grupo inclui Ilaria Tonti, pesquisadora de pós-doutorado no mesmo departamento; Maria Ferrara, professora assistente e pesquisadora do Departamento de Energia do Politecnico di Torino; Francesca Contrada, professora associada de arquitetura na École Nationale Supérieure d’Architecture Paris-Val de Seine (ENSAPVS), Paris; e Elena Majorana, designer gráfica e fundadora da ZenzeroCreative, Lausanne, Suíça.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Em meio à caatinga, a Casa Catimbau propõe uma arquitetura fragmentada, organizada ao redor do fogo, em diálogo com o tempo da terra e o modo de viver da moradora. Construída com taipa de pilão e madeira reaproveitada, materializa um pensamento fronteiriço, onde arquitetura e paisagem são continuidade.

Contexto

Localizada no município de Buíque, interior de Pernambuco, a casa se insere no Parque Nacional do Catimbau — a segunda maior unidade de conservação arqueológica do Brasil, e uma das áreas mais representativas da caatinga. O terreno, de topografia plana e solo arenoso, integra uma paisagem aberta, de vegetação rasteira e horizontes largos, marcada por formações rochosas e clima semiárido, com chuvas escassas e intensas.

Projeto

O projeto parte desse contexto para propor uma arquitetura em diálogo direto com o território. Composta por quatro blocos autônomos organizados ao redor de um pátio, a casa propõe uma forma de habitar descentralizada, que valoriza o estar ao ar livre. A taipa de pilão, feita com a terra local, dá forma às paredes. A madeira, proveniente do reaproveitamento de um antigo galpão da região, estrutura coberturas leves e ventiladas.

A Casa Catimbau responde às condições do sertão com soluções construtivas simples, eficazes e integradas ao território. A arquitetura atua como mediadora entre clima, solo e modos de viver — não para domesticar a paisagem, mas para coexistir com ela.

Conforto térmico passivo

A taipa de pilão garante isolamento térmico eficiente. O arranjo fragmentado dos blocos permite ventilação cruzada, enquanto as coberturas ventiladas facilitam o escape do ar quente acumulado.

Eficiência hídrica e reaproveitamento

A casa opera fora de redes públicas. Todo o ciclo da água é tratado localmente: vala de infiltração para a pia da cozinha; bacia de evapotranspiração para as bacias sanitárias; ciclo de bananeiras para pias e ralos. Esses sistemas ecológicos promovem o uso consciente da água, reciclam nutrientes e evitam a contaminação do solo.

Construção de baixo impacto e capacitação local

Além de empregar materiais de baixo carbono, a obra também ativou saberes. A técnica da taipa de pilão era desconhecida na região, o que motivou a realização de uma capacitação prática, promovendo a autonomia da mão de obra e fortalecendo a cultura construtiva do território.

Mais do que uma casa eficiente, a Casa Pátio é também espaço de aprendizado. Uma arquitetura que se constrói junto com o lugar, climática por origem, e não por tendência.

AzulPitanga

O AzulPitanga, fundado em 2018, surgiu da associação dos arquitetos André Moraes e Carolina Mapurunga, formados pela FAU UFPE. Atuante na área de projetos de arquitetura nas mais variadas escalas. Reconhecido pela inventividade, pela experimentação com técnicas construtivas tradicionais e pela produção de projetos contemporâneos de natureza autóctone. Ganhadores dos prêmios IAB 2021, 2023 e 2024.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Da Seca à Vida – Um Retrato da Regeneração
Por: Alexandre Furcolin Paisagismo

Em um mundo onde as grandes soluções parecem distantes, a transformação pode nascer em escalas acessíveis e profundamente enraizadas no cotidiano. É nesse contexto que surge o Sítio de Alexandre Furcolin, um território experimental que, ao longo de quatro décadas, se consolidou como laboratório vivo de biodiversidade, cultura e reconexão. Localizado em Joaquim Egídio, antiga zona cafeeira do interior paulista, o Sítio foi adquirido em um momento em que a região enfrentava o declínio da monocultura. A terra, marcada pelo esgotamento ecológico, carregava cicatrizes de pastagens degradadas e extensos talhões de eucalipto, comprometendo o ciclo hídrico e a fertilidade do solo.

O ponto de partida foi o olhar atento para as potências ocultas do território. Ainda nos anos 1990, iniciou-se um processo gradual de restauração: reorganização do solo, retenção da água e introdução de espécies nativas e frutíferas, primeiro em pequenas áreas, depois no viveiro que se tornaria coração do projeto. Esse espaço, inicialmente modesto, evoluiu para uma coleção botânica viva, alimentada por pesquisa e experimentação contínua. Ali se consolidou um repertório que ampliou a prática do paisagismo, deslocando-o da função meramente estética para assumir o papel de organismo vivo, expressão concreta de cuidado e reconexão.

Na década seguinte, o Sítio recebeu a sede do escritório de paisagismo, construída com madeira de reflorestamento, ventilação cruzada e reaproveitamento de materiais. Mais que edificação, a obra materializou um gesto: integrar espaço de trabalho, campo experimental e território regenerado em um único organismo vivo. A presença constante da equipe intensificou o vínculo entre prática e lugar, fazendo com que cada projeto fosse atravessado pela experiência direta de habitar um ecossistema em transformação.

Hoje, o Sítio se apresenta como centro de referência em paisagismo ecológico, restaurando ciclos hídricos, fortalecendo a biodiversidade, captando carbono, criando infraestrutura verde e produzindo conhecimento técnico e sensível sobre a relação entre sociedade e natureza. Um território que abriga mais de mil espécies vegetais, uma fauna em expansão e práticas que unem agroecologia, contemplação e inovação tecnológica. O diálogo entre a enxada, a prancheta e o computador estrutura a filosofia do espaço: a tecnologia não substitui a natureza, mas ajuda a garantir sua permanência.

O vídeo apresentado na Bienal condensa essa trajetória em imagens de contraste: uma terra dividida que revela dois futuros possíveis. De um lado, o silêncio árido de um território degradado; de outro, a vitalidade regenerada por mais de 30 anos de trabalho de Alexandre Furcolin e sua equipe. O processo é revelado como planejamento e manejo: reorganização do solo, retenção da água, implantação de vegetação e desenvolvimento de um ecossistema capaz de sustentar diversidade e responder aos extremos climáticos. Mais do que registro, o filme propõe uma reflexão crítica: qual paisagem escolhemos cultivar e habitar?

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

NHANDEREKO
Em tradução simples, Nhandereko ou Nhanderekó significa “modo de vida do povo Guarani ‘nhande’ significa “nossa” e ‘reko’ significa “vida”, de forma que Nhandereko representa “nossa vida”. Nhandereko representa onde a vida está e o relacionamento da vida com tudo que existe: os corpos, o espaço e o ambiente. Nhandereko está interligado com todo o território, que para o povo Guarani representa a vida, contemplando todos os seres vivos, florestas, rios, plantas e animais.

Manual da Arquitetura Guarani M’bya
Em 2021 foi documentada a construção do novo centro cultural e, através da memória, fotografias antigas e também de maquetes, a retomada do que seria a casa tradicional do povo Guarani-Mbya na aldeia Tenondé-Porã, em Parelheiros, SP. Junto com o construtor Joaquim Guarani, a liderança Jera Poty e voluntários, foi coletado material para a elaboração do Manual da Arquitetura Guarani M’bya. A Casa Guarani-Mbya é uma estrutura pequena e econômica, e explicita o Nhandereko ,“modo de vida” Guarani, de maneira verdadeira ao se colocar como o “essencialmente necessário”. Construída dentro da floresta, é construída também pela floresta, com a coleta de madeira e palha disponível no local e rapidamente montada como abrigo que se mescla ao entorno, esfumaçando os contornos daquilo que é manufatura “humana” e “natural”.Construída com madeira roliça, troncos de madeira disponíveis na mata, ela é coberta pela palha Jussara disponível nos territórios ainda preservados da Mata Atlântica paulista. A adaptação dos materiais e técnicas construtivas das casas tradicionais, seja ela Guarani ou de algum outro povo, do Xingu ao Alto Rio Negro, está diretamente conectada às transformações da floresta, muitas delas resultantes de ações humanas predatórias, e a escassez das espécies tradicionalmente usadas. Assim como muitos outros conhecimentos e técnicas indígenas, o saber da construção está intimamente ligado à saúde da floresta, evidenciando a relação simbiótica entre “natural e humano” e a interdependência vital entre eles.

Manual da Arquitetura Kamayurá.
No âmbito das oficinas-viagem “Modos de Habitar”, promovidas pela Plataforma Habita-cidade e pelo curso de Pós-graduação Habitação e Cidade, da Escola da Cidade, um grupo de professores e alunos passou três semanas junto ao Povo Kamayura, no Alto Xingu, no mês de Julho deste ano de 2019,na Aldeia Ypawy. Em uma parceria entre os mestres Kamayurá e o grupo da Escola da Cidade, se empreendeu um recenseamento da forma de se construir naquela sofisticada etnia xinguana. A partir de uma iniciativa de lideranças Kamayurá e através da arquiteta Clara Morgenroth e da diretora teatral Cibele Forjaz, foram organizados um curso preparatório do manual e a Oficina-viagem com a antropóloga Luísa Valentini e os arquitetos Anna Julia Dietzsch e Luis Octavio de Faria e Silva (mediador da Plataforma habita-cidade). Nomeada no âmbito da Escola da Cidade de “Modos de Habitar:Arquiteturas Tradicionais”, a empreitada resultou na pesquisa e produção do “Manual da Arquitetura Kamayurá” e o seu anexo “A Construção da ‘Ok Eté pelo Povo Kamayura”.

Manual da Arquitetura Yudja
O Manual da Arquitetura Yudja foi criado a partir do processo de revitalização da Akatxi, casa tradicional do povo Yudja, construída de forma comunitária em 2024, com a orientação dos anciãos, envolvendo jovens, mulheres e crianças em todas as etapas do processo. O documento busca registrar não apenas as técnicas construtivas – seleção das madeiras, preparo das palhas e métodos de amarração – mas também o conhecimento ecológico, as histórias e concepções simbólicas, associadas aos modos de transmissão oral da casa tradicional do povo Yudja. Trata-se, portanto, de um instrumento de fortalecimento da memória, da autonomia e da continuidade das práticas arquitetônicas ancestrais, inserindo-se em uma rede mais ampla de iniciativas que unem povos indígenas, arquitetxs, artistas e pesquisadoras na preservação e manutenção de saberes e territórios tradicionais.
O Manual da Arquitetura Yudja é um registro coletivo produzido pelo povo Yudja da Aldeia Tuba-Tuba (T.I.X – MT), uma realização da Associação Yarikayu, em parceria com a Associação Casa Floresta, o Instituto Socioambiental, Projeto Xingu [UNIFESP], Fundo Casa Socioambiental, FUNAI e ATIX (Associação Terra Indígena do Xingu).

Acesse o manual: https://www.casafloresta.org/manual-da-arquitetura-yudja

Implantação do projeto: Alemanha, Espanha, França, Portugal, República Tcheca e Suécia
Desenvolvimento do projeto: Alemanha, Espanha, França, Portugal, República Tcheca e Suécia

O Prêmio EUmies, fundado em 1988 em Barcelona, é reconhecido como um dos mais importantes e prestigiados prêmios de arquitetura do mundo. Ele é promovido pelo programa Europa Criativa e organizado pela Fundació Mies van der Rohe, celebrando
a excelência em obras arquitetônicas em toda a Europa.

O prêmio destaca a contribuição da arquitetura de qualidade para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar dos cidadãos.

EUmies 2024
“A sociedade frequentemente subestima o impacto que uma arquitetura bem concebida pode ter em diversos níveis. Assim, promover o modo como opera a arquitetura é uma parte essencial da comunicação arquitetônica, ou seja, explicar as múltiplas formas que ela pode assumir e de que maneira o pensamento arquitetônico pode contribuir para a resolução de muitos problemas complexos. Isto é o que esta seleção expressa.”

Essa foi uma das reflexões feita pelos membros do júri do EUmies Awards 2024 a respeito do papel da arquitetura contemporânea no nosso mundo atual e que se manifesta por meio da seleção de obras apresentadas nesta exposição.

Após uma intensa viagem pela Europa e muitas horas de discussão, Frédéric Druot, Martin Braathen, Sala Makumbundu, Adriana Krnáčová, Hrvoje Njiric, Tinatin Gurgenidze e Pippo Ciorra selecionaram o grupo de 40 obras, entre as quais se destacam os finalistas e vencedores apresentados na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.

Vencedor: Pavilhão de Estudos no campus da Universidade Técnica de Braunschweig
(Braunschweig, Alemanha)
Gustav Düsing e Max Hackee

Vencedor Emergente: Biblioteca Gabriel García Márquez
(Barcelona, Espanha – 2015/2019-2022)
SUMA Arquitectura

Finalista Emergente: Praça e Posto de Turismo
(Piódão, Portugal – 2018/2020-2022)
Branco del Rio

Finalistas de Arquitetura:
Renovação do Convento de São Francisco
(Sainte-Lucie-de-Tallano, França)
Amelia Tavella Architectes

Hage
(Lund, Suécia)
Brendeland & Kristoffersen Architects e Price & Myers (engenharia civil e estrutural)

Escola Reggio
(Madri, Espanha)
Andres Jaque/Escritório para Inovação Política

Galeria de Arte Contemporânea Plato
(Ostrava, República Tcheca)
KWK Promes

Desenvolvimento do projeto: Brasil e França

A união de experiências e técnicas construtivas pelo mundo está deixando as casas de terra cada vez mais econômicas, sustentáveis e belas!

São técnicas e pesquisas espalhadas por todo o mundo. Aqui temos um pouco da França, que com o Craterre/ENSAG, possui uma pós dedicada exclusivamente a arquitetura e construção com terra. Um pouco de outras partes do mundo, inclusive da África, nosso continente irmão, de onde vieram várias técnicas que se mesclaram com outras tantas já utilizadas pelos povos originários do Brasil.

As obras nacionais contemporâneas aqui expostas mostram um pouco da versatilidade do uso da terra. O MST que mobiliza mutirões para a construção de edificações em terra nos assentamentos. E algumas residências que ajudam a romper alguns paradigmas ainda presentes no Brasil. A casa pode ser de alto padrão ou sem padrão algum, apenas apropriadas ao seu contexto. Enfim, a terra está em todo lugar, sendo utilizada nos mais diversos formatos.

Nosso semicírculo expositivo tem a materialidade por dentro, num arco maior que 180 graus, porque no planeta mais da metade das casas é feita de terra.
Nos unimos aqui para difundir ao máximo esse conhecimento. Não existe uma grande indústria interessada no tema, logo, não existe publicidade. A terra quase sempre é gratuita. Está debaixo dos nossos pés. Ainda somos poucos, mas estamos muito seguros do que estamos fazendo. Além da casa ficar mais saudável, estamos emitindo muito menos CO2 durante e depois da construção. Nós, arquitetos e construtores, somos extremamente responsáveis pela degradação do planeta. A construção civil é uma das maiores responsáveis pela emissão de CO2 do planeta. Cabe a nós decidirmos o material construtivo que mais se adeque à necessidade urgente de mudarmos esse cenário.

CRAterre
A associação CRAterre tem uma longa experiência no acompanhamento técnico de projetos de construção com terra crua e projetos habitacionais para o maior número possível de pessoas, em diferentes contextos

NAP PLAC – Nucleo de Apoio a Pesquisa: Produção e Linguagem do Ambiente Construido / FAU USP

Argus Caruso Arquitetura
É um estúdio especializado em Arquitetura e Construção de Terra. Dirigido pelo Arq. Argus Caruso

Laboraterra Arquitetura
É um estúdio especializado em Arquitetura e Construção de Terra. Dirigido pelos Arq. Alain Briatte e Arq. Luciano Bottino.

Esta exposição foi realizada com apoio do Instituto Francês na ocasião da Saison França – Brasil

Desenvolvimento do projeto: Reino Unido

Fachada Respiratória Entrelaçada reimagina a arquitetura como um organismo vivo e adaptativo. Concebido como um sistema autorregulador, ele responde passivamente ao calor, à umidade e à chuva, aproveitando as propriedades higroscópicas da madeira. Sem eletricidade ou componentes mecânicos, seus elementos entrelaçados expandem e contraem com as mudanças atmosféricas, abrindo para ventilar, fechando para proteger e negociando continuamente com o clima circundante.

Em vez de depender de complexidade tecnológica ou controle artificial, o projeto recorre à inteligência intrínseca dos materiais naturais. Inspirada pelas técnicas tradicionais de cestaria, a fachada transforma a capacidade higroscópica inata da madeira em um tecido responsivo. Cada ponto funciona como um poro, apertando ou afrouxando com as mudanças ambientais, criando uma trama viva que respira com seu contexto.

Ao longo da bienal, a instalação permanecerá em movimento. Mudanças sutis na temperatura, umidade e até mesmo a presença de visitantes ativarão a fachada, transformando-a em uma performance lenta de coexistência com as forças naturais.

Em um momento de extremos climáticos e urgência ecológica, a Fachada Respiratória Entrelaçada oferece uma visão alternativa para o ambiente construído. Em vez de sistemas selados e isolados dependentes de infraestruturas intensivas em energia, ela imagina edifícios como membranas porosas — sensíveis, adaptativas e vivas. Esta abordagem bioinspirada propõe uma mudança radical em como projetamos e habitamos o espaço: uma arquitetura que não impõe controle, mas que ouve, sente e evolui em ressonância com os ritmos de seu ambiente.

Agradecimentos:
A Fachada Respiratória Entrelaçada foi desenvolvida por meio do projeto de pesquisa RESPIRE: Passive, Responsive, Variable Porosity Building Skins, financiado por uma bolsa de pesquisa do Leverhulme Trust. Agradecimentos especiais a Natalia Pynirtzi por sua contribuição para este trabalho; e a Oliver Perry e Nathan Hudson pelo suporte técnico. O projeto foi realizado em parceria com o Hub for Biotechnology in the Built Environment (HBBE, www.bbe.ac.uk), financiado pelo fundo Expanding Excellence in England (E3) da Research England.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Este protótipo em escala 1:2 apresenta, em detalhe, um recorte da fachada do Platina 220, edifício projetado para a região do Tatuapé, em São Paulo. Ao trazer um fragmento construído, a exposição oferece ao visitante a possibilidade de compreender de perto a lógica construtiva e os materiais que compõem um edifício marcante na paisagem urbana da cidade de São Paulo.

Diferente da solução mais comum em edifícios corporativos — a pele de vidro contínua —, o Platina 220 adota um sistema de fachada ventilada. Nesse modelo, o revestimento externo em porcelanato é fixado à alvenaria por meio de um suporte metálico, criando entre as duas camadas uma cavidade por onde o ar circula. Essa solução, além de qualificar a expressão arquitetônica do edifício, atua de forma técnica e sustentável: a circulação constante do ar remove aproximadamente 20% do calor recebido, ampliando o isolamento térmico e reduzindo a carga de climatização interna.

A lógica construtiva se associa diretamente ao gesto arquitetônico. As aberturas, distribuídas de maneira não linear, somam-se a terraços dispostos em diferentes posições, criando uma volumetria singular. O prisma vertical do edifício parece, assim, esculpido pelos cheios e vazios da fachada, gerando dinamismo e uma leitura arquitetônica que vai além da repetição dos andares.

Outro aspecto marcante é o uso de tonalidades mais escuras no bloco mais baixo, que reforça visualmente a verticalidade da torre e produz a percepção de contrafortes — como se apoiassem a estrutura e conferissem solidez ao conjunto. Essa articulação entre técnica e forma contribui para um edifício de forte presença no tecido urbano, equilibrando racionalidade construtiva, eficiência energética e identidade plástica.

Na exposição, o protótipo não é apenas um exercício de representação. Ele funciona como uma chave de leitura do edifício real, aproximando o público da materialidade do projeto. Ao revelar a espessura da fachada, o sistema de fixação e a relação entre os planos, este recorte físico evidencia o quanto a arquitetura pode ser simultaneamente rigorosa, inovadora e sensível às demandas contemporâneas de conforto, sustentabilidade e expressão estética.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O pavilhão de miriti idealizado pelo escritório de arquitetura paraense Guá Arquitetura, em parceria com o Atelier Miriti Sustentabilidade do mestre Joel Cordeiro, apresenta o miriti como tecnologia social e matéria de vanguarda. Originário da palmeira amazônica Mauritia flexuosa, o miriti habita, há gerações, a cultura de Abaetetuba, onde o artesanato em miriti sustenta famílias e mobiliza um repertório simbólico. Aqui, esse saber ancestral encontra a engenharia contemporânea e revela um material capaz de reconfigurar, a partir desse saber, o vocabulário da arquitetura do século XXI.

A leveza é argumento e prova. Pesquisas indicam que o pecíolo do miritizeiro é cerca de seis vezes mais leve que uma madeira comum, sem abrir mão da resistência e da durabilidade. Seu desempenho, quando beneficiado corretamente, supera a resistência do MDF comum. Essa relação entre peso e resistência organiza o sistema construtivo e define a espacialidade, fazendo do miriti uma promessa de nova materialidade sustentável e renovável.

Para este projeto, o miriti se apresenta de três formas diferentes, mostrando a versatilidade e construindo uma experiência construtiva inovadora. Na estrutura, o “MDF Cross Laminated Board” de miriti, desenvolvido com o mestre Joel Cordeiro (Miriti Sustentabilidade), comprova a robustez do laminado colado; camadas cruzadas estabilizam o material e distribuem esforços, convertendo leveza em rigidez. No perímetro, cortinas de talas exibem o miriti bruto, sem beneficiamento estrutural, criando filtros de luz e ventilação que vibram com o ar, demonstrando a sua leveza e caráter etéreo. Ao fundo, paredes translúcidas feitas pela Artesã Nazaré Alvino de papel artesanal de miriti, desenvolvido pelas artes, como um washi de miriti, revelam a versatilidade da fibra e o uso integral do material; inclusive o pó do beneficiamento retorna como insumo para o compósito.

Outro fato importante, o manejo é regenerativo. A matéria-prima vem do caule das folhas mais antigas, não se derruba a palmeira. A poda criteriosa, no tempo certo, estimula a brotação e mantém o ciclo produtivo, enquanto o desenho privilegia desmontagem, transporte leve e remontagem, estendendo a vida útil dos componentes. Assim, sustentabilidade deixa de ser adjetivo e torna-se método.

Há também um projeto econômico e cultural em curso. Desde 2022, a Guá pesquisa, ao lado de artesãs e artesãos de Abaetetuba, caminhos para ampliar o campo de aplicação do miriti na arquitetura e no design, elevando o valor percebido desse material, maximizando a renda, gerando visibilidade e reconhecimento às pessoas artesãs de Abaetetuba. A plataforma curatorial que rendeu prêmios sustenta este experimento e aponta para uma cadeia de valor redistributiva, em que a autoria é compartilhada e a floresta permanece em pé.

Ao adentrar o pavilhão, o visitante percebe camadas, o gesto manual, a engenharia das lâminas, a porosidade que convida o vento, a luz que atravessa as fibras e acende volumes. O conjunto é leve e ventilado, afirma que a inovação brota do encontro entre conhecimento tradicional e raciocínio arquitetônico. Se o século XXI exige materiais de baixo carbono e com significado, o miriti, leve, renovável e enraizado, apresenta-se como material do futuro.

Este pavilhão é o seu manifesto, ensaio de uma arquitetura que aprende com a floresta e devolve valor, cuidado e permanência.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

A Ecosapiens é um ateliê multidisciplinar focado na construção de ambientes saudáveis. Atua com projetos e obras ecológicos na escala das tecnologias, edificações e territórios, integrando pessoas e natureza.

Nesta instalação apresentamos uma resposta ao mundo aquecido por meio da construção com cânhamo, espécie vegetal que durante seu desenvolvimento captura CO2 da atmosfera.

Quando suas fibras são usadas no hempcrete (mistura de cânhamo com cal) o carbono capturado fica armazenado na construção por décadas, podendo no fim ter um saldo positivo de carbono resultando numa construção de baixo impacto ambiental que ajuda a mitigar as mudanças climáticas.

A instalação combina um módulo pré-fabricado em painéis de madeira, cal e cânhamo e outro módulo com tijolos edificados in loco, evidenciando-se a versatilidade da técnica utilizada nas construções como vedação, muito eficiente do ponto de vista térmico e acústico.

Além do cânhamo, no Brasil faz sentido pensar em construir com outras fibras tais como cana e coco que misturadas com a cal apresentam caraterísticas semelhantes ao hempcrete.

No Brasil o cânhamo é produzido por associações para fins terapêuticos cujo valor medicinal é incontestável e sua fibra, justamente o material usado nas construções, ainda é um subproduto sem uso.

Como não temos tradição no cultivo industrial do cânhamo, sua produção agroecológica desenha uma cadeia de valor social essencial permitindo com que pequenos agricultores permaneçam no campo com dignidade.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Imaginar um artefato efêmero.
Arquitetônico, sim, mas fugaz.
Um corpo erguido no tempo, um espaço suspenso entre extremos —
onde o meio ambiente deixa de ser apenas cenário e passa a ser personagem.

O que está em jogo?
Quais acordos urgem ser firmados para que a vida prossiga neste mundo que ainda conhecemos?

Como trazer à mesa palavras simples, mas pesadas de sentido: generosidade, empatia, comprometimento, respeito e um norte comum?

Como reatar os laços com a natureza?
Como permitir que o feito pelo homem se curve à força do natural?

Para isso, desenhamos símbolos.
Imaginamos um espaço concêntrico, que convida ao centro, que atrai.

Um interior contido, íntimo, proporções que abraçam, limites que espelham.

Mas não espelhos nítidos — reflexos borrados, difusos, onde as faces se perdem e as presenças se misturam.
Uma sugestão de que não estamos sós.
De que o outro nos habita.

Há dois acessos.
Duas portas.
Duas travessias possíveis.

Ambas interrompidas.
Ambas apontando para lados de um mesmo todo.

Um espaço dividido — simétrico e espelhado.

Ao centro, uma mesa.
Barreira e ponto de encontro.
Convite à conversa.
Lugar de disputa.

Sobre ela, repousa uma natureza contida, controlada.

Ela será pauta.
Ela será prova.

Acima, um céu artificial.
A cúpula do Palácio das Artes, aonde a luz não vem do sol, mas de uma vontade construída.

Essa natureza, presa no tempo desse artefato, provoca.
Resiste.
Depende.

Quem cuidará dela?
De que lado virá a responsabilidade?

O que está em risco neste recinto?
O que se negocia nesta sala?

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

TEMPO é uma prática de arquitetura multidisciplinar que busca a constante materialização do intangível em realidade, sediada em São Paulo e dirigida pelos arquitetos Luiz Sakata (Bauru, 1995 – FAU-USP/FAUP-Porto) e Augusto Longarine (Jundiaí, 1995 – FAU-USP/Politecnico di Milano).

RIBASMARÇAL é uma prática de arquitetura e urbanismo sediada em São Paulo e Baixada Santista. Orientada pela síntese entre o “saber” e o “fazer”, busca a coordenar todas as etapa do processo arquitetônico. Sob a direção do arquiteto Marcelo Ribas Marçal (Santos, 1997 – Universidade Presbiteriana Mackenzie), o escritório atua em diferentes escalas e contextos.

O Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu, é reconhecido como um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) e integra o corredor de biodiversidade do Rio Paraná, interligando importantes áreas de preservação como os Parques Nacionais do Iguaçu e de Ilha Grande. Fundado em 1984, atua no abrigo dos animais silvestres resgatados nas áreas do reservatório, no reflorestamento das matas ciliares e no protocolo de criação de animais silvestres, especialmente de espécies chave ameaçadas de extinção. O Refúgio abre-se à visitação pública tendo como foco a demonstração de ações de conservação da biodiversidade, desenvolvimento sustentável e promoção do conhecimento científico, recebendo anualmente cerca de 30 mil visitantes. A proposta de requalificação do Refúgio é fruto de um Concurso Público Nacional promovido pela Itaipu Binacional e realizado pelo IAB-PR, cujo projeto vale-se de estratégias de intervenção mínima, ressignificação de espaços e singeleza formal para a reorganização dos fluxos turísticos e operacionais do complexo, permitindo a ampliação de seu potencial de visitação e do bem estar dos animais.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Entre 2021 e 2023, uma equipe multidisciplinar liderada por arquitetos paisagistas elaborou três projetos de parques para a Zona Norte carioca: Parque Inhaúma (47.000 m²), Parque Costa Barros (28.350 m²) e Parque Pavuna (14.434 m²), este último construído e inaugurado em 2024. Situados em bairros marcados por baixos índices de desenvolvimento social, os projetos compartilham programas, conceitos e desafios orçamentários similares, concebidos em diálogo com as demandas da gestão municipal e lideranças comunitárias para se tornarem equipamentos públicos verdes e abertos, ancorando áreas de convivência, lazer e aprendizado.

No Parque Carioca Pavuna, uma escultura de 22 metros de altura evoca as raízes do manguezal, de onde jorram jatos d’água durante o dia e feixes de luz à noite. Adjacentes à área molhada, superfícies de areia reinterpretam os usos da paisagem litorânea, já tão querida pelos cariocas. No Parque Inhaúma, às margens do Rio Timbó, extensos jardins drenantes auxiliam na detenção e infiltração das águas para mitigar alagamentos em eventos climáticos extremos. No Parque Costa Barros, o programa esportivo se expande para espaços residuais do entorno imediato, transformando em borda porosa uma fronteira que hoje é intransponível.

Através dos pilares contemporâneos da Arquitetura da Paisagem, o equilíbrio entre preexistências abióticas, atenção à camada vegetal e programa versátil conferem aos três parques projetados uma identidade única. O resultado se alinha aos princípios da justiça climática ao promover a ampliação da oferta de espaços livres de qualidade, atuando na regeneração ambiental e resiliência urbana de territórios cariocas historicamente negligenciados pelo poder público.

Desenvolvimento do projeto: Brasil

Este painel apresenta um recorte do projeto internacional TF/TK – Traduzindo Ferro / Transformando Conhecimentos em Arquitetura, Projeto e Trabalho, iniciativa Brasil–Reino Unido dedicada a criar e consolidar o campo dos Estudos de Produção. Inspirado pelo pensamento crítico do arquiteto Sérgio Ferro, o projeto investiga as relações entre concepção e execução na arquitetura, questionando a separação histórica entre projeto e canteiro de obras e valorizando o trabalho e os saberes construtivos.

A mostra reúne três eixos principais: a trajetória do TF/TK e sua contribuição para a difusão internacional das ideias de Ferro; uma breve introdução das duas primeiras casas experimentais realizadas por ele no início dos anos 1960, que exploraram novas soluções construtivas e formas de produção no canteiro; e o modelo reduzido da Casa Bernardo Issler, produzido em 2025 no IAU-USP como prática pedagógica ligada aos Estudos de Produção.

No caso do modelo, o aspecto pedagógico ganha destaque: não foi concebido como simples representação formal da casa, mas como um instrumento de investigação e aprendizado coletivo. Ao reconstruir em escala reduzida a lógica construtiva original da Casa Bernardo Issler, os participantes foram levados a discutir as questões políticas envolvidas, as escolhas técnicas e materiais. Cada gesto de montagem se converteu em reflexão sobre projeto e trabalho, reaproximando a prática do ensino ao canteiro de obras.

Mais do que uma síntese formal, o modelo reduzido aqui exposto se transforma em um artefato pedagógico: um dispositivo de aprendizagem e de crítica, que convida a repensar a formação do arquiteto a partir do processo de construção. Incorporado como instrumento de uma pedagogia da produção, materializa conceitos, articula saberes, estimula o diálogo e aponta para outras possibilidades de ensino — menos hierárquicas, mais cooperativas e mais próximas da realidade material do fazer arquitetônico.

Agradecemos imensamente Sérgio Ferro e família e, Bernardo Issler e família pelos acervos disponibilizados; aos participantes das oficinas e cursos de difusão; aos técnicos do IAU-USP; e às instituições de apoio às pesquisas.

Implantação do projeto: Brasil, Suíça
Desenvolvimento do projeto: Brasil, Suíça

A poucos quilômetros da confluência do Rio Negro e do Amazonas, Manaus foi fundada em 1669 e permaneceu por muito tempo uma pequena cidade no meio da floresta amazônica até que, no final do século XIX, recebeu um impulso extraordinário graças à hevea brasiliensis, ou seringueira. O papel indispensável que a borracha assumiu na Revolução Industrial, a ponto de ganhar o apelido de “ouro branco”, transformou subitamente este local remoto na próspera e populosa “Paris dos Trópicos”, uma das primeiras cidades brasileiras a receber eletricidade e sede do famoso teatro Amazonas, cuja construção condensou a melhor artesania e a excelência manufatureira do Velho Mundo. Hoje, tendo superado a febre da borracha, Manaus ainda é um importante centro financeiro e cultural do Brasil, com o maior porto fluvial do sistema hidrográfico amazônico e um ativo porto pesqueiro. Esta economia florescente, que também se beneficia de uma próspera indústria do turismo, tem sido ameaçada pela terrível seca que recentemente assolou a região amazônica, além dos duros fenômenos de desmatamento e incêndios.

A WISH partiu para investigar o delicado equilíbrio desta “ilha” urbana no meio da Amazônia e refletir – através do projeto de habitação coletiva – sobre as possibilidades de continuar a habitar este ecossistema extraordinário à luz de uma renovada sensibilidade ambiental. Graças à excepcional contribuição do Nama (Núcleo Arquitetura Moderna na Amazônia), que há anos se dedica a compreender como as exigências arquitetônicas contemporâneas podem ser inseridas no complexo e delicado equilíbrio amazônico, quinze locais de projeto foram identificados – um para cada aluno – ajudando-nos a compreender e tocar nos pontos temáticos de viver na floresta tropical: exploramos técnicas construtivas locais, compreendemos o papel da sombra e da conexão com o solo na realidade amazônica, refletimos sobre a continuidade entre interior e exterior em relação às condições climáticas específicas deste lugar, trabalhamos na necessária “dutilidade” dos objetos arquitetônicos que têm de lidar com uma excursão sazonal do nível de água do Rio Negro que pode chegar a catorze metros.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A busca por terrenos disponíveis no emaranhado das cidades só faz revelar uma dinâmica que parece estar chegando a seu limite, seja em termos urbanos, seja em termos sociais, seja em termos econômicos. Não é mais possível expandir vias para carros, não é mais viável estender a malha e a infraestrutura urbana para além do que já há, não é mais aceitável gastar horas do dia se locomovendo. A irracionalidade do traçado dos lotes e a ausência de uso em áreas tão densas parece um absurdo, mas pode também ser uma oportunidade.

Assim, os antigos estacionamentos, de construções muito precárias, quase provisórias, tornam-se espaços possíveis. Estariam os estacionamentos perdendo força? Estariam cedendo espaços ao habitar na cidade? Ainda não é possível afirmar, mas talvez estejamos vivendo este momento de transição, de que novos valores de cidade estejam sendo construídos e materializados. Um novo imaginário de vida urbana que possa ser vislumbrado.

Perante a esse contexto, pequenas ações que podem parecer inexpressivas quando olhadas dentro da escala do território, exercem um grande impacto quando vistas do ponto de vista do bairro e do edifício. Ao tomar simbólica e fisicamente o lugar de um antigo estacionamento de veículos, o Edifício Bem Viver General Jardim 415, construído na área central de São Paulo, desfruta de uma condição urbana já constituída, bem como potencializa os aspectos positivos de uma vida no centro de uma grande metrópole, combinando usos diversos com habitação, atrelados a uma infraestrutura existente.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O projeto Território-parque parte do enorme desafio de revigorar e criar soluções urbanas, arquitetônicas e paisagísticas para que a comunidade de Córrego do Feijão – principal impactada pelo rompimento da barragem em janeiro de 2019 – tenha condições de permanência e reconexão com o lugar de sua origem e história.
A expressão Território-parque anuncia o propósito de articular o espaço urbano à paisagem em que está inserido, de modo a fortalecer a relação das pessoas com a natureza. A estratégia de projeto se orienta por um vínculo socioambiental presente em cada solução adotada, com origem na valorização da água como elemento central para a vida neste território, e ênfase na universalização do saneamento básico que incorpore alternativas de abastecimento de água, implementação de coleta e tratamento integral de esgoto e destinação adequada dos resíduos sólidos.
Por um lado, as propostas apresentadas buscam atender aos valores, às expectativas e propósitos comunicados pela comunidade, cuja escuta se deu a partir de uma série de encontros promovidos pelo Instituto Kairós, que conduziu a integração socioambiental das ações planejadas. Adicionalmente, e com o intuito de ampliar e reconhecer essas ideias a partir de uma visão territorial sistêmica, o projeto contou com a reflexão de uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de áreas como arquitetura, urbanismo, sustentabilidade ambiental, biologia, saneamento, paisagismo, design, iluminação e comunicação e diversas especialidades da engenharia.
O projeto Território-parque é composto por quatro grandes áreas contíguas e integradas – área Central, Campo de Futebol, Parque Ecológico e área Simbólica -, que guardam suas particularidades e serão apresentadas de forma independente, conforme o planejamento de sua execução sequencial.
Os programas de arquitetura e paisagismo do Território-parque têm como base conceitual o uso e a exposição dos recursos hídricos por meio de corpos d’água, piscinas e canais de condução e irrigação.
A presença de água será constante nas diferentes áreas de intervenção. Elementos arquitetônicos e paisagísticos servirão como estruturas funcionais, aumentando o teor de umidade no ar do vilarejo e a disponibilidade de água para irrigação de jardins, usos recreativos e produtivos, contribuindo para o aumento da cobertura verde e a redução da emissão de partículas.
A água torna-se, ainda, um elemento primordial na ressignificação de Córrego do Feijão, ao constituir novos conjuntos paisagísticos e simbólicos.
O projeto Território-parque propõe a implementação de redes de coleta e tratamento de efluentes para toda a comunidade. As propostas para o saneamento apresentam soluções ambientalmente eficientes de baixo custo de implantação e de operação – exemplo das nascentes construídas e dos jardins filtrantes -, considerando atributos locais de topografia e valores paisagísticos, contribuindo para a saúde da população e para a preservação do meio ambiente.
A reconstrução dos espaços de moradia e convívio na comunidade, enquanto reparação integral, compõe a ressignificação do Córrego do Feijão, de forma complementar e integrada ao escopo da MACh Arquitetos. Novos usos ou aqueles usos existentes que precisaram ser realocados ou transformados (a exemplo do campo de futebol e da área simbólica), absorveram novos significados na reconstrução de vínculos sociais, culturais, econômicos, territoriais e simbólicos.
Junto à implantação do Projeto Território-parque estão em curso ações de fortalecimento das capacidades locais para a gestão dos novos equipamentos comunitários e fomento de pequenos empreendimentos econômicos, em um pensamento de Economia em Rede, assim como a destinação de imóveis para moradia social e usos complementares a economia local e a regularização fundiária de todo núcleo urbano do Córrego do Feijão.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

o território santa tereza corresponde a uma zona urbana predominantemente residencial com densidades variadas que se caracteriza pela topografia acidentada.

parte de seu território se destaca por uma vista privilegiada para o guaíba, o delta do jacuí e para a cidade, especialmente para a orla, o parque marinha do brasil e o centro histórico de porto alegre.

uma condição única de aproximação com a água e com a beleza natural da região.
como ocorre em inúmeras metrópoles, a topografia configura um limite natural para a expansão da ocupação urbana intensiva da cidade consolidada. no caso do morro santa tereza, a comunidade se desenvolveu em áreas de interface entre cidade formal e informal, apresentando setores com ocupações territoriais precárias e vulneráveis.

a fragilidade social e o desequilíbrio urbano, que atualmente marcam o território, demandam intervenções capazes de olhar para este contexto e buscar elementos de valorização do existente.

desta forma, como ponto principal do projeto está uma busca em atribuir visibilidade às comunidades, e revelar estes espaços públicos para o restante da cidade posicionado as pequenas intervenções de forma sutil, mas de modo que possam ser identificadas à distância, desde a orla do guaíba.

esforços no sentido de diminuir distâncias e transformar o formal e informal em uma só cidade.

essa premissa se traduz em uma estratégia de projeto: uma oportunidade de construir elementos marcantes e permanentes, afirmando uma identidade comum a esta rede de espaços públicos.

as áreas públicas e comunitárias definidas se destacam pelo potencial transformador da paisagem e enfatizam a importância dos espaços de centralidade e encontro.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Cultivar Cidades é uma narrativa especulativa amazônica que faz da imaginação uma ferramenta para projetar cidades, territórios e futuros. Concebida inicialmente como livro, a obra se apresenta agora em um painel expositivo. Essa composição materializa uma travessia pela bacia amazônica e convida o público a refletir sobre arquitetura e urbanismo a partir de um universo ficcional.

Acompanhamos o diário de Tawa, uma jovem ribeirinha do Rio Negro que, ao longo de quinze dias, percorre o rio Amazonas entre Manaós (atual Manaus) e Mairi (atual Belém). No mapa de sua viagem é possível ler trechos de seu diário, visitar cidades flutuantes, territórios regenerados e arquiteturas anfíbias que emergem após um colapso ambiental em 2030. Neste painel, o texto ocupa o centro: os trechos ficcionais aparecem destacados em branco, enquanto o texto em preto oferece a contextualização.

Este projeto nasce do desejo de construir cidades a partir de uma perspectiva espaço-temporal distinta dos modelos atuais. Embora a Amazônia abrigue a maior floresta tropical do mundo e 20% da água doce do planeta, 76% de seus 28 milhões de habitantes vivem em áreas urbanas com o menor acesso per capita à água potável do país. Essa contradição entre abundância e pobreza resulta de modelos urbanos exógenos alheios à realidade e saberes locais. Afinal, só preservamos aquilo que conhecemos, só construímos aquilo com o qual sonhamos.

É nesse ponto que entra a ficção como ferramenta arquitetônica. Ao construir o óbvio, a ficção abre um campo de ensaio para projetar futuros que escapam aos limites do presente. Propomos olhar para os saberes tradicionais da Amazônia como espelhos que nos permitem repensar nossa forma de existir, transformando o fim em recomeço.

Em vez de anunciar o esgotamento, apresenta-se aqui uma narrativa histórico-utópica em que a cidade ribeirinha e indígena assume o papel de protagonista, traçando caminhos que possibilitam conceber futuros diversos. Esse universo nos reconecta ao conhecimento ancestral enraizado nas múltiplas territorialidades amazônicas, convocando-o para a regeneração dos territórios e a construção de futuros coletivos.

Essa utopia nasce de um arcabouço teórico que articula pesquisas recentes sobre a Amazônia, entre elas as de Eduardo Góes Neves e as de Violeta Loureiro sobre a história da ocupação da região. Dialoga com a ecologia crítica de Danowski e Viveiros de Castro e com a obra de Ailton Krenak e Antonio Bispo, que resgatam cosmologias indígenas e quilombolas como chaves de futuro. Inspira-se também no pensamento ch’ixi de Silvia Rivera Cusicanqui, que ajuda a compreender coexistências e tensões em mundos plurais.

São igualmente narrativas que escutamos em conversas com pescadores, cozinheiras, amigos e parentes ao longo de viagens e cotidianidades. Nelas, a utopia não aparece como abstração distante, mas como prática concreta de imaginação e resistência, em que nós, amazônidas, assumimos a responsabilidade de pensar e projetar nosso futuro.
Esse projeto é desenvolvido pelo Lab Igarité, estúdio de investigação e criação situado entre arquitetura, arte e urbanismo.O Lab é uma iniciativa de Natalia e Isabella, arquitetas e pesquisadoras amazônicas. Com trajetórias entre Manaus e Belém, pensamos a cidade a partir das águas, margens e saberes locais. Buscamos cultivar narrativas urbanas e propor uma arquitetura investigativa, em que palavra e imaginação se tornam ferramentas para revelar camadas invisíveis, construir memórias compartilhadas e inventar modos mais sensíveis e justos de habitar.

Implantação do projeto: México
Desenvolvimento do projeto: México

TEMIS ergue-se como um círculo de terra e tempo, o primeiro edifício autoportante de impressão 3D em terra na América Latina. Construído na Cidade do México com uma CRANE WASP, sua forma circular nasce do movimento de um braço robótico que, em 360 graus, desenha um espaço social habitável e, ao mesmo tempo, um pavilhão experimental de encontro e reflexão coletiva. Sua fachada paramétrica leva a terra ao limite: linhas que se expandem além do perímetro base, criando um movimento que responde à luz e projeta sombras em constante transformação. Cada quadrante do edifício oferece uma experiência distinta, revelando o diálogo entre tecnologia digital e matéria ancestral.

No interior, a geometria converte-se em ritmo; os muros contrafortes, sólidos e esculturais, sustentam não apenas a volumetria, mas também a confiança diante da memória sísmica da cidade. Sobre este anel terroso repousa a coroa de madeira laminada, um círculo preciso que encerra o gesto construtivo, unindo calor e estabilidade. Ali, onde se encontram terra e madeira, tradição e futuro, revela-se a essência de TEMIS: uma arquitetura que não impõe, mas acompanha.

A fachada paramétrica de TEMIS é também um campo de experimentação. Sua formação surge de módulos e ondas que se interferem entre si, gerando padrões e frequências únicas que se revelam visualmente em cada trecho do edifício. Não se restringe ao círculo base: expande-se, projeta-se para fora e cria um ritmo ondulante, como se a matéria tivesse sido esculpida pela passagem do vento. Cada quadrante oferece uma experiência distinta. As linhas se estendem, se dobram, se curvam, produzindo um movimento que nunca é igual ao percorrer o edifício. A luz acompanha esse gesto: em certos momentos acentua as sombras profundas e, em outros, suaviza os muros até fazê-los vibrar com o entorno. Mais que uma fronteira, a fachada torna-se uma expressão cinética: um muro em permanente transformação, que guia o olhar e converte o percurso numa sequência de perspectivas sempre renovadas.

O desenvolvimento da mistura foi um dos maiores desafios do projeto. O material precisava alcançar um estado intermediário entre viscoso e plástico: suficientemente fluido para ser extrudado pela impressora, mas estável para sustentar o peso das camadas subsequentes. A formulação definitiva utilizou uma granulometria fina-média, incorporando fibras pequenas e areias para melhorar a graduação. Trabalhou-se com uma terra local arenosa, com argilas e siltes, que ofereceu a coesão necessária, sempre controlando o percentual de água: o excesso poderia comprometer a resistência e aumentar a retração.

Na fase inicial, foram testadas misturas com cal hidráulica, o que permitiu compreender o comportamento de um material estabilizado. Porém, a impressão final de TEMIS foi realizada apenas com terra, areias, fibras e redutores de água, sem adição de cimentantes. Antes da construção, elaboraram-se diversas amostras submetidas a ensaios de compressão em laboratório, alcançando uma resistência de 31 kg/cm², um valor notável para terra estabilizada. Esses ensaios possibilitaram ajustar proporções, controlar retrações e alcançar o equilíbrio entre plasticidade e resistência. A mistura final foi validada por engenheiros civis mediante modelos e simulações sísmicas, confirmando um comportamento estrutural confiável. Seu desempenho está diretamente ligado ao design geométrico e paramétrico de TEMIS, em que os muros curvos e contrafortes colaboram com o material para consolidar a estabilidade do conjunto.

Mais que um ponto de chegada, este processo representa um começo. TEMIS inaugura um caminho experimental em que cada avanço abre a possibilidade de melhorar resistências e desempenhos. A experiência demonstra que a construção com terra impressa em 3D não é um futuro hipotético, mas sim uma resposta presente e necessária diante dos desafios ambientais e sociais do nosso tempo.

Desenvolvimento do projeto: Colômbia, Brasil, EUA

As tecnologias emergentes têm o potencial de perturbar a natureza humana, a vida social e o mundo natural a um nível fundamental. Como “tecnologias profundas” a essência da natureza se reconfigura para fins humanos. O tríptico desta exposição apresenta interrogações fundamentais sobre a tecnologia profunda associada à invenção material, culturas materiais e substituição material como produto de agendas socioeconômicas, políticas e arquitetônicas modernistas globais interligadas no Trapézio Amazônico, onde convergem Brasil, Colômbia e Peru. Os desenhos em torno da palma tecida tradicional nativa da região, obtida ao longo de séculos, indicam as culturas materiais herdadas e os complexos processos sociotecnológicos que ocorreram desde meados do século XX no Trapézio Amazônico. Essas transformações substanciais na cultura material ao longo dos últimos cem anos não podem ser entendidas como um fenômeno isolado que levou a uma perda radical da cultura material da palha de palmeira por meio de soberanias materiais estrategicamente impostas. Em princípio, a democratização da impressão 3D de palmeiras nativas pode abrir caminhos para a recuperação da cultura material. O tríptico desta exibição aborda essa perspectiva discutindo produções materiais, perspectivas de valor e escalabilidade. O trabalho apresentado foi desenvolvido pela Dra. Maria Paz Gutierrez, Professora da Universidade da Califórnia, Berkeley, através de pesquisas materiais, tipológicas, e etnográficas com seis comunidades indígenas. A pesquisa da palmeira foi acompanhada com colaborações com o artista plástico Donald Gensler. A exibição apresenta a culminação desta pesquisa articulando interrogações sobre o futuro papel de inovações tecnológicas na construção desta região.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Um dos grandes impactos da crise ambiental é a extinção de espécies animais. Trabalhar para manter e preservar a fauna, em especial a que está ameaçada, é um dos principais desafios que se colocam na atualidade se quisermos seguir coexistindo com a natureza. É nesse sentido que se visualiza a relevância da atuação da ONG Aquasis – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – por agir na preservação de espécies animais do nordeste brasileiro ameaçadas de extinção, com foco na biodiversidade do Ceará.

Em atividade há mais de 30 anos, a ONG possui uma sede localizada na praia de Picos, em Icapuí, no litoral leste cearense. Em 2020, a partir da demanda da instituição por espaços para visitação e divulgação do conhecimento sobre a conservação ambiental na região, começamos a trabalhar no projeto do Centro de Visitantes Banco dos Cajuais. Com orçamento e cronograma limitados, em meio à pandemia da COVID-19, o desafio de pensar esse projeto acabou sendo algo que até hoje faz parte da nossa prática. Até agora, já foram construídos dois blocos: o primeiro (2020-2021) destinado a exposições, um pavilhão mais fechado; o segundo (2023-2024), mais aberto, para reunir grupos maiores e dar suporte de infraestrutura de banheiro para o complexo. Além dos blocos, os fluxos internos do terreno e o muro de acesso também foram repensados no projeto.

Outras estruturas para o conjunto ainda estão em desenvolvimento e com possibilidade de execução futura. Ou seja, este foi, e tem sido, um projeto pensado ao longo do tempo, e mais do que apresentar os espaços que vêm sendo projetados e construídos desde então, propomos apresentar esse projeto em três tempos.

O primeiro tempo – construção – parte da sua leitura por etapas. Assim, para além de uma composição de elementos isolados, o projeto é pensado como um sistema que, em suas fases, possui uma lógica pavilhonar composta de nichos que se adequam e adaptam às especificidades de cada momento e programa. O segundo tempo é o da luz, da qual tiramos partido como elemento compositivo: seja pela inversão entre os volumes brancos e claros que escondem pequenas aberturas durante o dia que somem à noite, dando lugar a pequenos feixes de luz artificial, seja pela posição estratégica de aberturas como o vazio quadrado no segundo edifício do conjunto, que permite a entrada de uma luz que marca a passagem do dia no espaço interno, ou mesmo nas empenas brancas que servem de anteparo para a sombra irregular da vegetação do entorno. Por fim, considerar o tempo na arquitetura é considerar sua dimensão de uso e apropriação. Assim, os espaços criados são imbuídos de amplitude e indeterminação, permitindo que as mais diversas atividades aconteçam. Acompanhar as apropriações desses espaços e aprender com elas faz com que o projeto adquira um caráter de incompletude, não finalizado na entrega da obra, mas continuando a existir e resistir, potencializando seus usos e apropriações, inclusive as mais imprevistas e improváveis.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O documentário Carpinteiros da Amazônia é fruto de uma pesquisa da Guá Arquitetura, dedicada a registrar e valorizar a carpintaria ribeirinha, um ofício ancestral que moldou por séculos a forma de morar das comunidades amazônicas.

A obra percorre ilhas e margens de rios, como Murutucu, Combu, Acará e do Marajó, revelando que a carpintaria não é apenas uma técnica construtiva, mas também uma manifestação cultural que expressa modos de vida, memórias familiares e vínculos profundos com a floresta e os rios.

O filme registra a forma de construir o habitar amazônico que carregam a marca singular de seus mestres, artesãos que transformam madeira em abrigo e identidade.
A narrativa é conduzida a partir das histórias de Mestres como Josa, Edson, Oseas, Edinaldo e Valdiley, que representam diferentes trajetórias dentro do ofício, seus pontos de vista se representam em traços autorais que se destacam entre si, como um traço de artista. Ao mesmo tempo, o documentário não evita os desafios que ameaçam essa herança: a substituição da madeira pela alvenaria, a exploração predatória das florestas, a ausência de políticas públicas de valorização e, sobretudo, o desinteresse crescente das novas gerações em seguir o ofício.

Mais do que uma obra de registro, o filme se coloca como um manifesto de resistência. Ele busca sensibilizar para a importância de manter viva uma prática que sintetiza conhecimentos técnicos e culturais, e que traduz uma relação equilibrada entre sociedade e natureza. O documentário mostra como os mestres compartilham saberes e reforçam a dimensão social da carpintaria, fortalecendo a autoestima e a relevância das comunidades.

O filme, portanto, não se limita a registrar o passado de uma tradição. Ele anuncia possibilidades de futuro. Ao dar visibilidade a mestres carpinteiros que continuam a construir com madeira e ao mostrar casas que se tornam referência estética para a comunidade local.
Carpinteiros da Amazônia é, assim, um manifesto pela floresta em pé, pela transmissão dos saberes e pela permanência de uma arquitetura profundamente humana, nascida do encontro entre rio, madeira e comunidades ribeirinhas.

Implantação do projeto: Espanha
Desenvolvimento do projeto: Espanha

A DAT Alierta está prestes a se tornar o novo distrito tecnológico de Aragão. Ocupando um território de 80 hectares na extremidade norte de Zaragoza, ele é concebido como um local onde a cidade e a natureza se interseccionam. Zaragoza é uma cidade rica em água, definida pelo Rio Ebro, o mais volumoso da Espanha. A bacia hidrográfica do rio traça um curso d’água através do território de leste a oeste: o canal de irrigação El Rabal ou Juslibol. Este elemento hídrico atua como o catalisador para três eixos estruturantes principais dentro do projeto.

Primeiro, o perímetro do canal define uma encosta voltada para o sul, que se beneficia da ampla luz solar no inverno, enquanto seu entorno fluvial e naturalizado proporciona frescor no verão e reduz a área coberta por superfícies duras. Essa configuração favorece o surgimento de um microclima e incorpora intencionalmente a biodiversidade como um agente transformador nos novos modelos urbanos referenciados em toda a região.

Em segundo lugar, a presença do canal, sua preservação e sua valorização sustentam a continuidade do curso d’água e a restauração do ciclo hidrológico, contribuindo para a renovação dos ecossistemas ribeirinhos tanto dentro quanto ao redor do local. Essa abordagem posiciona a DAT Alierta como uma evolução contemporânea da tipologia de parque tecnológico, adotando um modelo de urbanismo que não apenas respeita o patrimônio natural local, mas busca alcançar uma maior integração entre os sistemas construídos e ecológicos.

Finalmente, metade da área designada já foi construída e está em uso, enquanto a outra metade constitui, nos termos de Clément, uma forma de ‘terceira paisagem’, moldada por um planejamento urbano anterior que não levou em conta o curso d’água. Assim, o projeto avança com uma estratégia proativa de reutilização adaptativa, integrando o patrimônio hídrico do local e transformando um esquema urbano obsoleto e homogeneizante em uma cidade mais verde e resiliente, definida por infraestrutura azul e verde.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A Maloca Útero Tupinambá é uma arquitetura viva, simbiótica e metamórfica. Sua forma consiste em um espaço central para o fogo, estruturado em apoio duplo radial, com duas “saias” trançadas lateralmente que ligam a cobertura ao chão, constituindo jardins internos que configuram espaços íntimos e externos que marcam seus acessos. Construída em parceria entre o Floresta Cidade – projeto de extensão, ensino e pesquisa da FAU UFRJ – e o Levanta Zabelê, Centro de Pesquisa e Inovação Ancestral dos Tupinambá de Olivença, no Sul da Bahia. O Zabelê é uma universidade indígena, protagonizada por mulheres, e tem como princípio a troca de saberes, a reconexão com a mãe Terra e a descolonização dos territórios.

Feita com o outro – humano ou não –, foi construída por muitas mãos, encantos, desenhos, rezas, magias, medidas, histórias e esforços. Uma arquitetura participativa que provoca metamorfose em quem a faz, desfazendo atitudes coloniais de projeto. Durante a construção, habitamos coletivamente, compartilhamos a mesma comida, banhamos nas mesmas águas e dividimos o mesmo território, em uma atitude de convívio transversal, algo quase impossível nas cidades. Essa experiência criou um afeto coletivo entre o grupo e o território, provocando uma profunda conexão com a natureza e um respeito mútuo, honrando os diferentes seres que habitam conosco e a troca de saberes entre todos os seres vivos.

A relação simbiótica com a paisagem se manifesta não apenas na continuidade visual entre os pilares e as árvores existentes, mas também na invenção de materiais. Movidos por um desejo de criação interespecífica, experimentamos, em parceria, a produção de telhas de micélio com as palhas de coqueiro do território. Improvisamos um laboratório de inovação ancestral e criamos tecidos a partir dessas palhas, que nutrimos juntamente com as raízes de fungos (micélio) em um ambiente escuro e úmido. À medida que o fungo coloniza a palha, produz um material impermeabilizante, testável como telha – reforçando a palha existente – ou como forro, inovando o acabamento. Os testes ainda não foram concluídos.

A Malaca Útero Tupinambá é um edifício-entidade que nasce, surpreende e acontece. Uma arquitetura viva que ganha autonomia no processo e nos surpreende com as histórias que surgem. A maloca abriga nossas energias em suas pilastras, as metamorfoses de cada um de nós no fogo do seu centro – que mais parece um coração pulsando – e aponta possíveis caminhos para o projeto contemporâneo no Brasil. Estamos aprendendo com os povos indígenas a desenhar e construir uma morada cósmica, inclusive com o aldeamento de salas na FAU UFRJ.

A arquitetura dessa morada cósmica pode ser sentida nesta maloca/cobertura/saia/processo que, ao contrário de isolar nossa experiência de habitar das galáxias, a conecta, prolongando o céu em um chão de estrelas repleto de experiências afetivas.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

Tempo Arquitetos é uma prática de arquitetura multidisciplinar que busca a constante materialização do intangível em realidade , sediada em São Paulo e dirigida pelos arquitetos Luiz Sakata (Bauru, 1995 – FAU-USP/FAUP-Porto) e Augusto Longarine (Jundiaí, 1995 – FAU-USP/Politecnico di Milano). Acumulam juntos desde 2020 projetos premiados nacional e internacionalmente.

O novo Boulevard São Judas Tadeu, implantado em trecho linear de 106,5 metros da Alameda dos Guaiós, em São Paulo, Brasil, nasce do interesse coletivo de requalificação dos espaços públicos estratégicos entre o Santuário São Judas e o Instituto Meninos de São Judas – relevantes equipamentos de atração de público da zona sul da capital. Historicamente, tal trecho da Alameda constituiu-se como fachada de fundos das instituições religiosas lindeiras, com funcionalidade restritamente logística e uso intensivo como estacionamento. Portanto, pretendeu-se, como foco de requalificação desta área, a conexão do Santuário São Judas Tadeu à Capela São José, através da criação de espaços de transição e permanência de pedestres, dotados de acessibilidade universal, novos canteiros vegetados e mobiliário urbano. O desenho do novo Boulevard parte da manipulação da topografia original da Alameda dos Guaiós para a criação de três platôs programáticos – superior, intermediário e inferior – com previsão de arquibancadas, espaços para feiras, esplanada para missas campais, jardins de chuva para recomposição do microclima local, e a conexão com a galeria existente de serviços -loja, café, sanitários – que conecta a Avenida Jabaquara ao novo Boulevard.

Implantação do projeto: Índia
Desenvolvimento do projeto: Índia, Holanda

Cidade de 1.000 Tanques, Chennai – Estratégia urbana holística para combater enchentes, secas e poluição através de estratégias azuis-verdes.

Chennai corre o risco de ficar sem água na próxima década, considerando o aumento projetado da população e a depleção do lençol freático. O projeto Cidade de 1.000 Tanques, parte do programa Water as Leverage for Resilient Cities Asia, identifica as inter-relações entre as causas subjacentes de enchentes, escassez hídrica e poluição em Chennai e oferece uma solução holística para estes três problemas. Está desenvolvendo um Modelo de Balanço Hídrico em toda a cidade através da coleta de água da chuva, tratamento de águas residuais e poluição de escoamento com Soluções Baseadas na Natureza (SBN) descentralizadas, e pela recarga de ambos no aquífero subterrâneo. Isso evitará secas induzidas pelas mudanças climáticas através do aumento das reservas de águas subterrâneas e impedirá a intrusão salina decorrente da elevação do nível do mar.

Simultaneamente, mitigará riscos associados a enchentes de alta frequência, bem como à poluição por esgoto. Este projeto pretende resolver problemas do lado da oferta criando capacidades de retenção e fornecimento de água de 200-250 MLD (Milhões de Litros por Dia) nas duas primeiras fases (ante uma demanda urbana atual de 1.580 MLD).

O Piloto de Balanço Hídrico da Cidade de 1.000 Tanques na Little Flower Convent School for the Blind and Deaf é um projeto demonstrativo com capacidade transformadora que vislumbra uma Chennai abundante em água. Utilizando SBN, o projeto reparou a infraestrutura danificada, coleta água da chuva e trata águas residuais localmente para recarregar o aquífero, garantindo assim segurança hídrica local e resiliência climática para o Convento Little Flower, uma escola com 500 alunos com deficiências visuais e auditivas.

Este projeto demonstrativo replicável e escalável investiga os processos e etapas necessários para alcançar a mudança requerida e visa engajar departamentos governamentais, grupos de residentes, empresas e instituições; permitindo assim implementação em nível distrital, municipal e urbano.

O projeto é financiado pelo Governo da Holanda e cofinanciado pelo Goethe Institut e pelo Wipro Grants Program. Cidade de 1.000 Tanques é a primeira aliança colaborativa pela água de Chennai, liderada pela OOZE architects & urbanists com Madras Terrace, IIT Madras, Care Earth Trust, Eco Village International, Atma Water, IRCDUC, Uravugal Social Welfare Trust, Paperman Foundation, Rain Center, TU-Delft, HKV e outros.

A OOZE architects & urbanists foi fundada em 2003 por Eva Pfannes e Sylvain Hartenberg em Roterdã. São profissionais apaixonados que adoram trabalhar em ambientes complexos e em rápido desenvolvimento com clientes do setor público e cultural, focados nos benefícios para a sociedade e o meio natural. A OOZE especializa-se em pensamento sistêmico estratégico e holístico em escala urbana e de bairro, bem como no desenvolvimento de conceitos bancáveis que mitigam e adaptam-se aos impactos das mudanças climáticas.

www.ooze.eu.com
www.cityof1000tanks.org

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A Arena de Handebol, também conhecida como Arena do Futuro, foi resultado de uma concorrência pública que tinha como premissa o desafio de transformar um dos edifícios dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro em quatro escolas municipais após o evento. A proposta vencedora, desenvolvida pelo consórcio Rio Projetos 2016, um grupo multidisciplinar de escritórios de arquitetura e engenharia – composto pelas empresas Lopes Santos & Ferreira Gomes Arquitetos, Oficina de Arquitetos, MBM Serviços de Engenharia e DW Engenharia – buscava estar em consonância com as premissas pré-definidas, buscando flexibilidade, mutabilidade e adaptabilidade, reforçando em sua solução, a consciência de seu compromisso futuro.

O projeto para a Arena Olímpica e Escolas Municipais se estabelece a partir de cinco metas principais: (1) Organização Metodológica Construtiva; (2) Definição dos Sistemas Estruturais Principais; (3) Planejamento e Definição dos Materiais, (4) Componentes e Conteúdo de ambos os edifícios; e por fim, (5) Processo de Reuso e Destino (Descarte).

O formato para jogos abrigou 12.000 espectadores com área total construída de 32.240m². Já os edifícios escolares, fruto do desmonte e reaproveitamento de elementos construtivos da Arena, ocupam cada um 6500m² e atualmente acolhem perto de 500 alunos do ensino fundamental municipal.

Apesar do planejamento realizado, entre 2017 e 2021, a Arena não foi desmontada conforme o previsto, nem seus componentes foram armazenados de maneira adequada devido às prioridades no planejamento do Município. No entanto, a partir de 2022, o legado olímpico ganhou novamente prioridade, e ao menos, 25% dos componentes totais da Arena Olímpica foram reutilizados na construção das quatro Escolas Municipais. Além disso, outros 50% foram recondicionados para reciclagem e reutilização em diversas áreas e instituições da cidade do Rio de Janeiro, como arquibancadas, cadeiras e componentes das grandes estruturas de aço. Outros 25% foram descartados.

Ainda que desenvolvido a partir de um projeto-modelo, cada uma das escolas teve sua implantação ajustada de acordo com as especificidades de cada sítio. Três destas escolas (GET José Mauro de Vasconcelos em Bangu, GET Emiliano Galdino em Santa Cruz e GET Nelcy Noronha em Campo Grande) foram implantadas em substituição a escolas municipais já existentes (escolas transitórias de argamassa armada projetadas pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, na década de 1980, sendo o GET Mestre Diego Braga em Rio das Pedras, a única escola completamente nova.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A Galeria Yayoi Kusama abriga duas instalações da artista no Inhotim: “I am here but nothing” e “Aftermath of obliteration of eternity”. As obras são conhecidas por atrair uma grande quantidade de pessoas que, inevitavelmente, formam longas filas de espera. Dessa maneira, o projeto de arquitetura deve responder não só ao abrigo das obras de arte, mas à criação de um espaço protegido para o tempo de espera e para a preparação do público à experiência única proporcionada pelas instalações.
A solução proposta para a cobertura de sombreamento segue um princípio de utilização mínima de elementos estruturais, com uma sucessão de cabos de aço dispostos paralelamente, conectando o ponto mais alto próximo à crista do talude de corte do terreno ao ponto mais baixo, na extremidade oposta do platô. Essas linhas, com uma curvatura sutil, reconstroem metaforicamente o perfil original do terreno, na forma mais natural possível. O projeto procura reconhecer o terreno, que sofreu intervenção prévia para criação do platô e também os taludes que o envolvem, ajustando-se à topografia dada. A cobertura tensionada visa a ativar a espacialidade gerada pelo corte.
Em composição com uma tela metálica flexível é criada uma ampla superfície de suporte para o crescimento de uma vegetação trepadeira, a espécie Congea tomentosa, exótica e introduzida no Brasil na década de 60 por Burle Marx. A escolha desta planta deve-se a uma série de fatores: sua densidade, que favorece o sombreamento e certa retenção de água de chuvas; a ótima adaptação ao clima brasileiro, sem demandar cuidados especiais; e por seus evidentes atributos estéticos. A congeia atribuirá a noção de tempo e de transformação contínua ao projeto, alternando a coloração de sua inflorescência em tons de branco, rosa, lilás e cinza.
Sob a cobertura, o espaço abre-se horizontalmente para o jardim, por um lado, e eleva-se na direção da galeria, cujo desenho é definido por um plano vertical de chapas de aço patinável que atravessa toda a extensão entre os taludes laterais. Dessa maneira, a arquitetura não se caracteriza como um volume solto, mas sim como uma intervenção topográfica diretamente relacionada à configuração do terreno.
Ao longo das filas, cujo percurso é definido pelos diferentes materiais do piso – brita fina e lajotas de concreto – são criados pequenos largos com bancos de madeira, como um convite à permanência daqueles que visitam a galeria ou que estão apenas desfrutando da ambiência e da vista.
Visto por cima, como uma intervenção de cor na paisagem, o projeto conecta dois momentos da vegetação existente – a mata espontânea e o jardim planejado – e parece ocultar um mundo mágico a ser descoberto pelos visitantes do parque.

Implantação do projeto: Suíça
Desenvolvimento do projeto: Suíça, Brasil, Nicarágua

O Pavilhão Protótipo TRC LC3, construído por estudantes e pesquisadores da EPFL Fribourg, em colaboração com a FAUFBA, desde 2019, serve como prova de conceito para uma extensa pesquisa sobre o potencial estrutural, espacial, tectônico e social do TRC.

O desenvolvimento do Pavilhão Protótipo TRC LC3 investiga e adapta elementos estruturais selecionados desenvolvidos por João da Gama Filgueiras Lima (1932-2014) em ferro-cimento para concreto reforçado com têxtil (TRC) combinado com LC3 (Cimento de Calcário e Argila Calcinada) desde 2022. Esta fusão do conhecimento industrial brasileiro com pesquisas contemporâneas sobre reforço de fibras não corrosivas serve como conceito fundamental para o projeto, fabricação de moldes e fundição de novos elementos esbeltos em concreto reforçado com têxtil, formando a base conceitual do Pavilhão Protótipo TRC LC3. A construção do pavilhão é modular e projetada para fácil desmontagem, visando principalmente testar e demonstrar técnicas de construção inovadoras e sustentáveis.

O Pavilhão TRC LC3 é um passo inicial em direção a sistemas tectônicos adaptáveis, uma abordagem de construção modular que passará por mais desenvolvimentos nos próximos anos, levando a uma nova técnica de construção leve. Esta pesquisa prevê várias explorações e aplicações da construção TRC/LC3 em uma escala mais ampla.

O potencial completo do TRC LC3 como tecnologia para sustentabilidade social será avaliado por meio da análise de seus impactos estruturais, espaciais e sociais como sistema construtivo resiliente no contexto latino-americano, especialmente em áreas com vulnerabilidade social. Esta iniciativa capacitará comunidades locais a participar ativa e autonomamente na construção de suas próprias habitações sociais e instalações comunitárias, usando recursos locais e métodos de produção inovadores, sempre que julgarem necessário.

Consequentemente, o Pavilhão TRC LC3 serve como mensageiro para promover o TRC e o LC3 como materiais leves social e ambientalmente sustentáveis, transmitindo a ideia de industrialização viável tanto na América Central quanto na América Latina, adequada para aplicações em habitação social, desenvolvimento urbano e programas de reciclagem.

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

O plano urbano do Sistema de Parques Lineares do Rio Piracicaba, desenvolvido durante a revisão do Plano Diretor da cidade, busca estabelecer uma estratégia de intervenções — urbanas, ambientais, de mobilidade e turísticas — de caráter integrador e com elementos recorrentes, potencializando a conexão já consolidada entre a cidade e suas águas, respeitando sua ecologia, história e cultura, além de viabilizar um resultado de conjunto territorial coeso.
Com a implementação de um Plano Diretor para a orla do Rio Piracicaba, propõe-se um sistema de calçadas, ciclovias, transporte público e fluvial, articulando o conjunto de áreas verdes e de lazer existentes ou projetadas, além de um conjunto de diretrizes estratégicas como:
– Inserção de usos públicos (lazer, decks, esportes);
– Implantação de infraestrutura de apoio (sanitários, alimentação);
– Requalificação de equipamentos de grande porte (Engenho, Aquário, Teatro, Fábrica Boyes, Museus);
– Ativação de frentes comerciais (junto ao Lar dos Velhinhos e na Nova Av. Renato Wagner) e em de áreas com potencial para parcerias com a iniciativa privada.

Integram este conjunto, o Parque do Trabalhador, com nova articulação ao Parque João Herrmann Neto; a Rua do Porto, com calçadas generosas, restaurantes e vista desimpedida para as águas; o consolidado Beira-Rio; além das áreas da antiga Fábrica Boyes, do Museu da Água e, após a Ponte do Mirante, de dois novos parques: o Parque Renato Wagner e, na margem oposta do rio, uma área de futura incorporação, atualmente pertencente à Companhia City. A partir desse ponto, desenha-se uma integração entre os espaços públicos tradicionais e de reconhecido valor histórico: o Parque do Mirante, o Parque do Engenho Central e o Parque do Bosque. Propõe-se ainda a construção de uma terceira passarela de pedestres sobre o rio, desconectada do tráfego de veículos, garantindo a fluidez entre as duas margens.

Ao incorporar mais espaço de fruição junto à Av. Renato Wagner — via de baixa demanda, até então esquecida — foi possível, a partir do redesenho do viário e da retirada das espécies invasoras que obstruíam a relação com as águas, ativar um novo núcleo de lazer da cidade e promover a articulação com o campus da ESALQ–USP.
No escopo deste plano, foi também desenvolvido o projeto de requalificação, ainda não implementada, do Parque do Trabalhador, com perfil voltado prioritariamente às práticas esportivas, em contraste com outras áreas do sistema que possuem usos predominantes distintos:
Parque João Herrmann Neto, de caráter recreativo, voltado a caminhadas e corridas;
Trecho Beira-Rio e Rua do Porto, voltado ao turismo gastronômico e contato direto com o rio;
Parque do Engenho Central, com grandes equipamentos e festas tradicionais;
Parque do Mirante, com ênfase na contemplação da principal queda d’água do rio;
Segmento da Nova Av. Renato Wagner voltado à preservação da paisagem natural e lazer em meio à mata, aproximando entre cidade e natureza.

Implantação do projeto: México
Desenvolvimento do projeto: México

A urbanização representa um dos desafios mais significativos das próximas décadas, especialmente nos países em desenvolvimento, onde o crescimento descontrolado e a expansão insustentável ameaçam tanto o bem-estar social quanto o equilíbrio ambiental. O México, como um país latino-americano em desenvolvimento, enfrenta múltiplos desafios decorrentes desses processos, incluindo desigualdade social, insegurança e expansão urbana que frequentemente assume a forma de dispersão territorial e assentamentos vulneráveis.
Chiapas está entre as entidades mais desiguais, porém mais biodiversas, do país.
Sua capital, Tuxtla Gutiérrez, localiza-se em uma bacia montanhosa no sul do México, caracterizada por um clima tropical subúmido e um entorno natural único, delimitado pelo Rio Grijalva e pelo imponente Canyon do Sumidero. Apesar de sua beleza natural e importância como capital do estado, Tuxtla enfrenta graves desafios urbanos. O crescimento rápido e desorganizado, combinado com uma topografia complexa e persistentes lacunas sociais, deslocou comunidades vulneráveis para áreas com infraestrutura e oportunidades limitadas, intensificando a necessidade de um planejamento urbano mais inclusivo, resiliente e sustentável.
O Programa de Melhoramento Urbano (PMU) Tuxtla compreende um conjunto de estratégias concretas desenvolvidas por meio de uma série de projetos de várias escalas para contribuir com a reabilitação de bairros marginalizados. As intervenções, localizadas em diferentes partes da cidade, vão desde o centro de Tuxtla até a periferia, com o objetivo de regenerar o tecido social por meio de infraestrutura e equipamentos urbanos que promovam a conectividade e o desenvolvimento de ambientes seguros.
O projeto baseia-se na coleta de dados com o apoio da participação cidadã, bem como em breves pesquisas com diversos grupos locais convocados pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Territorial e Urbano (SEDATU) para examinar a insegurança, a violência de gênero, a criminalidade e as necessidades de cada localidade.
Assim, desenvolvemos cinco projetos — a Praça e Jardim 5 de Mayo, a Praça Principal, o Parque e Centro Comunitário El Aguaje, o Mercado 22 de Novembro e o Complexo Esportivo Patria Nueva — com o objetivo de melhorar as condições de vida nos bairros mais vulneráveis de Tuxtla por meio da reconexão social.

O Campus EUREF em Berlim é um “laboratório real para a transição energética” (autodescrição), um distrito empresarial que atualmente oferece cerca de 7.000 empregos. Está localizado diretamente na estação de S-Bahn de Schöneberg e não muito longe do entroncamento rodoviário de mesmo nome.

O desenvolvimento adicional da infraestrutura de transporte na área ao redor do Campus EUREF tem sido objeto de acalorado debate político por décadas. Com sua existência e a política de preferir soluções de mobilidade sustentável, o Campus EUREF desempenhou um papel decisivo para garantir que a autoestrada federal não fosse estendida por quilômetros adicionais para o norte. Ao mesmo tempo, as empresas locais receberam incentivos para eletrificar suas frotas de carros por meio da promoção decisiva da eletromobilidade no campus – quase 100% de todas as vagas de estacionamento nas garagens subterrâneas são capazes de carregar veículos. Simultaneamente, os preços elevados tornaram o estacionamento pouco atraente para os funcionários, independentemente de possuírem veículos elétricos ou motores de combustão.

O ponto decisivo para este desenvolvimento sustentável foi a consultoria científica do Research Campus Mobility2Grid (M2G) interdisciplinar, liderado pela TU Berlin (Universidade Técnica de Berlim) e pelo Berlin Social Science Center (WZB), juntamente com parceiros industriais como Siemens e Schneider Electric.

O proprietário da área, a EUREF AG, seguiu não apenas o conceito de mobilidade proposto pelo M2G, mas também instalou um microgrid com facilidades de carga bidirecional para carros elétricos, scooters e bicicletas, conforme proposto pelo M2G em 2014. A eletrificação de todas as vagas de estacionamento, ofertas de compartilhamento (sharing) e micromobilidade baseada em elétricos são os pilares do conceito. Menos de 10% das 7.000 pessoas que atualmente trabalham no campus se deslocam de carro para o trabalho.

Combinado com a produção de energia sustentável on-site, o Campus EUREF oferece um exemplo excepcional de setor coupling (acoplamento setorial) entre a transição dos transportes e da energia. Além disso, no Campus EUREF, apenas edifícios energeticamente eficientes são construídos, e grande parte do tecido antigo é reutilizado e renovado de forma climaticamente neutra. O design de interiores do antigo gasômetro é o exemplo emblemático.

Muitas empresas, especialmente jovens, e instituições de pesquisa dos campos de energia, proteção ambiental e mobilidade, que desenvolvem soluções ecologicamente e economicamente sustentáveis, estabeleceram-se aqui desde o início do desenvolvimento do local em 2008. O Campus EUREF já cumpria as metas de proteção climática de CO2 do governo alemão para 2045 desde 2014. Este amplamente visível antigo símbolo da era dos combustíveis fósseis é agora um marco da conversão sustentável de antigos locais industriais.

Isso permite tirar conclusões sobre a integração urbanística de novos ou existentes distritos (empresariais) em seu ambiente: a política de transportes e o planejamento urbano devem estar mais intimamente interligados; em vez de novos distritos em greenfields (áreas virgens), novos assentamentos devem ser precedidos por infraestruturas de transporte sustentáveis e não, como ainda é comum, sucedidos por elas.

Implantação do projeto: Chile
Desenvolvimento do projeto: Chile

A expansão urbana sem regulação efetiva e a crescente pressão sobre os ecossistemas costeiros intensificaram a fragmentação ecológica, a perda de biodiversidade e o aumento do risco socioambiental em várias cidades chilenas. Em resposta, a Lei 21.202 (2020) que estabelece a proteção legal das áreas úmidas urbanas surge como oportunidade para redefinir a relação cidade–natureza, tanto pelo desenho territorial quanto por uma governança integrada e multinível. O desafio central, contudo, está em traduzir marcos normativos, conhecimento científico e demandas sociais em políticas públicas espacialmente coerentes e aplicáveis. O caso do Sistema de Áreas Úmidas Rocuant–Andalién, na região metropolitana de Concepción, evidencia tais conflitos socioecológicos e a fragmentação institucional que limita seu enfrentamento.
No âmbito do Projeto GEF Áreas Úmidas Costeiras, do Ministério do Meio Ambiente e do PNUMA, este estudo propõe desenvolver um plano de ordenamento territorial e desenho urbano que integre conservação ecológica com necessidades urbanas, sociais e de governança. A proposta fundamenta-se em três eixos: (i) articular diagnósticos ambientais prévios com análise urbano–espacial do sistema; (ii) priorizar áreas de restauração como infraestrutura ecológica projetiva e interface cidade–natureza; (iii) empregar o desenho como ferramenta de mediação intersetorial entre Estado, comunidades, academia e setor privado.
A metodologia combina revisão documental, trabalho de campo, análise cartográfica projetiva e oficinas participativas com múltiplos atores institucionais e da sociedade civil. Como resultado, propõe-se a criação de um Sistema de Áreas de Borda (SAB), dispositivo territorial que estrutura decisões sobre restauração, proteção contra riscos e gestão do uso do solo, facilitando a coordenação entre escalas de planejamento e níveis de governo.
O produto final é um Plano Diretor de Ordenamento Territorial e Desenho Urbano que reconhece as áreas úmidas como infraestrutura ecológica crítica e, ao mesmo tempo, como catalisador de um modelo emergente de governança territorial. As visões construídas para quatro setores emblemáticos abordam conflitos urbano–ambientais específicos e oferecem soluções que combinam infraestrutura verde, espaço público e habitação adaptada ao contexto ecológico. Mais do que desenho (entendido como meio e não fim), o plano se consolida como um instrumento experimental de articulação institucional, capaz de mobilizar projetos, recursos e acordos entre múltiplos atores, fortalecendo uma governança mais resiliente em territórios urbanos marcados pela crise climática e ecológica. Como evidência prática, apresenta-se um inventário sistemático e detalhado das iniciativas, projetos e financiamentos derivados do plano diretor.

Implantação do projeto: Paquistão
Desenvolvimento do projeto: Paquistão, Gâmbia, Reino Unido

SHAPES é um projeto de pesquisa multianual que avalia a eficácia de adaptações estruturais para calor extremo no Paquistão, implementado em locais urbanos e rurais em Karachi e na província de Sindh.
O Paquistão enfrenta desafios significativos relacionados às mudanças climáticas, incluindo o aumento das temperaturas médias e ondas de calor mais frequentes e intensas, num contexto de rápida urbanização. Essas tendências já se traduzem em impactos na saúde: maiores taxas de doenças relacionadas ao calor (exaustão pelo calor e insolação), desidratação e estresse renal; exacerbações de doenças cardiovasculares e respiratórias, juntamente com prejuízos ao sono e à saúde mental. Mulheres grávidas, bebês, idosos e pessoas com condições crônicas enfrentam o maior risco, com o calor extremo vinculado a resultados adversos na gravidez.
Em assentamentos urbanos densos, tipologias comuns de construção oferecem sombreamento ou ventilação cruzada limitados, enquanto armazenam calor durante a noite. Em áreas rurais, estruturas de telado finas e serviços esparsos intensificam os picos diurnos e interrompem a recuperação. O fornecimento intermitente de energia e água, moradias superlotadas e a poluição do ar amplificam a exposição e limitam o acesso ao resfriamento eficaz.
O SHAPES concentra-se na eficácia potencial de várias medidas de baixo custo e alto impacto em escala de construção, incluindo sombreamento leve e de origem local (estruturas de bambu com tecido), argamassas à base de cal, tintas solar-refletivas, revestimentos de edificações, ventilação adicional, estruturas de sombra, plantio seletivo onde viável, e pequenas instalações de energia solar fotovoltaica para manter ventiladores e iluminação essenciais durante apagões da rede elétrica. Essas intervenções são entregues como parte de uma ação comunitária mais ampla liderada pela comunidade.
Essas intervenções estão sendo avaliadas como parte de dois ensaios controlados randomizados por clusters (um urbano, um rural) liderados pela Universidade Aga Khan em colaboração com a London School of Hygiene & Tropical Medicine e a Bartlett School of Architecture, UCL. Os ensaios avaliam a eficácia clínica com um desfecho primário de doença relacionada ao calor, e desfechos secundários, incluindo temperatura interna e conforto térmico, exposição pessoal e fisiologia, uso de serviços e resultados de saúde materna.
A pesquisa e coleta de dados incluem o uso de termografia por drone e medições de edificações baseadas em LiDAR, juntamente com modelagem térmica paramétrica e pesquisas rápidas de adequação domiciliar usando imagens, vídeo e questionários. Uma plataforma de dados personalizada foi desenvolvida para organizar e analisar informações de pesquisa de alto volume para habitações informais, apoiando propostas específicas para cada local e edificação que podem ser implantadas a baixo custo e permitindo a tomada de decisão liderada pela comunidade sobre onde e como instalar as intervenções. Medir em escalas de moradia e bairro possibilita identificar padrões locais de ilhas de calor e avaliar abordagens em escala de bairro para reduzir o acúmulo de calor urbano.
Joseph Augustin — Designer ambiental e arquiteto; Research Fellow Sênior e Lecturer, The Bartlett, UCL. Diretor fundador da Heat Island (Londres).
Christopher Burman — Tecnólogo urbano e pesquisador; Research Fellow Sênior e Lecturer, The Bartlett, UCL; Co-fundador da Heat Island (Londres)
Em colaboração com: Z.A. Bhutta; J.K. Das (Universidade Aga Khan); A. Bonell; A. Haines; S. Cousens (LSHTM)

Implantação do projeto: Brasil
Desenvolvimento do projeto: Brasil

A Casa Saracura faz parte de um conjunto de sobrados geminados construídos na década de 1940 no bairro do Bexiga, São Paulo. Em resistência à atual especulação imobiliária no bairro, a renovação do sobrado busca preservar a memória mantendo a fachada original e a configuração do pátio existente. Como partido de projeto, a estrutura original da casa é revelada, assim como, o muro de arrimo histórico, caraterístico da topografia existente do bairro, aparece como elemento visível a partir de diversos ambientes da casa.
O córrego Saracura, normalmente invisível aos olhos, passa bem atrás do terreno deixando o muro de arrimo constantemente úmido. Diante desta singular condição, a fonte entra como o principal elemento simbólico do projeto, evocando a memória do bairro. Um tanque e um caminho d’água foram propostos, captando as águas do Saracura, e trazendo as águas para dentro do pátio, à vista de todos.
Localizado em uma área central da cidade de São Paulo, os limites do Bexiga são imprecisos, mas podemos compreendê-lo como parte do distrito da Bela Vista, entre a Av. Paulista até a Praça da Bandeira (centro velho), e as avenidas 9 de Julho e 23 de Maio. Com a topografia acidentada, o Bexiga apresenta diversos cursos d´água canalizados, invisíveis aos olhos.
A nossa proposta para a 14ª Bienal de Arquitetura de São Paulo busca compreender o território do Bexiga a partir de seus aspectos físicos e geográficos. O ponto de partida é um vídeo em díptico: de um lado, a fonte é exibida continuamente; de outro, imagens da ocupação urbana sobre os córregos Saracura e Saracura Pequeno. Esses cursos d’água permanecem invisíveis, embora resquícios de sua existência se revelem na topografia, nos afloramentos, na vegetação e no desenho urbano.

Marina Canhadas (São Paulo, 1985), mestre pela FAUUSP, com especialização em “Geografia, Cidade e Arquitetura” pela Escola da Cidade, arquiteta e urbanista pela FAU Mackenzie, é fundadora do [entre escalas] e professora na Escola da Cidade e FAU Mackenzie.

Pedro Kok (São Paulo, 1984), arquiteto pela FAUUSP, é fotógrafo e videógrafo de arquitetura, estruturas urbanas e cidades.

Participe da programação de debates, oficinas e atividades associadas!

HOJE (18.10)

10h – mesa Agir para a adaptação climática a partir do Poder Público

10h – oficina Maratona de design para comunicar cidades justas, resilientes e de baixo carbono

14h – mesa Alcançando a descarbonização e a resiliência no ambiente construído

15h – Lançamento Livro Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis – Natureza, inovação e justiça socioambiental

16h – Lançamento da Publicação do II Seminário Emergência Climática e Cidade

18h30 – Sessão de Encerramento + Premiação do Concurso Internacional de Escolas da 14ª BIAsp 

AMANHÃ (19.10)

16h – Deixe a água fluir…Uma homenagem para o arquiteto Kongjiang Yu e para os cinegrafistas Luiz Ferraz e Rubens Crispim 

17h – atividade Panorama Urgente! Visita ao projeto Panorama Lab no Jardim Panorama 

PARTICIPE! É TUDO GRATUITO!

A Bienal está aberta até 19 de outubro!

NOTA DE PESAR

Em profundo pesar, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) lamenta o falecimento do arquiteto e paisagista Kongjian Yu, uma referência global em urbanismo ecológico, e dos membros de sua equipe que o acompanhavam, tragicamente vitimados durante a gravação de um documentário. O instituto destaca a honra de tê-lo tido como participante na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde sua visão transformadora fortaleceu o diálogo entre desafios globais e realidades locais. O IABsp ressalta que a contribuição de Yu, que transcende fronteiras, permanecerá como inspiração para gerações e expressa suas condolências à China, aos familiares de todos os falecidos, amigos e a todos os impactados por seu gênio e dedicação. Leia a nota completa aqui.