13ª

Ministério do turismo, secretaria especial da cultura e belgo bekaert arames apresentam

Comunidade Cultural Quilombo Sambaqui
(pesquisa realizada pela cocuradora Luciene Gomes)

R. Itambé do Mato Dentro, 470 - Jardim Guarani, São Paulo - SP, 02851-000

Isso não é uma pesquisa formal feita na academia, mas escrever esse texto aguçou meu lado professora/pesquisadora. Isso porque quando li: Comunidade Sambaqui, imediatamente fiz uma analogia com o “samba” (dança), mas resolvi saber o que são os “sambaquis”. Para minha surpresa descobri que são sítios arqueológicos encontrados no Brasil. 

Encontrei um texto bem curtinho de três professoras da Unidade Municipal de Ensino Pedro II de Santos, Augusta 5º ano A, Claudia 5º ano B e Patrícia 5º ano C, que fala o seguinte: 

“Houve um povo pré-histórico que vivia no litoral chamado ‘sambaquieiro’, nome dado porque esse povo tinha o costume de fazer grandes montes de conchas e outros materiais, os chamados sambaquis, que no Tupi significa justamente ‘amontoado de conchas’. Os sambaquieiros costumavam enterrar seus mortos e acender fogueiras nos sambaquis, o que pode significar que essa era uma cerimônia de despedida. Os sambaquis são uma amostra importante do comportamento e dos hábitos dos povos que os construíram por serem compostos de, por exemplo, pontas de flechas e outros artefatos, além de muitos, muitos restos de comida: carapaças de crustáceos e ouriços-do-mar, espinhas de peixes e ossos de aves e mamíferos. Os amontoados iam surgindo próximos aos locais em que havia bastante alimento, e provavelmente por isso, muitos sambaquis são encontrados perto de baías, lagoas e de ambientes aquáticos onde as águas doce e salgada se encontram – nesses ambientes há muita quantidade e diversidade de bichos aquáticos”.

E é em um bairro que também tem nome indígena, o Jardim Guarani no distrito da Brasilândia (SP), que hoje se encontra a Comunidade Cultural Quilombo Sambaqui, que antes era na Vila Anglo (Pompéia) e mantinha suas atividades no quintal de Rosângela Macedo, educadora popular, cantora, compositora, artesã e produtora cultural. 

Foi ela que agregou outras pessoas que se juntaram para realizar projetos socioculturais nas periferias da cidade de São Paulo e na rede pública de ensino. 

Em tempos pandêmicos, em que o ir e vir se tornou um empecilho para trocas a partir de falas e escutas no local, recorri à internet para saber algumas informações sobre o trabalho da Comunidade no bairro.

O coletivo, que existe desde 2002, vem se dedicando a pesquisar e manter parte das tradições da cultura afro-paulista na cidade, como o Jongo, que chegou ao Brasil trazido pelos escravizados africanos vindos do Congo e de Angola, que, aprisionados, podiam dançar apenas diante da autorização dos “seus senhores”. 

As pessoas, em roda no terreiro diante de uma fogueira, recebiam a “benzeção” da escrava mais velha ao som dos tambores sagrados, pediam, então, licença aos pretos-velhos e iniciavam o jongo improvisando versos e cantando o ponto de abertura. O demais escravos respondiam e começavam a dançar e trocar palavras, criando outras e se comunicando através de uma linguagem cifrada. Assim, eles podiam protestar, combinar festas e qualquer outra coisa sem que fossem entendidos por outros além deles mesmos. 

Antes da pandemia que nos adoeceu e nos matou de tantas maneiras, a Comunidade realizou ações que envolveram uma diversidade de trabalhos que levaram a cultura de São Paulo afora: capoeira, jongo, funk, brincadeiras tradicionais, contação de histórias, saberes da cultura indígena brasileira, festas públicas na sua sede, oficinas permacultura cursos sobre alimentação. E festas… festas públicas em sua sede!

Com a pandemia, as ações passaram a acontecer pela tela de computadores e celulares e seguem – e seguiremos – resistindo sempre.

E que os encontros virtuais sigam e os presenciais sejam cada vez mais seguros e constantes. 

Cabe dizer a importância também desse trabalho para preservar e divulgar essa cultura.